quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

no final eu digo..não



Incrível como nascemos programados para buscar a aceitação alheia. Quando crianças, ao primeiro som de um "não pode", choramos aflitos.É a primeira negação das nossas vontades, e por conseguinte do que somos e do que acreditamos. Ou assim nos parece, dentro de longos e sofríveis anos da nossa vida.

Para alguns, e eu me incluo nisso, o aprendizado do não é uma tarefa difícil. Até porque, não queremos "ser maus" rejeitando os outros. Aceitamos tudo, porque no fundo, não queremos que isso aconteça com a gente. Vamos a compromissos detestáveis, festas evitáveis, lugares indesejáveis só pra não dizer: hoje eu não vou. Queremos ser aceitos, minha gente!

Porque se você disser não pode ser que pegue mal, alguém vai ficar chateado, vão te levar a mal, quem sabe você não seja mais convidado, e aí, você vai, mesmo sem querer para o compromisso, porque  quando for sua vez de convidar, certamente vão aceitar.

Só que não.
Nem sempre as pessoas dizem SIM pra gente.
Aos poucos vamos percebendo que tem gente que fala um não numa facilidade, que chega até a arrepiar o ouvinte. E te colocam naquela situação mentalmente constrangedora do: "Mas como? Eu já fui em tanta coisa chata que você me convidou!!, que absurdo".
Pois é, mas não existe regra pra essas coisas, e muito menos pra vontade alheia.


E aí, você que adora aceitar uma coisa qualquer só pra não contrariar, fica com a maior cara de tacho, quando alguém te diz NÃO.
Eu pelo menos, não considerava nada palatável. Mas, aprendi que essas pessoas, verdadeiras desbravadoras das conveniências sociais, muitas vezes são mal interpretadas.
Sabe porque?

E se de repente a pessoa vai, e estraga tudo? E se arranja uma briga? E se magoa alguém? Não é pior?
Então, vendo tudo isso acontecer, comecei a ensaiar meus pequenos não's diários. E aceitar com mais felicidade o não dos outros.

Confesso, que o primeiro não dito com propriedade, é bem estranho. A pessoa te convida com aquele sorriso grande, cheio de expectativas e você diz: "Não, meu caro, eu não vou!".
Juro que fiquei esperando uma pedrada na cabeça, ou uma palavra mais ríspida. Mas o fato é que o outro foi tão pego de surpresa que não conseguiu reagir. E voilá! Olha quem ficou livre de um compromisso chato!

Poisé..
Mas, pior que o Não, assim deslavado. É a tal do NÃO disfarçado de desculpa.
Aquele "Ihh, não vai dar..tenho que levar o cachorro da minha mãe no médico.." ou então "Ah, acho que tem um aniversário.." ou "Nossa, preciso ver, cara.."
Eu sei porque, já dei essas desculpas..várias vezes.

E não é porque eu não gostava da pessoa..é simplesmente porque eu não queria ir lá.
Não achei interessante, poxa! Pra que que eu vou?
Mas ficava me sentindo culpada por ter que disfarçar com uma desculpa que poderia ser facilmente desmentida a qualquer momento. E, é bem certo que a outra pessoa ficou achando que o problema era com ela.

Mas a vida tem dessas coisas. E algumas delas são corriqueiras a todos. Quer ver?
Por exemplo, aquele compromisso anual (seja ele qual for), com aquele pessoal da família/trabalho/grupo de estudo  com quem você não é muito chegado. Sabe como é?
A situação se desenrola mais ou menos assim:

Primeiro, você não quer ir. As pessoas insistem e então, você tenta desviar.
É pego então na tentativa de te entenderem, com a velha pergunta: Mas porque você não quer ir?
Você responde, e inventa alguma coisa. Daí, arranjam uma solução pro seu problema que nem existe.
A armadilha foi armada, você caiu..e é aí, que você diz SIM, querendo dizer NÃO e faz a maior besteira da sua vida. Porque com certeza só será ruim pra você, indo ao mau fadado compromisso.

Então, quero propor um ato de coragem a todos meus amigos e leitores que frequentam esse blog.
Vamos começar a ser mais diretos. Acabar com uma convenção social que mata diariamente as relações, por acabar com a beleza da sinceridade.
Se quem convidou foi um amigo, com certeza vai te entender.
E se for alguém que ficou chateado, é porque com certeza não merece estar em seus círculos sociais.

Só pra contrariar um pouco este texto, eu mesma, ando precisando é dizer mais SIM.
Tô meio enjoadinha de dizer não, pra tudo que me convidam.
Quem sabe..

....cenas dos próximos capítulos..


Ouvindo_Mulheres de Atenas_Chico Buarque



terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O poder do outro



De fato, não sei nada sobre relacionamentos. Sei pouquíssimo sobre as pessoas e menos ainda sobre a vida. Então decidi escrever um texto pra falar do pouco que eu sei, e que tenho observado em mim, e claro, nos outros.
Venho querendo falar sobre isso a dias, e não encontrava maneira de desenhar em palavras o que descrevesse o que eu percebi. Talvez, vá parecer muito óbvio pra você que me lê, ou talvez o leitor não faça a mínima ideia do que estou falando, mas isso é menor dos problemas.

Relacionamentos baseiam-se em afeto mutuo, respeito, carinho e uma pitada de sexo, certo?
Bem, pode parecer simplista mais a grande parte das coisas que se busca em uma relação estão aí. Mas são muitos os tons de cinza, dentro desse preto e branco.
E não, eu não estou falando do tal livro famoso.

Se isso é o que buscamos numa relação, porque depositamos tanto no outro, a responsabilidade de sermos felizes? Porque, esperamos que essa pessoa que está do nosso lado, que é cheia de medos e inseguranças e sonhos e tudo o mais que importa assim como nós, seja tão culpada diante de nossa incapacidade de nos doarmos sem pedirmos nada em troca.

Talvez seja uma questão de auto conhecimento, auto responsabilidade, respeito próprio, e por favor consciência do que se está fazendo para o outro e com o outro, que nos metemos nessas grandes enrascadas de amor, porque ah..o outro..tão malvado, tirou de mim o que eu sei lá que eu queria dele.

Venho observando isso a algum tempo, e me toca saber que existem pessoas que não sabem sequer porque se encontram em um relacionamento. É tão confuso para elas o que elas estão procurando ali, que em seus discursos quase sempre escuto que o problema é sempre com o outro.
O outro que não me ama como eu acho que deveria ser amada. O outro que não me entende e que não vê os sacrifícios que eu fiz pela relação, o outro que não deixa de fazer o que quer enquanto eu abro mão de tudo.

E aí, nessas conversas, eu sempre me vejo em algum relacionamento do passado, depositando as mesmas dúvidas e inseguranças nas outras pessoas. Quantas vezes eu me senti humilhada, ou me senti vítima de uma relação que eu mesma tinha cavado. Quantos homens eu julguei como maus, cafajestes, ou coisa que não valha enquanto era eu que permitia que eles fizessem o que achavam que era certo, comigo.
Onde foi que eu assinei o contrato que dava plenos poderes àquelas pessoas para fazerem tudo aquilo comigo?

Eu não assinei nada. Só me abstive de ter opinião, de saber quem eu era, da certeza do que eu queria. Na verdade eu acreditei de maneira inocente que a opinião do outro, era a mesma que a minha. E aí, meus caros amigos, é que está o problema.
O outro é diferente, poxa. Ele é outro.
Vive pensando outras coisas, tem visões diferentes, sonha coisas que você nem imagina e tem uma opinião sobre você, que de verdade, você mesmo não conhece.

Então porque, eu pergunto, porque achar que essa pessoa vai te dar aquilo que você, e só você acha que é certo?

Ilusão, decepção, enganos.
Quantas das decepções amorosas se dão porque se vive um relacionamento egocêntrico, baseado no que eu acho que é certo, sem pensar que o outro do lado de lá tem outras ideias na cabeça e de repente pode não concordar comigo.

Nós, minha gente, temos que ser felizes porque somos assim, naturalmente.
Porque o outro é parte importante que complementa, que partilha, que dá e recebe sem cobrar a conta no final.

Que nós, em 2013, sejamos mais fiéis conosco, que conheçamos melhor a nós mesmos, que saibamos separar o que é nosso e o que é do outro, para que possamos amar com mais plenitude e mais compaixão.

Que sejamos do time daqueles que fazem os outros felizes, e não o contrário.
Que façamos para os outros somente aquilo que desejamos que seja feito para nós. Afinal, tem lições que de tão simples, se tornam imortais.

Feliz dezembro!


Ouvindo_The Strokes_Alone, Together

sábado, 24 de novembro de 2012

Tudo passa, tudo passa...




Não há quem duvide da certeza de que tudo na vida passa.
Passa a dor, passa a alegria, passa a tristeza e o momento de felicidade. Passa tudo que há de ser e o que já foi, pois a vida é esse eterno transformar-se.

Não vejo graça em permanecer única, indivisível, rígida. Prefiro a flexibilidade de uma boa gargalhada, ou de uma lágrima que corre sincera pelo rosto de alguém que sofre. Prefiro a dignidade do assumir-se fraco, e permitir que o medo englobe o que de mais nobre existe em se proteger.

Prefiro as pessoas bambas, a quem recorro sempre a contar meus sonhos, chorar meus enganos e perceber-me refugiada no abraço da palavra de um amigo à dureza dos braços que envolvem mais não acolhem, dos sorrisos plásticos que não alimentam a alma, da conversa comedida, do pisar em ovos.

Não acho que estamos todos errados, e sim, em pontos distintos de uma geração que padece de calma. Não aquela calma plácida e solitária, mas da calma do silêncio remediador, que fala através do nada.

Estamos todos aí, vivendo em direções tão opostas e tão perdidos. As vezes tão carentes de perdão.
As vezes só precisando de uma mão.

Precisamos do outro, pra perceber em nós a fraqueza de sermos tão pequenos, para espelharmos em nós o que de mais belo encontramos no outro. Pra dividir com todos nossa humanidade em plenitude.

Passa a dor, passa a alegria..tudo passa.
Até mesmo a crônica mambembe e sem graça, recheada de clichês.
Isso tudo pra dizer que tenho me observado no outro, e ele é mais belo do que eu jamais poderia ser, só.



Ouvindo_Saudosismo_Caetano Veloso

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O medo da dor




Na semana passada, na minha sessão de coaching do Jardim do Ser, veio a seguinte questão:
Do que a Luciana tem medo?

Meio relapsa eu respondi de pronto, que não sabia..
Mas venho pensando nisso desde então, e acho que eu cheguei a algumas questões..
Sabe do que eu tenho medo?
De tudo!

É bizarro assumir isso, assim, do nada, mas é isso mesmo..
Ando meio medrosa..amedrontada com o que a vida quer me oferecer de bom, ou de ruim.

Me arrisco até a dizer que, um certo medo de dar certo, me consome.
Sempre acho que isso não é pra mim, que eu não tenho talento, que eu sou meio preguiçosa, que sou meio isso, meio aquilo..

E olha que grande cagada  bobagem!
Ter medo de tanta coisa! E sem nem saber direito do que ..

Começo a perceber que toda essa minha busca em ser alguém, em ter um trabalho que ame, e em fazer algo que goste pode estar amarrada a esse meu medinho tolo, que só me impede.

Minha Coach é sábia!
E devo a ela esse insight..


Pegando o gancho da história do medo..
dia desses resolvi que ia jogar bola, sabe?
Futebol de salão, ou futsal como chamam alguns!
Sempre fui fã de jogar bola, sempre amei futebol e calhou de ter a oportunidade.
Meio sem graça, cheguei na quadra onde estavam as outras meninas, e me apresentei.
Não senti muita firmeza no pessoal..e muito menos em mim, mas fui lá me embrenhar na peleja.

Fiquei no time dos meninos, que entraram pra inteirar o jogo, e claro, me dei mal.
Corria, pulava, pedia a bola..e nada.
Eles só tocavam entre si e eu ficava lá, correndo de um lado pro outro..
Mas, na fatídica hora que a bola veio para os meus pés, só fiz burrada..
toquei errado..depois, joguei pra fora...depois chutei torto..

e finalmente, quando eu ia dominar uma bola na linha de fundo, apoiei meu pé direito de maneira incorreta e girei meu corpo em cima dele. De repente eu não via mais a quadra, eu só senti meus ossos, tendões e tudo que tem dentro, retorcendo em uma forma estranha, senti um estralo e puuff!

Cai no chão, já tirando o tênis e em desespero..
Nunca tinha torcido o pé, logo, nunca tinha sentido aquela dor..
e aí, amigo, não adiantava ter medo, ter cuidado, ter me antecipado..
estava lá eu, sentada no chão, segurando meu pé, com um bando de desconhecidos olhando atônitos a cena.

A professora trouxe gelo..
e eu fiquei lá..só pensando na dor, na dor..na dor..
Fiquei observando meu pé duplicar de tamanho e o jogo que continuava na quadra.
Quando eu finalmente sentei no carro pra ir embora, desabei num choro!
Sabe aquele choro de criança quando machuca?
Aquele choro que alivia?

Chorei largado!
Chorei demais!

Depois foi passando..eu fui me acalmando..
pensando que tudo aquilo era uma bobagem..que eu não devia ter ido sem me preparar..
que eu não estava usando uma chuteira adequada, que eu isso, que eu aquilo..

E sabe do que mais?
O choro sessou, a dor diminuiu, a raiva passou..
Sobrou o pé inchado e eu..
O resultado não do medo, mas da falta de tato.

Da falta de consciência de mim mesma, de me conhecer a ponto de saber que eu não estava pronta pr'aquilo, de saber que eu não iria a voltar a jogar como antes sem treino e sem preparo..
Que ninguém ia me passar a bola, pois não estava escrito na minha cara que eu jogava bem, muito menos diante dos meus passes.

Ou seja, a prepotência em pessoa..
Achando-me a tal, e mal consegui ficar em pé, no primeiro jogo.


Muitas lições aprendidas na queda..
mas a maior talvez seja a de que a dor ensina.
Ensina mais, mais rápido e melhor..


Ouvindo_Chico Buarque_Apesar de você

sábado, 17 de novembro de 2012

Olhar pro passado + Faxina de fim de ano



Ontem chegou aquele dia da faxina de fim de ano.
Abrir armários e gavetas e ir fazendo uma reciclagem de tudo que presta, não presta, do que vai ser doado..
do que vai pro lixo..e abrir espaço pro novo, já como um preparo para o novo ano que está chegando.

Assim, permito que as coisas mudem de lugar e se transformem diante do meu cotidiano, fazendo também que eu veja de outra forma e reconheça que tenho o necessário, o suficiente.

O momento não poderia ser mais oportuno, já que durante a semana tive resgates tão importantes com o meu passado. E fazer limpeza em casa, nada mais é que reencontrar-se a todo instante com o que já foi.

É pertinente porém ter uma trilha sonora acompanhando momentos como esse, de renovação. Falei mais sobre isso no blog O Som Lá de Casa.

Faxinas (de dentro da gente ou de fora) precisam acontecer como um processo lento de readequação de coisas que não cabem mais em determinados lugares.Coisas que precisam ganhar novos espaços, novas utilidades.Sentimentos confusos foram dando espaços a compaixão, perdão, compreensão.
Muitas gavetas cheias de espaço, preenchido com coisas novas e boas. Muitas roupas doadas, muito aprendizado sobre o ter e o precisar.

Fazendo esta reflexão, e abrindo um pouco mais da intimidade a partir daqui, gostaria de compartilhar algo interessante.

No começo da semana, pedi ao Universo que me desse a chance de me reconciliar com uma amiga, que a muito não vejo, e com quem tenho enorme pesar. Infelizmente, as tentativas até então foram em vão, fazendo com que eu me sentisse muito fraca em relação a isso.

Justamente nesta semana, surgiram dois amigos do passado, com quem eu tinha algum tipo de desafeto, mas que guardava ainda registrado em mim, aqueles bons momentos que vivemos, sobrepondo os momentos de menor alegria.
E não preciso dizer que, quando falamos com um verdadeiro amigo, mesmo depois de tanto tempo, é possível desfazer descrenças, rixas, brigas..e tudo virar um grande aprendizado, permanecendo o que de bom havia, deixando para lá as bobagens.

Esta faxina me deixou renovada.
A de casa, quase me matou de cansaço, mas retirou de dentro de casa, coisas que não faziam o menor sentido de estar lá..
A faxina de dentro, com esses dois belos presentes do universo, me deixou iluminada. E mesmo sabendo que ainda existem pessoas com quem não me resolvi, aquelas que reapareceram trouxeram novo ar, para que eu pudesse ter a certeza que tudo se transforma, se renova. Basta abrir a janela, arrastar os móveis do coração, e abrir espaço para tudo de novo entrar.




----------------------------------------------------------------------------------------------------------


O projeto de cuidar da saúde financeira e mental continua..
segue foto do fim de semana - com certeza, melhorando!



Ouvindo_Chico Buarque_Vida

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

de antigamente..



Você bem me conhece
e bem te apetece
saber me assim

descobre como me encontro
e como me desfaço
nas canções que a gente escolhia
e no meu desparato
enquanto te escondia

sabe até
da minha euforia
quando eu quero te contar
que te vi n'algum lugar
ou lembrei de você
e que voltei a sonhar

me conhecendo
assim, saberá sempre me encontrar
nesse mar sem fim
em qualquer lugar.


Ouvindo_O herói, o marginal_Mallu Magalhães

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tantas coisas

Não era pra ser assim o meu começo de retomada de escrever..
mas nem tudo é como a gente gostaria, e muito menos como a gente previa que ia ser.

Meus primeiros dias de retomada de mudanças estão sendo "motivadores"..
continuo me sentindo fútil em escrever sobre isso no blog, já que eu havia parado de deixar minhas impressões tão pessoais aqui a algum tempo.

Mas acredito que isso seja também um retorno a quem eu realmente sou.


Consigo organizar melhor as idéias e tenho uma noção remota de onde estou, mas isso é só por enquanto.
No meu último texto, falei sobre começar, continuar e terminar e a parte do continuar, continua sendo a mais difícil.

Tenho mil idéias que vão desaparecendo ao longo do dia, e uma falta de força para começar que assusta.
Os blogs todos parados, o fim do ano se aproximando e muito de mim longe do que eu esperava, me dão a sensação que não andei para lado algum durante o ano todo.

Algumas coisas estão seguindo conforme o planejado.
A organização da vida financeira está indo bem.
O fato de estar home office agora, ajuda a não ter necessidades mentirosas e a não ficar tentada a comprar coisas que não preciso.
Parece bobagem, mas quando você sai pra almoçar em lugares cheios de lojas e coisas, é bem provável que você volte do almoço com uma ou duas sacolinhas na mão.

A parte da dieta/emagrecimento/necessidade de perder peso ainda esta em processo de adaptação.
Retomei a academia, e continuo me esforçando nas refeições diárias, mas se tem uma coisa em que eu sinto prazer, essa coisa é o comer bem.
E quem não gosta?


Sigo em frente, com passos pacientes e resignados.
Afinal, se tem uma coisa que eu descobri é que nada que pretende ser modificado para sempre acontece do nada.
As coisas precisam ir se ajeitando a seu tempo, e é essa noção de tempo que eu tenho pensado em modificar.
Foto tirada no ano passado por Luciana Landim


Afinal, se eu mudo, o mundo muda comigo? Certo?




#paciênciaéumavirtude #euprecisoparardeusarhashtags #ondeforamtodososleitores


Ouvindo_The Microscopic Septet - Lobster Leaps In

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Começar..continuar e terminar




Dizem que o mais difícil é começar..
Ahh depois que você der o primeiro passo, pronto..o resto se encaminha.

Não, não é bem assim..
Pelo menos, não para mim.

Não é a toa que a pessoa tem 5 blogs e todos eles estão jogados as traças..
Minha mania antiga de abandonar uma coisa recém começada por outra e não terminar nenhuma.

Sim, é um problema..
Mas não vou me auto flagelar..é um problema, e há de ter solução.

Por isso estou aqui escrevendo..
Pra voltar a praticar o que eu mais gosto de fazer, ou o que, no meio de tudo que eu já comecei e não terminei, sempre fica.

Mas, neste processo de entender o que acontece comigo, surgiram várias coisas escondidas.
Coisas como a minha ansiedade, minha impaciência que me atrapalham em muito a concluir minhas tarefas e os projetos que inicio. E me atrapalham ainda mais a entender o que eu realmente quero, enquanto pessoa e enquanto profissional.

Comecei um processo, meio silencioso sobre três coisas que me incomodam.
O primeiro, a vida financeira. Um fiasco!

Não, eu não ganho rios de dinheiro, mas também não sou uma paupérrima.
O dinheiro que ganho deveria ser suficiente. Mas não era.
Daí, visitando uma Expo Money aqui, assistindo a algumas palestras acolá e vendo algumas coisas na internet, percebi que poderia arrumar minha saúde financeira.

A segunda coisa é a minha saúde física.
Engordei, emagreci, fiz dieta, academia, engordei e emagreci de novo.
Aquela velha história. O fato é que estou acima do meu peso e bem, eu tenho condições físicas de manter uma boa alimentação e um corpo saudável.Mas não é o que está acontecendo.
Logo, fui me informar um pouco mais e descobri que também é possível ter um corpo bonito, e magro.


A terceira e última coisa, é a minha impaciência.
É ela que origina todos os meus problemas primários comigo mesma.
Desde a conta bancária até o número que aparece na balança.
E é com ela que eu pretendo me colocar frente a frente para poder ter uma caminhada mais tranquila.

Mas é aqui que está..
Onde encontrar paciência, calma e serenidade para fazer as coisas acontecerem a seu tempo, enquanto tudo urge, enquanto o cotidiano chama, enquanto a tela do skype pisca?
Onde encontrar o tempo para ver que tudo deve acontecer a contento..com calma, em ganhos espaçados, em aprendizados verdadeiros.

É nessa busca que eu entro, afim de encontrar a paciência e uma vida saudável física e financeira.


Vou tentar colocar uma foto por dia e contar o que estou conseguindo.

#umafotopordia #começareterminar #eumedesafio

Ouvindo_The Microscopic Septet_ Lobster Leaps In

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Reunião, pra que?




O mundo necessita de reuniões. Reuniões corporativas elementares, conferências, reuniões familiares, reuniões de projeto, reuniões de alinhamento de ideias, reuniões e mais reuniões que na maioria das vezes desperdiçam nosso tempo de tal maneira, que ficamos estáticos e não temos coragem de dar um basta na situação. Coloco-me em reuniões assim quase sempre.

E entre um ideia ou outra que será desprezada mais cedo ou mais tarde, ouço alegorias, exemplos, metáforas e casos que na verdade, ninguém dá a mínima. Lembro-me de um lugar onde trabalhei que na maior parte das reuniões que participava com os chefões, eram de um tédio sem tamanho. Para dar um exemplo do que estou dizendo, rolavam uns silêncios nada contemplativos onde ninguém dizia nada, e assim se ficava, até alguém de maior calibre hierárquico dizer o famoso “Então é isso pessoal” e depois saíamos todos desatinados cada um para sua sala.


 Não concordo com essas reuniões intermináveis. Mais parece que a maior parte das empresas acha que isso é plausível e saudável. Tentei aplicar com um chefe que tive o método sintático de reuniões onde só trazia à tona as questões mais importantes e urgentes. Ele passou a achar que eu não fazia nada. Questionou meu desempenho e colocou em cheque meu trabalho. Mudei a estratégia, coloquei todos os mínimos detalhes das minhas tarefas, excruciei todo o meu trabalho, gastei um baita tempo e ele não se interessou.


Na verdade, ele queria saber de sentar comigo durante aqueles minutos e discutirmos coisas palpáveis e nada palatáveis. Ao contrário do que se imagina, eu saia de lá desmotivada, cheia de vontade de mandar o cara ir pra algum lugar desagradável e frustrava todo o meu trabalho executado. Imagino que existam empresas que resolvam de maneira fluida a questão da reunião. Mas depois de duas horas de falatório contínuo duvido que todo mundo esteja super interessado no tema.


 É um pouco rebelde essa minha opinião, mas toda vez que me preparo para uma reunião demorada, penso que aquele tempo ali desprendido poderia ser utilizado em algo mais produtivo, mas útil. E não há saída senão sentar e ouvir, as digressões de pessoas que querem falar a exaustão. Os famosos interlocutores inveterados.

Não duvido que existam reuniões necessárias e importantes, mas palestras sem fim sobre coisas que não podem ser mudadas de uma hora pra outra, ou relatórios sem importância que só servem para sermos avaliados negativamente realmente não me motivam.


 E você, gosta de reuniões??

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Afinal, o que queremos?



A pergunta é vaga, mas está cheia de significado. O que nós queremos? Mesmo? De verdade?
A resposta talvez, seja mais vaga ainda, e ainda assim tão cheia de significado.
Queremos muitas coisas, como conforto, paz, alegria, um bom relacionamento, um emprego que nos dê prazer e dinheiro, algo que nos alimente a alma, como música, filmes, esportes, queremos as pessoas queridas por perto e uma série de outras coisas.
Mas acho que devemos avaliar a todo instante essa pergunta, usando-a mais como um termômetro vital e não como algo concreto.
Quer ver só? Se pergunte aí..estou no emprego que quero? Não, não é no que posso, ou no que devo, ou no que preciso. A pergunta é clara: Estou no emprego que QUERO? Estou fazendo o que desejo, da maneira como eu desejo e como eu desejo?
Tenho certeza que a resposta da maioria das pessoas, para alguma coisa na vida delas é não.
E sem crise, numa boa. As vezes você está esperando aquela oportunidade que você acha que vai ter, ou aquilo tudo que vai se concretizar depois que você terminar a pós, a faculdade, ou o doutorado. Ou quando você estiver mais velho, ou depois que se casar.. não importa.
Mas pergunte-se se, agora, agorinha mesmo você está fazendo o que realmente quer.  
Estou em um relacionamento saudável, fazendo o que eu quero fazer? E deixando o outro ser livre pra fazer o que quer? Estou me divertindo como eu gostaria, ou continuo seguindo a massa, passando na vida, sem saber o que querer? Quantas oportunidades eu estou deixando passar, porque continuo vivendo do mesmo jeito e aceitando as mesmas coisas, porque acho que não tem saída, não tem solução?
A resposta é a reflexão.. e a reflexão por si só, leva ao caminho..
Agora o que não dá é a contínua reclamação, sem ação.
O reclamar por reclamar enjoa, fica chato e não leva ninguém a nada. Chega de gente que só faz o que não quer. Na boa, não dá. Você cede aqui, ali, acolá...mas em tudo, minha buona gente..não dá!
Porque quando a gente faz o que quer, o olho brilha, a vontade aumenta, a determinação esquenta, a vontade floresce. Me pergunto sobre isso do querer, todos os dias. Em convites que aceito, ou que recuso. Em coisas que vou e que não vou. Em situações que me exigem cada vez mais que eu seja sincera para comigo e para com os outros.
Sofri muito achando que estava tentando agradar, enquanto na verdade era só meu ego me distraindo do meu verdadeiro objetivo. Eu não fazia o que queria e ainda me vangloriava por isso. E bem, dei com algumas dúzias de “burros n’água”.
O que queremos está mais próximo do nosso alcance do que imaginamos e talvez é mais simples do que acreditamos.

Se não sabemos o que queremos, talvez começar pelo que não queremos seja um inicio pra repensar nossas escolhas. Ou talvez, abrir mão de alguns convites, aceitar outros, fazer aquela escolha que você sempre acha que é certa, mais que nunca faz.

O que queremos mesmo, todos nós, eu não sei ao certo. Sei que queremos algo que vibra dentro da gente, enquanto a vida passa, enquanto as pessoas mudam, enquanto fazemos o que não queremos.

Afinal, o que é mesmo que você quer? 



terça-feira, 12 de junho de 2012

Namorar pra que?




a gente namora, pra que?
namora pra se achar no outro, pra inventar mentiras
sobre o que a gente gostaria de ser
pra namorar a gente mesmo
pra sonhar o que é que vai ser

a gente namora mesmo..
pra dar certo..


e namorando a gente briga
a gente cansa, a gente casa..
namorando a gente se atrasa
pra aula, pro trabalho e pro inglês
a gente até vira freguês de padaria
pra comprar pão e ficar na fila
pro namorado e pra namorada comerem bem

namorar..e deixar-se ser sem sentir
sem cobrar..
namorar pra amar..que é importante
e porque talvez em outro instante
a gente se descuide de sentir saudade

e se case

casando a gente
namora maneiro..
preguiçoso, trapaceiro

vamos viver..
e vivendo vamos brigar
e vai ter poesia
e também noite sem luar..

porque o namoro é só a janela
do que te espera
lá longe,
depois do altar, da rosa
do calor da brasa

se namorar é prata,
casar é ouro..
só não vale falar do meu
imenso tesouro..
esse tanto que a gente
chama de Amor..



texto pro meu companheiro e amigo e namorado e marido ..Danyllo


Ouvindo_George Michael_Faith

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dessas daí..

Eu queria ser dessas, que não se afligem com nada,
que estão sempre na moda
no salto alto, em pleno asfalto



queria ser dessas que não perdem a linha
que não sabem o que fazer na cozinha
nem o que significa ter roupa pra lavar

queria ser como a moça na foto fingida
tratada com filtro vintage no perfil
que escolhe a boca e se faz de loca
pra parecer normal e febril

e quantas viagens e festinhas
amigos chiques e presilhas
de um cabelo que está sempre no lugar


queria ser dessas discretas,
amáveis e soberanas
que com os homens são verdadeiras tiranas
e que escolhem pelo carro
seu lindo namorado

dessas que andam por aí, soltas e lindas como bem-te-vi
e que parecem nunca se preocupar,
assumo minha inveja mundana, imprópria e banana

mas da minha loucura, desalinho e doidivanas
não abro mão..
não, não









Ouvindo_Here, There and Everywhere_The Beatles

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Nada demais



Não me acho calma,
me acho despreparada, medrosa
por isso me calo,
às vezes me entristeço

não me acho santa,
me acho preconceituosa
mesquinha, febril..

não me acho bela,
me acho boba, infantil
as vezes séria
sagaz,
interrompida

me acho,
enquanto avalio o que de mim não conheço
me acho menos, quando o que mais tenho é
sincero e verdadeiro
me acho sempre,
algo além, nada demais.

Ouvindo_Nada Além_Zeca Baleiro

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Parar

Texto SENSACIONAL do meu querido amigo, meu bro..Ivens Sollohandd
ENJOY! 




Tentei parar por um dia.
Um dia é muito tempo. Há tantas coisas acontecendo. Como irei parar? O mundo irá continuar enquanto eu paro. Depois como irei entrar novamente no ritmo? Em um dia muita coisa pode acontecer. Não posso me dar ao luxo de simplesmente parar. Quem sou eu para isso? Se parar por um dia, com certeza ninguém.

Tentei parar por uma hora.
Uma hora é muito tempo. Há tantas coisas acontecendo. Com irei parar? O mundo será um outro daqui uma hora. O esforço para me concentrar novamente depois é muito grande. Em uma hora muita coisa pode acontecer. Um incêndio. Uma guerra. Uma crise econômica. Milhões de pessoas irão fazer sexo nesta uma hora, e o que ganharão? Nada! Milhões em dinheiro serão gastos e ganhos neste tempo e eu não irei ganhar nenhum centavo se parar! Então, não irei parar!

Tentei parar por um minuto.
Um minuto é pouco tempo. Quase nada acontece em um minuto. O que posso mudar em um minuto. NADA! Então para que irei parar? Para perder um minuto? Estou com tantos minutos sobrando assim para simplesmente me livrar de um sem causa aparente? Se fosse assim pararia por uma hora. Não, não! Pararia por um mês! Bem que estou precisando parar por um mês. Simplesmente não dá!

Em apenas um segundo parei... para sempre. Foi tempo mais do que suficiente para isso.


terça-feira, 8 de maio de 2012

A cena




Ela levantou-se para ir ao banheiro. Olhando aquele cara, que ela sempre olhava todas as vezes que se levantava de sua mesa. Aquele cara que tinha nome e que tinha uma coisa, um sei lá o que diferente que mexia com ela, que a intrigava. Tinha algo interessante que pairava no ar, enquanto ele estava perto, e ela mal conseguia disfarçar seu constrangimento.

E assim que ela se levantou, não quis ver que os olhos dele, corriam de encontro ao dela.Talvez porque ele também havia percebido, talvez porque aquele dia ele estava distraído.
Mas ao caminhar, no primeiro centimetro do seu passo, ela sentiu aquela urgência, um frio na espinha, um quê que só dá em quem endoidece, em cena de filme clichê. Sentiu aquela necessidade de fazer algo, de não sei, de falar com ele, chamar pra um café..uma vontade de tocar-lhe o braço e dizer como ele estava bonito. E sem perceber, seus pés mudaram o caminho, e viravam-se para ele, o tal cara interessante. 

E caminhando até lá, não pensava senão no minuto, na vida, e nas coisas que tinha deixado pra trás, e dos momentos que havia perdido, por ter pensado demais, e caminhando assim, chegou até o cara, que a  essa altura a olhava espantado, um tanto curioso.

Aquilo, não era um ato de sedução, não era um coisa desesperada, muito menos de gente drogada, aquilo foi o momento que se mostrou e que pra ela deixou claro como a vida é boba e como a gente se leva a sério. Sem falar nada, abaixou-se com delicadeza, e beijou-lhe a face, mesmo sem saber porque exatamente estava fazendo aquilo.
Beijou-o demoradamente, e enquanto beijava, sua mão sozinha escorregava pelo rosto dele, que ainda olhava pra ela sem entender nada.

Sentiu nas pontas dos dedos a pele, e o cheiro dele subiu até a ponta do seu nariz.Foi sentindo as nuances de seu rosto pequeno, a fineza da sua sombrancelha e quando menos percebeu sua boca havia encostado na dele suavemente, sem mistérios, sem tramas imaginativas, sem música e sem clarão.

E aí, o olho do cara deixou de olhar espantado, entendeu o singelo recado e agora, participava daquela cena estranha e cheia de vida. 
Era um beijo pra salvar o momento, pra salvar a solidão, pra salvar o desamor, pra salvar as pessoas da masmorra da rotina..


E se era só um beijo cheio de carinho, expectativa, ou até mesmo de tesão por conta da iniciativa, o que ficou ao final foi somente a cena daquele beijo realizado, sacramentado, entendido. 


Foi o que ela pensou enquanto ia ao banheiro, imaginando-se louca por pensar numa coisa dessas, num dia tão frio e tão sem graça..diante de tanta tralha, de tanta coisa pegando traça, ao sair da sua cadeira de balanço enquanto velha e sozinha, espreitava o anoitecer.



Ouvindo_Zeca Baleiro_Felicidade pode ser qualquer coisa

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Não basta




As vezes nada me basta
e a saudade me arranha as entranhas

quando olho saudosista o passado
e ele me engole
e eu me vejo lá..
sendo feliz onde depois eu já não era..

e aí, sinto saudades de mim..
e sinto saudades da minha risada
e do tempo alegre
onde as coisas urgiam
e quando os coração brincavam

sinto saudades do cheiro da rua
ou do travesseiro companheiro da solidão

sinto saudades da liquidez das amizades
e das vezes que eu mais fazia sorrir
do que chorar

de quando ríamos juntos..
e de quando calava minha alma
como se o mundo fosse me fazer parar..

hoje estou saudosa..
da simplicidade da vida..
da poeira dos meus rabiscos
e da falta que eu faço pra mim mesma..

as vezes..
o nada..
não basta



Ouvindo_Eu te amo_Chico Buarque

domingo, 22 de abril de 2012

mudar..





Então, começa a mudança..
você muda aqui, muda acolá.
arrasta coisas que estavam no mesmo lugar havia tempo..
tira pó de livros e revistas, encontra coisas que escreveu sobre si mesma..

vai se perdendo na bagunça..
que faz mais parte de você do que você imagina..

projetos interminados
textos inacabados..
fotos e retratos que guardam um sorriso
que já não existe mais

tudo junto
como numa grande festa natalina
como num reveillon de emoções que acontecem
sem que ninguém perceba

você revê tudo, de uma nova perspectiva
e por mais que negue
sente um tanto de melancolia
por abandonar o lugar onde está

enquanto empacotava meus livros
ia me revendo em cada fase
da minha vida
em cada letra de música
em cada canção cantada
em cada vinil preservado

é como morrer e nascer de novo
é como renascer de algo que não existe
é como o fim pra recomeçar

mudanças me trazem esses sentimento febris
tenho medo
tenho insônia
tenho pavor

as coisas que saem do seu lugar
parecem contar mais coisas
do que aquilo que não foi dito

e assim mudamos...


de endereço, de vida
de esperança..

vivemos...
preservando o impreservável....



Ouvindo_All My Days_Alexi Murdoch


quarta-feira, 18 de abril de 2012

A grama do vizinho


 
Espiã de outros alguéns que não me cabem, sempre acabo me perdendo nas histórias dos outros, em outros contos, intrigas, fadigas. Fato é que, todo mundo uma hora ou outra acha que a grama do vizinho tá mais verde...ou em outras palavras, a gente sempre acha que o outro é de alguma forma muito mais feliz do que a gente.

Bem, eu poderia falar aqui, de relacionamento, profissão, intelecto ou qualquer coisa dessa, que valha, mas prefiro ater-me ao seguinte: "estamos sempre satisfatoriamente insatisfeitos".
Ou seja, estamos sempre olhando por cima do muro, porque além de invejosos, somos também preocupados..
Mas preocupados com o que??






Preocupados com nossa imagem, oras..
Com aquilo que nos torna únicos ou especiais..
Aquilo que nos eleva diante dessa sociedade que anda tão desregrada.

Mas aí, espiamos, e do outro lado vemos as maravilhas de ser o outro.
Imaginamos o mundo de belezas e luxos que eles tem acesso e praguejamos sobre a nossa vida tão sofrida.
O problema é que o feliz perfeito vizinho, do outro lado, faz o mesmo..

Se um é mais rico, o outro reclama que é muito pobre..
se um tem um casamento aparentemente feliz o outro reclama da sua solidão..e por aí vai..

Mas, não acho que seja de todo o mal desejarmos o outro, naquilo que ele tem de melhor.
Afinal, é parte disso que nos move a conquistar nossas coisas, adquirir novos valores, mudar de casa, de emprego e de relacionamento..

Quer dizer, olhando pro outro eu apenas estou vendo aquela versão hollywoodiana de mim mesmo.E até aí, tudo bem! Na verdade, nós só estamos querendo ver como seriamos se estivessemos ali, se tivessemos feito aquelas escolhas..


E voltando a analogia que dá nome a este texto, concluo que, não queremos que a grama do vizinho venha para o nosso jardim. Queremos sim que ela continue lá brilhante, verde, serena, pois do contrário, se estivesse aqui, teríamos que pisá-la.
Depois de pisada (vivida) existe apenas a beleza da realidade, com nuances cruas, mas não por isso, menos belas, apenas mais dificeis de se enxergar.



Ouvindo_Oasis_Wonderwall

terça-feira, 10 de abril de 2012

come, smile and laugh




Então, acontece de repente
e a voz falha...
o coração acelera..
a mão gela

a gente tenta disfarçar
mas o sorriso escapa..
bobo..
entretido
feliz da vida

você se envaidece
põe uma roupa bonita
trata o cabelo
a unha

e até arruma a blusa estranha
que teima em se desajeitar..

as cores somem do rosto
e o simples toque de uma mão na outra
acendem as emoções

ficamos ansiosos
trêmulos
e geralmente tentando
fazer parecer que está tudo bem..

apaixonando-se no outro
platônicamente
abundantemente
respirando sinais que não existem
e tentando entender o que não tem sentido


e como tudo na vida
passa
ou se repete em outros tantos retratos
que nos esquecemos ao longo do tempo..

entre o dito e não dito
nos alegramos e nos entristecemos..
e vivemos..
a beira do abismo



Ouvindo_Buddy Guy_Stay All Night

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O salto alto

Era tudo uma questão de tamanho. Afinal, eu e meus 1,48 de altura sempre adoramos abusar do salto. Coisa de menina, vá entender.
E apesar de saber que aquele bendito sapato usado hoje, não era daqueles para caminhadas de mais de duas quadras, resolvi colocar porque sou chique, sou baixa e sou.....bem
burra.

Estava tudo indo bem até então..
desci do carro elegante, confiante e bonita..trabalhei o dia todo, em cima do sapato me achando a tal, e até arrisquei a caminhada (de menos de duas quadras) até o almoço, porque eu tava "podendo".

Mas aí, veio o a hora de ir embora e minha história começou..




Peguei uma carona até metade do caminho, e enquanto meus pés descansavam soltos no carro, nem sequer me lembrava que eu os tinha. Mas foi ao descer do carona e me despedir, que começei a praguejar.

Nos primeiros 500 metros, eu sorria discreta, andava de cabeça em pé, segurando minha bolsa e me sentindo moderna, claro..um salto alto te dá essas sensações ilusórias..
Mas foi ao ultrapassar os 700 metros que comecei a me perguntar "Porque?, Porque?"..

Tentei parar no ponto de ônibus e esperar dignamente, enquanto havia alguma dignidade em minha alma, mas a demora só fazia meus pés pulsarem no meu sapato, como se gritassem por socorro para que os tirasse dali.

Mais 500 metros - pensei aflita - vai ser melhor que ficar aqui esperando.
E lá se foram mais 500 metros segurando, equilibrando e andando nas calçadas mais irregulares deste país.
Minha unha do dedão parecia que estava travando uma guerra com a minha pele e todos os outros dedos se espremiam dentro do meu sapato para saber o que ia acontecer.

Novo ponto de ônibus, e o trânsito parado. Aguentei cerca de dois minutos esperando.
Minhas pernas agora tremiam.
Era continuar, ou continuar.

Comecei a rezar, pedir ajuda aos anjos, aos santos..implorei por um milagre, uma carona..e até mesmo um vendaval que me levasse voando embora pra casa, ou pra qualquer lugar.
Agora meus pés inchadinhos dentro do sapato, pareciam explodir.

Novo ponto de ônibus. Parei.
Não havia mais sorriso, mais graça e nem elegância em minha persona.
Eu ficava levantando, hora um e hora o outro pra tentar diminuir a dor.
As pessoas me olhavam estranho, talvez se perguntando - "O que diabos essa menina está fazendo?"
Ignorei as pessoas..e lembrei de uma amiga me contando que quando ele coloca sapatos muito apertados, chega uma hora que a dor para..ou seja que o pé adormece.

Imaginei que se eu conseguisse suportar mais um pouco isso ia acontecer.
Quase desmaiei.
Um ônibus chegou, vacilei e não entrei.
Estava cheio demais.

Sambava pé por pé pra aguentar.
O outro veio meia hora depois, ou um ano depois, não me lembro direito pois já estava com a vista embaçada.
Entrei no ônibus e pensei - Vou sentar, eu preciso sentar!

Uma moça ao meu lado me perguntou como eu estava aguentando aquele salto.
Disse a ela, toda sínica: "Ihhh, tô acostumada"

Me senti estúpida diante daquela mentira, mas era o que me restava pra resguardar minha dignidade.
A moça sorriu triste, e foi embora e eu fiquei em pé me agarrando num espaço de 5 cm.
Um homem se ofereceu pra segurar minha bolsa. Tive vontade de dar-lhe meus pés..mas não podia..
Dei a bolsa..

No caminho jurei a mim mesma que assim que descesse do ônibus eu ia arrancar meu sapato, e ir descalsa até em casa.
Quando chegou no ponto, desci, e esperei fingida todos sairem apressados para sua casas. Me abaixei lentamente e arranquei aquele par de filhos da puta do meu pé.
Estava de meia calça mas, era isso ou nada.Arrancar a meia calça no meio da rua também já demais.




Quando meus pés encostaram no chão, quase caí de prazer.
Foi orgásmico.

Comecei a caminhar pela calçada e depois pelo asfalto..sentindo as pedras castigarem a sola do meu pé e da minha meia que a essa altura estava imprestável.
Achei que eu não fosse aguentar.
Bateu o pânico: e se eu fosse abordada, assaltada..sequestrada?

Diante do ódio que se abatia sobre mim, eu acho que era bem capaz de ser eu a enforcar alguém.
Caminhei até em casa, curvada, sem sorriso, com a maquiagem suada, com a meia rasgada.

Na frente do portão, meus pés vacilavam...eu estava descalça e descabelada.
Quando consegui chegar perto de um lugar onde eu pudesse me sentar, joguei os sapatos de lado.
Juro que imaginei eles correndo porta a fora...

Suspirei aliviada, analisei o estado dos meus pé..
relaxei os ombros tensos ...
quando vi os sapatos encostados no canto, pensei..

" Acho que esse sapato combina com a roupa que vou usar semana que vem...acho que vou usar..só que dessa vez..não mais que dois quarteirões"


sexta-feira, 30 de março de 2012

Seu olhar




um sustenta o outro,
na mania de ser diferente
é como a gente
que finge que não viu pra poder notar

é como se eu estampasse na sua cara
aquilo que você nunca dissesse
e como se de repente na fala
tudo se mostrasse tão vulgar

e sem querer dizer
tudo diria
como naquele dia
que a gente brincou de mentirinha
e você não respondeu

como se você fingisse
que não me ouvia
e não final de tudo
bastou você me olhar



Ouvindo_Frank Sinatra_Hello, Young Lovers

domingo, 25 de março de 2012

leia-me




Existem lugares e pessoas onde a minha poesia não alcança..
onde meus chamados não são ouvidos..
onde minhas palavras não tocam

existem esses lugares onde não ecôo
onde minha letra pouca
não faz diferença..

minhas colagens somem
e sou eu e sou tantas outras
e nenhuma delas se faz presente
ou faz diferença..

posso entender essa indiferença
e toda essa descrença
e todo o meu desalinho
que colaboram pra ser assim..

seria um desastre ..
se quem me lesse não gostasse
enfim ..

só espero que minha poesia
tealcance
em algum canto de mim.



Ouvindo_Ella Fitzgerald_Dream a Little Dream of Me

terça-feira, 20 de março de 2012

tem dias..




Tem dias que simplesmente não é fácil acreditar..
acreditar que vai dar certo, que vai rolar, que a gente vai chegar
sabe-se lá onde, sabe-se lá em qual lugar..
tem dias que não é fácil sequer pra acordar..

tem dias..

tem dias em que sorrio feliz da vida
como se algo tivesse me libertado da tristeza
e é como se eu andasse pelas nuvens
de tanta leveza e tanto sorriso que levo pelas ruas

mas existem dias em que me entristeço
me deixo desaparecer na multidão
me apago em cabelos mal arrumados
e roupas rotas

dias em que tudo e todos dizem não..

todo mundo tem esses dias..
você, e eu e aquele montão que finge que tá tudo bem..

tem dias que a gente quer ser só a gente..
e tudo bem!



Mais uma do âmago dos meus poemas tortos e tralálá..



Ouvindo_ O bêbado e a equilibrista_Elis Regina

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nova série - #Cartas pra ninguém - N°1





É amigo, não tá fácil mesmo. Nesses nossos dias de hoje anda tudo tão desarrumado, que sabe como é, né?! A gente tem que se virar de algum jeito.
Sinto saudades dos nossos tempos de antes, mas pra falar a verdade eu sempre sinto falta do que foi e isso faz parecer que tudo era tão especial naquela época que sempre acho que estou mentindo.

A gente ria das bobagens que a gente falava, bebia meia duzia de latas de cerveja e agia fora como se fossemos donos do mundo. Havia aquele clima de descoberta, sempre por perto. As pessoas com quem a gente se relacionava eram "fodas", como a gente dizia.
Mas elas estavam talvez, tão assustadas como nós, eu acho..

Sabe, sinto falta daquele silêncio que pairava logo que a gente dizia uma verdade absoluta sobre a vida. Aquele silêncio me fazia ver sentido nas coisas. Ou então, quando algo mal acontecia e a gente cavava fundo nos motivos tentando silenciar a dor do outro. Como daquela vez que eu não te disse a verdade sobre meus atos e você fingiu que estava bravo, só pra me proteger do meu julgamento.

Os momentos distantes sempre nos fizeram bem. Era bom saber que você estava vivendo sua vida em algum lugar e que você teria várias coisas pra me contar. Aliás, é bom saber disso ainda.
Não tá fácil ser amigo hoje em dia...

Não há mais momentos silenciosos.
É tanto barulho e tanta azucrinação que parece que as pessoas se esqueceram de como era o silêncio. O silêncio que falava, como você costumava dizer.
Falta tato também...eu mesma me perco toda vez que tento me aprofundar em um relacionamento com alguém..você sabe como é, sempre sobra palavra na minha boca que acaba escorrendo pra onde não deve..
É, eu sei..isso ficou gay..mas e daí? Você vai rir disso de qualquer jeito..

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tanto faz





Agora tanto faz.
Tanto faz se a mentira, ou se é verdade.
Tanto faz se é sonho, ou realidade..
na boa, tanto faz

Tanto faz se é loiro ou moreno
tanto faz se gosta do corinthians ou do flamengo
pra mim..tanto faz..


ando me multiplicando por aí
nos carnavais dos outros..
em tantos outros cantos
outros encontros
que eu prefiro fingir
que tanto faz..

deixa ir essa preguiça
minha criatividade
as vezes enguiça
e não pega no tranco
só pra me enrolar

tanto faz amigo,
tanto faz..
mas dos meus sonhos
por favor, me deixa em paz..



Ouvindo_Rockapella - Take On Me (A-Ha cover)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pequeno..

Empresto a música do toque de celular de alguém,
pra embalar a balada de emoções que rola dentro do meu coração..
A cabeça voa, e os sentidos todos se transformam..
Eu olho lá dentro do seu olho e algo me diz que há muito por dizer
pode ser só minha impressão sobre nada, um devaneio ou coisa que valha
pra despertar em nós aquela febril sensação que atrações nos atacam
enquanto pessoas se destacam apenas pelo som da voz..
e de repente tudo faz mais sentido do que antes..
e nada parece o mesmo de ontem..


Ouvindo_Furry Walls_Infant Sorrow

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O medo



 


Anda por aí, as soltas, um vírus muito conhecido da nossa humanidade. O medo.
Ele, de tanta experiência em viver nessa sociedade torta que sempre foi a nossa, gosta agora de se disfarçar de diversas coisas, pra não aparecer muito.
E não, eu não estou falando de comédias de terror.
Estou falando do medo das pessoas em admitirem, pra elas mesmas suas verdades. Medo esse que contagia e contamina até o mais confiante dos executivos da Faria Lima, e mina as esperanças de um mundo melhor.
No assunto relacionamento então ele vive cercado de atenções, esse tal de medo.
Sempre com alguma desculpa de auto proteção, ou então fingindo que não está nem aí, ele se camufla de uma coisa, e pra piorar ainda acaba parecendo outra.
Ledo engano, esse de acharmos que ninguém está notando que é medo. E a função dele é sempre nos impulsionar e não nos travar. Me impressiona o número de amigos com um medo gigante de serem felizes. Ou melhor, estão tão acostumados com a derrota, que no menor sinal de que algo pode dar certo, fogem de medo.
Esse mesmo, que anda por aí contaminando as pessoas.
Medo do emprego novo, medo do novo amor, medo de assumir pra si mesmo que está perdendo o chão, medo de admitir que está se sentindo triste, medo..medo..medo.
Um pouco mais de coragem, por favor.
Vamos elevar nossos olhos para o que nos espera e abraçar nossa felicidade momentânea, sendo menos mesquinho, menos esquivo, menos blasé.
Anda tudo tão estranho que as pessoas agora deram com a mania de quererem parecer sempre alegre, felizes, saltitantes. Uma necessidade imensa de parecer que tá tudo bem, quando dentro tudo rui, e na infelizmente na maioria das vezes, o assunto é sério.

Um toma uma bota sem mais nem porque, e diz que não tá nem aí, outra fica se achando estranha em colocar as cartas na mesa com o cara que ela diz que ama pra ficar tudo bem, alguns ainda se orgulham do fato de não demonstrarem nunca quando estão numa bad.

Onde foram parar os sentimentos?? Que vaidade tão grande é essa que agora estamos assim, com esses sorrisos plásticos e enfiando a cara no travesseiro pra sufocar o choro??

Agora o negócio é ficar sempre numa boa? Pra não pegar mal??

Medo demais, como tudo na vida não ajuda. Só atrapalha.
E precisamos sim, dos outros para sermos felizes. E não há nada de errado sentir medo, só não vale se for medo de sentir amado.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O Apanhador de Lenços (ou minha versão do amor)




Muitas pessoas buscam o amor. O amor impossível, o amor inatingível, o amor ideal, o amor surpreendente. Buscam alguém para chamar de seu ou para abraçar durante noites frias e assistir a filmes juntos romanticamente num sábado a noite.
Isso é o que as pessoas definem geralmente por ter um amor.

Mas o amor, tem dessas coisas de querer ser diferente.
E enquanto eu lia a minha revista no banheiro, notei que pela milésima vez tinha esquecido meus lenços umedecidos no outro banheiro de casa, e gritei carinhosamente para o meu marido: “Amor, me faz um favor? Pega meu lenço lá em baixo pra mim?”

Em menos de um minuto depois, estava ele lá a esticar seu braço me entregando o objeto.
E eu fiquei aqui pensando, que o amor tá nessas coisas pequenas e poucas, de quando a gente pede um favor pra pessoa que a gente ama, e ela simplesmente o faz.
Pode ser o lenço umedecido, um copo d’água, aquele livro que estava na estante longe do alcance das mãos, ou a almofada no outro sofá.
O amor está nessas coisas, diárias e cotidianas que a gente nem nota, e que não tem nada de romântico clichê como a clássica cena do casal, com pipoca e coberta na sala de TV, nem tão empolgante como o jantar pomposo no restaurante da moda. O amor está exatamente no momento em que nossos pedidos banais são atendidos por quem a gente ama.

Na tranqüilidade da sua sala de tv, no seu quarto ou até mesmo no sagrado momento do banheiro, não há nada como ter alguém pra atender quando a gente chama.

Antes de procurar esse amor louco e impossível que tentam nos vender por aí, agradeça se tiver alguém pra lhe trazer um par de meias, ou que trouxe aquele copo de água na monotonia da madrugada, só porque você pediu.


Ouvindo_Beale Street Blues_Eartha Kitt

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Hope





Sempre há esperança. Sempre há.
Um fé no futuro, uma coisa que se alcança, um sorriso de criança, alguém pra nos embalar.
Esperança, esperança, sempre há.

Há também uma tristeza, quase delicada, indefesa
que de vez em quando chega a se aproximar.
Vai quietinha, retilinia,
em algum ponto nos mostrar,
um tanto de lágrima e
outro tanto de dor,
algo tanto
que nossa alma possa aguentar.

Há ainda, mais fundo onde o mar que não se finda, algo ali, que insiste em me espreitar.
Um quê curioso e não sei se tão moço, ou se de tanto desgosto é que eu passo a acreditar.

Mas localizado entre a tristeza e a esperança,
no meio, uma fina lembrança,
está o amor,
a esperar.


Ouvindo_Waste Away_Spock's Beard

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Simples - cidade




Eu estava esperando por aquele momento, sabe?
Aquele momento mágico, como nos filmes, em que acontece algo grande e aí eu iria entender tudo.
Esperando que iria acontecer algo que mudaria minha vida para sempre, como um beijo inesperado, uma carta do nada, ou quem sabe uma cigana que me contaria todos os segredos e aí, enfim, eu saberia.

Esperei por algum tempo, procurei em alguns buracos e em outros tantos livros, me enchi de falsas esperanças e olhava apavorada na janela pra ver se alguma coisa acontecia e... nada.
Nada de novo, tudo como sempre, pensava eu desatinada.

Mas um dia, enquanto eu olhava pro passado, pensei: "Uau, quanta coisa mudou!!!"
E aí mudou quando? Como? Quanto?
Como aconteceram todas essas coisas e aonde estava eu que não percebi tudo mudar daquele jeito?

Bem, eu estava lá, talvez imaginando na janela ou tentando ler nas entrelinhas algo que nunca fora escrito.
E enquanto isso as coisas mudavam.
Não assim, como nos filmes nem como a minha leviana imaginação pintava.
As coisas iam mudando gradativamente, devagarinho, em gestos simples, em coisas pequenas e em palavras que eu já nem sabia que havia dito e escrito.

E enquanto tudo isso acontecia, eu esperava o futuro brilhante em algum lugar secreto.
Eu tentava espiar os dias seguintes, antevendo o grande momento da mudança, onde a música iria tocar mais alto e eu realmente ia ser feliz. E como um sopro silencioso ao meu redor, as coisas iam mudando.

Como um embrião de bebê, como semente, como tudo na natureza, as mudanças maravilhosas só acontecem devagar, pra que você vá se adaptando, vá se mudando e se moldando aquela nova verdade..
Milagres diários que acontecem sem que ninguém perceba, enquanto ninguém olha, sem platéia nem tv, nem a moça bonita da propaganda a ventilar os cabelos contra o vento.

Tudo acontece sem que ninguém perceba.
E de repente, eu estava lá, ausente e presente ao mesmo tempo, olhando o tempo passar enquanto tudo se transformava ao redor.

E então eu soube.
Soube que nunca iria saber tudo, e que isso pouco importava.
Soube que lá dentro de mim, uma menina ainda sonhava cintilante com seu grande momento esperado, mas que de fato ele acontecera tantas vezes e de maneiras tão diferentes que nem mesmo o melhor diretor de cinema poderia ilustrar.
Soube que quanto mais a gente vive, mas tem a sensação de que precisa viver e aprender e que a gente deixa o tempo passar, só pra poder contá-lo nos dedos.

Soube enfim, que minha pobre memória é que me falha as vezes, nessa de se esquecer do que vivi, quase sempre acho que não tenho muito o que contar.
E agora ao invés de ficar ali, esperando o futuro chegar, vou pra rua vivê-lo, e ter tantos outros momentos pra contá-lo.

Pois silenciosamente, tudo está mudando.
Basta ajustar o olhar.




Ouvindo_Strings_Young The Giant Young The Giant.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Desinteresabafo..



Eu vejo as pessoas falando, sentindo, tocando, reclamando e pedindo..
Vejo todo mundo as pressas em contar o que está acontecendo, como se fosse extremamente necessário manter todo mundo avisado sobre a urgência das coisas que lhes acontecem.
E é triste perceber que quanto mais falamos, menos nos importamos de fato.

Fulano viajou, ciclano está no trânsito e beltrano foi dormir tarde ontem..

Nada disso altera em nada a minha vida e a sua, mas estamos lá, querendo contar pra alguém o que diabos estamos fazendo com a insignificancia das nossas vidas, tentando sempre parecer o que não somos, escrevendo coisas que talvez nem sentimos, para que? Para quem?

E vai ficando pior a cada dia, as coisas importantes se misturando com as desimportantes, tudo no escândalo, na desinformação, na cultura da polêmica, tudo pra parecer diferente, inteligente, carente, deliquente..

E nessa de chamarmos tanta atenção pra nós mesmos, esquecemos do que somos na verdade.
Esquecemos que no lugar de letras e caracteres que fingem demonstrar nossas vontades, estão as pessoas.
E elas sim, estão em conflito diário com elas mesmas...

Percebo como o mundo mudou e como minhas relações tem se enfraquecido em alguns aspectos..
As novidades que antes demoravam pra chegar, agora estão lá a qualquer momento para quem quiser ver e ouvir, nada mais é autêntico ou surpreendente por muito tempo..

Replicamos inúmeras vezes frases e fotos legais que talvez digam de alguma forma o que pensamos, sabe se lá pra que..

E as amizades..bem..
Estão em algum lugar lá..antes ou depois de milhares de coisas desimportantes, fazendo seu papel.
Até porque meus amigos não precisam saber o que faço ou o que penso a todo instante.
Eles me conhecem num nível maior de intimidade, sabem que meu olhar as vezes diz mais do que mil palavras. Que basta um telefonema ou um oi meio torto pra significar mais coisas de que todos os textos que eu escrever..

Mas essas coisas tem se perdido por aí..
A internet encurtando distâncias e diminuindo amizades..
Até porque, assumo, não sou boa em administrar tantas pessoas na minha timeline a ponto de poder chamá-las de amigas..

Mas elas estão lá..e eu estou lá também, fazendo minha parte pra colaborar com isso que eu tanto detesto..
e estou lá porque eu também não sei a saída..mas existe em mim, essa vontade que grita, de que só um dia, ou uma semana a gente pudesse ficar sem internet, telefone e tv pra poder se lembrar de como a vida era sem isso tudo..

E de como as pessoas que se importam, estão as vezes na distância de um abraço..





Ouvindo_Boyce Avenue_Viva La Vida (Coldplay Cover)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Um cão



Um cão me surge a porta em plena noite de primeiro de janeiro de 2012.
Um cão.. um belo e enorme cão caramelo, com seu pelo brilhante e seu rabo a abanar o vento.

O olhar dele de teimosia e de mistério, passava de curiosidade a travessura conforme corria do lado de fora do meu portão.
Ficamos ali o admirando e pensando onde diabos estava o dono daquele cachorro tão bonito e tão bem tratado. Será que fugiu do barulho dos fogos de artíficio? Será que foi largado naquele lugar?
Será que era agressivo? Será que dá pra ficar?

No meio daquelas elocubrações todas, olhavamos absortos aquele pitbull que contrastava com a calmaria daquela rua pacata da cidade que grita.
Ele nos olhando de volta, com uma cara de abandono, de solidão, de medo, de tristeza.
E de certo pensando também sobre nós humanos, trancados do lado de dentro de casa, sem dar-lhe a devida atenção.

Não resistimos e esticamos nossos dedos por entre as grades para tocar os seus pêlos.
No primeiro carinho, ele deitou-se de barriga pra cima, como num sinal de total submissão.

Abrimos nosso portão devagar e esperando ele se aproximar deixamos que ficasse com o corpo embaixo de nossas mãos afim de acariciar-lhe novamente.
Os minutos iam passando e nós ali, sem sabermos o que fazer com aquele enorme espécime.

Aos poucos as pessoas iam chegando, opinando, tocando, deixando-se imaginar na história daquele cão perdido..ou fugido.
Ajuntaram-se para ver e admirá-lo em toda sua força e ferocidade.

Era como se estivessemos na frente de um leão. 
Deixavamos ele ir e vir e circular entre nossas pernas, sempre alertas para onde mirava sua boca cheia de dentes.

O meu medo se confundia com a admiração. Era como se nadasse com tubarões, como se a qualquer momento ele fosse dar um NHAC! e comer um pedaço de alguém. 


Oferecemos água e ele sugou ferozmente o quanto pode.
Não quis comer, só queria brincar com aqueles humanos medrosos...


No fim da noite, todos voltaram para dentro de suas casas e da nossa janela, ficamos olhando aquele lindo cão nos acompanhar com os olhos.
Como se perguntasse porque se encontrava naquela situação. Ou como se dissessem: "Fiquem comigo, humanos.."

E deixando ele lá na porta, a nos olhar sorrateiros, me virei e fui dormir.
Fiquei pensando nas aventuras que ele poderia ter na rua, nos amigos que poderia fazer, nos gatos que poderia caçar.
O mundo lá fora de casa, aonde as grades não lhe impediriam de correr e pular, onde as pessoas estão dormindo e a noite guarda seus mistérios, lá...onde os cães são apenas cães de verdade.



Ouvindo_Somewhere Only We Know_Keane