quinta-feira, setembro 29, 2005
Zezinha é a pior porque não é Ayn Rand...
O My Guide to your Galaxy comentou declarações de Maria José Nogueira Pinto sobre o realojamento de pessoas num "bairro social" na Musgueira (Lisboa), para concluir que a candidata do CDS à presidência da Câmara Municipal da capital se "contradiz". É que, apesar de Maria José Nogueira Pinto ter corajosamente criticado a auto-vitimização e a cultura da dependência de alguns realojados (seus potenciais eleitores, veja-se), a candidata alegadamente contradiz-se porque continua a advogar políticas municipais favoráveis à "habitação social". É verdade que todos os candidatos apoiam essas políticas, mas apenas ela criticou agora a mentalidade do dependentismo doentio da população, que é a verdadeira base "democrática" dessas políticas. Mas como Zezinha não foi Ayn Rand, defendendo pura e simplesmente (como aqui se defende) o fim daquelas políticas, é ela a escolhida para ser apontada e criticada. É o típico parti pris contra os candidatos do CDS. São os menos socialistas de todos e são aqueles que alguns liberais têm especial predilecção de eleger para "bater"... Incrível!
terça-feira, setembro 27, 2005
A melhor para Lisboa
Começou a campanha para as eleições autárquicas. Em Lisboa, há uma excelente candidata à presidência da Câmara Municipal. Mesmo que não ganhe, como merecia, dará uma excelente vereadora à cidade. L&LP relembra o seu apoio à lista apresentada pelo CDS e encabeçada por Maria José Nogueira Pinto. NÃO HÁ MOTIVOS PARA VOTOS OU ABSTENÇÕES DE PROTESTO QUANDO TEMOS ESTA CANDIDATA E ESTA LISTA.
sexta-feira, setembro 23, 2005
Reflexão sobre as "Noites à Direita"
Assisti ontem ao "Noites à Direita" no Teatro São Luiz, com António Mega Ferreira, Pedro Mexia e Rui Ramos. O projecto, como está anunciado desde o início ("Noites à Direita – Projecto Liberal"), despertou-me alguma desconfiança, por achar que os liberais não devem perder tempo com as noções de esquerda e de direita, que me parecem incompatíveis – e justapostas – às de liberalismo e iliberalismo. Julgo poder dizer que a noite de ontem confirmou as minhas suspeitas.
Dividir a política em esquerda e direita tem as consequências ontem observadas de ter o fascismo e o comunismo arrumados em campos antagónicos, tal como os liberais, para o efeito separados em "liberais de esquerda" e "liberais de direita". O absurdo foi parcialmente reconhecido pelos oradores, quando disseram que se identificavam mais com os "liberais" do outro lado do que com os "totalitários" do "seu" lado… Ora, o que se pergunta é: então, para que servem as designações de "esquerda" e "direita"?
Acabado de ler um livro de Richard Overy sobre o nazismo e o comunismo estalinista, no qual são patentes as suas enormes semelhanças e a comum rejeição radical do liberalismo, pergunto também: como é possível, perante isso, separá-los por uma linha divisória que divide também o liberalismo? E que semelhanças existem entre "liberais" e "totalitários" de esquerda? Ou "liberais" e "totalitários" de direita?
Os liberais, se o são realmente, deveriam estar preocupados em debater o liberalismo, não a "esquerda" e a "direita". Deveriam, por exemplo, aprofundar a proposta hayekiana de contrapor as tradições do iluminismo anglo-saxónico e do iluminismo continental. Nessa contraposição, muito mais fecunda, descobririam um método muito mais eficaz para clarificar a auto-reflexão de que o liberalismo está precisado. O caminho das "Noites à Direita" só enredará o liberalismo em caminhos que não são os seus.
Dividir a política em esquerda e direita tem as consequências ontem observadas de ter o fascismo e o comunismo arrumados em campos antagónicos, tal como os liberais, para o efeito separados em "liberais de esquerda" e "liberais de direita". O absurdo foi parcialmente reconhecido pelos oradores, quando disseram que se identificavam mais com os "liberais" do outro lado do que com os "totalitários" do "seu" lado… Ora, o que se pergunta é: então, para que servem as designações de "esquerda" e "direita"?
Acabado de ler um livro de Richard Overy sobre o nazismo e o comunismo estalinista, no qual são patentes as suas enormes semelhanças e a comum rejeição radical do liberalismo, pergunto também: como é possível, perante isso, separá-los por uma linha divisória que divide também o liberalismo? E que semelhanças existem entre "liberais" e "totalitários" de esquerda? Ou "liberais" e "totalitários" de direita?
Os liberais, se o são realmente, deveriam estar preocupados em debater o liberalismo, não a "esquerda" e a "direita". Deveriam, por exemplo, aprofundar a proposta hayekiana de contrapor as tradições do iluminismo anglo-saxónico e do iluminismo continental. Nessa contraposição, muito mais fecunda, descobririam um método muito mais eficaz para clarificar a auto-reflexão de que o liberalismo está precisado. O caminho das "Noites à Direita" só enredará o liberalismo em caminhos que não são os seus.
quarta-feira, setembro 21, 2005
MAPAS HISTÓRICOS
Israel sob David e Salomão (c. 1000-925 a. C.)
A Grécia em 431 a. C.
Atenas e Roma na Antiguidade
O Império Romano em 395 d. C.
Comércio asiático na Idade Média
A Europa em 1560
Portugal Continental em 1808 carta militar
O Rio de Janeiro em 1867
Caminhos de ferro em Portugal 1895
A Europa em 1911
O Império Austro-Húngaro em 1911
Jerusalém em 1912
MH
José do Carmo e L&LP sobre condição militar
COMENTÁRIO DE JOSÉ DO CARMO:
Os militares não têm a capacidade de reivindicação reconhecida a qualquer outro grupo profissional porque se parte do princípio que estão protegidos pelo sistema do “dever de tutela”.
Ora o “dever de tutela”, é uma variante de despotismo esclarecido, que se baseia no pressuposto iluminista de que os chefes, a todos os níveis, nortearão sempre a sua acção pela salvaguarda dos interesses dos seus subordinados.
Teóricamente é um sistema perfeito.
Só que, como todos os sistemas perfeitos, esbarra na complexidade da natureza humana. Necessita de chefes ideais e autênticos homens novos, do género daqueles que deveriam integrar as sociedades utópicas dos amanhãs que cantam.
Mas, na prática, cada chefe é também um indivíduo com os seus próprios problemas , desejos e ambições muitas vezes divergentes dos interesses dos seus tutelados.
E em concreto, na nossa organização militar, os chefes militares são nomeados por exclusivos critérios de confiança política.
Devem pois lealdade a quem os escolhe e nomeia. E ainda que surjam alguns dilemas éticos, a maioria, quando na charneira de um conflito entre aqueles a quem devem lealdade e aqueles cujos interesses devem tutelar , tenderá, humanamente a conciliar as coisas, colocando uns o amor a el-rei acima do bem dos homens, outros ficando de mal com el-rei por amor dos homens. Ora a natureza darwinista do processo de ascenção numa organização deste tipo, facilmente nos faz perceber o que vai paulatinamente acontecendo aos segundos, pelo que no topo surgirão apenas os que tendem a “estar de bem com El-Rei”.
Ora se os homens do topo não defendem “bem” os interesses profissionais dos seus subordinados, e estes também não o podem fazer, quem levará a cabo tal tarefa, num país onde as elites cultivam uma atitude dita “anti-militarista”, ostentando com orgulho currículos onde a fuga “à tropa” , é vista como uma atitude digna de mérito e reveladora de qualidades individuais?
Parece pois evidente que este sistema não serve. Na verdade, se fosse um bom sistema, em nenhum sector de actividade seriam necessárias associações, grupos, sindicatos.
Num mundo perfeito, todos zelariam pelos interesses dos seus empregados, subordinados, etc.
No mundo real, cada um faz isso até ao exacto ponto em que os seus próprios interesse não estão em causa. É assim que as coisas são, goste-se ou não.
Mas a reacção epidérmica de alguns políticos, de contestação à manifestação, funda-se, em minha opinião, em assombramentos que povoam o universo mental de muita gente que viveu o PREC e a turbulência político-militar desse período e busca raízes mais profundas na história da 1ª República.
E contudo os tempos mudaram, As novas gerações de militares já não vivem atemorizados por fantasmas que nunca conheceram e não confundem o princípio constitucional da subordinação do poder militar ao poder político, com a mera relação “empregador-empregado”.
Para eles, este tipo de tabus, são meros anacronismos, que a consolidação democrática remeteu para os baús da história.
Meditar e aprender com eles é algo de positivo. Ficar refém de assombrações é, em muitos casos, um pretexto para evitar encarar os problemas.
As próprias chefias militares teriam muito a ganhar se não obstruíssem o associativismo agitando profecias apocalípticas de caos, anarquia e manipulação e lançando-o objectivamente na órbita manipulatória da esquerda saltitante.
E se dúvidas houver, que se analisem com o espírito aberto os casos de países que, como a Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Irlanda etc. compartilham o nosso universo político e social.
E porque todos queremos acima de tudo o bem da Cidade, os seus guardiões não devem ser tratados como cidadãos de segunda a quem se deserda de alguns direitos fundamentais, procurando igualar o resto.
Os melhores cumprimentos
José do Carmo
RESPOSTA DO L&LP:
Admitindo que possa ter razão quanto ao associativismo como coadunável com o princípio da cadeia de comando, não posso, no entanto, concordar que existam entre os militares comportamentos contrários ao que a Lei lhes exige. Até a Lei ser modificada, não podem realizar manifestações ilegais. O mesmo em relação à Polícia. Era só isto que estava em causa. No entanto, julgo que a Lei deve realmente proibir a manifestação pública de militares, pelo que o quadro actual me parece razoavelmente equilibrado. Pelo tipo de missão e disciplina a que estão sujeitos, não me parece que a reunião pública de militares se deva fazer fora do quadro da cadeia de comando e da sua missão específica, pelo que fica excluído qualquer tipo de "manifestação".
Já as associações sócio-profissionais legais devem poder fazer sentir junto das chefias e do ministro da tutela aquilo que pensam sobre as condições em que exercem a sua missão – nada contra. Mas isto é o que já se passa. O problema, como começou por apontar, é que os militares têm estado numa posição desfavorável na competição com os funcionários civis do Estado na luta pelo quinhão próprio do orçamento; mas, aqui, o que se tem de mudar é a capacidade dos funcionários civis do Estado para pressionarem nesse sentido o próprio Estado, o que só será possível com uma radical diminuição do seu número, de modo a deixarem de ser uma clientela eleitoral tão obvia.
Outro problema, resolúvel pela mesma solução, é o Estado resumir as suas funções àquilo que verdadeiramente lhe compete: a Defesa e a Justiça. É que os militares são obvias vítimas do Estado Social em que vivemos: distraído com tantas coisas que competem à sociedade civil (Saúde, Educação), o Estado não garante dignidade nem funcionalidade às suas funções primordiais: o sistema de Justiça e o sistema de Defesa.
Os militares não têm a capacidade de reivindicação reconhecida a qualquer outro grupo profissional porque se parte do princípio que estão protegidos pelo sistema do “dever de tutela”.
Ora o “dever de tutela”, é uma variante de despotismo esclarecido, que se baseia no pressuposto iluminista de que os chefes, a todos os níveis, nortearão sempre a sua acção pela salvaguarda dos interesses dos seus subordinados.
Teóricamente é um sistema perfeito.
Só que, como todos os sistemas perfeitos, esbarra na complexidade da natureza humana. Necessita de chefes ideais e autênticos homens novos, do género daqueles que deveriam integrar as sociedades utópicas dos amanhãs que cantam.
Mas, na prática, cada chefe é também um indivíduo com os seus próprios problemas , desejos e ambições muitas vezes divergentes dos interesses dos seus tutelados.
E em concreto, na nossa organização militar, os chefes militares são nomeados por exclusivos critérios de confiança política.
Devem pois lealdade a quem os escolhe e nomeia. E ainda que surjam alguns dilemas éticos, a maioria, quando na charneira de um conflito entre aqueles a quem devem lealdade e aqueles cujos interesses devem tutelar , tenderá, humanamente a conciliar as coisas, colocando uns o amor a el-rei acima do bem dos homens, outros ficando de mal com el-rei por amor dos homens. Ora a natureza darwinista do processo de ascenção numa organização deste tipo, facilmente nos faz perceber o que vai paulatinamente acontecendo aos segundos, pelo que no topo surgirão apenas os que tendem a “estar de bem com El-Rei”.
Ora se os homens do topo não defendem “bem” os interesses profissionais dos seus subordinados, e estes também não o podem fazer, quem levará a cabo tal tarefa, num país onde as elites cultivam uma atitude dita “anti-militarista”, ostentando com orgulho currículos onde a fuga “à tropa” , é vista como uma atitude digna de mérito e reveladora de qualidades individuais?
Parece pois evidente que este sistema não serve. Na verdade, se fosse um bom sistema, em nenhum sector de actividade seriam necessárias associações, grupos, sindicatos.
Num mundo perfeito, todos zelariam pelos interesses dos seus empregados, subordinados, etc.
No mundo real, cada um faz isso até ao exacto ponto em que os seus próprios interesse não estão em causa. É assim que as coisas são, goste-se ou não.
Mas a reacção epidérmica de alguns políticos, de contestação à manifestação, funda-se, em minha opinião, em assombramentos que povoam o universo mental de muita gente que viveu o PREC e a turbulência político-militar desse período e busca raízes mais profundas na história da 1ª República.
E contudo os tempos mudaram, As novas gerações de militares já não vivem atemorizados por fantasmas que nunca conheceram e não confundem o princípio constitucional da subordinação do poder militar ao poder político, com a mera relação “empregador-empregado”.
Para eles, este tipo de tabus, são meros anacronismos, que a consolidação democrática remeteu para os baús da história.
Meditar e aprender com eles é algo de positivo. Ficar refém de assombrações é, em muitos casos, um pretexto para evitar encarar os problemas.
As próprias chefias militares teriam muito a ganhar se não obstruíssem o associativismo agitando profecias apocalípticas de caos, anarquia e manipulação e lançando-o objectivamente na órbita manipulatória da esquerda saltitante.
E se dúvidas houver, que se analisem com o espírito aberto os casos de países que, como a Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Irlanda etc. compartilham o nosso universo político e social.
E porque todos queremos acima de tudo o bem da Cidade, os seus guardiões não devem ser tratados como cidadãos de segunda a quem se deserda de alguns direitos fundamentais, procurando igualar o resto.
Os melhores cumprimentos
José do Carmo
RESPOSTA DO L&LP:
Admitindo que possa ter razão quanto ao associativismo como coadunável com o princípio da cadeia de comando, não posso, no entanto, concordar que existam entre os militares comportamentos contrários ao que a Lei lhes exige. Até a Lei ser modificada, não podem realizar manifestações ilegais. O mesmo em relação à Polícia. Era só isto que estava em causa. No entanto, julgo que a Lei deve realmente proibir a manifestação pública de militares, pelo que o quadro actual me parece razoavelmente equilibrado. Pelo tipo de missão e disciplina a que estão sujeitos, não me parece que a reunião pública de militares se deva fazer fora do quadro da cadeia de comando e da sua missão específica, pelo que fica excluído qualquer tipo de "manifestação".
Já as associações sócio-profissionais legais devem poder fazer sentir junto das chefias e do ministro da tutela aquilo que pensam sobre as condições em que exercem a sua missão – nada contra. Mas isto é o que já se passa. O problema, como começou por apontar, é que os militares têm estado numa posição desfavorável na competição com os funcionários civis do Estado na luta pelo quinhão próprio do orçamento; mas, aqui, o que se tem de mudar é a capacidade dos funcionários civis do Estado para pressionarem nesse sentido o próprio Estado, o que só será possível com uma radical diminuição do seu número, de modo a deixarem de ser uma clientela eleitoral tão obvia.
Outro problema, resolúvel pela mesma solução, é o Estado resumir as suas funções àquilo que verdadeiramente lhe compete: a Defesa e a Justiça. É que os militares são obvias vítimas do Estado Social em que vivemos: distraído com tantas coisas que competem à sociedade civil (Saúde, Educação), o Estado não garante dignidade nem funcionalidade às suas funções primordiais: o sistema de Justiça e o sistema de Defesa.
segunda-feira, setembro 19, 2005
Estagflação uber alles
As eleições de ontem na Alemanha tornaram evidente que a "locomotiva" da União Europeia está irremediavelmente a perder o vapor… Os Alemães rejeitaram encarar de frente os problemas do seu estado social, o que só seria possível com uma coligação CDU/CSU e FDP. O espectáculo terceiro mundista de todos a reclamarem vitória ficará como um género de ponto de não regresso do declínio da Alemanha que se ergueu das cinzas do III Reich. Ingovernável, com uma esquerda radical em ascensão e sem vontade de pôr em causa um modelo social a médio prazo arruinante, a Alemanha está a tornar-se uma forte candidata a breve defensora de políticas monetárias irresponsáveis na Zona Euro, como modo de iludir as crescentes dificuldades orçamentais e a fuga às soluções "ortodoxas".
Neste contexto, e uma vez que há bom senso aparente no SPD de evitar uma coligação marcadamente de esquerda SPD-Verdes-Linke, uma "grande coligação" CDU-SPD é desaconselhável porque deixaria quase tudo como está e alimentaria a esquerda radical na oposição. A "grande coligação" seria a transposição para a Alemanha do antigo modelo austríaco de partilha do poder em nome do situacionismo. A solução melhor, até para a CDU/CSU se poder vir a apresentar como alternativa, será o FDP integrar a actual coligação no poder (SPD-Verdes), forçando a correcção de algumas políticas internas no sentido do Mercado e, provavelmente, retirando aos Verdes a pasta dos negócios estrangeiros. Trata-se da "coligação do semáforo" (SPD vermelho+FDP amarelo+Verdes), como por lá se diz nos últimos tempos. Não é bom, mas é capaz de ser o menos mau nas actuais circunstâncias.
quarta-feira, setembro 14, 2005
"Tropa" ou instituição militar?
As forças armadas são uma necessidade constitucional de qualquer Estado, mas podem ser também, como sabemos da nossa história e da alheia, uma ameaça à ordem constitucional e à liberdade. Têm, por isso, de se pautar por regras muito rigorosas de disciplina interna e de obediência ao poder constitucionalmente legítimo.
Mas os militares portugueses têm um hábito muito antigo de se comportarem como simples funcionários públicos fardados, pouco habituados aos sacrifícios da vida militar e primacialmente preocupados com os aspectos pecuniários e burocráticos das suas "carreiras". Acontece que a condição militar não se compadece com uma atitude de fundo deste género e muito menos com acções públicas e organizadas de pressão sobre os órgãos de soberania, seja com que objectivo for.
A recente profissionalização das forças armadas e a valorização dos "corpos de elite" no seu seio é o caminho para afastar os vícios históricos criados na instituição militar pelo conceito pernicioso da "nação em armas", que transportou para o exército e para a armada a politiquice e o modo de estar do funcionário público.
Na verdade, os senhores militares entram para as forças armadas para servir e obedecer. Pode parecer seco e bruto dizer-se isto assim, mas não há outra forma de definir a condição militar dentro de um Estado constitucional: servir e obedecer. Quem não se acha moldado para essa vida, é bom que não queira nada com ela, para depois não se "queixar" de uma instituição cuja natureza é conhecida e que não sobrevive à cultura reivindicativa da lamúria e da pressão.
A liberdade constitucional dos "civis" fica ameaçada quando as pessoas que compõem os corpos armados do Estado se julgam com o direito de ignorar tudo isto e organizar manifestações que, além de contranatura, são pura e simplesmente ilegais. Só aqueles que estão apostados na partidarização dos militares podem menorizar este aspecto fundamental.
O que se espera agora é que o Governo puna exemplarmente os responsáveis por estes actos que violam a Lei e que as chefias militares saibam dar toda a sua colaboração nessa acção, sem complexos corporativos. Porque as chefias militares devem lealdade à ordem constitucional e aos órgãos de soberania que dentro dela exercem a autoridade política e não a uma corporação informal chamada "tropa". É que, se em vez de forças armadas, o que podemos ter é a "tropa", então mais vale dissolver-se esse corpo armado que se torna numa ameaça potencial à liberdade civil e corrermos o risco porventura menor de não termos condição militar.
sexta-feira, setembro 09, 2005
LWL actualizados
Foram actualizados os LOYAL WHIG LINKS (clicar aqui ao lado), com várias ligações sobre o lealismo histórico na América do Norte, entre outros conteúdos. Mas, nesta actualização, recomenda-se sobretudo o artigo de Leland B. Yeager, com uma defesa "libertária" da monarquia hereditária. Com muitos argumentos para os cépticos ponderarem (e próximos dos apresentados nos EDN - clicar aqui ao lado em NEOCARTISMO). Boas leituras.
Autárquicas 2005
quinta-feira, setembro 08, 2005
Portugal em 34.º no "Economic Freedom of the World"
Já está disponível o relatório "Economic Freedom of the World" de 2005, editado pelo Fraser Institute (Canadá). Com um critério com alguma margem de falibilidade (obviamente), os vários países são posicionados numa escala de 0 (não livres) a 10 (completamente livres). O relatório pode ser consultado aqui. Não é obviamente recomendado a quem não advogue os pressupostos da liberdade económica, caros aos adeptos da iniciativa privada e do Estado mínimo (como o L&LP). Portugal está com cada vez mais países à frente, como é o caso da Hungria, cujo actual posicionamento mostra bem os anos que temos queimado a evitar liberalizar a sério a nossa economia. (Obrigado ao Miguel pela informação na lista interna da Causa Liberal.)
quarta-feira, setembro 07, 2005
Leitura optimista do "mensalão"
A excelente revista brasileira VEJA tem estado, nos seus últimos números, a investigar a corrupção no sistema político no Brasil. O "mensalão" tem sido o prato principal, mas, nas últimas semanas, apareceram as negociatas do ministro da Fazenda e as do presidente da Câmara dos Deputados (nesta capa, do último número). Com tanta coisa pouco edificante nos órgãos de soberania do seu país, os Brasileiros estão deprimidos, um pouco como os Portugueses (por outros motivos também pouco risonhos).
Mas, por estranho que possa parecer, o caso do "mensalão" também tem um lado positivo. Desde logo porque foi denunciado e os políticos envolvidos estão a ser expostos ao escrutínio dos seus pares e da opinião pública. Depois, porque ele demonstra que, no sistema brasileiro, existe um grau considerável de separação de poderes. Se o legislativo (ou a maioria parlamentar) fosse, como na generalidade dos regimes "parlamentaristas", uma simples correia de transmissão do executivo, este não teria de comprar votos no parlamento (porque já lhe pertenceriam, obedientemente, como por cá acontece).
E entre ter a completa fusão dos poderes legislativo e executivo típica do "parlamentarismo" que conhecemos (governo de cor x + maioria parlamentar de cor x = a poder incontestado do líder da cor x, que é primeiro-ministro) e um regime de maior separação em que, por vezes, se descobrem falcatruas como a do "mensalão" (uma prática que a Coroa britânica era acusada de tentar praticar no século XVIII), eu talvez prefira a segunda. É que, por cá, o executivo nem tem de se dar ao trabalho de tentar corromper deputados para conseguir levar a sua avante: os deputados, que ninguém real representam, já são criaturas suas! Ou seja, o facto de um caso de corrupção como este não existir num sistema político pode, paradoxalmente, ser indício de problemas constitucionais maiores do que os existentes num sistema onde ele existe.
terça-feira, setembro 06, 2005
Depois do "blame game"...
Diz o "Economist":
"Almost everyone in need of food and other supplies in the wake of Hurricane Katrina now has access to them, and the evacuation of New Orleans is largely complete. Who is to blame for the botched relief effort: George Bush, local officials, or no one in particular?"
Depois do "blame game", o facto é que foram evacuadas quase um milhão e meio de pessoas e que uma catástrofe destas, a ocorrer em qualquer outro país do mundo, teria tido consequências bem piores. O balanço do "Economist" pode ser lido aqui.
segunda-feira, setembro 05, 2005
O Katrina e as costas largas dos liberais
A propósito da actual tragédia americana, Miguel Noronha, no "Insurgente", esclarece que quem está a "falhar" nos Estados Unidos é o Estado Social (o existente, que Vital Moreira defende) e não o "estado mínimo" dos liberais (que ainda é uma utopia). aqui
sexta-feira, setembro 02, 2005
O "11 de Setembro" dos elementos?
quinta-feira, setembro 01, 2005
Da "silly season" à "rentrée"...
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