Voltei para contar sobre o dia mais importante da minha vida: 18/11/2011.
Mas antes vou falar dos dias que antecederam...
No dia 15/11 (terça-feira), feriado, o André invocou que queria ir definitivamente para o apartamento. O quartinho do Fabrizio já estava todo pronto; no nosso quarto já tinha o guarda-roupas montado (que era do André antes de casar) e um colchão no chão; na sala tinha um tapete, dois pufs, e um rack (que tb era do André); na copa tinha uma mesa pequenininha com duas cadeiras; e na cozinha tinha geladeira, pia, e o cooktop, mas sem a mangueira do gás. Ou seja, estava faltando muitas coisas para garantir uma vida confortável...
Mesmo assim, a gente pegou a nossa TV, colocamos umas roupas numa mala e nos mandamos. A minha mãe tinha ido na igreja, mas a Danny, minha irmã, chorou feito uma condenada e me fez chorar também... era o início do corte do cordão umbilical...
No dia seguinte, quarta-feira, eu corri atrás da mangueira do gás, busquei algumas louças e panelas (presentes do casório) que estavam na loja do meu sogro, e a noite até fiz uma jantinha.
Pela primeira vez eu me senti casada de verdade e descobri que a melhor decisão que a gente tomou foi de ir para a nossa casa começar a nossa vida. Foi muito bom...
Na quinta-feira, dia 17, como o Fabrizio não dava sinais de que queria nascer decidi ir trabalhar na Faculdade, já que a Professora que me substituiu se deu conta da bomba que entregaram na mão dela (sou coordenadora de TCC e dia 16 encerrou o prazo de entrega das monografias). Trabalhamos juntas o dia todo e conseguimos dar conta de tudo. Às 17hs eu fui embora. Meu médico já havia me proibido de dirigir... mas como ir trabalhar de ônibus se a faculdade fica a 38km da minha casa???
Fui direto para o ap. O André chegou, tomamos café e fomos numa fábrica de sofás de um amigo dele que, coincidentemente, ficava na rua da casa da minha mãe.
Por fim, passamos na casa da mãe e pegamos TODAS as nossas roupas. Na medida em que eu ia colocando as coisas nas sacolas não conseguia conter as lágrimas. Não era tristeza. Não sei explicar. Era como sentir saudades por antecipação. Quem já casou sabe do que estou falando. Como diz minha amiga Patrícia, a gente torce para nunca mais voltar, porque se voltar é porque o relacionamento não deu certo. Fui na casa da minha vozinha me despedir, e novamente foi aquela choradeira, tadinha da minha véinha, eu sou o xodó dela e o choro dela me emocionou muito...
A minha mãe foi com a gente para o apartamento para me ajudar a arrumar as roupas no armário, já que eu não estava mais aguentando fazer nada... meus pés estavam enormes de inchados e eu não tinha mais tornozelo...
A mãe foi embora às 23:30. Eu tinha que entregar um serviço no emprego nº 1 na manhã de sexta-feira. Assim, trabalhei até a 1h da madrugada. Não aguentava mais de cansaço e decidi dormir e acordar às 6h para terminar o serviço. Por volta das 3h senti minha primeira contração. Era uma cólica mentrual. Não dei muita bola porque já tinha tido cólica uns dias antes. Mas como ela ia e vinha comecei a desconfiar que era o início do meu trabalho de parto. Entre uma cólica e outra eu dormia de babar... Não aguentei levantar às 6h quando meu celular despertou. Dae pensei: que se dane o serviço, tenho coisas mais importantes para pensar agora. Levantei às 8:30 e tomei um cafezão. O André ainda tava dormindo. Voltei para a cama, quer dizer para o colchão, e falei para ele: "amor, começou". Ele de olhos fechado perguntou: "começou o que?". Dae eu respondi: "o meu trabalho de parto". Ele arregalou um zoião e falou: "Sério? E agora ??". Eu eu finalizei: "Agora a gente espera. Não adianta desespero nessas horas". E dormimos mais um pouco...
Lá pelas 9h eu liguei para a Dra. Fernanda, que substituiria meu médico no parto (ele viajou, que azar), e ela falou que eu deveria ir para o hospital para saber se era trabalho de parto ou um alarme falso. Como eu não estava afim de perder a viagem achei melhor esperar mais tempo em casa.
Lá pelas 12hs eu tomei um banho bem quentinho e me aprontei para ir para o hospital. Achei melhor não comer mais nada, para o caso de eu ter de fazer cesárea por alguma razão (sábia decisão a minha).
Chegamos ao hospital por volta das 14h.
O médico me examinou, fez toque e disse que eu estava com 3cm de dilatação. A minha pressão, que durante todo o pré-natal era 10X6, estava um pouco alta, 13X9. O médico determinou a minha internação imediata e dali eu já vesti a camisola, touca e sapatinhos do hospital e fui encaminhada para a sala de pré-parto. Para dar uma forcinha para a natureza eu fiquei andando pelos corredores. Quando vinha a contração eu me abaixava de cócoras. As dores ficavam cada vez mais fortes e demoradas. Umas 17h o médico voltou a fazer toque e me recomendou um banho. Eu achei que era para apurar a dilatação, mas na verdade era para acalmar. às 18h a Dra. Fernanda chegou ao hospital e foi me ver. Fez toque também e constatou que eu continuava com 3cm de dilatação. Ela decidiu monitorar minhas contrações e os batimentos cardíacos do bebê. O proocesso durou 10 minutos. Nesses 1 minutos eu tive 5 cotrações com duração de mais de 1 minuto cada uma. Eu tive o que os médicos chamam de taquissistolia (mais contrações por unidade de tempo do que o normal). A Dra. Fernanda me explicou que eu estava com contrações de mulher que já está com 9cm de dilatação, ou seja, com o feto praticamente nascendo, mas a dilatação não acompanhou. Eu perguntei se não poderia ser aplicada a medicação para apurar a dilatação (como eles fazem no SUS). Porém, ela me explicou que isso poderia provocar o descolamento da placenta, faltar oxigenação para o bebê e eles não terem tempo de tirá-lo. Além disso, o bebê estava começando a sofrer por causa das contrações. Nesse momento eu disse: se é para o bem do meu filho, pode cortar. Eles levaram 15 minutos para prepararem a sala para o meu parto. Foram os 15 minutos mais demorados da minha vida. Como eu sabia que teria de fazer cesárea, não queria mais ficar sentindo aquela dor terrível. Já na mmesa de parto eu ainda tive mais duas contrações. Não via a hora de aplicarem logo a anestesia. Alguns minutos depois a anestesia aplicou a injeção e minhas pernas começaram a esquentar. que sensação mais gostosa. Depois de tanta dor, aquilo era um alívio. Nesse momento, em outra sala o André se preparava para assistir ao parto. Ele me contou que quando entrou na sala de parto os mésicos já tinham começado a cortar. Ele é bem sangue frio, nem ameaçou passar mal. Disse que assistiu o parto em pé, ou seja, viu tudo. Quando eles estavam prestes a tirar o bebê disseram: "pai, a máquina está preparada?". Segundos depois, às 18:24, eles levantaram o meu filho e baixaram o lençol que tinha na minha frente.
Quando olhei para aquele serzinho tão pequeno, não consegui segurar a emoção. Eu e o André choramos quase mais que o Fabrizio. Era um choro de alegria, de alívio, de compensação por todo o sofrimento. Toda dificuldade, toda dor, as noites mal dormidas por conta da barriga, tudo ficou insignificante diante daquele momento único e inesquecível.
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Fotos do parto