Até parece que foi noutro dia que pegamos carona
nas crinas do vento,
aprendemos a lidar, a contento,
com dor, espinho e flor.
Eu? Namorei muitas Marias
das dores, da paz, do amparo.
Mas gostar, gostar de verdade
Gosto mesmo é da Maria dos Prazeres,
que desde a primeira vez,
já buliu com meu interior.
Cheguei a flertar tantas outras
brinquei de médico com a dos Remédios, ó
bem que tentei escapulir da Rosinha,
mas ela me agarranchou de um jeito
pedi socorro, arre égua!
e não é que acabei casando,
amarrando-me mesmo com toda força,
de papel passado até o presente,
com a tal falada dos prazeres,
a mais rodada de todas!
Acabei foi por melhor calar
a boca de muita gente!
Eu tive a honra de desposá-la,
sem precisar de pedir sua mão.
Ela se achegou inteira,
emburacou casa adentro
e nunca mais saiu do meu cafundó.
Ela que me deu a graça de ser bom pai,
de alcançar a tal burrinha da felicidade.
Outro dia matutando a vida,
tangendo meus bodes, ao sossego,
eu fiquei a espiar de longe
que belezura que é o sorriso
da nossa filha Anita
toda vestida de chita,
borboleta
azul de plástico
pendurada no cabelo
solto ao vento, toda contente,
a tocar as flores do campo.
Ah, pai coruja que sou!
feliz de pelo na venta, de certo
a coçar as barbas de Deus,
satisfeito porque sou,
com todas as letras,
o homem mais rico que existe, sim senhor!
E assim vai ser até que o mundo acabe:
"Avua, brabuleta, avua!"