Fonte da figura: Mech, D., Boitani, L. Wolves: Behavior, Ecology and Conservation
A relação que o Homem estabelece(u) com o Mundo Natural tem sido objecto de estudo da Etnobiologia, ciência em que estão integradas disciplinas como a arqueologia, biologia, antropologia, semântica, etc.
Num livro essencial sobre esta ciência -
Ethnobiology - encontrámos uma teoria muito interessante sobre a visão que os povos europeus e nativos americanos têm face aos grandes predadores.
Apesar de consumirem grandes quantidades de proteína animal, os povos europeus seguidores da tradição filosófica ocidental tendem a ver-se a si próprios como presas e como consequência têm um medo exagerado dos grandes predadores. Por outro lado, os seguidores das tradições filosóficas indígenas têm a perspectiva oposta, i.e., consideram-se a si próprios como predadores e por este motivo admiram e respeitam animais como o lobo, com quem partilham o mesmo papel ecológico.
Esta diferença de perspectiva deu origem a manifestações culturais antagónicas: se na Península Ibérica encontramos fojos e lendas em que o lobo é invariavelmente o vilão, nas culturas dos Nativos Americanos encontramos histórias que reconhecem os lobos como mestres, guias de caça e de atitude perante a vida.