Um cronista sportinguista disse o que muitos jornalistas não têm coragem de dizer.
Outros, quando querem criticar PC ou o fcp metem sempre o Benfica e Luís Filipe Vieira no mesmo saco.
Se é verdade que o Benfica, o Sporting e outros, através dos seus adeptos, cometem algum acto reprovável, os cometidos pelos azuis e seus adeptos são infinitamente em maior número, por isso concordo em absoluto com a crónica abaixo.
Este fim de semana, por ocasião da final da Taça de Portugal em
andebol, um vice-presidente do FC Porto recusou estender a mão ao
presidente do Sporting, permitindo-se ainda dirigir-lhe palavras menos
corretas. Este fim de semana, o jogo do FC Porto contra o Benfica, em
futebol escalão de juvenis, decisivo para o título, acabou em
pancadaria, porque não terão caído bem aos adeptos portistas os festejos
do golo do Benfica, que deu a este o campeonato. Este fim de semana,
houve mosquitos por cordas, na final-four da Liga Europeia de hóquei em
patins, por via de provocações da claque do FC Porto à do Benfica,
segundo relatou a comunicação social.
Estes desagradáveis
incidentes têm todos um elemento comum: o FC Porto. E revelam claramente
uma tendência: este FC Porto lida mal com o diálogo e com a derrota.
Não basta dizer, como já vi, que o FC Porto não saiu do campo aquando da
atribuição dos troféus aos adversários vencedores; se releva de pouco
desportivismo abandonar o campo, não é menos censurável permanecer, mas,
por outro lado, semear a confusão. O que eu sinto é que o FC Porto
está, de alguma maneira, refém de um punhado de rufias, recorrentes na
desestabilização e intimidação, sobretudo quando a sua equipa perde. O
clube devia distanciar-se dessa gente, que tão mal o representa, mas o
facto é que não o faz.
Ainda tenho presente o aparatoso
espetáculo de Pinto da Costa a apresentar-se no tribunal de Gondomar,
escoltado pela sua guarda pretoriana de Super Dragões; e, claro está,
quem consente prestar-se a estes circos, que autoridade tem para
reprimir ou castigar os excessos que cometem?
O FC Porto é um
grande clube, que muito respeito e que, como é óbvio, não se confunde
com estas condenáveis práticas hooliganísticas. Mas só ganhava em
separar águas. Dir-me-ão que o FC Porto não tem o exclusivo destes
episódios, que também ocorrem com outros clubes, o que, infelizmente é
verdade; mas em abono dessa mesma verdade, neste “desporto”, o FC Porto
leva a taça, pela frequência e virulência das confusões e desmandos em
que se envolve, de que a destruição de uma área de serviço (!) na A1
terá sido a façanha mais emblemática.
E à luz de que valores
se podem qualificar esses comportamentos de fundamentalismo dirigista,
que confundem animosidades pessoais com relações institucionais? E o que
mais me admira é não terem percebido ainda que, por muito que o FC
Porto vença, só ganha o respeito e o estatuto que merece se também
souber perder. (Carlos Barbosa da Cruz, in Record)