Lou Borghetti, Desenho, 54 x 42 cm, 1981 |
Pensar esta linha de tempo é um desafio ao artista pois tenho que manter um foco naquilo que é o mais representativo na minha obra. Poderia fazer muitos registros de vários momentos que, talvez, cada um teria contribuído para o desenvolvimento do meu fazer artístico.
Na minha infância e logo adolescência tinha um sonho, o de ser pianista ou bailarina.
Acho que esta demanda fazia parte de quase todas as meninas de minha época...
A mim coube o desenho e a pintura, talvez por ser acessível e prático, sem depender necessariamente de um grupo ou escola.
Lou Borghetti, Desenhos, 66 x 49 cm, 1981
Nesta fase, pintava tecidos ou melhor, lencinhos de cambraia delicadamente feitos a máquina pela minha mãe com rendas de algodão e embalagens de cartão e celofane. Fazia isso às dúzias e meu pai os colava no taxímetro de seu automóvel para vender a seus passageiros.
Era muito divertido e todos em casa festejavam o sucesso das vendas com elogios à menina de 12 anos.
Depois passei a pintar camisetas com desenhos exóticos à maneira hippie, artesanatos, pinturas em estatuetas de gesso, bijuterias, enfeites de natal, e durante muitos anos me dediquei à pintura em Porcelanas mais decorativas que artísticas.
Em 1971 ingressei no Atelier livre da Prefeitura de Porto Alegre e comecei a fazer entalhes em madeira com o prof. Anestor Tavares onde plasmei mascaras africanas, alegorias gregas e egípcias e logo desisti. Porém, bem mais tarde voltei a fazer aulas de escultura com o nosso querido e sempre lembrado Claudio Martins Costa. Durante mais ou menos quatro anos tentei escultura mas, logo vi que definitivamente aquilo não era pra mim - mesmo assim ainda fiz parte de algumas exposições coletivas. Paralelo a isto já estava as voltas com novas técnicas e cursos, e em 1975 frequentei a escola de artes decorativas, e em 1977 e 78 a Escola Nacional de desenho.
O desenho é uma linha de risco. Entre traços, círculos, linhas e sombra busco uma verdade para além da realidade.
Lou Borghetti
Le Corbusier, Escritos: "Desenhar é, primeiramente, ver com os olhos, observar, descobrir, desenhar é aprender a ver, a ver nascer, crescer, expandir-se, morrer (...) Desenhar é, também inventar e criar. O Desenho permite transmitir integralmente o pensamento, sem o apoio de explicações escritas ou verbais. Ajuda o pensamento a tomar corpo, a desenvolver-se.(...) O desenho pode prescindir da arte. Pode não ter nada haver com ela. A arte, pelo contrário, não pode expressar-se sem o desenho".
Lou Borghetti, Desenhos, 66 x 49 cm
Em 1981 passei a frequentar as aulas de desenho do grande mestre e excepcional desenhista e professor, Plinio Bernhardt . Trabalhei mais de ano só com figura humana e modelo vivo e de forma acadêmica, desenhos de observação.
O desenho sempre fez parte da minha vida de artista, adoro desenhar, a linha sempre me fascinou. São centenas de papéis, dezenas de sketchbooks...
O desenho é uma linha de risco. Entre traços, círculos, linhas e sombra busco uma verdade para além da realidade.
Lou Borghetti
Lou Borghetti, Desenho, 66 x 48 cm, 1981 |
Desenho, 66 x 49 cm , 1981 Desenho, 59 x 48 cm, 1981