Um dos possíveis destinos da selecção norte-coreana é ser internada num campo de concentração ou obrigada a trabalhar numa mina de carvão, escreve a imprensa russa, desta vez com conhecimento de causa.
Estas afirmações fizeram-me recordar um episódio da história do futebol soviético, mais precisamente do jogo entre as selecções da URSS e da Jugoslávia em 1952, nas Olímpiadas de Helsínquia.
Nos oitavos de final, os jogadores soviéticos estavam a perder 1-5 frente aos jugoslavos, mas acabaram por empatar por 5-5, obrigando à realização de um jogo de desempate no dia seguinte. A URSS perdeu 1-3 e foi eliminada.
Nessa altura, a União Soviética era dirigida por José Estaline, um dos principais mestres de Kim Jong-il, e o ditador soviético não ficou indiferente a essa derrota. Participou inclusive na escolha das formas de castigo dos seus futebolistas.
Em 1948, Broz Tito, Presidente da Jugoslávia tinha, de facto, rompido as relações diplomáticas com a URSS, o que fez dele um inimigo especial de Estaline, levando a imprensa soviética a chamar-lhe “cão do imperialismo”, etc.
Furrioso com a derrota, que considerou um “crime político, Estaline dissolveu a equipa de futebol do TsDSA (clube pertencente ao Exército Vermelho), que tinha dado à selecção 5 dos vinte jogadores e o treinador. Além disso, retirou o título de “mestre do desporto” a grandes nomes do futebol soviético como Petrov, Arkadiev, Bachachkin, Nikolaev, Beskov e Krijevski.
Mais, foi ordenada a destruição de todos os filmes e fotos desse jogo na União Soviética.
Kim Jong-il já começou a imitar o seu mestre: os órgãos de informação norte-coreanos não comunicaram o resultado do jogo entre a Coreia do Norte e Portugal e foi suspensa a transmissão de outros jogos da selecção nacional.
Resta agora saber se o ditador coreano vai seguir o exemplo do seu pai Kim Il-sung, que enviou para um campo de concentração os jogadores que perderam a partida frente a Portugal em 1966, ou revelará tanta “mericórdia” como Estaline, que se limitou a tomar “medidas administrativas”...
E só mais uma nota, ou melhor, uma pergunta: como será possível ter relações ou justificar regimes deste tipo no séc. XXI?