A estação do metrô em dia de domingo ficava praticamente vazia. Estava indo me encontrar com alguns amigos na Zona Sul e nada de aparecer nem que fosse um vagão.
Olhando mais a frente vi uma jovem bonita, elegante e com uma postura de princesa. Com os cabelos presos, usando um vestido preto, carregando em suas mãos , além de uma bolsa, o que me parecia uma chapeleira.
O seu rosto não me era estranho e fiquei ali pensando se não seria uma modelo que tivesse pousado para alguma capa de revista ou alguém que tivesse conhecido em algum dos muitos lugares que freqüentava. O tempo foi passando e não conseguia descobrir de onde a conhecia.
Ela continuava imóvel, na mesma posição, olhando para o vazio e com um semblante muito sério e pensativo. De repente ela virou seu rosto em minha direção e pude ver que realmente a conhecia. Era a Ivete que foi minha vizinha na época da adolescência. Nossos pais eram muito amigos e quantas vezes saímos todos juntos para almoçar fora. Apesar de termos a mesma idade e sermos vizinhos vivíamos mundos opostos. Ela tinha seu grupo de amigos e eu os meus. Um tempo depois meus pais compraram um apartamento em outro bairro e com essa mudança nunca mais tive notícias dela.
Fiquei sabendo que ela fora estudar em Paris e como voltara tão diferente do que era. De uma jovem sardenta, usando aparelho nos dentes, sem muitos atrativos e muito franzina para a bela mulher que hoje me chamava atenção era uma mudança radical. Como deve ter sido boa a estadia dela em Paris.
Os dias passam, as pessoas mudam e como é bom saber que é para melhor. Com o barulho do metrô chegando nossos olhares se encontraram e nos aproximando um do outro. Ela abriu um sorriso me reconhecendo e foi assim que nos reencontramos.
Sentia uma sensação estranha, uma atração tão forte que não deixaria que nossas vidas seguissem caminhos opostos desta vez. Já imaginava que muito em breve estaríamos caminhando pela mesma estrada e quem sabe rumo a um final feliz.
Irene Moreira
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