quarta-feira, 14 de novembro de 2012

PERMITA-SE...



Cada dia é um novo dia
Jamais um dia será igual a outro
Por isto não perca a chance
De se dar uma nova oportunidade

A cada dia permita-se ser melhor
Pois este dia
E estas oportunidades
Não se repetem

Conserte o mundo a partir de você 
Nunca a partir dos outros
O mundo só será melhor se você melhorar

Os dias serão mais belos
Se você se permitir novas chances
Se você perceber
Que a sua felicidade está em suas próprias mão

Mário Feijó
In Permita-se
tela Daniel Gerhartz

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DEUS E SUAS CRIATURAS




Quem morre vai descansar na paz de Deus.
Quem vive é arrastado pela guerra de Deus.
Deus é assim: cruel, misericordioso, duplo.
Seus prêmios chegam tarde, em forma imperceptível.
Deus, como entendê-lo?
Ele também não entende suas criaturas,
condenadas previamente sem apelação a sofrimento e
                                                                       [morte.

Carlos Drummond de Andrade
In Corpo
tela Tarcksa

domingo, 28 de outubro de 2012

SINTOMAS DA MEDIUNIDADE





A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico. 

      À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica, ensejando o surgimento natural da mediunidade. 
      Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater a sua existência. 
      Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas. 
      Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que, em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência da assistência espiritual de que se é objeto. 
      Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física: dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas do sono _ insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se: ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo, desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais _ sombras e vultos, vozes e toques _ que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do enfermo, procedentes de    Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade de refazimento dos conflitos em que ambos _ encarnado e desencarnado _ se viram envolvidos. 
      Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples, revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados pertinentes à sua educação e prática. 
      Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte, necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente, que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física, emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus após o atendimento e a recuperação daqueles que  O buscavam e tinham o quadro de sofrimentos revertido. 
      Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar a cada um na desincumbência do mister iluminativo. 
      Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre. 
      Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios, com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes de ontem como de hoje. 
      O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia. 
Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre, face à condição evolutiva de cada qual. 
      A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária, conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz. 
      A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento, a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos. 
      Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos _ o físico e o espiritual _ proporciona a captação de energias cujo teor vibratório corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que as captam e as transformam em mensagens significativas. 
      Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e vírus destrutivos. 
      A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador. 
      É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade da evolução pessoal. 
      Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional, contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais, que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz. 
      Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do Bem e de Deus. 



(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 10 de julho de 2000, em Paramirim, Bahia)
Fonte: Jornal Mundo Espírita – março/2001
Por Manuel Philomeno de Miranda ( Espirito )
In Rede  Amigo Espírita

domingo, 2 de setembro de 2012

CONFIRMADA A EFICÁCIA DO PASSE MAGNÉTICO

Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar.

O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Johrei, utilizada pela Igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o Espiritismo, que pratica o chamado “passe”.
 
Todo o processo de desenvolvimento dessa pesquisa nasceu em 2000, como tema de mestrado do pesquisador Ricardo Monezi, na Faculdade de Medicina da USP. Ele teve a iniciativa de investigar quais seriam os possíveis efeitos da prática de imposição das mãos.
 
“Este interesse veio de uma vivência própria, onde o Reiki (técnica) já havia me ajudado, na adolescência, a sair de uma crise de depressão”, afirmou Monezi, que hoje é pesquisador da Unifesp. Segundo o cientista, durante seu mestrado foi investigado os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células que ficam os tumores. “Agora, no meu doutorado que está sendo finalizado na Unifesp, estudamos não apenas os efeitos fisiológicos, mas também os psicológicos.”
 
A constatação no estudo de que a imposição de mãos libera energia capaz de produzir bem-estar foi possível porque a ciência atual ainda não possui uma precisão exata sobre esse efeitos. “A ciência chama estas energias de ‘energias sutis’, e também considera que o espaço onde elas estão inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”, explicou.
 
As sensações proporcionadas por essas práticas analisadas por Monezi foram a redução da percepção de tensão, do stress e de sintomas relacionados a ansiedade e depressão. “O interessante é que este tipo de imposição oferece a sensação de relaxamento e plenitude. E além de garantir mais energia e disposição”. Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 camundongos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress. O processo de desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre do ano passado. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes.
 
Lembremos que Jesus ao curar sempre estendia as mãos. Religiões Populares Brasileiras também estende as mãos a mais de quatro séculos, descendentes do africanismo. Os egípcios, já usavam esse método bem antes de Cristo. Outras Filosofias como diversas técnicas orientais também aceitam a imposição de mãos sobre o outro. Atualmente Religiões protestantes também praticam.

Fonte: Consciência Cósmica – Projeto Acordar
In http://www.tucabocloubirajara.com/category/artigos/

sábado, 18 de agosto de 2012

PENSAMENTOS DE GhANDHI



"Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum.
 Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite.
Descobre uma nascente e nela limpa quem vive na lama.
Toma uma lágrima e pousa-a em quem nunca chorou.
Ganha coragem e dá-a a quem não sabe lutar.
Inventa a vida e conta-a a quem nada compreende.
Encha-te de esperança e vive à sua luz.
Enriquece-te de bondade e oferece-a a quem não sabe dar.
Vive com amor e fá-lo conhecer o mundo."


Quando eu for incapaz de praticar o mal, quando nenhuma palavra áspera ou arrogante abalar, por um momento sequer, o meu mundo mental, só então, e não antes, a minha não-violência conquistará o coração de todos.”

“O conhecimento nos conduz por muitos estágios na vida, mas ele nos falta completamente nas horas de perigo e tentação.”

“Podemos constatar o amor entre pai e filho, irmão e irmã, entre amigos, mas temos de aprender a usar essa força entre todas as criaturas vivas. O uso do amor é o nosso conhecimento de Deus. Onde há amor, há vida; o ódio leva à destruição.”

“Deus é o único juiz da verdadeira grandeza, porque Ele conhece o coração dos homens.”

“A vida é maior que qualquer arte. E digo mais: o homem cuja vida mais se aproxima da perfeição é o maior artista de todos; pois o que é a arte sem a base e a estrutura de uma vida nobre?”


“A instrução deve ser um dos muitos meios para o desenvolvimento intelectual, mas tivemos no passado gigantes intelectuais iletrados.”

“Saber ler e escrever não é o fim da educação, sequer o início.”


Mahatma Ghandhi
com excessão da primeira que foi retirada do facebook "Que o amor me guie"

domingo, 1 de julho de 2012

A LENDA DO ALECRIM


Existe uma graciosa lenda a respeito do alecrim: Quando Maria fugiu para o Egito, levando no colo o menino Jesus, as flores do caminho iam se abrindo à medida que a sagrada família passava por elas.

O lilás ergueu seus galhos orgulhosos e emplumados, o lírio abriu seu cálice.
O alecrim, sem pétalas nem beleza, entristeceu lamentando não poder agradar o menino.
Cansada, Maria parou à beira do rio e, enquanto a criança dormia, lavou suas roupinhas.
Em seguida, olhou a seu redor, procurando um lugar para estendê-las. “O lírio quebrará sob o peso, e o lilás é alto demais”.
Colocou-as então sobre o alecrim e ele suspirou de alegria, agradeceu de coração a nova oportunidade e as sustentou ao sol durante toda a manhã.
“Obrigada, gentil alecrim” – disse Maria.
“Daqui por diante ostentarás flores azuis para recordarem o manto azul que estou usando. E não apenas flores te dou em agradecimento, mas todos os galhos que sustentaram as roupas do pequeno Jesus serão aromáticos.



quarta-feira, 28 de março de 2012

SÃO FRANCISCO DE ASSIS




Poeta, isto é, fundador da palavra essencial; pobre da coisa perecível.Exorcisma
o capital-demônio.

*

As sandálias aladas aligeiram-no.

Descobre o alfabeto da formiga.

Inventa o humour da santidade reinando sobre a cela, o crucifixo, a irmã
água, o irmão sol, a irmã morte, o coração próximo.

Abençoa o cosmo. Cosmonauta antecipado, levita-se.

*

Fazem dele um homem da ordem. Mas é um inconformista, um rebelado,
um fuorilegge; tal seu mestre.


Murilo Mendes
In Poesia Completa e Prosa

quarta-feira, 14 de março de 2012

O SENTIDO DE SER CRISTÃO HOJE


 


Não se há de entender o Cristianismo como um fóssil intocável. Mas como um arquétipo vivo que em cada geração mostra virtualidades novas e, no termo, ilimitadas. Nesse sentido cabe perguntar: o que o Cristianismo, em comunhão com outros caminhos espirituais, poderá trazer de bom para a preservação da integridade da criação e para um futuro esperançador da humanidade? Eis algumas perspectivas:
Antes de mais nada o Cristianismo oferece aquilo que ninguém e nenhuma sociedade pode prescindir: uma utopia, fundadora de um sentido pleno. A utopia cristã promete: o fim do universo e do ser humano é bom. Não vamos a encontro de uma catástrofe mas de uma transfiguração. Portanto, não a morte e a cruz têm a última palavra mas a vida e a ressurreição. Jesus chamou a essa utopia de Reino de Deus que significa uma revolução absoluta, fazendo com que todas as coisas realizem suas potencialidades intrínsecas e assim explodam e implodam num absoluto sentido, chamado Deus.
Mas não existe apenas a utopia, o Reino. Vigora também a anti-utopia, o anti-Reino. Na verdade, o Reino se constrói no confronto com o anti-Reino que são forças que desagregam e desviam o ser humano de sua utopia essencial. Ele ganha corpo em movimentos históricos e em pessoas que articulam discriminações, ódios e mecanismos de morte. É nesse nivel que se trava incansáve luta entre o sim-bólico e o dia-bólico. Face a esse embate o Cristianismo testemunha: o dia-bólico, por mais forte que se mostre, não consegue prevalecer absolutamente. O sim-bólico não apenas limita a virulência do dia-bolico senão que se revela capaz de crescer no confronto com ele e assim vencê-lo. A cruz cristã revela a coexistência do dia-bólico (expressão de ódio) com o sim-bólico (prova de amor).
Esta estrutura dia-bólica/sim-bólica (caos/cosmos) pervade toda a realidade e o próprio Cristianismo. Nele há negações e contradições. A tradição da teologia sempre falou que a Igreja é “casta meretriz”, casta porque vive a dimensão do Espírito e meretriz porque sucumbe, tantas vezes, à dimensão da Carne.
Apesar desta contradição, intrínseca à realidade, podemos, pois, olhar para o futuro com jovialidade e não com pavor. A luz tem mais direito que as trevas. O caminho está aberto para cima e para frente. E ele é promissor.
Em que se funda o triunfo desta utopia? Funda-se no fato de que Deus mesmo entrou em nosso processo evolucionário através de sua encarnação no judeu Jesus de Nazaré. Deus fez-se humano pobre e excluído. A partir da encarnação, tudo é divino pois tudo foi assumido por Deus. O que Deus assumiu tambem eternizou. O universo e a humanidade pertencem definitivamente à realidade de Deus. Somos tambérm Deus por participação. Logo, estamos inapelavelmente salvos de todas as nossas errâncias.
Onde é o lugar de verificação desta utopia? Na ressurreição do Crucificado. Mas ressurreição não é sinônimo de reanimação de um cadáver, uma volta à vida mortal anterior, como ocorreu com Lázaro que afinal acabou morrendo novamente. Ressurreição é uma revolução na evolução: transporta o ser humano ao termo da história, realizando-o absolutamente. Por isso ela comparece como a concretização da utopia do Reino nesse homem concreto, Jesus de Nazaré. Ele representa uma antecipação e uma miniatura do que será ridente realidade no futuro de todos e também do universo do qual somos parte e parcela. O homem latente no processo evolucionário agora virou homem patente no seu termo benaventurado.
Todos ressuscitaremos. Consequentemente, não vivemos para morrer. Mas morremos para ressuscitar. Para viver mais, melhor e para sempre. Pela ressurreição se responde ao mais entranhável desejo humano: superar a morte e viver em plenitude para sempre. Só esse dado revela as boas razões da relevância do Cristianismo para fenômeno humano universal.
Esse acontecimento da ressurreição deslanchou, naturalmente, a pergunta: quem é esse no qual se realizou a utopia? É aqui que começou o processo de decifração de Jesus por parte de seus seguidores. Começaram por chamá-lo de Mestre, de Senhor, de Cristo e de Filho de Deus. Como nenhuma destas palavras colhia todo o seu mistério, arriscaram chamá-lo de Deus, Deus encarnado em nossa miséria. E aí se calaram, reverentes, pois se davam conta de que usavam um mistério para interpretar outro mistério. Ousadia da fé. Essa é a compreensão dos discípulos e de todas as Igrejas cristãs.
E Jesus, como se entendia a si mesmo? As indicações mais seguras revelam que possuia a consciência de ser Filho de Deus. Consequentemente invocava a Deus como Pai, especificamente, como Abba, expressão infantil para dizer: “meu querido paizinho”. Os qualificativos que confere a esse Pai, são todos maternos, pois possui entranhas, cuida de cada cabelo de nossa cabeça, mostra infinita misericórdia e ama a todos indistintamente, até os ingratos e maus. O Deus-Pai é materno ou o Deus-Mãe é paterno.
Ao descobrir-se Filho de Deus, Jesus nos fez descobrir que somos também filhos e filhas de Deus. Essa é a suprema dignidade, revelada a todos os humanos, por mais humílimos que sejam, mesmo não professantes da fé cristã.
Se filhos e filhas, então somos todos irmãos e irmãs uns dos outros. Esta irmandade universal é a base para o amor, para a fraternura, para o cuidado, para as relações de cooperação, de inclusão, em fim, para o sonho democrático como valor universal.
Todas estas excelências não se realizaram num Cesar no apogeu de seu poder, nem num Sumo-sacerdote no exercício de sua sacralidade. Mas num simples operário de suburbio, pobre e desconhecido, no carpinteiro ou fazedor de telhados, Jesus. Esse foi o caminho de Deus ao encarnar-se. Pobre, Jesus optou pelos pobres chamando-os de benaventurados. Não porque sejam operosos ou bons. Mas porque, independente de sua condição moral, os vê como os primeiros beneficiários da ação libertadora de Deus. Deus sendo um Deus vivo e fonte de vida, opta, desde suas entranhas, pelos que menos vida têm. Ao realizar o Reino começa por eles e depois se abre aos demais. Por isso Jesus podia dizer: “felizes são vocês pois o Reino lhes pertence”. Só a partir deles o evangelho emerge como boa-notícia de libertação.
Jesus não só optou pelos pobres, identificou-se com eles. Por isso, como Juiz supremo, se esconde atrás deles. “O que tiverdes feito a um desses meus irmãos menores, foi a mim que o fizestes e o que o deixastes de fazer a eles, foi a mim que deixastes de fazer”. A questão dos pobres é tão central que por ela passam os criterios da verdadeira Igreja. Uma Igreja que não confere centralidade aos pobres e não assume a causa da justiça dos pobres não está na herança de Jesus.
Se alguém se sente Filho de Deus e invoca a Deus como seu Pai compromete a compreensão mesma de Deus. Diz-se ainda que é somente na força do Sopro, do Espírito, que alguém pode dizer-se Filho de Deus. Então Deus não é mais solidão mas comunhão de Pai, Filho e Espíritpo. É o que Cristianismo quer significar ao dizer que Deus é Trindade. Não quer multiplicar Deus, pois esse é sempre um e único. O único não se multiplica. Não estamos no campo da matemática. O três expressa o arquétipo da comunhão perfeita. Se Deus fosse um só haveria a solidão. Se fosse dois, reinaria a separação, pois um é distinto do outro. Sendo três vigora a comunhão de todos com todos. O três significa menos o número do que a afirmação de que sob o nome Deus se verificam diferenças que não se excluem mas se incluem, que não se opõem, mas se põem em comunhão. A distinção é para a união.
Se a última realidade é relação e comunhão, entendemos naturalmente o que nos ensinam a física quântica e a cosmologia contemporânea: que tudo é relação e nada existe fora da relação; tudo comunga com tudo em todos os pontos e em todas as circunstâncias, pois tudo é sacramento de Deus-comunhão-de-Pessoas.
De nada valem essas doutrinas se não se transformarem em experiências e em novo estado de consciência. O Cristianismo é menos algo para se compreender intelectualmente do que para se viver afetivamente. Junto com outras tradições espirituais da humanidade ajuda a alimentar a chama sagrada que carregamos. Não somos errantes num vale de lágrimas mas sob a luz e o calor desta chama nos sentimos no monte das benaventuranças, como filhos e filhas da alegria.

Leonardo Boff

tela http://franciscoponce.com/wp-content/uploads/cristo-crucificado-dibujo.jpg

segunda-feira, 12 de março de 2012

VIDA




Notas para uma regra de vida...

1 - Cada um de nós não tem  de seu nem de real senão sua própria individualidade.
2 - Aumentar é aumentar-se.
3- Invadir a individualidade alheia é, além de contrário ao princípio fundamental,contrário ( por isso mesmo também a nós mesmos, pois invadir é sair de si, e ficamos sempre onde ganhamos( Por isso, o criminoso é um débil, e o chefe um escravo.) ( O verdadeiro forte é um despertador, nos outros, de energia deles. O verdadeiro mestre é um mestre de não o acompanharem.).
4 - Atrair os outros a si é, ainda assim, o sinal da individualidade.

Fernando Pessoa
In Reflexões Pessoais
tela Sophie Griotto

sexta-feira, 9 de março de 2012

MÍSTICA E RELIGIÃO






Todas as coisas têm seu outro lado. Captar o outro lado das coisas e dar-se conta de que o visível é parte do invisível: eis a obra da mística.

Que é mística? Ela deriva de mistério. Mistério não é o limite do conhecimento. É o ilimitado do conhecimento. Conhecer mais e mais, entrar em comunhão cada vez mais profunda com a realidade que nos envolve, ir para além de qualquer horizonte é fazer a experiência do mistério. Tudo é mistério: as coisas, cada pessoa, seu coração e o inteiro universo.

O mistério não se apresenta aterrador, como um abismo sem fundo. Ele irrompe como voz que convida a escutar mais e mais a mensagem que vem de todos os lados, como apelo sedutor para se mover mais e mais na direção do coração de cada coisa. O mistério nos mantém sempre na admiração até o fascínio, na surpresa até a exaltação.

Que há de mais misterioso que a pessoa amada? Que mais profundo que o olhar inocente de um recém-nascido? Que mais majestático que o céu estrelado nas noites escuras de inverno ou do cerrado do Brasil Central?

Mística significa, então, a capacidade de se comover diante do mistério de todas as coisas. Não é pensar as coisas, mas sentir as coisas tão profundamente que percebemos o mistério fascinante que as habita.

Mas a mística revela a profundidade de sua significação, quando captamos o elo misterioso que une e re-une, liga e re-liga todas as coisas fazendo que sejam um Todo ordenado e dinâmico. É a Fonte originária da qual tudo promana e que os cosmólogos chamam com o nome infeliz de ''vácuo quântico''.

As religiões ousaram chamar de Deus a essa realidade fontal. Não importam os mil nomes, Javé, Pai, Tao, Olorum. O que importa é sentir sua atuação e celebrar a sua presença.

Mística não é, portanto, pensar sobre Deus, mas sentir Deus em todo o ser. Mística não é falar sobre Deus, mas falar a Deus e entrar em comunhão com Deus. Quando rezamos, falamos com Deus. Quando meditamos, Deus fala conosco. Viver essa dimensão no cotidiano é cultivar a mística.

Ao traduzirmos essa experiência inominável, elaboramos doutrinas, inventamos ritos, prescrevemos atitudes éticas. Nascem então as muitas religiões. Atrás delas e nos seus fundamentos há sempre a mesma experiência mística, o ponto comum de todas as religiões. Todas elas se referem a esse mistério inefável que não pode ser expresso adequadamente por nenhuma palavra que esteja nos dicionários humanos.

Cada religião possui sua identidade e o seu jeito próprio de dizer e celebrar a experiência mística. Mas como Deus não cabe em nenhuma cabeça, pois desborda de todas elas, podemos sempre acrescentar algo a fim de mais bem captá-lo e traduzi-lo para a comunicação humana. Por isso as religiões não podem ser dogmáticas e sistemas fechados. Quando isso ocorre, surge o fundamentalismo, doença freqüente das religiões, seja no cristianismo seja no islamismo.

A mística nos permite viver o que escreveu o poeta inglês William Blake (+1827): ''Ver um mundo num grão de areia, um céu estrelado numa flor silvestre, ter o infinito na palma de sua mão e a eternidade numa hora''. Eis a glória: mergulhar naquela Energia benfazeja que nos enche de sentido e alegria

Leonardo Boff
Fonte www.jbonline.com.br
tela Carolyn Blish

RETRATO DE JESUS



         Em roma, no arquivo do Duque de Cesadini, foi encontrada uma carta de Públio Lêntulus, Legado na Galiléia, do imperador Romano, Tibério Cesar. Eis a carta que é um retrato fiel de Jesus:

"Existe nos  nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo incultado profeta da verdade e os seus discípulos dizem que é filho de Deus,criador do Céu e da Terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus; ressuscita os mortos, cura os enfermos;em uma só palavra:é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto.Há tanta majestade no rosto, que aqueles que o veem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, distendidos até as orelhas e das orelhas até às espáduas,são da cor da terra,porém mais reluzentes.
Tem no meio da sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos Nazarenos; o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis . A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não é muito longa,mas separada pelo meio; seu olhar é muito especioso e grave; tem os olhos graciosos e claros; o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza faz chorar, faz-se amar e é alegre com gravidade.Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele alguém se aproxima, verifica que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto, por estas partes, uma donzela tão bela...
 (...) 
         De letras, faz -se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada.Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça.Muitos se riem, vendo-o assim,porém em sua presença, falando com ele,tremem e admiram.Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes. Em verdade, segundo me dizem os hebreus não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de tua  Majestade.
(...)
       Diz que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde.

                                                                                                         Públio Lêntulus


domingo, 4 de março de 2012

A ESPIRITUALIDADE PERMITE VER A DEUS


Desculpem-me se, a propósito, conto a experiência de minha mãe.
Minha mãe era analfabeta, nunca quis aprender  a ler. Certa vez eu lhe trouxe um caderno e um lápis bentos pelo Papa Paulo VI para ver se ela se animava a aprender. Minha mãe jogou tudo longe dizendo:
"Para que eu quero aprender a ler e a escrever se tenho 11 filhos que fizeram a universidade, quase todos doutores para quê? Eles sabem  por mim.Não preciso estudar e saber."
Mas era uma mulher de grande sabedoria existencial e profunda piedade. Eu costumava gravar coisas que escrevia para ela ouvir.
Minha mãe escutava e dizia:
"Onde você aprendeu tudo isso? Eu nunca te ensinei tais coisas!"
Ao ouvir uma das gravações que eu falava da experiência de Deus, ela me olhou fundo e fez a pergunta:
"Você já viu Deus?"
Eu respondi de pronto:
"Minha mãe, a gente não vê Deus. Deus é espírito, é invisível."
Ela deu como um suspiro, colocando a mão no peito, me olhou com infinita tristeza e disse:
Você é padre há tantos anos e nunca viu Deus?
Eu insisti:
"Mãe, a gente não vê Deus."
Ela retrucou:
"Você não vê Deus, mas eu O vejo todos os dias. Quando o sol se põe lá no horizonte, Deus passa com um manto fantástico, lindo. Ele vem sempre sério, e teu pai que já faleceu vem atrás, olha pra mim, me dá um sorriso e segue com Deus. Eu O vejo todos os dias."
Eu fiquei parado, me perguntando: Quem é o teólogo aqui, ela ou eu? A analfabeta ou o doutor  em teologia?"
Temos que aprender com as pessoas que vivem tais experiência. Porque a fé é uma experiência tão global que entra pelos olhos,entra no coração, entra na fantasia, entra nas projeções. Deus é substância da sua própria substância. Essas pessoas não creem em Deus. Elas sabem de Deus porque  O viram, porque O experimentaram.

Leonardo Boff
In Espiritualidade um Caminho de Transformação
tela Carolyn Blish

FRASES INTERESSANTES...



“O hoje é meu. O amanhã não é da minha conta. Se eu insistir em tentar olhar pelo nevoeiro do futuro, vou estragar meus olhos espirituais e isso impedirá que eu veja claramente o que é exigido de mim agora.” Elisabeth Elliot, Keep a Quiet Heart

“Não podemos mostrar a Cristo nosso amor, porque não podemos vê-Lo. Mas diariamente encontramos nossos vizinhos - podemos fazer por eles o que gostaríamos de fazer por Cristo.” Madre Teresa de Calcutá

“O Universo, por si só, exige a existência de um ser superior que foi capaz de fazer dele uma realidade. Se não há um Deus Criador, então, fica difícil, senão impossível, explicar a existência da vida.” Guttfried Wilhelm Leibnitz

“A fé e a razão caminham juntas, mas a fé vai mais longe.” Agostinho

“Quase sempre preferimos o conforto da opinião sem o desconforto da reflexão.” John F. Kennedy

“A Internet aproxima quem tá longe, mas afasta quem tá perto.” Lídia Freitas

“Antes de escrever, deve-se aprender a pensar.” Nicolas Boileau

“É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas.” Saint-Exupèry




terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

LIÇÃO DE VIDA


Tenha sempre presente que a pele se enruga,
O cabelo embranquece,
Os dias convertem-se em anos...
Mas o que é importante não muda...

A tua força e convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio..

Enquanto estiver viva, sinta-se viva!

Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desista.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.

Faça com que, em vez de pena, tenham respeito por
você...
Quando não conseguir correr através dos anos, trote...
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.

Mas nunca, nunca se detenha!

Madre Teresa de Calcutá

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A ARTE NASCE SEMPRE DE ALGUMA PAIXÃO



Para que a arte possa ser arte, não se lhe exige uma sinceridade absoluta, mas algum tipo de sinceridade.Um homem pode escrever um bom soneto de amor sob duas condições - porque está consumido pelo amor, ou porque está consumido pela arte.
Tem de ser sincero no amor ou na arte; não pode ser ilustre em nenhum deles, ou seja no que for, de outro modo.Pode arder por dentro, sem pensar no soneto que está a escrever; pode arder por fora, sem pensar no amor que está a imaginar.Mas tem de estar a arder algures. De contrário, não conseguirá transcender a sua inferioridade humana.

Fernando Pessoa
In Heróstrato  e a busca da imortalidade
tela Rebirth- Duy Huynh

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

HISTORINHA DE AMOR PRA GENTE GRANDE


Contam os anjos que às vezes me inspiram que um pouquinho antes de materializar o seu plano de criação da vida humana e se derramar no coração de todas as coisas da Terra, o Senhor Deus Todo Poderoso resolveu repassá-lo, ponto a ponto, pela última vez. E, ao terminar o trabalho, sentiu, bastante surpreso, que ainda parecia estar faltando um detalhe sem nome nem rosto em sua grandiosa obra. Algo que não havia sido contemplado por nenhum dos incontáveis milagres com os quais dotaria o homem e o ambiente que preparava para acolhê-lo e supri-lo em sua jornada evolutiva.
Como um poeta que ao findar um poema é tocado pela vibração de uma palavra que não foi dita sem conseguir visualizar-lhe as feições, o Senhor Deus intuiu a ausência de uma dádiva no buquê de luzes que ofertaria ao homem para perfumar sua caminhada heróica, que trilharia até tornar-se um mestre das coisas que não passam e reunir-se a Ele numa só consciência criadora.
O Senhor Deus não sabia que doçura era aquela que reclamava sua amorosa atenção, mas pressentia que se tratava de algo imprescindível. De alguma graça que deixaria uma lacuna em branco em cada história humana, caso não existisse. De mais um dos presentes que bordaria em cada vida com os fios da delicadeza que utilizaria em tudo o que planejava ser forte. Mas o que poderia ser, Ele se perguntava, além das outras tantas ternuras que já havia previsto bordar?

E o Senhor Deus pensou, pensou, pensou. Relembrou cada detalhe, cada etapa, cada riqueza, pacientemente, com todo o zelo de seu coração criador. Reuniu-se com os mestres que o assessoravam no Plano. Trocou idéias. Ouviu, atento, as sugestões e observações que surgiram. Mas nada do que pensava e ouvia atendia à sua expectativa e se aproximava da resposta que buscava desde que aquela intuição lhe visitara. Que traço, afinal, poderia ainda criar para compor o conjunto das bênçãos que desenharia na Terra? Que beleza era aquela que murmurava em seu ouvido sem revelar-lhe o rosto?

Contam que, como era costumeiro, numa certa manhã o Senhor Deus Todo Poderoso estava distraído no jardim de sua casa, cuidando amorosamente de suas plantas, quando um anjo banhado de luz azul aproximou-se Dele para transmitir uma mensagem de um de seus arcanjos, Miguel. E que foi no exato instante em que olhou para aquele anjo que o Senhor Deus descobriu o que ainda faltava em seu plano: anjos que o homem pudesse ver, exatamente como Ele podia ver aquele.

O plano do Senhor Deus previa que seria escolhido para cada pessoa, a partir do momento alquímico de sua concepção, um anjo que iria acompanhá-la em toda a sua trajetória humana, até que devolvesse à Terra a roupa de carne que lhe havia sido emprestada. E, embora se tratasse de um leal companheiro, que iria fortalecê-la, protegê-la e inspirar-lhe, e lhe fosse possível falar com ele e ouvi-lo, em seu coração, o ser humano não poderia vê-lo, a não ser que em algum instante experimentasse um amor tão intenso que conseguisse penetrar na frequência luminosa onde os anjos moram.

Para o homem, pensava o Senhor Deus, por mais grandiosa que fosse, aquela dádiva não bastaria. Ele sabia que o ser humano teria dificuldade para lidar com as coisas que chamaria de invisíveis. Que se atrapalharia com tudo o que não pudesse ser tocado com algum dos cinco sentidos que, equivocadamente, acreditaria serem os únicos que possuía.

O homem precisaria também de anjos que fossem visíveis. Feitos da mesma matéria que ele. Com os quais pudesse brincar com os brinquedos humanos. Crescer junto, aprendendo, ensinando, trocando. Que os olhassem nos olhos e o encorajassem ao próximo passo às vezes sem uma única palavra. Com os quais pudesse compartilhar os sabores, os sons, as visões, as falas e as texturas das coisas da Terra e sonhar com as coisas do céu. Que estivessem ao seu lado nos dias de sol e também lhe estendessem a mão para atravessar com ele o tempo em que as noites se fariam tão escuras que ele começaria a duvidar do amanhecer.

Sim, continuava a pensar o Senhor Deus, o homem precisaria de anjos visíveis que tivessem em sua vida a mesma bela tarefa do anjo que não podia ver. Anjos que permanecessem em seu caminho quando tudo parecesse ter ido embora. Que acreditassem nele até quando ele próprio se esquecesse quem era. Que quando o cansaço lhe visitasse e os apelos da sombra o convidassem a desistir soubessem como fazer para que lembrasse da própria coragem. Que emanassem para ele um bem-querer tão puro que fosse capaz de perfumar até o que ainda lhe doesse. Com os quais pudesse rir e chorar, e, sobretudo, ter a liberdade de ser.

O homem precisaria, sim, de anjos visíveis com sangue nas veias. Que tivessem dor de barriga, mau humor, contas pra pagar, unha encravada, medo, dente de siso para extrair, angústia, raiva, baixo astral, e toda uma séria de chatices humanas que os anjos invisíveis respeitam, mas não experimentam. Com os quais pudesse jogar conversa fora. Torcer por um time. Cantar desafinado. Caminhar na praia. Trocar um abraço. Empanturrar-se de risada e bobó de camarão num domingo grande. Que espelhassem para ele sua porção humana e sua porção divina e lhes fizessem parceria no contínuo exercício de integrá-las durante a viagem. Que pudessem servir de canais para os toques, os puxões de orelha e os carinhos do seu próprio anjo guardião, que, sem fazer ruído algum, trabalharia em sintonia com eles o tempo todo.

E depois de dividir com aquele anjo inspirador as feições de sua descoberta, contam que o Senhor Deus Todo Poderoso lhe perguntou o seu nome, pois seria com ele que, em gratidão, chamaria o anjo visível que cada pessoa encontraria na Terra.
E o anjo que inspirou o Senhor Deus, maravilhado com sua bondade, revelou-lhe o seu nome:
"Amigo".
Ana Jácomo
http://anajacomo.blogspot.com/2011/07/historinha-de-amor-pra-gente-grande.html
foto GIORGINOFOREVER!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

OLHE PARA VOCÊ!





Você já parou para se olhar?

Não só para se olhar fisicamente.Mas, para se enxergar profundamente.
Já imaginou o quanto você é importante, e que a sua alma já transmite, uma beleza resplandecente.E cada espelho que mostra a sua imagem admirado,acha  a sua pessoa maravilhosa.Alguém cheio de amor, mas cujo amor é ainda uma qualidade escondida que não teve a oportunidade de desabrochar.E por falta dessa oportunidade,fica às vezes triste quando descobre alguns pequenos defeitos no seu corpo.E por causa disso pensa até em ficar em casa e se exilar.Já pensou bem se é exatamente isso a coisa mais certa? Deixar de lado a vida que muito depende do seu gesto e ficar no alheio, por causa de um pequeno defeito, o que é não sei. Se por acaso não achar a sua pessoa bonita, quem vai achar?Os outros? Pois fique sabendo que ninguém acha ninguém bonito, o que existe é uma embriaguês de fantasia para satisfazer o pobre ego de cada um que vai na onda dessa fantasia excessiva.Já imaginou o bem que farias se deixasse aparecer tudo de bom que existe no interior do seu ser! Essa beleza profunda é o seu valor que não pode ser trocado por uma fantasia insignificante, diante da grandeza da vida.Envolva-se numa conversão interior, recorrendo a Deus, tentando fazer tudo de bom, pensando sempre no bem. Esqueça aqueles dois "M", medo e mágoa. Faça uma viagem ao seu interior, pensando positivamente. Então notará o quanto você é querido por toda essa beleza que Deus coloca em sua volta. Logo, você vai perceber que o seu tormento, são apenas pingos de fracassos que estão querendo vê-lo arruinado.Mas, você é mais  forte e pode tranquilamente vencê-los. Assim verá a grande importância de sua pessoa, esteja onde estiver, seja homem ou mulher, criança ou adolescente, jovem ou velho. O importante é que você é um ser humano cheio de riqueza espiritual, cheio de amor e valores morais.  

José Miguel
In Poesias   

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012




"Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Esse jeito de ver além dos olhos, de ouvir além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio, tão clara, no próprio coração. Essa sensação, às vezes, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói ser ferido. Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia."


 Ana Jácomo
tela  Matteo Arfanotti

TORNE-SE POÉTICO

Um poeta vem a conhecer certas coisas que são reveladas somente em um relacionamento poético com a realidade.


No que se refere à esperteza mundana, o poeta é um tolo. Ele nunca se desenvolverá no mundo da riqueza e do poder. Mas, em sua pobreza, ele conhece um tipo diferente de riqueza na vida que ninguém mais conhece.

O amor é possível a um poeta, Deus é possível a um poeta. Somente aquele que é inocente o bastante para desfrutar pequenas coisas da vida pode entender que Deus existe, porque Deus existe nas pequenas coisas da vida: ele existe no alimento que você ingere, na caminhada que você faz pela manhã, no amor que você tem por seu amado ou por sua amada, na amizade que você tem com alguém. Deus não existe nas igrejas; estas não são parte da poesia, mas da política.

Torne-se mais e mais poético. É necessário ter coragem para ser poético; você precisa ser corajoso o bastante para ser chamado de tolo pelo mundo, mas somente então poderá ser poético.

E para ser poético, não quero dizer que você precisa escrever poesia. Escrever poesia é apenas uma parte pequena e não essencial de ser poético. Uma pessoa pode ser poeta e jamais escrever uma única linha de poesia, e uma outra pode escrever milhares de poemas e ainda não ser um poeta.

Ser poeta é um estilo de vida. É amor pela vida, é reverência pela vida, é um relacionamento sincero com a vida.

In http://www.palavrasdeosho.com/2009/05/torne-se-poetico.html
tela Felix Mas