10 agosto, 2020

DAUPIÁS (Alcochete), Nuno - A EXPORTAÇÃO DE SAL PELO PORTO DE LISBOA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XVIII. (Subsídios para a história do comércio do sal e do movimento do porto de Lisboa). Lisboa, [s.n. - Imprensa Formosa, Porto], 1957. In-4.º (23,5 cm) de [4], 175 p. [179-353 pp.] ; [7] p. il. ; [3] mapas estat. ; B. Separata do Boletim Clínico - Vol. 21 - N.º 1 - 1957
1.ª edição independente.
Importante contributo para a história do comércio e exportação de sal, bem como a sua ligação ao Porto de Lisboa, porta de saída do produto para os mercados exteriores.
Livro ilustrado em separado com 7 estampas distribuídas por 4 folhas papel couché. Inclui ainda 3 mapas estatísticos, dois deles desdobráveis.
Foram tirados 50 exemplares, numerados de 1 a 50 e rubricados pelo autor. O presente leva o n.º 44.
"Sobre o movimento e comércio de exportação do sal através do porto de Lisboa, pouca coisa há de escrito. Diga-se também que, à parte meia dúzia de autores modernos, a questão salineira não preocupou demasiadamente os nossos historiadores. [...]
Apresentar toda uma documentação relativa à exportação do sal, através do porto de Lisboa, nos primeiros anos do século XVIII, é o fim da presente publicação. Com a introdução pretendo, não fazer a história do sal, mas sim salientar determinados factores da economia portuguesa dos séculos que passaram, de modo a que o valor documental destes monótonos três livros de assentos de entradas de navios e saídas de cloreto de sódio para terras estrangeiras, províncias portuguesas e Brasil, fique bem claro e presente ao leitor menos familiarizado com problemas desta natureza."
(Excerto do Prólogo)
"São dos séculos abrangidos pelos chamados ciclos do Comércio da Costa da Mina, do açúcar e do oouro do Brasil os testemunhos mais numerosos acerca do valor económico do nosso sal.
Os estrangeiros precisavam dele para as suas indústrias de peixe e de carne. Para isso, as grandes casas comerciais neerlandesas, hanseáticas e, possivelmente, inglesas, mantinham os seus agentes em Portugal, os quais se ocupavam em fornecer e carregar os navios que iam chegando ao Tejo e ao Sado."
(Excerto do Cap. I, Considerações gerais sobre a importância do sal na economia portuguesa)
Matérias:
Prólogo. | I - Considerações gerais sobre a importância do sal na economia portuguesa. | II - Três livros do Arquivo Histórico do Hospital São José. | Livros de assentos de entradas de navios e saídas de sal [pormenor]. | Alfabeto dos fiadores. | Alfabeto dos capitães e mestres. | Alfabeto dos navios que ao Porto de Lisboa vieram carregar sal. | Resumé. | Summary.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

09 agosto, 2020

TAMAGNINI, Fernando - SERVIÇO DA CAVALLARIA EM CAMPANHA. Compilação por... Tenente-coronel de cavallaria. Lisboa, Typographia - Casa Portugueza - Papelaria, 1904. In-8. (14,5 cm) de [4], VII, [1], [8], 324 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Manual militar de Fernando Tamagnini, insigne oficial do exército português que, anos mais tarde, viria a chefiar o C. E. P. em França, durante a Grande Guerra.
Ilustrado com quadros, tabelas, gráficos e desenhos exemplificativos. Contém ainda 2 folhas coloridas com as bandeiras indicativas do local onde estão installados os quarteis generaes, differentes commandos e serviços.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor, datada de 3-XII-904, ao seu "Camarada e Amigo" João de Azevedo Coutinho, conhecido político, administrador colonial, e militar da Armada Portuguesa.
Matérias:
1.º Organização geral do exercito. 2.º Ordens, instrucções, relatorios e participações. 3.º Serviço de noticias. 4.º Serviço de segurança. 5.º Marchas. 6.º Estacionamento. 7.º Operações secundarias. 8.º Serviço de policia. 9.º Serviço de saude e alimentação das tropas em campanha. Serviço de etapes. 10.º Formações das differentes armas. Seu emprego. 11.º Armas de fogo. Munições. Fogos. Tiro. Municiamento e reabastecimento. 12.º Combate.
Appendice
I. Orientação. II. Nomenclatura do terreno. III. Indicios. IV. Avaliação de distancias. V. Algumas defezas accessorias. Meios de as destruir. VI. Organização de obstaculos. VII. Passagem dos cursos de agua. VIII. Destruições. IX. Reparações. X. Telegraphia optica. XI. Despachos em cifra. XII. Convenções internacionaes. XIII. Signaes topographicos.
Fernando Tamagnini de Abreu e Silva (1856-1924). "Nasceu em 13 de Maio de 1856, em Tomar. Assentou praça como voluntário do Regimento de Cavalaria em 2 de Junho de 1873. Director da Escola Regimental em 1891. Em 1893 passou à Guarda Municipal de Lisboa. Em 1913, participou na Escola de Repetição. No ano seguinte foi colocado no Estado-Maior das Armas e Inspector da Cavalaria Divisionária. Em 1915 foi nomeado comandante interino da Brigada de cavalaria. Após ser promovido a General foi nomeado comandante da divisão de instrução mobilizada em Tancos e posteriormente comandante do Corpo Expedicionário Português (CEP) que combateu na Flandres na Primeira Guerra Mundial. Foi ainda comandante da 5.ª Divisão do Exército e Presidente do Supremo Tribunal de Justiça Militar. Agraciado com diversas condecorações. Faleceu de 24 de Novembro de 1924, em Lisboa."
(Fonte: EME - Arquivo Histórico Militar in www.exercito.pt) 
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capas apresentam defeitos marginais.
Raro.
65€

08 agosto, 2020

BORRECHO, Henrique - A DAMA DE LUTO. 1.ª edição. Lisboa, Casa Editora Nunes de Carvalho, [1935]. In-8.º (19 cm) de 272 p. ; B.
1.ª edição.
Romance policial português publicado nos anos 30 do século passado. Invulgar e curioso. Sobre o autor, apenas foi possível apurar ter publicado uma obra, a presente (BNP), não existindo outras notícias bio-bibliográficas sobre si.
"Os escritórios e armazens da Companhia de Carregadores e Fretadores do Atlantico-Limitada, estavam instalados num antigo predio da Avenida 24 de Julho e, como tantas outras casas de forte importancia comercial, parecei esta ter por supérfluas as modernas decorações nas fachadas e interiores, não cuidando de dar as aspecto vetusto do edificio e antiquadas armações um geito ou arranjo em harmonia com a evolução geral.
Ora no dia 29 de Setembro de 1932, tres homens conversavam animadamente no patamar do escritório, insistindo um por que o outro o acompanhasse a certa festa, insistencia a que o convidado se esquivava o melhor que podia, fazendo-o de tal modo que as suas palavras provocavam no interlocutor decidida má disposição e, no que ouvia, repetidas risadas.
Eram os conversadores dois empregados da Companhia e, o espectador risonho, um antigo cliente.
Desistindo Fonseca, o festeiro, de convencer o colega a acompanhal-o, resolveu afastar-se, mal humorado, principiando a descer a escada.
Entretanto, o outro, empurrava deliberadamente o guarda vento da tesouraria, dizendo em ar de despedida:
- E alegra-te amigo, por não te escangalhar a combinação arranjando-te uma nomeaçãosinha de serviço a bordo.
- Ah! Se tu me fizesses isso...
Fonseca não acabou a frase.
Foi interrompido por um grito rouco soltado pelo velho cliente que, vacilante, apontava o interior da tesouraria.
Carlos Bréda, o que não aceitara o convite para a festa, lançou um olhar rápido para o compartimento, largando simultaneamente a porta para suster o velho que caía, e com êste seguro, abriu-a novamente com o pé. [...]
Sentado à secretária, o tesoureiro, mostrava-lhes o rosto e o peito ensanguentados, escancarando um ferimento enorme, que ia da fronte ao alto do cranio, de lábios abertos, tremendo de miséria e ascororosidades."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com assinatura de posse na f. rosto.
Muito invulgar.
20€

07 agosto, 2020

MACHADO, General Ernesto - O C. E. P. NÃO FOI SÓ O 9 DE ABRIL. (Excerto do Livro Recordações, em preparação, do mesmo autor). [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia da L. C. G. G. - Lisboa], 1956. In-4.º (23,5 cm) de 56, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Memórias da Grande Guerra do General Ernesto de França Machado, oficial do C. E. P. que integrou a 1.ª Divisão Portuguesa na Flandres.
Inclui reproduzida correspondência entre as chefias portuguesas e inglesas, bem como louvores por acções e feitos militares em combate.
"Em 19 de Junho de 1917 segui de Lisboa para França, via Madrid, mobilizado para o C. E. P.
Desci na estação de Air-sur La Lys, em Junho ainda, e logo me dirigi para o Q. G. da 2.ª Divisão portuguesa em formação, o qual estava instalado no chalet de St. André, próximo de aquela pequena cidade da Flandres francesa. Quando ali me apeei encontrei-me com D. José da Serpa Pimentel, então major e chefe do estado maior de aquela Divisão. A vida ia colocar-me a seu lado até ao momento em que, esbatidos os ecos da Batalha de França e terminada a Grande Guerra, a minha Divisão (a I.ª) deixou a planície monotona da Flandres. [...]
A guerra parada, a enervante guerra de trincheiras, com os seus constantes e inúmeros problemas a resolver, não demanda do General [Gomes da Costa] e do seu Quartel General menos esforço do que a guerra de movimento. É uma ilusão supor que a guerra estabilizada exige, da parte do comando, menos tensão de espírito do que a batalha ofensiva; de facto, mercê de factores vários, a defensiva tem maior acção sobre os nervos.
E para as tropas pesado é o fardo. Permanecer imóvel sob o fogo rolante do inimigo, na lama, na humidade e no frio, por vezes na fome e na sede; ou ficar oculto,dobrado sobre si mesmo, nos abrigos ou crateras esperando um inimigo superior em forças e surgir fora dum ninho seguro para lançar-se sobre quem se esforça para trazer consigo a nossa perda, eis o quadro. [...]
A 1.ª Divisão portuguesa foi na linha um elemento de força e de valor, disciplinado e eficaz, correcto e altivo, perfeitamente à altura das suas congéneres inglesas, ao lado das quais cooperava, além da 2.ª Divisão.
A ela me refiro, em especial, não por menos consideração pela 2.ª Divisão que, vítima de culpas que não eram suas, cumpriu como pôde o seu dever no dia 9 de Abril de 1918 - acção conhecida nos seus detalhes, nas suas causas e efeitos, através de relatórios e de várias publicações -, mas por ser aquela a que pertencia e em que trabalhei, em que vivi a sua vida; aquela que dia e noite acompanhei no pulsar dos seus bons e maus momentos, da alegria e da calma ansiedade. Diante dos meus olhos passam, com grande nitidez, os homens e os factos, as madrugadas de raid, a satisfação dos nossos êxitos e a arrelia dos do inimigo."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

06 agosto, 2020

CORREIA, Cónego Manuel Nazário - DOS BARROS DO ALENTEJO : Cristo chamou por mim e... eu fui. [S.l.], [s.n. - Montagem e Imp. Pentagráfica, Beja], [1992]. In-8.º (19,5 cm) de 346, [12] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Livro de memórias do autor, escrito após uma carreira de 50 anos dedicada ao sacerdócio. Com interesse histórico, etnográfico e religioso, sobretudo para a província do Alentejo.
Ilustrado ao longo do livro com inúmeras fotografias a p.b. em página inteira.
"Uma das aspirações que sempre acalentei, no meu coração de Padre, pelos vários campos em que exerci a minha Acção Sacerdotal, era legar à Igreja um novo padre, que viesse substituir-me, quando eu morresse.
Neste ano de 1991, em que celebrei o 50º Aniversário da minha Ordenação Sacerdotal, um pensamento ensombrava um pouco a minha alegria:
"Nada ou quase nada eu tinha feito, para conseguir realizar este meu desejo."
Se é verdade que, sobretudo durante os 15 anos que vivi no Seminário, como Professor e Prefeito, me parece ter contribuído com alguma coisa para encaminhar para o Sacerdócio alguns dos Padres, que hoje labutam, no trabalho apostólico da nossa Diocese, e certo e para mim penoso, é que das várias aldeias e vilas por onde passei e onde exerci o Ministério Sacerdotal, nunca encaminhei nenhum jovem ou adolescente para o Seminário, a não ser indirectamente.
Esta foi a primeira razão que me levou a escrever este livrinho. Como eu ficaria contente se, ao lê-lo, algum jovem sentisse, como eu senti, o Chamamento de Deus para o Sacerdócio!... Que o Senhor me dê essa dita!"
(Excerto da Nota de abertura)
"Quem um dia quiser conhecer a verdadeira índole do Povo Alentejano, terá forçosamente de escutar e ouvir os seus maravilhosos"cantes", altamente expressivos do seu modo de sentir e maneira de viver.
O verdadeiro Alentejano, o homem da gleba e da planície, levanta-se cantando, trabalha cantando, vive cantando e, no seu cantar, ele extravasa toda a sua alma rica de sentimentos, de admiração e de amor, por tudo quanto o rodeia.
São notáveis e sensíveis, os três grandes amores a que ele se dedica e que ele canta:
Amor à natureza, que o envolve e com a qual dialoga feliz;
Amor entranhado ao seu Lar e à sua Família;
Amor e Dedicação ao próprio Criador da Terra, que ele trabalha, e aos Amigos com quem convive.
O estranho fenómeno da Industrialização do Trabalho, com o barulho ensurdecedor das máquinas, veio atordoar a alma alentejana, que vivia serena e tranquila, embebida como andava, no labor da Terra-Mãe, que lhe dava o pão e a alegria, ou Lhe encantava os olhos e o coração, quando se revestia de muitas e variadas cores, ao sabor das estações do ano."
(Excerto de O sentir e cantar do Povo Alentejano)
Manuel Nazário Correia (1917-2001). Natural de Cabeça Gorda, distrito de Beja. "No dia 19 de Março de 1941 foi ordenado sacerdote da Igreja Católica, pelo Bispo D. José do Patrocínio Dias. De Outubro de 1941 até Setembro de 1956, exerceu no Seminário as funções de prefeito e professor. De 1956 a 1975 paroquiou as freguesias de Almodôvar e anexas, indo depois para Vila Nova de Milfontes afim de ali ser pároco dessa mesma freguesia e sub-director do Instituto de N. Senhora de Fátima e como tal orientador do Lar de Rapazes estudantes aí fundado. Em 1978 foi mandado pelo Senhor D. Manuel dos Santos Rocha para a vila de Odemira como pároco das duas freguesias onde ainda se enconta[va]." (Dados biográficos retirados da contracapa)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

05 agosto, 2020

BESSA, Alberto - A GIRIA PORTUGUEZA : esboço de um diccionario de «calão». Contendo uma larga copia de termos e phrases empregadas na linguagem popular de Portugal e Brazil, com as respectivas significações, colhidas na tradição oral e em documentos, livros e jornaes antigos e modernos, incluindo muitas palavras ainda não citadas como de "giria" em diccionario algum. Por... Da Academia de Sciencias de Portugal [...]. Com um prefacio do illustre Professor Dr. Theophilo Braga. 3.º milhar. LINGUAGEM POPULAR. Lisboa, Livraria Central Editora, 1919. In-8.º (18 cm) de [2], XXXI, [1], 334, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Importante dicionário de gíria portuguesa, cujos termos e informações o autor recolheu da tradição oral e(ou) escrita.
Muito valorizado pelo extenso prefácio de Teófilo Braga.
"A creação dos vocabulos da giria, do calão e modismos vulgares é um phenomeno da linguagem muito diverso da formação primitiva das palavras desenvolvidas organicamente pela articulação de uma raiz no seu thema, e d'este nos seus prefixos, suffixos e desinencias nominaes e verbaes, constituindo um complexissimo apparelho de expressão de ideias. Embora separados pela circumstancia do tempo, os dois processos resultam da mesma actividade, suscitado um pela acção inconsciente da tradição e do automatismo que impera na linguagem de um povo, e o outro pelas exigencias do meio social, que pelas suas transformações rapidas influe para dar-se expressão a novas relações. Exemplificaremos em duas palavras a differença dos dois processos formativos: Aspecto e Alfarrabista. A primeira palavra provém de uma raiz trilitera primitiva, spc, que encerra a ideia de vêr, de representar , de considerar subjectivamente. [...]
Quando porém adoptou a palavra Alfarrabista para designar o vendedor de livros velhos, differenciando-o do livreiro, obedeceu á necessidade de caracterisar um ramos restricto do commercio de livros, que o grande desenvolvimento d'esse negocio levou a dividir ou especialisar; formou-se a palavra do thema Alfarrabio, nome dado na linguagem das escholas a qualquer livro velho ou mesmo atrazado na doutrina; penetrando na origem particularista, vê-se que nas escholas da Edade Media Al-Farabi era o nome de um dos mais celebres philosophos arabes da Eschola de Bagdad, do fim do seculo IX, um dos sustentaculos do aristotelismo; mas não pára aqui o porquê do nome, pois que chamando-se este philosopho arabe Abu-Naçr-Mohammed-ben-Mohammed-ben-Tarckhan, foi chamado Al-Farabi por ser natural da provincia de Farab na Transoxiana. O que é mais notavel ainda, é que as obras philosophicas de Al-Farabi não foram traduzidas em latim, e não entrando nas escholas de Paris, como é que este nome se universalisou tomando um sentido generico no calão das escholas e até no plebeismo vulgar?"
(Excerto do Prefácio, Sobre a linguagem da giria em Portugal)
Encadernação inteira de pele com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. As primeiras páginas apresentam manchas de acidez.
Muito invulgar.
Indisponível

04 agosto, 2020

SANTOS, Carlos M. - TOCARES E CANTARES DA ILHA : estudo do folclore da Madeira. [S.l.], [s.n. - Compôsto e impresso na Tipografia da «Empreza Madeirense Editora, Lda.», Funchal], 1937. In-4.º (23,5 cm) de [2], 130, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história e conhecimento do folclore madeirense.
Ilustrado ao longo do texto com reprodução de instrumentos musicais e partituras de variados géneros populares do folclore da Ilha.
"É voz corrente serem os instrumentos usados pelos nossos camponêses - o rajão, o braguinha e a viola de arame - oriundos da Madeira.
Embora a tradição sirva, de certo modo, de pilar ao edifício da História, não satisfaz absolutamente ao investigador honesto, sempre ávido de bases seguras para assentar afirmações.
No caso da Madeira, tal desideratum quasi é legítimo, atenta a pobreza de elementos históricos e, principalmente, de relatos de verdade insofismavel. [...]
Ora, quando no capítulo da história geral da Madeira as certezas oscilam ainda no fim de cinco séculos e quatro lustros, que esperar dum ramo descuidado pelos historiadores e pouco aprofundado pelos que outrora o investigaram?
Quem o quiser estudar é automaticamente impelido para os campos da história universal da música, da tradição, da hipótese.
É, portanto, dentro dêste âmbito, que tentaremos também chegar a conclusões suficientemente claras para determinarem o fundamento em que assenta essa mesma tradição, já que ela se tornou elemento primordial no assunto que nos ocupa."
(Excerto de Instrumentos, [Prólogo])
"Há que separar em duas espécies distintas as canções madeirenses: fundamentais e derivadas. Á primeira pertencem o charamba, a mourisca e o bailinho das camacheiras; à segunda, a maior parte das melodias usadas pelo povo, incluindo as canções do trigo, da erva, da carga, etc.
O povo madeirense não soube criar as suas canções, mas adoptou as melodias que apareceram ou caíram em moda, innovando outras sobre os respectivos temas a que deu o interessante e inconfundível sabôr regional.
Muitas delas são simples deturpações."
(Excerto de, Canções [Prólogo])
Matérias:
Intrumentos & Canções. Primeira Parte - Instrumentos: A viola de arame; O Rajão; O Braguinha. | Segunda Parte - Canções: O Charamba; A Mourisca; O Bailinho das Camacheiras; Canção da eira; Canção da ceifa; Canção da carga; Canção dos borracheiros; Canção da sementeira; Canções domésticas. | Conclusão.
Carlos Maria Platão dos Santos (1893-1955). "Nasceu a 22 de Julho de 1893, na freguesia da Sé, Travessa do Forno 5, Funchal e faleceu no dia 6 de Outubro de 1955. Frequentou a Escola Industrial do Funchal. Trabalhou na indústria dos bordados, onde demonstrou os seus dotes no desenho. Foi autodidata na música, aprendendo a tocar braguinha e bandolim. Com vinte anos de idade criou um grupo de bandolins com o seu irmão e amigos. Anos depois foi convidado a dirigir o grupo “6 de Janeiro de 1915”, cujo nome foi depois mudado para “Círculo Bandolinista da Madeira”. Desde muito novo interessou-se por estudar o folclore da Madeira, tornando-se pioneiro na sua defesa e divulgação. Desde 12 de Junho de 1927 trabalhou no periódico “O jornal”, periódico este que, a partir de 1954 passou a designar-se “Jornal da Madeira”. Em 1932 foi nomeado Chefe de Redacção do referido periódico. Foi director do Grupo “Os Folcloristas”, criou um grupo com o seu nome, em 1949 assumiu a direcção do Grupo de Folclore da Casa Do Povo da Camacha, e ensaiou grupos na Boaventura, Ponta do Pargo, Livramento e Ponta do Sol. Carlos dos Santos escreveu artigos e realizou conferências sobre a cultura madeirense. Publicou três livros fundamentais ao estudo do Folclore da Madeira: Tocares e cantares da ilha: estudo do folclore da Madeira. Funchal: 1937; Trovas e bailados da Ilha: estudo do folclore musical da Madeira. Funchal: 1942; O traje regional da Madeira: Estudo. Funchal: 1952."
(Fonte: https://madeirafolclore.wordpress.com/recursos/personalidades/c/)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas oxidadas com falhas marginais. Capa frontal e as duas primeiras folhas apresentam falha de papel à cabeça de algum relevo e vestígios de humidade. Perda de papel nas extremidades da lombada.
Invulgar e muito apreciado.
35€

03 agosto, 2020

LEITE JUNIOR, Manuel Mendes - A ABOLIÇÃO DA GORGETA. Tese apresentada por... I Congresso Nacional de Turismo : IV Secção. Lisboa, [s.n. - Sociedade Nacional de Tipografia, Lisboa], 1936. In-4.º (24 cm) de 9, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Trabalho que pretende lançar o debate da questão da "gorgeta" no nosso país, e a sua extinção como parte importante do salário dos funcionário de hotelaria e restauração.
"Desde há muitos anos que as associações de classe e actualmente de Sindicatos Nacionais de Indústria Hoteleira como representantes da classe dos profissionais de todo o país se têm empenhado na luta ordeira contra a «gorgeta». Igualmente a imprensa se tem ocupado do assunto com maior ou menor amplidão. [...]
Procure-se deste ou daquele modo mascarar o carácter da «gorgeta», ela continuará a aparecer á vista da maioria da classe, daquela que mercê do progresso da indústria e aperfeiçoamento profissional possue mais vivo o sentimento próprio da sua dignidade e dos seus direitos de cidadão, como sendo uma forma de remuneração antiquada e humilhante. [...]
Não se verificam razões plausíveis que justifiquem a continuação dum sistema que coloca o salário do trabalhador submetido á contingência da generosidade eventual do cliente, portanto sem uma remuneração sôbre a qual possa contar de antemão."
(Excerto da Tese)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta selo de biblioteca no canto superior esquerdo. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
15€

02 agosto, 2020

CEBOLA, Luís - PATOGRAFIA DE ANTERO DE QUENTAL. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tipografia Ideal, Lisboa], 1955. In-8.º (19 cm) de 113, [15] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso ensaio histórico, hereditário e psiquiátrico, pretende trazer alguma luz sobre as causas que concorreram para o suicídio do conhecido vate português.
"Muito se tem escrito sobre a vida e morte de Antero de Quental. De tantas realidades e hipóteses salienta-se o mistério que envolve o suicídio. Nem mesmo o eminente professor da antiga Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, Doutor José Tomás de Sousa Martins, arguto e erudito, resolveu o problema, porque no seu tempo a classificação psiquiátrica ainda não se firmava em trabalhos magistrais [...]
Tornando a ler os Sonetos Completos, de Antero de Quental, analisei toda a sua obra e as circunstâncias do suicídio, à luz da Psiquiatria moderna e Psiquiatria positiva. Com elas, aprendera a procurar segredos da natureza humana, ocultos no cérebro, quando, durante trinta e três anos, desempenhei as funções de médico-director do Hospital de doenças mentais do Telhal, e nos estudos em manicomios estrangeiros."
(Excerto de Nota preliminar)
"A Patografia tem por objecto investigar e descrever a influência que exerceu na vida duma personagem histórica a sua psicose ou psicopatia congénita. [...]
Aplicada ao caso de Antero de Quental, vou rebuscar os materiais, indispensáveis a um juízo seguro, nos antepassados e ambiente familiar, pedagógico, telúrico e académico; na marcha ondulatória do intelecto e do temperamento; no impulso revolucionário; no exame da obra máxima do Poeta; na correspondência epistolar; e na moléstia acidental e apreciação do conjunto psico-somático."
(Excerto de Objectivo da Patografia)
Índice:
Nota preliminar. | Objectivo da Patografia. | I - Factores intrínsecos e extrínsecos. II - Evolução cíclica da personalidade. III - Actividade político-social. IV - Análise dos «Sonetos Completos». V - Cartas e Comentários. VI - Doença intercorrente e conclusões.
José Luís Rodrigues Cebola Jr. (1876-1967). Natural de Alcochete. "Médico psiquiatra, formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde foi discípulo Miguel Bombarda. Foi director clínico da Casa de Saúde do Telhal, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus (1911-1948), onde desenvolveu um trabalho médico inovador, pautado por uma elevada sensibilidade humana e social. Além das obras científicas, Luís Cebola também redigiu obras de natureza ficcional, mas inspiradas nas suas observações, experiências e reflexões como médico."
(Fonte: https://www.m-almada.pt/arquivohistorico/details?id=99908)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capas manchadas de humidade.
Muito invulgar.

Indisponível

01 agosto, 2020

BRAGA, Theophilo - OS CENTENARIOS COMO SYNTHESE AFFECTIVA NAS SOCIEDADES MODERNAS. Por... Porto, Typ. de A. J. da Silva Teixeira, 1884. In-8.º (14 cm) de X, 234 p. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de ensaios sobre personalidades universais e a época em que viveram, merecedores de homenagem, de acordo com o critério do autor
"No nosso trabalho intitulado Systema de Sociologia apresentamos a seguinte passagem:
«Não acompanhamos a concepção theologica de Comte em quanto ás suas fórmas religiosas, mas reconhecemos que nas sociedades modernas alguma cousa se passa, que tendendo a satisfazer necessidades de sentimento, vae ao mesmo tempo substituindo as religiões. A synthese activa está sendo realisada espontaneamente nas Exposições, formadas pelos productos dos esforços pacificos; a synthese affectiva, correspondendo ás novas noções moraes da solidariedade humana, manifesta-se pelos Centenarios dos Grandes Homens, ou dos grandes successos; a synthese especulativa como reconhecimento geral do poder espiritual da Sciencia, effectua-se por meio dos Congressos, em que a patria se alarga na humanidade.»
Como desenvolvimento e comprovação d'este pensamento, reunimos as nossas considerações sobre alguns sucessos europeus de alta significação moral, como os Centenarios de Camões, de Calderon, de Voltaire, do Marquez de Pombal, que nos accordam a consciencia da solidariedade da Civilisação occidental, na sua crise mais activa de transformação entre o seculo XVI e o seculo XVII. [...]
A Civilisação vencendo a estabilidade dos seus elementos tradicionaes, confere e veneração do merecimento. É n'este momento da historia que os Centenarios dos Grandes Homens se tornam a syntheses affectiva d'esta nova concordia moral. Cairam os velhos mythos religiosos diante da concepção scientifica do universo; decaíram do seu esteril perstigio as classes privilegiadas; perderam o respeito as instituições anachronicas da politica empirica. Effectivamente sob esta poderosa acção critica do seculo, falta-nos um objecto para a nossa veneração condigno da nossa altura moral."
(Excerto do Proloquio)
Indice:
Proloquio. |  § I. O Centenario de Camões: I - Ideia subjectiva do Centenario; II - Biographia de Camões; III - Effeito moral do Centenario. | § II. O Centenario de Calderon: I - Plano e sentido moral; II - A significação politica. | § III. O Centenario de Voltaire: Ideia geral sobre o seculo XVIII. | § IV. O Centenario de Diderot. | § V. O Centenario do Marquez de Pombal: I - Valor historico do Centenario; II - As duas gerações; III - O espirito do seculo XVIII nas sciencias e na politica; IV - A Democracia portugueza e o Centenario; | V - Depois das festas: conclusões moraes.
Belíssima encadernação inteira de pele. Lombada trabalhada, com nervuras e motivos ornamentais a ouro, título e autor dourados sobre rótulo carmim e a figura de Teófilo Braga com o seu inconfundível guarda chuva gravado a seco e a ouro na pasta anterior. Preserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Marca de biblioteca na capa frontal. Miolo escurecido com picos de acidez, sobretudo nas primeira folhas do livro.
Raro.
Peça de colecção.
45€
Reservado

31 julho, 2020

PIMENTEL, Alberto – PORTUGAL DE CABELLEIRA. Pará, Livraria Universal de Tavares Cardoso & C.ª, 1875. In-8.º (18 cm) de 248 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante conjunto de contos e crónicas, com especial relevância para a que desenvolve o assunto que dá o título à obra - Barba e bigode.
"Na maior parte dos casos, a cabelleira esconde a velhice, não a velhice amollentada com dolorosos achaques, e indifferente ás alegrias do mundo, mas a que se sente ainda vivedoura, forte, crente, e continúa, com os olhos no futuro, a gloriosa serie de façanhas passadas. Portugal está exactamente n'estas condições. Tem a sua velhice de sete seculos, e portanto uma historia de setecentos annos. A sua cabelleira representa, como geralmente acontece, antiguidade, commettimentos realisados, aventuras bem succedidas, proezas levadas a cabo, e ao mesmo tempo denuncia que não está morto o coração; que o braço feito ás armas, como disse Camões, não se desnervou ainda; e que a epopea das suas conquistas e descobertas não é por emquanto o epitaphio inscripto sobre o tumulo d'um heroe. [...] Vamos simplesmente levantar uma ponta do chinó, e esmiuçar, com leveza que obste ao aborrecimento, as paginas de antigos usos, costumes, aventuras, tradições e chronicas."
(Excerto de Razão do titulo)
"Diz-se que o homem foi feito á similhança do seu Creador, mas o que é certo é que o homem, por orgulhoso ou versatil, se tem feito, desfeito, refeito e contrafeito muitas vezes, sem se prender com a tradição do livro santo, que lhe impunha o dever de conservar-se na primitiva feitura. [...]
Já em Roma até cêrca do anno 295 antes de Christo uzaste barba comprida, e desde essa epocha em diante escanhoaste o queixo, excepto se andavas de luto. És sacerdote? Pouco importa. O barro é o mesmo."
(Excerto de Barba e bigode)
Indice:
I – Barba e bigode. II – A dama da cutilada. III – O Terreiro do Paço. IV – Os sinos d’Alpendurada. V – Rehabilitação do queijo por um documento antigo. VI – Ha dois seculos e meio. VII – As freiras. VIII – A antiga viação portugueza. IX – Um episodio da conquista de Lisboa. X – Como as borboletas se queimam. XI – Tradicção Setubalense – O convento de Jesus. XII – Tradicções antigas de Sant’Yago do Cacem. XIII – Um serão de Bocage.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Lombada fendida, com pequenas falhas de papel.
Muito invulgar.
Indisponível

30 julho, 2020

CARVALHO, Henrique de - A HEROINA DA ROTUNDA. Novella historica, amorosa e patriotica. Lisboa - V - X - MCMXI. Editor: O auctor. Lisboa, Typ. A Nacional, 1911. In-8.º (21,5 cm) de [12], 77, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Novela comemorativa do 1.º aniversário da proclamação da República, baseado no relato da própria "heroína da Rotunda", que terá participado nos acontecimentos revolucionários. Ao pedido do autor para escrever umas "notas simples" que guiassem o trabalho de elaboração da presente história, terá entregue um "relatório" - nas palavras de Henrique de Carvalho - "uma perfeita novella!", que ele apenas retocou, "tocando apenas aqui e ali alguma rebeldia de estylo ou bujarda grammatical, porque, como é sabido, as meninas bonitas são incompativeis com os compendios caturras da nossas escolas...".
Livro totalmente impresso sobre papel couché, ilustrado com cinco retratos (em página inteira) do autor, e de eminentes figuras republicanas a quem Henrique de Carvalho dedica a obra: Machado Santos; Antonio José d'Almeida; João Chagas; Ribeiro de Carvalho.
"Que noite, que noite a d'hontem!... Só uma grande coragem, ou antes, só um grande amor faria que eu, timida e delicada criança, me tansformasse n'uma revolucionaria feroz, n'uma heroina! Sim. E todos se vão admirar quando souberem que a filha do general***, aquella morena esbelta que d'antes descia saltitante o Chiado, é nada menos que o sujo gavróche que alinhava estas notas, sobre o montão das barricadas da Rotunda, a carabina entre os joelhos, os olhos bebendo no sol os rutilos clarões da esperança libertadora...
Ai, se elles dessem pelo meu disfarce... que vergonha e que troça!... Jorge, o noivo querido, que, prostrado de fadiga, acolá repousa estendido de papo para o ar, era capaz de enlouquecer de desespero... Se elle soubesse!... Não calculam o trabalho que tenho para me furtar ás suas vistas... é como o jogo das escondidas..."
(Excerto do Cap. I)
Bonita encadernação inteira de percalina com a bandeira nacional e ferros gravados a ouro na pasta anterior.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito raro.
Com interesse histórico.
65€ - Reservado

29 julho, 2020

CAIS, Luís do - TEMPESTADES CICLÓNICAS. Separata do «Boletim da Pesca». [Regras práticas para a manobra do navio]. [Por]... Capitão de Mar e Guerra. Lisboa, Editora Marítimo Colonial, Lda, [194-]. In-8.º (20,5 cm) de 55, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Trabalho informativo sobre manobra de navios em áreas de tempestades ciclónicas e a sua justificação.
Livro ilustrado ao longo do texto com tabelas numéricas, mapas e desenhos esquemáticos.
"As tempestades ciclónicas, bem como a maior parte dos fenómenos atmosféricos, são devidas à coexistência e ao choque de massas de ar a temperaturas diferentes.
A desigual distribuição da temperatura e as suas variações na superfície da Terra, causadas principalmente pela radiação solar, dão origem aos fenómenos de pressão na atmosfera (depressões e altas pressões)."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa manchada.
Invulgar.
15€

28 julho, 2020

GRAINHA, Prof. M. Borges - HISTORIA DO COLÉGIO DE CAMPOLIDE DA COMPANHIA DE JESUS : escrita em latim pelos padres do mesmo colégio onde foi encontrado o manuscrito. Traduzida e prefaciada pelo Prof. M. Borges Grainha e mandada publicar pela Comissão Parlamentar nomeada pela Câmara dos Deputados da República Portuguesa para proceder ao exame dos papéis dos Jesuítas. Coímbra, Imprensa da Universidade, 1913. In-4.º (23,5 cm) de  LXXVI, 148 p. ; il. ; B.
Importante monografia sobre o Colégio de Campolide.
Livro ilustrado com estampas extratexto que reproduzem membros da Companhia, vistas do interior e exterior do Colégio, documentos fac-símile, etc.
Índice:
Esclarecimentos preliminares para a exacta compreensão desta história. | I – Porque se publica em primeiro logar a História do Colégio de Campolide. II – O documento em si e o seu valor histórico e literário. III – O Fundador do Colégio de Campolide e os motivos da sua misteriosa vida jesuítica. IV – Colégios para pobres transformados em colégios para ricos e relutância dos jesuítas em gastar dinheiro com o ensino de crianças pobres. V – Antipatriotismos dos jesuítas portugueses. Algumas das suas casas colocadas sob nomes de estrangeiros e resultados pitorescos e aflitivos dessa manigância. VI – Os jesuítas para se restabelecerem em Portugal foram auxiliados pela família rial, pelo alto clero, pelos chefes políticos, pelos altos funcionários, e pela aristocracia e burguesia afidalgada. VII – Engrandecimento material do Colégio de Campolide com o dinheiro das beatas, dos amigos e dos alunos. VIII – Instrução e educação dos alunos de Campolide e dos outros colégios jesuíticos, deficiência do ensino e fanatismo religioso e monárquico da educação. IX – Influência religiosa, social e política dos padres de Campolide. As Festas e as Congregações dos antigos alunos. Exercícios ao Clero. O Partido Nacionalista e as lutas eleitorais.
História do Colégio de Campolide. [Tradução da história do Colégio de Campolide em 2 capítulos introdutórios, seguidos de outros 44, por ordem cronológica, que compreende o período da sua história entre 1854 e Agosto de 1909].
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falha de papel nos cantos, e rasgão (sem perda de papel) na capa posterior.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

27 julho, 2020

CADERNOS DE REPORTAGEM - N.º 5; Fevereiro/Março de 1984. Direcção: Fernando Dacosta. [Lisboa], Relógio d'Água, Editores, Limitada, 1984. In-8.º (18,5x21 cm) de 57, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa: "Quando mato alguém fico um bocado deprimido". Criminosos Entrevistados na Cadeia por Jorge Trabulo Marques.
Conjunto de entrevistas a 3 dos mais conhecidos marginais dos anos 70/80 efectuadas nas penitenciárias onde cumprem penas elevadas. Nos depoimentos fazem um balanço da sua vida de crime, preenchidas com episódios aparatosos, e falam do dia a dia na cadeia - as condições de vida, a droga, os ajustes de contas, a homossexualidade, o relacionamento com os guardas prisionais, etc.
Livro ilustrado ao longo do texto com fotografias dos meliantes.
"Condenado em Junho de 1981 por homícidio e roubo a 22 anos e 11 meses de prisão maior, quando já cumpria, por motivos idênticos, 12 anos de pena, Manuel Alentejano é de há muito uma legenda no mundo da marginalidade. Manuel Pedro Ramalho Dias, o seu verdadeiro nome, nasceu em Portel a 10 de Agosto de 1951. Uma infância de abandonos a tira-o para a pequena delinquência onde se revela, pela frieza de emoções, a rapidez de actuação e a capacidade de comando, uma figura de personalidade invulgar.
Dotado de grande inteligência, coragem e sensibilidade, Manuel Alentejano faz-nos (na entrevista e no Diário que publicamos a seguir) revelações de surpreendente perturbação.
Recapturado em Lisboa depois de uma fuga do tribunal da Boa Hora onde estava a ser ouvido para novo julgamento, foi metido no Estabelecimento Prisional de Lisboa (aí o encontrámos) após o que o transferiram para a penitenciária de Pinheiro da Cruz."
(Quando mato alguém fico um bocado deprimido, Introdução)
"Conhecido por Muleta Negra, Carlos Alberto Coelho Guerreiro é um dos nomes mais populares do mundo do crime português devido a inúmeros assaltos, roubos, prisões, embustes e fugas que realizou. Com 28 anos de idade, natural de Lisboa, bate-chapas de profissão, encontra-se a cumprir pena de 16 anos por decisão do Tribunal de Justiça (Abril 77).
Antes de ser preso, Muleta Negra, pertencia a uma quadrilha especializada em assaltos a ourivesarias que actuou com grande êxito de 1972 a 1974 nas zonas de Lisboa, Vila Franca de Xira e Tomar. Nesse ano foi capturado na Amadora após ter travado luta violenta com a polícia."
(Fizeram de mim um mito, Introdução)
"Por se encontrar a cumprir a parte final da pena a que foi condenado e, portanto, prestes a ser posto em liberdade, não revelamos a identidade do burlão que nos deu a entrevista que se segue.
Trata-se de um dos casos mais ousados da pequena história criminal (sociológica) portuguesa, famoso hoje pela sua inteligência, perspicácia, comunicabilidade e poder de persuasão."
(Histórias de um vigarista, Introdução)
Índice:
1. «Quando mato alguém fico deprimido» - Manuel Alentejano. | 2. Diário de Manuel Alentejano. Extracto de um longo diário escrito na cadeia por Manuel Alentejano a partir de 1979, e que constitui um documento de rara sensibilidade, inteligência, sufocação e amargura. | 3. «Fizeram de mim um mito» - Muleta Negra. | 4. Histórias de um vigarista [até vendeu um avião] - Identidade não revelada.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e criminal.
Indisponível

26 julho, 2020

LACERDA, Augusto de - O RABBI DA GALILÉA : romance sobre a Vida de Jesus. [Lisboa], Antiga Casa Bertrand - José Bastos - Livreiro Editor, [1904]. In-4.º (27 cm) de 1008 p. ; [1] f. il. ; il. ; E.
1.ª edição em livro.
Romance naturalista sobre a vida de Jesus. Na época causou polémica a forma como Lacerda apresentou Cristo - simples, humano -, imagem contestada pelas autoridades eclesiásticas de Portugal e Brasil, tendo sido desaconselhada a sua compra.
Livro ilustrado ao longo do texto com belíssimos desenhos de Alfredo Roque Gameiro (1864-1935) e Manuel de Macedo (1839-1915). Inclui um retrato do autor em separado, reprodução de uma aguarela de Roque Gameiro.
"Quem foi Jesus?
Eis uma pergunta que muitas pessoas teem dirigido a si proprias, ou vivam animadas da mais pura crença, ou do mais inveterado scepticismo.
Quem foi Jesus?
Por muito sincera que seja a humildade com que são recebidos os preceito do cathecismo christão, ou por muito radical que se affigure a antipathia, quasi sempre inconsciente, que esse cathecismo possa dispertar em certos espiritos - o positivo é que a grande maioria dos que constituem a massa geral do publico ignora a vida do fundador do christianismo.
Quem foi Jesus? perguntam aquelles que, apesar de todo o seu sentimento religioso, nunca leram os Evangelhos que a Egreja authenticou.
Quem foi Jesus? perguntam aquelles que, apesar das suas tendencias racionalistas, nunca passaram o olhar pelos livros em que a figura gigantea e inconfundivel do carpinteiro nazareno é illuminada pela critica historica. [...]
Almas simples, corações sinceros, consciencias puras, é com este livro que vos respondo, é para vós que eu o escrevo!"
(Excerto do Prefacio)
Encadernação editorial em tela com desenhos e dourados gravados nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. Com sinais de manuseio.
Invulgar.
Indisponível

25 julho, 2020

ANDRADE, Eng. Abel de Noronha e - O PROBLEMA DO TEJO. Melhoramento das suas condições de navigabilidade e de defesa dos seus campos marginais. Conferência realizada na séde da Ordem dos Engenheiros em 9 de Junho de 1939. Separata do Boletim da Ordem dos Engenheiros : N.os 38 a 41 - 1940. [Por]... Director da Hidráulica do Tejo. Lisboa, Gráfica Santelmo, 1940. In-4.º (25 cm) de 59, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante trabalho sobre a navegabilidade do Tejo e as cíclicas cheias do rio, com especial ênfase para os diques que o regulam, valas e canais.
Ilustrado com tabelas, planta e cortes transversais do Tejo, e desenhos esquemáticos dos diques ao longo das páginas de texto.

Livro muito valorizado pela dedicatória do autor ao Ministro da Justiça, Dr. Manuel Rodrigues Júnior.
"O problema do Tejo é um problema de vastidão e complexidade tais, dados os numerosos e importantes aspectos sob os quais pode ser encarado, que nem mesmo ao de leve é possível tratar ùtilmente, e na to, numa só palestra.
É incontestàvelmente um dos problemas hidráulicos de mais transcendente resolução no nosso País, tal a importância do rio e grandeza da sua bacia hidrográfica, a diversidade de características das regiões atravessadas pelo Tejo, pròpriamente, ou pelos seus numerosos afluentes, alguns dos quais importantíssimos por sua vez, e o carácter extremamente irregular e turbulento do seu regime. [...]
Na verdade, desde 1880 até pouco depois de 1930 pode dizer-se que as obras de defesa dos campos do Tejo estiveram pràticamente abandonadas, tão minguadas ou exíguas eram as verbas que, nos orçamentos do Estado, se destinavam à sua conservação e reparação.
E se se atender a que justamente neste longo período houve algumas cheias de violência extraordinária que nas obras causaram avarias gravíssimas e por vezes a sua ruína quási total, far-se á uma pálida idea do estado a que o conjunto chegou quando o Govêrno do Estado Novo pôde, uma vez restabelecido o equilíbrio financeiro, dedicar a sua atenção a êste e outros problemas semelhantes."
(Excerto de Consideração gerais)
Matérias: Considerações gerais. | Descrição sumária do Tejo e do seu regime. | As cheias do Tejo. | Obras de defesa e enxugo  existentes: O dique da Malã; O dique da Labruja; O dique dos Vinte; O dique de S. João; O dique da Boa Vista ou do Rebentão; O dique das O'nias; O dique de Valada; O dique do Arrepiado; O dique do Pinheiro; O dique Senhora das Dores; Diques longitudinais insubmersíveis [Tapadinha; Alverca; Cabido; Junceira; Caldeira; Gagos ou do Hospital; Torrinha ou do Migadalho]; O dique de Reguengo; O dique da Courela; O dique do Escaropim; O dique de Bilrete. | Propagação das cheias. | O estudo actual do Tejo - Siuas causas e conseqüências. | Resolução do problema. | Zona de Abrantes. | Zona de Constância. | Zona do Arrepiado à Chamusca. |  Zona de Tancos à foz do Almonda. | Zona da Chamusca ao Pôrto do Patacão. | Zona da foz do Almonda à foz do Alviela. | Zona do Pôrto do Patacão ao pôrto da Courela do Marquez. | Zona da foz do Alviela à Ribeira de Santarém. | Zona do pôrto da Courela do Marquez à foz do Sabugueiro. | Zona da Ribeira de Santarém à foz do canal de Azambuja. | Zona da foz do Sabugueiro à Ponta da Erva. | Zona da foz do canal de Azambuja até Vila Franca de Xira. | [Estimativa do custo de execução de obras: a( Criação do leito de estiagem; b) Construção de novos diques; c) Construção de esporões, barragens, defesas marginais, enrocamentos e plantações; d) Limpeza e regulação de afluentes; e) Refôrço de obras existentes. | Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta picos de acidez e mancha desvanecida de humidade à cabeça.
Raro.
Com interesse histórico e técnico.
40€

24 julho, 2020

COELHO, Alfredo S. Baptista - ESTUDOS SOBRE O GÉNERO FALCO. I. O falcão tagarote, Falco pelegrinóides Temminck. [Por]... da Sociedade Portuguesa de Ornitologia... Porto, Imprensa Portuguesa, 1971. In-4.º (23 cm) de 6, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Extracto do fascículo 3.º do volume I de Cyanopica : Boletim da Sociedade Portuguesa de Ornitologia.
Trabalho que faria parte de um plano mais alargado, no entanto apenas o presente estudo viria a ser publicado.
"Este primeiro trabalho de uma série dedicada ao género Falco tem por finalidade elucidar e corrigir um erro que desde 1879 se tem espalhado em Portugal, nomeadamente sobre a classificação do falcão Tagarote. [...]
Segundo uma recente publicação do «American Museum of Natural History» e da autoria do ornitólogo Charles Vaurie, o falcão Tagarote ou o antigo Falco barbarus está hoje classificado não como uma subespécie do peregrinus mas sim uma espécie diferente, o Falco pelegrinóides."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Contracapa com falha de papel na margem superior e inferior.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar registado na sua base de dados.
Indisponível

23 julho, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - O ROMANCE DE AMADIS. Composto sobre o Amadis de Gaula de Lobeira. Por... [Prefácio de Carolina Michaëlis de Vasconcellos]. Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, [1922]. In-8.º (17,5 cm) de XLI, [1], 216, [8] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Rara edição original de uma das mais conhecidas e apreciadas obras do autor que a dedica a seu pai: "Do pouco que fiz, creio que é isto o melhor: eis porque ofereço a quem, por sua ternura, de longe preparou as possibilidades de eu o fazer." Livro ilustrado com uma capitular, e duas bonitas gravuras em madeira - uma no início, e outra no final.
"Senhores, ouvide o romance de Amadis, o Namorado. Escreveu-o um velho trovador português, e depois um castelhano, trocando-lhe a língua e o jeito, da sua terra o levou. Mas já as mais nobres mentes de Espanha por nosso o dão.
Em Portugal tem a segunda pátria o espírito heróico e amoroso da Távola-Redonda.
E o conto é de amor fino e fiel, de português amor, rendido como êle é só.
Ao começar o romance de Amadis, invoco a memória do cavaleiro-poeta que o compôs, para que me alumie. Invoco o par para sempre enlaçado e vivo de Tristan e Iseu, que morreram de amor e dor ambos os dois.
E vós que amais com amor heróico e fiel, que amais o amor, ouvide a história como eu a senti."
(Excerto do Cap. I, Perion)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
30€

22 julho, 2020

BACELLAR, João - ALGUNS CASOS CRIMINAES : estudos antropológicos, psicológicos e sociaes. Por... Director da Cadeia Nacional de Lisboa. Lisboa, Oficinas Gráficas da Cadeia Nacional, 1922. In-8.º (22 cm) de [4], 247, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo comportamental realizado com presos violentos da Cadeia Nacional de Lisboa, numa época em que as disciplinas em sub-título e a ideia de reabilitação davam os primeiros passos.
Obra de fôlego projectada para vários tomos, no entanto apenas este volume viria a ser publicado.
Livro ilustrado com quadros e tabelas estatísticas ao longo das páginas de texto.
"D'entre os inumeros condenados que anualmente dão entrada na Cadeia Nacional de Lisboa, destaca-se, pelo interesse scientifico que disperta, um certo numero de delinquentes que merecem ser estudados como tipos criminaes.
Nenhun d'esses delinquentes indica, é certo, à primeira observação, estigmas degenerativos que mostrem tratar-se de tipos criminaes classicos, embora a preversão que manifestam nos convença de que só por virtude de grandes anomalias podiam ser levados  á sua execução.
Não queremos dizer com isto que unicamente os individuos anormaes possas ser dotados de sentimentos de preversão, ou que só estes individuos possam ser arrastados a actos crueis na execução dos seus crimes. Seria isso uma super-afirmação da escola antropologica, de que não somos adepto por forma absoluta. O que pretendemos dizer, é que a perversão demonstrada por esses delinquentes está tão longe das formas ordinarias da nossa criminalidade, que constitue um tipo anormal, digno de comparação e analise com alguns tipos já classificados pela moderna criminologia. São casos curiosos da criminalidade portuguesa, dignos de serem estudados, sob o ponto de vista antropologico, psicologico e social."
(Excerto de Cap. I, Preâmbulo)
Índice:
Capítulo I: [Preâmbulo.] - Estado Civil. - Profissão. - Naturalidade e Domicilio. - Factor Económico. - Instrução. - Educação. - Idade. - A Civilisação. - Hereditariedade. - Imitação e Contágio. - Alcoolismo. | Capítulo II. - Sistema Reformatorio.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falha de papel no canto inferior esquerdo.
Raro.
Com interesse histórico e criminal.
Indisponível