O vaso verde de Vó Cecília
Cresci na casa de minha avó paterna. Era uma casa enorme, com cômodos sem-fim. Uma escada de madeira tão grande, que se dobrava em dois lances para nos levar ao sótão, um porão cheio de relíquias de meu avô José, pátio, horta, pomar e jardim, e mais lá embaixo, galinheiro e um curral e, ainda, um espaço imenso para os animais pastarem.
Foi neste mundão que crescemos eu e meus três irmãos.
Eu, como menina, estava condenada a me preocupar, além dos estudos e tempo de brincar, também com algumas tarefas da casa. Colher flores e colocá-las nos vasos da casa era a minha preferida. Entre os tantos vasos tinha um especial. Pequeno, não mais que dez centímetros de altura, que terminava com uma borda em forma de folhas. Lindíssimo, eu achava...
Quando minha avó saiu da casa para morar com suas filhas em Porto Alegre, levou meu vaso preferido com ela. Não recordo quantas outras coisas suas ela levou então. Só me vez falta aquele lindo vasinho de vidro. Afinal, esqueci, cresci, tornei-me adulta e o vasinho verde perdeu-se na minha memória.
Pois não é que ele voltou pra mim!!??
Acreditem! Minha madrinha Blanca, filha de Vó Cecília, numa das idas a Arroio para rever a terrinha, deixou com minha mãe, junto com um bilhete amoroso, o meu vasinho dos tempos de infância. E o mais surpreendente é que eu nunca havia comentado sobre a história do vasinho com ela...
É ele que ilustra estas minhas memórias, agora na mesa da sala de minha casa.