A Guerra ao AmorOntem, ocupado com coisas mais interessantes, apenas consegui ver vinte minutos daquele tragi-comédia que passa por fórum de discussão da RTP1.
Portugal continua a ser um país de fidalgos. Só assim se explica a presença daquela senhora filha de Adriano Moreira que cometeu a proeza de achar que o argumento jurídico é auto-explicativo, que a questão do “dever ser” é matéria jurídica. A qualquer pessoa que não consegue compreender o lugar da argumentação jurídica numa discussão deste timbre, deve estar vedada a discussão sobre qualquer matéria eminentemente filosófica. Em Portugal vão à televisão…
Acresce a isto a radical incompreensão dos oponentes da dita senhora, de que o “método jurídico” que a senhora invoca é tudo menos unívoco. Porém, quem aceita que a sociedade é fruto das vontades e fonte do político, quem não se levanta contra o igualitarismo vigente, tem de aceitar a dissolução da inspiração cristã das instituições civis. Com este passo, os defensores do casamento cristão aceitam reduzir a questão ao escopo moderno e submeterem-se à tal concepção jurídica vigente, das igualdades.
Fico também triste por um Padre não ter conseguido explicar (pelo menos enquanto vi) à Dra. Moreira que a existência de uma inclinação natural para a homossexualidade e o incesto não torna uma prática lícita e que é precisamente contra a animalidade (as inclinações) que residem no ser humano que o conceito cristão de Natureza se forma.
Quando um Padre se esquece que a sua principal função é salvaguardar a forma de Amor no Bem, aceitando que fórmulas degeneradas de sentimento sejam reconhecidas politicamente como Amor, é altura de repensar esta Igreja.
Num segundo momento em que passei os olhos pelo programa observei um tal de senhor Oliveira afirmar que quem é contra o casamento homossexual é homofóbico, cometendo, portanto, um crime de discriminação. Vai ser interessante constatar que no dia em que o casamento homossexual for aprovado, os portugueses que se manifestaram pelo Não, passarão a ser criminosos, impendendo penas sobre todos eles. É caso para perguntar onde está o argumento, muitas vezes invocado na questão do Aborto, de que não se pode ter a polícia atrás das pessoas por exercerem actos ditados pela sua consciência?
É caso para nos irmos todos entregar à esquadra da polícia.
Etiquetas: Aborto, Modernidade