Uma tristeza me atropela a manhã.
Fria, seca e cortante.
Nada existencial, só um e-mail nada banal que me tirou do sério.
Sem mistério ou misticismo que valha, a fadada carta veio me rememorar de
coisas, que bem, já não são tão importantes assim.
Um pedido de desculpas é sinceramente uma vontade de colocar um ponto final no
que ficou.
E as vezes os pontos finais são tão imprecisos, que se transformam
em reticências.
Parece loucura o que vou dizer, mas mesmo na mais pura forma de perdão, há
pudor e há temer. As histórias viram grandes alegorias tolas, palavras que se
jogam ao vento tentando resgatar sabe se lá o que.
E me impressiona como nos tornamos tolos, vagos, espaçados e mesquinhos em nossas
palavras.
Como nos escondemos de nós mesmos, como nos envergonhamos.
As verdades doem e sempre doerão.
E de que importam as verdades, se elas só são usadas de maneira cruel e fria,
sem que sirvam de nada a não ser de remédio para orgulhos feridos?
Os sentimentos permanecem, se apuram, apodrecem e, gosto muito de acreditar que
se renovam. Que vez por outra se transformam em outras coisas, mesmo as mais
banais.
Portanto, é importante saber que, pedidos de desculpas são como uma estrada de
dois lados imediatamente diferentes e tão divergentes que chega a dar dó.
Se não fosse o fato de existir ali um bem querer, mesmo que esculhambado, não
poderia sequer ser chamado de desculpas.
E eles vão..
Nos rasgam a alma, deixando um gosto amargo na boca..
Um embolamento na garganta, um desalinho..
Assim que eles nos deixam, ganham asas para serem interpretados em outros
quintais, em outras cabeças..
A nos só nos resta a espera demorada e fera do perdão.
Ouvindo_Little Joy_The Next Time Around