sábado, 24 de novembro de 2012

Tudo passa, tudo passa...




Não há quem duvide da certeza de que tudo na vida passa.
Passa a dor, passa a alegria, passa a tristeza e o momento de felicidade. Passa tudo que há de ser e o que já foi, pois a vida é esse eterno transformar-se.

Não vejo graça em permanecer única, indivisível, rígida. Prefiro a flexibilidade de uma boa gargalhada, ou de uma lágrima que corre sincera pelo rosto de alguém que sofre. Prefiro a dignidade do assumir-se fraco, e permitir que o medo englobe o que de mais nobre existe em se proteger.

Prefiro as pessoas bambas, a quem recorro sempre a contar meus sonhos, chorar meus enganos e perceber-me refugiada no abraço da palavra de um amigo à dureza dos braços que envolvem mais não acolhem, dos sorrisos plásticos que não alimentam a alma, da conversa comedida, do pisar em ovos.

Não acho que estamos todos errados, e sim, em pontos distintos de uma geração que padece de calma. Não aquela calma plácida e solitária, mas da calma do silêncio remediador, que fala através do nada.

Estamos todos aí, vivendo em direções tão opostas e tão perdidos. As vezes tão carentes de perdão.
As vezes só precisando de uma mão.

Precisamos do outro, pra perceber em nós a fraqueza de sermos tão pequenos, para espelharmos em nós o que de mais belo encontramos no outro. Pra dividir com todos nossa humanidade em plenitude.

Passa a dor, passa a alegria..tudo passa.
Até mesmo a crônica mambembe e sem graça, recheada de clichês.
Isso tudo pra dizer que tenho me observado no outro, e ele é mais belo do que eu jamais poderia ser, só.



Ouvindo_Saudosismo_Caetano Veloso

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O medo da dor




Na semana passada, na minha sessão de coaching do Jardim do Ser, veio a seguinte questão:
Do que a Luciana tem medo?

Meio relapsa eu respondi de pronto, que não sabia..
Mas venho pensando nisso desde então, e acho que eu cheguei a algumas questões..
Sabe do que eu tenho medo?
De tudo!

É bizarro assumir isso, assim, do nada, mas é isso mesmo..
Ando meio medrosa..amedrontada com o que a vida quer me oferecer de bom, ou de ruim.

Me arrisco até a dizer que, um certo medo de dar certo, me consome.
Sempre acho que isso não é pra mim, que eu não tenho talento, que eu sou meio preguiçosa, que sou meio isso, meio aquilo..

E olha que grande cagada  bobagem!
Ter medo de tanta coisa! E sem nem saber direito do que ..

Começo a perceber que toda essa minha busca em ser alguém, em ter um trabalho que ame, e em fazer algo que goste pode estar amarrada a esse meu medinho tolo, que só me impede.

Minha Coach é sábia!
E devo a ela esse insight..


Pegando o gancho da história do medo..
dia desses resolvi que ia jogar bola, sabe?
Futebol de salão, ou futsal como chamam alguns!
Sempre fui fã de jogar bola, sempre amei futebol e calhou de ter a oportunidade.
Meio sem graça, cheguei na quadra onde estavam as outras meninas, e me apresentei.
Não senti muita firmeza no pessoal..e muito menos em mim, mas fui lá me embrenhar na peleja.

Fiquei no time dos meninos, que entraram pra inteirar o jogo, e claro, me dei mal.
Corria, pulava, pedia a bola..e nada.
Eles só tocavam entre si e eu ficava lá, correndo de um lado pro outro..
Mas, na fatídica hora que a bola veio para os meus pés, só fiz burrada..
toquei errado..depois, joguei pra fora...depois chutei torto..

e finalmente, quando eu ia dominar uma bola na linha de fundo, apoiei meu pé direito de maneira incorreta e girei meu corpo em cima dele. De repente eu não via mais a quadra, eu só senti meus ossos, tendões e tudo que tem dentro, retorcendo em uma forma estranha, senti um estralo e puuff!

Cai no chão, já tirando o tênis e em desespero..
Nunca tinha torcido o pé, logo, nunca tinha sentido aquela dor..
e aí, amigo, não adiantava ter medo, ter cuidado, ter me antecipado..
estava lá eu, sentada no chão, segurando meu pé, com um bando de desconhecidos olhando atônitos a cena.

A professora trouxe gelo..
e eu fiquei lá..só pensando na dor, na dor..na dor..
Fiquei observando meu pé duplicar de tamanho e o jogo que continuava na quadra.
Quando eu finalmente sentei no carro pra ir embora, desabei num choro!
Sabe aquele choro de criança quando machuca?
Aquele choro que alivia?

Chorei largado!
Chorei demais!

Depois foi passando..eu fui me acalmando..
pensando que tudo aquilo era uma bobagem..que eu não devia ter ido sem me preparar..
que eu não estava usando uma chuteira adequada, que eu isso, que eu aquilo..

E sabe do que mais?
O choro sessou, a dor diminuiu, a raiva passou..
Sobrou o pé inchado e eu..
O resultado não do medo, mas da falta de tato.

Da falta de consciência de mim mesma, de me conhecer a ponto de saber que eu não estava pronta pr'aquilo, de saber que eu não iria a voltar a jogar como antes sem treino e sem preparo..
Que ninguém ia me passar a bola, pois não estava escrito na minha cara que eu jogava bem, muito menos diante dos meus passes.

Ou seja, a prepotência em pessoa..
Achando-me a tal, e mal consegui ficar em pé, no primeiro jogo.


Muitas lições aprendidas na queda..
mas a maior talvez seja a de que a dor ensina.
Ensina mais, mais rápido e melhor..


Ouvindo_Chico Buarque_Apesar de você

sábado, 17 de novembro de 2012

Olhar pro passado + Faxina de fim de ano



Ontem chegou aquele dia da faxina de fim de ano.
Abrir armários e gavetas e ir fazendo uma reciclagem de tudo que presta, não presta, do que vai ser doado..
do que vai pro lixo..e abrir espaço pro novo, já como um preparo para o novo ano que está chegando.

Assim, permito que as coisas mudem de lugar e se transformem diante do meu cotidiano, fazendo também que eu veja de outra forma e reconheça que tenho o necessário, o suficiente.

O momento não poderia ser mais oportuno, já que durante a semana tive resgates tão importantes com o meu passado. E fazer limpeza em casa, nada mais é que reencontrar-se a todo instante com o que já foi.

É pertinente porém ter uma trilha sonora acompanhando momentos como esse, de renovação. Falei mais sobre isso no blog O Som Lá de Casa.

Faxinas (de dentro da gente ou de fora) precisam acontecer como um processo lento de readequação de coisas que não cabem mais em determinados lugares.Coisas que precisam ganhar novos espaços, novas utilidades.Sentimentos confusos foram dando espaços a compaixão, perdão, compreensão.
Muitas gavetas cheias de espaço, preenchido com coisas novas e boas. Muitas roupas doadas, muito aprendizado sobre o ter e o precisar.

Fazendo esta reflexão, e abrindo um pouco mais da intimidade a partir daqui, gostaria de compartilhar algo interessante.

No começo da semana, pedi ao Universo que me desse a chance de me reconciliar com uma amiga, que a muito não vejo, e com quem tenho enorme pesar. Infelizmente, as tentativas até então foram em vão, fazendo com que eu me sentisse muito fraca em relação a isso.

Justamente nesta semana, surgiram dois amigos do passado, com quem eu tinha algum tipo de desafeto, mas que guardava ainda registrado em mim, aqueles bons momentos que vivemos, sobrepondo os momentos de menor alegria.
E não preciso dizer que, quando falamos com um verdadeiro amigo, mesmo depois de tanto tempo, é possível desfazer descrenças, rixas, brigas..e tudo virar um grande aprendizado, permanecendo o que de bom havia, deixando para lá as bobagens.

Esta faxina me deixou renovada.
A de casa, quase me matou de cansaço, mas retirou de dentro de casa, coisas que não faziam o menor sentido de estar lá..
A faxina de dentro, com esses dois belos presentes do universo, me deixou iluminada. E mesmo sabendo que ainda existem pessoas com quem não me resolvi, aquelas que reapareceram trouxeram novo ar, para que eu pudesse ter a certeza que tudo se transforma, se renova. Basta abrir a janela, arrastar os móveis do coração, e abrir espaço para tudo de novo entrar.




----------------------------------------------------------------------------------------------------------


O projeto de cuidar da saúde financeira e mental continua..
segue foto do fim de semana - com certeza, melhorando!



Ouvindo_Chico Buarque_Vida

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

de antigamente..



Você bem me conhece
e bem te apetece
saber me assim

descobre como me encontro
e como me desfaço
nas canções que a gente escolhia
e no meu desparato
enquanto te escondia

sabe até
da minha euforia
quando eu quero te contar
que te vi n'algum lugar
ou lembrei de você
e que voltei a sonhar

me conhecendo
assim, saberá sempre me encontrar
nesse mar sem fim
em qualquer lugar.


Ouvindo_O herói, o marginal_Mallu Magalhães

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tantas coisas

Não era pra ser assim o meu começo de retomada de escrever..
mas nem tudo é como a gente gostaria, e muito menos como a gente previa que ia ser.

Meus primeiros dias de retomada de mudanças estão sendo "motivadores"..
continuo me sentindo fútil em escrever sobre isso no blog, já que eu havia parado de deixar minhas impressões tão pessoais aqui a algum tempo.

Mas acredito que isso seja também um retorno a quem eu realmente sou.


Consigo organizar melhor as idéias e tenho uma noção remota de onde estou, mas isso é só por enquanto.
No meu último texto, falei sobre começar, continuar e terminar e a parte do continuar, continua sendo a mais difícil.

Tenho mil idéias que vão desaparecendo ao longo do dia, e uma falta de força para começar que assusta.
Os blogs todos parados, o fim do ano se aproximando e muito de mim longe do que eu esperava, me dão a sensação que não andei para lado algum durante o ano todo.

Algumas coisas estão seguindo conforme o planejado.
A organização da vida financeira está indo bem.
O fato de estar home office agora, ajuda a não ter necessidades mentirosas e a não ficar tentada a comprar coisas que não preciso.
Parece bobagem, mas quando você sai pra almoçar em lugares cheios de lojas e coisas, é bem provável que você volte do almoço com uma ou duas sacolinhas na mão.

A parte da dieta/emagrecimento/necessidade de perder peso ainda esta em processo de adaptação.
Retomei a academia, e continuo me esforçando nas refeições diárias, mas se tem uma coisa em que eu sinto prazer, essa coisa é o comer bem.
E quem não gosta?


Sigo em frente, com passos pacientes e resignados.
Afinal, se tem uma coisa que eu descobri é que nada que pretende ser modificado para sempre acontece do nada.
As coisas precisam ir se ajeitando a seu tempo, e é essa noção de tempo que eu tenho pensado em modificar.
Foto tirada no ano passado por Luciana Landim


Afinal, se eu mudo, o mundo muda comigo? Certo?




#paciênciaéumavirtude #euprecisoparardeusarhashtags #ondeforamtodososleitores


Ouvindo_The Microscopic Septet - Lobster Leaps In