Chavez, o verdadeiro exemplo populista, ganhou o referendo. Acossado pela vizinhança de uma crise económica profunda que se avizinha a passos largos não hesitou em recorrer a todos os meios do Estado, com o qual já se confunde –L’Etat ce moi, e conseguiu provavelmente a maioria dos votos. Digo provavelmente pois o voto electrónico não é uma boa forma de votar em Democracia e em particular quando a Empresa que desenvolveu o sistema tem relacionamentos muito suspeitos com o Governo Venezuelano. Saber quem votou em quem, exige pouco mais que uma linha de programa informático e este não foi escrutinado de forma independente. Realmente estranho este investimento num país pobre.
Chavez fez chantagem sobre os trabalhadores do Estado e obrigou-os a fazer campanha pelo Sim. A operadora da Rede Móvel do Estado chegou a difundir uma chamada gravada deste Caudilho, a Televisão bolçava a toda a hora os disparates do Coronel numa linguagem ordinária e as empresas públicas propagandeavam descaradamente (Goebbels não faria melhor). No total terão sido gastos um bilião de dólares de bens públicos para satisfazer o ego e a fome de poder de Um. A intimidação racista contra a comunidade judaica, o clero, os jornalistas da oposição, os órgãos de comunicação social foi escandalosa seja qual for o padrão de referência e só uma comunidade internacional hipócrita e subserviente pode calar. A proibição de visitas de pessoas influentes como Lech Walesa e a participação de outros, como Maradona, pelo Sim mostra bem o sectarismo da Criatura. A vitória foi assim uma vitória de Mierda tanto mais que o poder judicial e a Comissão Nacional de eleições estão tomados pelos caciques Chavistas.
Os ganhos Chavistas na sociedade Venezuelana são reduzidos ou nulos, e em breve negativos, mesmo depois de receber mais dinheiro que o primeiro Bailout de Bush para os EUA. A economia Venezuelana não se desenvolveu nos tempos do maná do petróleo como provam economistas das Universidades Venezuelanas.
- Salários. Dizem ser os melhores da América Latina contudo uma inflação de mais de 35% num ano e o aumento brutal do preço dos alimentos faz com que 47% dos Venezuelanos não ganhe para comer. Os juízes e outros homens chave do regime ganham mais de 100 vezes o salário mínimo.
- Saúde. O programa Bairro Adentro (médicos nos bairros pobres) tem tido poucos resultados. A produtividade é baixa e os médicos Cubanos não prestam contas ao Ministério de Saúde Venezuelano nem articulam com ele. O programa custa quase 100000 barris de petróleo entregues a Cuba a preços muito preferenciais. A taxa de vacinação desceu a pique: agora a vacina tríplice não chega aos 50% das crianças, quando já foi quase 100% antes de Chavez.
- Doenças outrora erradicadas voltaram, e em força, em parte por condições sanitárias degradadas. Para falar de forma clara: imundice total por falta de recolha adequada de lixo e saneamento básico.
- Segurança. Uma verdadeira hecatombe: 102 000 assassinados desde que Chavez tomou o poder. Caracas é uma verdadeiro rio de sangue: dezenas de assassínios por dia. Em Lisboa significariam 7.5 assassinados por dia. Os gangues da droga tomaram de assalto muitos ranchitos por toda a Venezuela.
- Justiça. Muito prisioneiro político em condições atrozes de detenção e alguns assassinatos convenientes. As prisões são piores que as pocilgas, a tortura e a negação de visitas são prática corrente.
- Exército. Grande descontentamento entre os militares jovens que se vêem sem perspectivas de futuro perante os camaradas que alinham no regime. Orgulho ferido por ver as FARC matar camaradas de armas, assaltar, raptar e controlar porções do território venezuelano para escoar a droga produzida pelo trabalho escravo na Colômbia. Descontentes ainda pela presença autoritária de conselheiros cubanos.
- Economia. Investimento externo afundou, produção de petróleo afundou, produção de alimentos afundou. Produção industrial em queda e maior dependência externa do país.
- Ensino. Péssimo. A escola pública, com professores mal pagos, é muito má e só quem não tem qualquer recurso a usa.
- Polícia e Magistratura da mais corrupta do Mundo.
Qual o futuro?
O futuro está aí. Com um orçamento baseado no barril a $60, o dinheiro que entra não chega para pagar metade das importações. O país está a viver de reservas. Restam poucas saídas:
- Aumentar a repressão pois o descontentamento vai crescer devido aos salários serem cada vez mais baixos para o aumento do custo de vida;
- Apertar o torniquete às importações que vai inviabilizar muita empresa e aumentar o desemprego;
- Desvalorizar o Bolívar tornando as importações mais caras com os mesmos resultados;
- Apertar o cerco aos órgãos de comunicação social independentes e da oposição, com a habitual catilinaria da esquerda;
- Criar um conflito armado, provavelmente com a Colômbia (há um diferendo territorial “ O Esequibo” que até agora não foi falado), de forma a rotular a oposição como inimiga do regime e da Venezuela. “Mobilizar” o Povo convencendo-o que a miséria se deverá ao conflito e valerá a pena sofrê-la pelo país.
- Uso de pequenas garotices e matreirices para desacreditar a oposição. Plantar provas de supostos crimes, lançar suspeitas de corrupção, etc
- Apostar no Ensino ideológico que levará os mais jovens a acreditar que deverão ser escravos do Coronel, que não conseguem pensar nem agir com mais inteligência que o Coronel e que, se este não existisse, não lhes chegaria à mesa 1Kg de feijão preto, um frango, um litro de leite pelo qual esperam horas e horas em filas imensas nunca antes vistas.
Felizmente a falta de dinheiro não chega à família Chavez –todos bem de vida e com importantes cargos políticos- mas a exportação da Roubolução vai ser mais difícil. Os capatazes, Correa e Evo Morales (um deles mal sabe escrever), bem vão andar de mão estendida tendo riquezas suficientes nos seus países (gás natural) para dar uma vida digna aos seus povos. Cuba vai sorvendo a riqueza do Povo Venezuelano tal como a sanguessuga sorve o sangue da vítima distraída.