Sr Diretor desta Maternidade:
Gostaria que o senhor lesse essa carta até o final e que
tomasse as devidas providências para que outras mães não passem pelo mesmo que
eu...
Meu nome é Caroline B. do Carmo Anacleto, tenho 28 anos,
sou casada há 7 anos e nosso filho nasceu nesta maternidade. Veja o que
houve....
Depois de 6 anos e meio de tentativas, conseguimos engravidar,
o que nos trouxe muita alegria e as preocupações gerais de uma gestação....
Minha gestação correu tranquila, não tive nenhuma
intercorrência e nada além de alguns sintomas normais...
Prá mim não foi como nas novelas ou comerciais de margarina,
não gostei de estar grávida, alterou muito meu humor, meu jeito de ser e apesar
de tudo o que eu mais querer era o filho, não gostei de estar grávida e ponto.
O tempo passou e chegou a hora do nosso Davi nascer... a
escolha da cesárea foi nossa, minha e de meu marido, nossa obstetra sempre
muito querida nos acompanhou desde o começo e sempre tirou nossas dúvidas e me
passou muita segurança.
Minha cesárea foi marcada para terça, dia 03 de setembro de
2013, às 13:30, nesta maternidade. Minha sobrinha nasceu aí, outras amigas
tiveram bebês aí, então, eu dormi tranquila na véspera e estava calma quando me
internei... já tinha lido muito a respeito e trocado figurinhas com outras
mãe...
Sabia que a cesárea é uma cirurgia, sim, podia ter uma
recuperação difícil, sim, ia doer depois, claro...mas nada me preparou para o
que houve....
Fiz o internamento e fomos, meu marido e eu para a sala
esperar o centro cirúrgico me chamar. Me chamaram, fui preparada, me levaram
para o centro cirúrgico pediram que eu deitasse , a enfermeira colocou o acesso
na minha mão, ela foi extremamente gentil, conversou comigo e disse que logo
viria uma anestesista fazer o procedimento.
Enquanto isso minha obstetra conversou com meu marido e minha
mãe, meu marido foi levado para uma sala para colocar a roupa e poder entrar na
hora do parto.
Então a anestesista chegou, Dra Sara, veio começou a fazer
várias perguntas, disse que faria uma raqui, eu perguntei se eu ia vomitar,
porque eu tenho verdadeiro pânico disso, ela foi simplesmente grossa e disse
que não podia garantir que o meu mental contava muito, eu disse que isso não
era problema, porque tem mais de 15 anos que não vomito e não ia ser naquele
dia. Perguntei o que eu ia sentir com a anestesia, ela disse que quase nada, só
o movimento de tirar o bebê, como se fosse uma pressão. Então ela mandou que eu sentasse com as pernas abertas
na mesa para ela me anestesiar. Ninguém me ajudou a sentar... pense em eu com
uma barriga de 9 meses, a posição de pernas abertas na mesa era difícil de se
fazer e ela não estava nem aí....
Uma moça ajudou ela a me colocar na posição, ela disse que eu
tinha que ficar quieta porque se errasse faria tudo de novo. Não doeu pra levar
as 3 picadas que levei, o que doeu foi na hora que ela acertou algum lugar que
fez minha perna pular e ela disse “ela
tem que ficar quieta, se eu errar ela fica paralítica...” Imagine o que eu
pensei na hora! Isso lá é coisa que se diga!
E nisso a moça que
estava ajudando me empurrando pra frente de um jeito que pensei que o Davi ia
nascer naquela hora.
Então a “anestesia” foi dada... me deitei e logo minha
obstetra estava lá, começou uma movimentação, colocaram o pano pra eu não ver
nada e naquela hora eu soube que logo nosso Davi estaria em nossos braços...
Perguntei do meu marido e disseram que ele logo ia entrar...Eu continuava sentindo minhas pernas, mas achei que era normal e logo eu não ia sentir....
Então passaram algo gelado na minha barriga, eu disse na hora “estou sentindo vocês passando algo gelado,
era prá sentir?” e a anestesista
disse “não, vc está sentindo elas
passarem e não o gelado...” e eu
respondi “não, estou sentindo o gelado,
estão passando algo gelado em mim!” comecei a me preocupar e perguntei “é pra eu estar sentindo as pernas? Eu continuo
sentindo...” ela mandou eu levantar a perna o que fiz na hora, ela disse “ah mas está pesada né?!” eu respondi “não!”.
Então ela pegou uma agulha de seringa e espetou na minha
barriga eu senti na hora, depois espetou no meu braço e perguntou se eu tinha
sentido eu disse que sim mas ela falou que na minha barriga ela tinha enfiado a
agulha inteira e no braço só encostado. Que era pra eu me concentrar porque o mental atrapalha....
Minutos depois minha obstetra perguntou se podia começar, a
anestesista disse sim...
Então eu senti 3 cortes do bisturi, foi rápido, rasgou minha
carne e eu nunca senti dor parecida na vida... gritei na hora “eu estou sentindo!” ,“senti isso! ”, “doeu!”,
minha obstetra parou na hora e falou “não pegou?”, a louca então pediu por um
remédio e falou que ia me apagar porque eu estava agitada e eu falei várias
vezes “mas eu estou sentindo, estavam me
cortando....” ela disse que não, que eu não devia fazer isso com meu bebê, que
teriam que tirar ele rápido e eu num total desespero continuei dizendo que
estava sentindo, que não estava inventando, quase que pedindo desculpa por ela
ter que me apagar...
Nisso alguém perguntou se meu marido podia entrar, pois ele já
estava pronto, ela disse que não, que ninguém entrava lá, que ele ia ficar lá
fora.
Ela injetou alguma coisa no soro e em menos de 5 segundos eu
apaguei.
Não sei por quanto tempo fiquei apagada, quando acordei tinham
várias pessoas em volta de mim quase que gritando “respira Caroline, você precisa respirar...!”, apaguei de novo,
quando acordei estava com uma dor insuportável, como nunca tive na vida, estava gemendo de dor, comecei a perguntar
aonde eu estava, uma moça disse que no hospital, comecei a perguntar se tinha
sofrido um acidente de carro, ela disse que não, eu tinha tido um bebê, eu
perguntei se tinha batido numa árvore, ela disse não...você teve um bebê, ele
está no berçário, você não lembra? Eu respondi “minha mãe vai me matar...” ela
deu risada e disse “não, você é casada, seu marido tá lá fora preocupado com você.”
Continuei falando do acidente durante um tempo, gemendo de dor, pedindo
remédio, qualquer coisa que aliviasse....Cheguei a pedir que Deus me levasse,
tamanha era a dor...
Nisso veio a anestesista, a louca, parou do meu lado e disse “você sabe quem eu sou, respondi que não, ela disse prá eu parar com aquilo, que eu devia ter
vergonha de fazer uma coisa daquelas, que eu sabia muito bem onde estava, para
parar com a palhaçada, que meu marido não merecia isso, que ele estava lá fora
desesperado por minha causa, que eu não merecia meu filho que estava no berçário,
que tinha tanta mulher no mundo querendo ser mãe e eu falando que tinha batido
o carro, que já tinha dado, que era pra eu parar com aquilo...”
Me senti a última das mortais e cheguei a pedir desculpa pra
ela, disse que ela tinha me dado alguma coisa, porque eu não lembrava de nada,
mas que tudo bem se eu tinha tido um filho...
Graças ao bom Deus ela foi embora, antes uma enfermeira
perguntou se eu já podia subir, ela disse que não porque como ia me mandar para
o quarto se eu nem lembrava que tinha tido um filho, meu marido ia dizer o que?
Passou mais um tempo, me deram uma injeção na perna para dor,
que não resolveu nada, eu continuei gemendo, mas aos poucos fui lembrando de
tudo... um enfermeira ia conversando comigo de vez em quando.
Quando confirmei que tinha tido o Davi, que sabia porque
estava ali, me levaram para o quarto...
Meu marido e minha mãe me receberam, quando vi meu marido
finalmente me senti segura e sabia que não poderia me fazer mal, comecei a contar tudo, eles disseram que não
era pra eu lembrar de nada, que a médica tinha dito que eu não lembraria....
Contei tudinho e eles ficaram realmente assustados, como uma
médica trata alguém assim?
Disseram que por eu ser gordinha a droga ia demorar pra pegar
e que eu entrei em pânico, por isso que me apagaram, há há há que piada...
Continuei sentindo uma dor terrível, remédio nenhum fazia
efeito, eu não conseguia nem pensar direito....
Trouxeram o Davi e eu mal pude olhar ele, por causa da dor eu
não conseguia me concentrar em nada...
Quando foi depois das 22 horas, minha obstetra veio me ver, eu
nem tive como conversar com ela, estava exausta, ela colocou o Davi no meu
colo, pela 1ª vez eu peguei meu filho e naquele momento eu virei mãe dele,
fiquei realmente emocionada de ter ele ali, com a gente, depois de tantos anos
esperando por ele.
Só fui levantar a 1ª vez depois das 3 da manhã, 2 enfermeiras
e meu marido me ajudaram a tomar um banho rápido, mesmo passando mal e com uma
dor medonha fiz um esforço porque precisava muito urinar e na cama eu não
conseguia.
Passei a noite reclamando de dor, no outro dia perto do meio
dia levantei com a ajuda do meu marido e o sangue lavou o chão.... a dor não
passava, não melhorava....
As outras mãe que fizeram cesárea levantaram umas 3 horas
depois, tomaram banho sozinha, andavam, davam o seio para os filhos, não ficaram com o acesso, tomando soro e um
monte de remédios até a hora da alta, nem as enfermeiras ficavam vindo toda
hora ver se estava tudo bem.
Na segunda noite no hospital o Davi teve fome, e eu não tinha
colostro, ficamos 3 horas com ele chorando e reclamando, fomos no berçário e
disseram que só a pediatra podia liberar
o leite artificial, fizeram teste da glicose e como não deu baixa disseram prá
gente ficar enrolando ele até ela chegar.... de manhã a pediatra chegou e tiveram que dar leite no copinho pra ele.
Ela disse
que meu parto tinha sido muito difícil, que eu gritava de dor e que dava pra
ver que eu estava sentindo e não inventando...
Recebi alta, estou me recuperando em casa, tomei remédios pra
dor, antibiótico para infecção, por conta de tudo isso mas o stress meu leite só teve gotinhas e não pude
amamentar o Davi.
Mas graças à Deus estou melhor, mas não quero passar por isso
nunca mais...
Então, chegamos a conclusão que:
*O anestésico não pegou, desculpe, mas minha cesárea
foi feita só com a sedação, isso explica o porque de toda dor que senti.
* Conversando com outro anestesista descobrimos que essa
história de eu ser um pouco acima do peso e a anestesia demorar mais para pegar
não existe.
* A droga podia estar vencida, ou não ser de boa qualidade, ou
realmente a Dra não aplicou corretamente.
* Pode ser que eu tenha algum tipo de resistência ao
anestésico, pode, eu nunca fiz nenhum tipo de cirurgia, mas isso não justifica de
forma alguma ela não acreditar em mim, nem dar outro tipo de anestésico. Vou investigar isso...
Nunca, jamais a anestesista
podia ter me tratado daquela forma! !
Isso foi inaceitável, não se trata ninguém assim, muito menos
uma mulher que vai ter seu filho, devia ter sido um momento especial, foi um
pesadelo, ela pode fazer partos todos os dias, eu só vou ter esse bebê, eu tentei
6 anos e meio ter esse bebê, ele é nosso filho, era o nosso momento, do meu
marido e meu, esse momento nunca mais vai voltar, não pude ver meu filho
nascer, ainda fui humilhada, tratada com descaso, estava sozinha, sem meu
marido que é pessoa que mais confio no mundo, e ainda podia ter acontecido algo
muito pior.
Meu marido não pode ver nosso filho nascer, não pode tirar as
fotos que tanto sonhou, não cortou o cordão umbilical, ainda passou pelo susto
e desespero de não saber o que estava acontecendo comigo, afinal eu entrei
calma, sorrindo para ter nosso filho e em menos de 1 minuto tudo virou um
pesadelo.Estou escrevendo para que alguma providência seja tomada, verificar se a droga estava vencida, se o problema foi o erro da anestesista ao aplicar, independente do que tenha sido nada justifica a forma que fui tratada, ninguém deveria passar por isso, ainda mais num momento tão especial.
Se prá ela nosso filho era apenas mais um, prá gente ele é único, se ela não tem paciência de lidar com gestantes, com carinho e atenção, vá fazer outra coisa da vida, se uma paciente está voltando de uma sedação e está “delirando” quem é ela prá dizer aqueles absurdos.... e se ela tem algum problema mental, que vá se tratar...
Mas não permita que essa mulher continue agindo assim!
O restante de toda equipe da maternidade tratou a gente com
muito carinho, respeito e consideração, a anestesista foi um caso isolado....
mas como ela é funcionária de vocês algo precisa ser feito.
Agradeço minha obstetra que sempre nos tratou com carinho e
ficou chocada quando contei tudo que houve antes e depois do parto.
Para nós ficou a alegria do nosso filho ter nascido com saúde
e apesar de tudo não ter acontecido nada mais sério com ele ou comigo.
Em mim ficou a sensação de que tive algo tirado de mim, nosso
momento especial, ficou o trauma pelo que houve e se dizem que a mulher esquece
a dor do parto, eu não vou esquecer nunca, não quero passar por isso jamais! Se
um dia a gente quiser ter outro bebê, vai ser por adoção, por que eu não quero
passar por nada disso de novo....Nem eu nem meu marido... já estamos tomando providências
para uma vasectomia pra não correr o risco de forma alguma de eu engravidar de
novo... porque só de pensar em tudo isso eu fico apavorada...
E pensar que todo mundo que eu conheço fez cesárea numa boa,
deu tudo certo, nunca ouvi nada parecido.... mas Deus sabe por que motivo
tivemos que passar por isso e só desejo que não aconteça com mais ninguém!
Agradeço sua atenção Sr Diretor e aguardo por alguma
resposta!
Atenciosamente, Caroline.