Conversa de Café
Decerto que os meus habituais (sendo eles tantos) leitores me perdoarão tamanha falha, mas como o que é bom, o mau também acaba.
O baptizado. Sabemos bem de que sacramento se trata. Quem frequentou a catequese saberá que, com o Baptizado, se abrem muitas portas: entramos na família de Deus, somos "oficialmente" católicos, podemos casar pela Igreja e, mais importante que estas últimas: somos aceites pela sociedade/comunidade. Posto isto, a questão "para que é que serve" encontra-se ultrapassada.
O busilis (essa bela palavra) reside no aspecto da vontade. Sabendo que o Baptismo não é um negócio jurídico, ou seja, um evento ao qual o Direito associe a extinção, modificação ou criação de situações jurídicas, temos que apurar o papel da voluntas noutro plano: o social. Quão importante é, socialmente, estar ou ser baptizado? Actualmente, a importância está, relativamente ao passado, diminuida, porque a publicidade do acto não é tão evidente e as comunidades alargaram-se, mas o estigma social do não batizado transforma-se em considerações alheias de falta de amor pelo filho, por parte dos progenitores, talvez numa relação satânica establecida entre a familia x e o Satanás mafarrico da Silva, ou mesmo num descuido e vontade rebelde de todo um lar. Atendendo a esta potencial coacção de que possa vir a ser vítima, a familia alia ao comum "laisser passer" tuga a aceitação social. E faz-se o Baptizado.
Por detrás desta simulação, está o negócio dissimulado. (Bem quero fugir ao "examen", mas não consigo). Apuremos a verdade.
Por norma, o baptizado faz-se é ainda o ser humano um puer, desprovido de qualquer mecanismo que lhe permita defender-se de uma ideologia e de uma organização à qual não queria pertencer. Falta a ponderação.
É costume a festa do baptismo ser em grande: beacoup de comezaina, plenty of Boose e Emanuel e Zé Malhoa até cair para o lado. Para quê? Não quero voltar ao "quid" social que uma festa destas tem.Mais ainda: seria demais evidente exaltar a importância de levar com água na cabecinha. Há que ser justo: publicidade há-a com fartura.
Bento foi Baptizado. Bento é atleta. Ao querer entrar para um reputado clube de atletismo, perguntam-lhe se era Baptizado. Ao responder sim, o Secretário responsável pela admissão, liga para a paróquia e , oh que pena, perdeu-se o registo. Resposta: não há cá pão pa malucos, sei lá se foi mesmo baptizado. Não há prova.
Só temos 1 requisito para apurar a validade disto. Não chega. Não se safam com dissimulações.
O baptizado,per se, é um instrumento:
-Dos pais, porque têm de demonstrar qualquer coisa a qualquer pessoa, que acabam por se esquecer do essencial: le jeune, l'enfant.
-Da igreja, que consegue a conversão de uma forma tão simples.