líria porto
eu de mim não me queria
minhas grandes inconstâncias
minhas tantas insolências
meu saltitar cansativo
e de mim quase abortei
então de mim fui ficando
fui gostando dessa mim
acomodando-me as beiras
e se eiras eu não tinha
agora tenho
eu de mim já muito quero
pus-me à frente em minha fila
mas porém sem holofote
dessa luz eu não preciso
tenho eu clarão de mim
*
domingo, 31 de janeiro de 2010
(peguei o sol no pulo) encruzilhada
líria porto
eu ando assim resumida
fogo de palha graveto
meu verso vive nos guetos
misto de fumaça e cinza
o que escrevo não gravo
minhas letras se desfazem
parece foram lambidas
pela língua do capeta
caneta e tinta secaram
engoli toda a saliva
agora diz-me o cansaço
é olho gordo ou feitiço?
*
eu ando assim resumida
fogo de palha graveto
meu verso vive nos guetos
misto de fumaça e cinza
o que escrevo não gravo
minhas letras se desfazem
parece foram lambidas
pela língua do capeta
caneta e tinta secaram
engoli toda a saliva
agora diz-me o cansaço
é olho gordo ou feitiço?
*
sábado, 30 de janeiro de 2010
a lenda da lia esplêndida e da lua desalmada (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
lia nasceu branquinha
em noite de lua clara
desde muito pequenina
quando olhava para cima
lia achava a lua linda
então lia lhe falava – vem
a lua não vinha
passaram-se muitos anos
lia nunca desistiu
toda vez que viu a lua
acenou e repetiu – vem
a lua não vinha
um dia lia velhinha
cabelos da cor da lua
a pele fina enrugada
ouviu a lua dizer – vem
e lia virou estrela
*
lia nasceu branquinha
em noite de lua clara
desde muito pequenina
quando olhava para cima
lia achava a lua linda
então lia lhe falava – vem
a lua não vinha
passaram-se muitos anos
lia nunca desistiu
toda vez que viu a lua
acenou e repetiu – vem
a lua não vinha
um dia lia velhinha
cabelos da cor da lua
a pele fina enrugada
ouviu a lua dizer – vem
e lia virou estrela
*
irracional
líria porto
arrasem-se os erres - eu morro
arredem meu horror
enterrem-me
e das torres corrijam-me os erros
esparramem os torrões
de terra
(vivi às turras)
*
arredem meu horror
enterrem-me
e das torres corrijam-me os erros
esparramem os torrões
de terra
(vivi às turras)
*
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
o casarão
líria porto
os quartos
as quatro bocas satisfeitas
os quatro risos fartos
as oitocentas opiniões
a cada pássaro que voava
ficava a imensidão
a saudade impregnada
nos espaços
) mudei-me
e no silêncio do casulo
desenho nas paredes
os nossos pares de asas (
*
os quartos
as quatro bocas satisfeitas
os quatro risos fartos
as oitocentas opiniões
a cada pássaro que voava
ficava a imensidão
a saudade impregnada
nos espaços
) mudei-me
e no silêncio do casulo
desenho nas paredes
os nossos pares de asas (
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - resgate
líria porto
sou refém da lua cheia
ela entra pelo quarto
conhece-me os beijos
os cheiros guardados
as sombras e crateras
do meu cativeiro
sou refém da meia-lua
ela me sabe os pedaços
as tristezas os segredos
invade-me à madrugada
assiste o amor arder
sem endereço
sou refém de mim
a lua é pretexto
*
sou refém da lua cheia
ela entra pelo quarto
conhece-me os beijos
os cheiros guardados
as sombras e crateras
do meu cativeiro
sou refém da meia-lua
ela me sabe os pedaços
as tristezas os segredos
invade-me à madrugada
assiste o amor arder
sem endereço
sou refém de mim
a lua é pretexto
*
compulsão
líria porto
escrever é desatino
não sei se sábio se tolo
palavras enclausuradas
são a causa do transtorno
acomodar-me é custoso
caminho na contramão
preciso de muita água
eu tenho febre malsã
joguei a corda a caçamba
toquei no fundo do poço
talvez eu fique e me afogue
faça fumaça sem fogo
*
escrever é desatino
não sei se sábio se tolo
palavras enclausuradas
são a causa do transtorno
acomodar-me é custoso
caminho na contramão
preciso de muita água
eu tenho febre malsã
joguei a corda a caçamba
toquei no fundo do poço
talvez eu fique e me afogue
faça fumaça sem fogo
*
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
tropeço na voz de minha mãe
líria porto
faz os deveres vai tomar banho
é hora de dormir escova os dentes
penteia os cabelos desce daí
não não podes
ou
vamos à casa da vovó fiz doce de leite
amanhã é teu aniversário trouxe teu presente
fiquei feliz quando nasceste
dá-me um beijo
:
muita vez odiei minha mãe
noutras a amei tanto
que tive medo
*
faz os deveres vai tomar banho
é hora de dormir escova os dentes
penteia os cabelos desce daí
não não podes
ou
vamos à casa da vovó fiz doce de leite
amanhã é teu aniversário trouxe teu presente
fiquei feliz quando nasceste
dá-me um beijo
:
muita vez odiei minha mãe
noutras a amei tanto
que tive medo
*
sujeira
líria porto
presos nas pontas dos dedos
os versos não se desprendem
fincam debaixo das unhas
*
presos nas pontas dos dedos
os versos não se desprendem
fincam debaixo das unhas
*
acorde
líria porto
rita moça prendada
não achava casamento
(violino)
dora cabeça de vento
tinha quatro pretendentes
(violão)
*
rita moça prendada
não achava casamento
(violino)
dora cabeça de vento
tinha quatro pretendentes
(violão)
*
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
gracias
líria porto
à vida não peço
da vida recebo de braços abertos
agradeço –– e pago com a mesma
moeda
*
à vida não peço
da vida recebo de braços abertos
agradeço –– e pago com a mesma
moeda
*
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
só
líria porto
quase nunca tanto
e assim tão pouco
tudo é muito
ou mais
então praticamente
agora é sempre
depois
sim e não
aliás
*
quase nunca tanto
e assim tão pouco
tudo é muito
ou mais
então praticamente
agora é sempre
depois
sim e não
aliás
*
regime
líria porto
segunda-feira é dia
de boas intenções
e de vontade
fraca
(segunda-feira é dia
de ressaca)
*
segunda-feira é dia
de boas intenções
e de vontade
fraca
(segunda-feira é dia
de ressaca)
*
domingo, 24 de janeiro de 2010
pesadelo
líria porto
naquele capítulo
di_versos ridículos
faziam-me sombra
faltavam estrelas
sobravam-me abelhas
lá dentro das fronhas
então me acordavam
secavam-me a tinta
rasgavam os papéis
no meio do apito
buscavam silêncio
em nada específico
expunham com sangue
na cor do martírio
a força do pânico
(fechei bem os olhos
porém não dormi)
*
naquele capítulo
di_versos ridículos
faziam-me sombra
faltavam estrelas
sobravam-me abelhas
lá dentro das fronhas
então me acordavam
secavam-me a tinta
rasgavam os papéis
no meio do apito
buscavam silêncio
em nada específico
expunham com sangue
na cor do martírio
a força do pânico
(fechei bem os olhos
porém não dormi)
*
milagres
líria porto
nossos dedos
brinquedos dos deuses
como abelhas ou aranhas
transformam as coisas mais simples
em obras de arte
*
nossos dedos
brinquedos dos deuses
como abelhas ou aranhas
transformam as coisas mais simples
em obras de arte
*
chumbo grosso
líria porto
a lua recebe marte
e o sol se desespera
insiste em ficar quieto
com a cabeça coberta
eu posso entender a lua
desfazer o compromisso
em tanto tempo de espera
passou a vida solita
não inventei esta história
eu vi marte e lua juntos
acordei de madrugada
havia risos e arrulhos
depois ao amanhecer
o céu estava nublado
concluí –– a fêmea deu
tiro certeiro no macho
(eu vou levar guarda-chuva)
*
a lua recebe marte
e o sol se desespera
insiste em ficar quieto
com a cabeça coberta
eu posso entender a lua
desfazer o compromisso
em tanto tempo de espera
passou a vida solita
não inventei esta história
eu vi marte e lua juntos
acordei de madrugada
havia risos e arrulhos
depois ao amanhecer
o céu estava nublado
concluí –– a fêmea deu
tiro certeiro no macho
(eu vou levar guarda-chuva)
*
amontanhado
líria porto
o poeta nasce velho
fala coisas estranhas
(sem cabimento)
só depois ele adolesce
e com o passar dos anos
do vento
vira menino
*
o poeta nasce velho
fala coisas estranhas
(sem cabimento)
só depois ele adolesce
e com o passar dos anos
do vento
vira menino
*
sábado, 23 de janeiro de 2010
(publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - desperdiçado de cor
líria porto
o que mais tenho vontade
é rasgar ao meio a tarde
pra guardar o azul
no bolso
*
o que mais tenho vontade
é rasgar ao meio a tarde
pra guardar o azul
no bolso
*
descuido
líria porto
quando a noite veio e tu não vieste
pousei o corpo em desalinho
no linho da cama que não arrumei
*
quando a noite veio e tu não vieste
pousei o corpo em desalinho
no linho da cama que não arrumei
*
estéril
líria porto
a minha fonte secou
só te peço um copo d'água
não há um pingo de orvalho
vida poeira essa vida
não há flores no jardim
murcharam-se-me as palavras
o riso se evaporou
ficou tão crespa minh'alma
plantara tanta ilusão
meus sonhos se desfolharam
já chorei todas as lágrimas
meus olhos ardem –– coitados
reclamo um pouco de tudo
e só me resta a mortalha
embrulhada num cantinho
da prateleira do nada
a minha fonte secou
só te peço um copo d'água
não há um pingo de orvalho
vida poeira essa vida
não há flores no jardim
murcharam-se-me as palavras
o riso se evaporou
ficou tão crespa minh'alma
plantara tanta ilusão
meus sonhos se desfolharam
já chorei todas as lágrimas
meus olhos ardem –– coitados
reclamo um pouco de tudo
e só me resta a mortalha
embrulhada num cantinho
da prateleira do nada
*
cefaleia
líria porto
quando fico ácida
sai de baixo
fica sobre meu corpo
e faz os movimentos
até que eu me esqueça
da dor de cabeça
*
quando fico ácida
sai de baixo
fica sobre meu corpo
e faz os movimentos
até que eu me esqueça
da dor de cabeça
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) ímpio
líria porto
escuto o silêncio de mãos postas
à espera de um ser que não existe
rezo uma oração (di/agnóstico)
a/teu coração - ó deus em riste
*
escuto o silêncio de mãos postas
à espera de um ser que não existe
rezo uma oração (di/agnóstico)
a/teu coração - ó deus em riste
*
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
adolescência (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
meu pezinho de limão
nem ainda adolesceu
cobriu-se de espinhos
será que vai entender
quando o corpo pequenino
produzir acidez?
*
meu pezinho de limão
nem ainda adolesceu
cobriu-se de espinhos
será que vai entender
quando o corpo pequenino
produzir acidez?
*
impotência
líria porto
arrogâncias
insolências
petulâncias
prepotências
tantas ânsias
e carências
como baldes
de água fria
*
arrogâncias
insolências
petulâncias
prepotências
tantas ânsias
e carências
como baldes
de água fria
*
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
invasão
líria porto
sem que possas peças
sem que o queiras
surge um ser um gesto
um olho verde
e antes de qualquer aviso
penetra pelas tuas margens
preenche teus vãos
tuas brechas
tua resistência
sem que possas peças
sem que o queiras
surge um ser um gesto
um olho verde
e antes de qualquer aviso
penetra pelas tuas margens
preenche teus vãos
tuas brechas
tua resistência
*
habite-se
líria porto
nós somos nossa morada
e conforme estejamos
um palácio um casebre
pequena água-furtada
rodeados de nós mesmos
sentimo-nos confiantes
ou desabitados
*
nós somos nossa morada
e conforme estejamos
um palácio um casebre
pequena água-furtada
rodeados de nós mesmos
sentimo-nos confiantes
ou desabitados
*
ainda
líria porto
nossos corpos se entrelaçavam – negamos os fatos o afeto
e a sombra que hoje te segue é a sombra antiga
que me acompanhava
*
nossos corpos se entrelaçavam – negamos os fatos o afeto
e a sombra que hoje te segue é a sombra antiga
que me acompanhava
*
me_teóricos
líria porto
existimos para poucos
seis gerações no máximo
as dos nossos pais e avós
a nossa própria geração
as dos nossos filhos/sobrinhos
netos e bisnetos
não mais
em cartas poemas lembranças
objetos histórias árvores
deixaremos marcas?
*
existimos para poucos
seis gerações no máximo
as dos nossos pais e avós
a nossa própria geração
as dos nossos filhos/sobrinhos
netos e bisnetos
não mais
em cartas poemas lembranças
objetos histórias árvores
deixaremos marcas?
*
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - adiamentos
líria porto
a lua esperava o sol
redonda um talismã
quando ela se despiu
ficou de manhã
o sol lambia a lua
o meio o lado as beiras
lamberia a face oculta
a nuvem veio
só amanhã
*
a lua esperava o sol
redonda um talismã
quando ela se despiu
ficou de manhã
o sol lambia a lua
o meio o lado as beiras
lamberia a face oculta
a nuvem veio
só amanhã
*
ceia
líria porto
os restos mortais da barata
levados pelas formigas
em piedoso cortejo
serão servidos em bifes
cozidos ou à bolonhesa?
*
os restos mortais da barata
levados pelas formigas
em piedoso cortejo
serão servidos em bifes
cozidos ou à bolonhesa?
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - ócio
líria porto
quão bom é dormir
numa cama à toa
igual a canoa
a alisar o rio
a nos transportar
para a outra margem
a sentir no dorso
o frescor da brisa
o corpo do amado
o sopro do cio
*
quão bom é dormir
numa cama à toa
igual a canoa
a alisar o rio
a nos transportar
para a outra margem
a sentir no dorso
o frescor da brisa
o corpo do amado
o sopro do cio
*
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
fogo-fátuo
líria porto
paixões infinitas
incendeiam-nos
avassalam-nos
depois deixam cinzas
guimbas e pigarros
*
paixões infinitas
incendeiam-nos
avassalam-nos
depois deixam cinzas
guimbas e pigarros
*
olha a garoa (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
amanheceu chuva fina
acabou-se a aguaceira
agora nossa senhora
coa nuvem na peneira
a minha serra cheirosa
vestiu manto de neblina
com roupa tão vaporosa
parece moça menina
mantém os olhos abertos
sem cortina sem vidraça
a vida é boa é bela
não a vês? — a vida passa
*
amanheceu chuva fina
acabou-se a aguaceira
agora nossa senhora
coa nuvem na peneira
a minha serra cheirosa
vestiu manto de neblina
com roupa tão vaporosa
parece moça menina
mantém os olhos abertos
sem cortina sem vidraça
a vida é boa é bela
não a vês? — a vida passa
*
estados de espírito
líria porto
verdes frondosos imperturbáveis
como grandes árvores
de repente
dependentes amarelos sufocantes
ervas de passarinho
*
verdes frondosos imperturbáveis
como grandes árvores
de repente
dependentes amarelos sufocantes
ervas de passarinho
*
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) reza de sétimo dia
líria porto
de mim não sabes metade
nenhum terço
e no escuro do quarto
requinto-me
:
amores
ao cesto
*
de mim não sabes metade
nenhum terço
e no escuro do quarto
requinto-me
:
amores
ao cesto
*
reverência (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
quem teve a primeira ideia
de pintar o céu de azul
semear nele umas nuvens
desfiar depois a chuva
colorir o chão de flores
lindos tons vário o verde
luz no sol branco na lua
sete cores no arco-íris
brilho em toda estrela
sem usar papel nem tinta
deslumbra-me
*
quem teve a primeira ideia
de pintar o céu de azul
semear nele umas nuvens
desfiar depois a chuva
colorir o chão de flores
lindos tons vário o verde
luz no sol branco na lua
sete cores no arco-íris
brilho em toda estrela
sem usar papel nem tinta
deslumbra-me
*
ao velho combatente
líria porto
se não me falha a memória
(e ela é bolha)
espalhei muita brasa
agora espelho
carvão
*
se não me falha a memória
(e ela é bolha)
espalhei muita brasa
agora espelho
carvão
*
domingo, 17 de janeiro de 2010
poema da tua ausência
líria porto
o meu passo oco
em teu quarto oco
e existe um oco
dentro do meu peito
abro teu armário
está quase oco
sinto este sufoco
escavar meu peito
olho tua foto
tão plena de riso
vem esta saudade
amassar meu peito
meu olhar tão oco
pleno de sem jeito
a pedir que venhas
preencher meu peito
*
o meu passo oco
em teu quarto oco
e existe um oco
dentro do meu peito
abro teu armário
está quase oco
sinto este sufoco
escavar meu peito
olho tua foto
tão plena de riso
vem esta saudade
amassar meu peito
meu olhar tão oco
pleno de sem jeito
a pedir que venhas
preencher meu peito
*
(para o livro sem pecado não tem salvação) minhas pobres rimas
líria porto
quão fora eu sem recato
sem timidez atrevida
jogar-me nua em teus braços
melhor não tivesse ido
cobriste com tua pele
meu corpo gasto sem viço
fiquei de ti tatuada
conforme fosse um tecido
depois partiste e eu sem nada
vivi invernos seguidos
*
sem timidez atrevida
jogar-me nua em teus braços
melhor não tivesse ido
cobriste com tua pele
meu corpo gasto sem viço
fiquei de ti tatuada
conforme fosse um tecido
depois partiste e eu sem nada
vivi invernos seguidos
*
sem nenhuma poesia
líria porto
gás comprimido à altura da cintura
flatos arrotos arrepios confundem o quadro
seja infarto coluna intestino - não o rim
meu filho único
(foi-se o outro
o ingrato)
*
gás comprimido à altura da cintura
flatos arrotos arrepios confundem o quadro
seja infarto coluna intestino - não o rim
meu filho único
(foi-se o outro
o ingrato)
*
sábado, 16 de janeiro de 2010
réchaud
líria porto
cheiro de chuva de chão de riacho
achego-me ao macho para o chá
o aconchego
:
a chama chamusca o rochedo
*
cheiro de chuva de chão de riacho
achego-me ao macho para o chá
o aconchego
:
a chama chamusca o rochedo
*
(paguei o sol no pulo) embornal
líria porto
eita vidinha capenga
a transportar na cacunda
esta vontade molenga
esta saudade iracunda
*
eita vidinha capenga
a transportar na cacunda
esta vontade molenga
esta saudade iracunda
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - ressurreição
líria porto
minha cara não te eclipses
em todos nós há crateras
a inércia faz escaras
escancara nossas vísceras
quando a vida se esfacela
vão-se os louros
e os morenos
*
minha cara não te eclipses
em todos nós há crateras
a inércia faz escaras
escancara nossas vísceras
quando a vida se esfacela
vão-se os louros
e os morenos
*
s.o.s
líria porto
tinha um país
houve uma guerra
a terra tremeu
morte dor fome
sede sofrimento
escombros
(deus é brasileiro
podia ter ido
com o exército)
*
tinha um país
houve uma guerra
a terra tremeu
morte dor fome
sede sofrimento
escombros
(deus é brasileiro
podia ter ido
com o exército)
*
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
conheço meu coração
líria porto
suponha que houvesse um beijo um abraço
um toque de mão um olhar demorado
e o insensato decidisse incendiar-nos
passamos da idade de saltar dos trapézios
equilibrar-nos em arames com sombrinhas de frevo
brincar de atiradores de facas
*
suponha que houvesse um beijo um abraço
um toque de mão um olhar demorado
e o insensato decidisse incendiar-nos
passamos da idade de saltar dos trapézios
equilibrar-nos em arames com sombrinhas de frevo
brincar de atiradores de facas
*
descarrilado
líria porto
o cargueiro leva ferro
leva ouro camuflado
dessas minas onde homens
valem menos que minério
passa passa passa passa
pasto
*
o cargueiro leva ferro
leva ouro camuflado
dessas minas onde homens
valem menos que minério
passa passa passa passa
pasto
*
gira pião
líria porto
a lua doida de pedra
arranca a roupa desnuda-se
revela em minha janela
a sua casa noturna
sorri pra mim ri de mim
coitado pobre poeta
não durmo mais eu não durmo
os olhos grudados nela
os sentimentos pululam
ai lua lua tão bela
ai lua minha translúcida
por ti troquei meio mar
por ti perdi meio mundo
o meu juízo trafega
nestas sequelas distúrbios
quando eu morrer me carrega
esconde-me nas tuas curvas
é que te amo te quero
(mi corazón arde en cuba)
*
a lua doida de pedra
arranca a roupa desnuda-se
revela em minha janela
a sua casa noturna
sorri pra mim ri de mim
coitado pobre poeta
não durmo mais eu não durmo
os olhos grudados nela
os sentimentos pululam
ai lua lua tão bela
ai lua minha translúcida
por ti troquei meio mar
por ti perdi meio mundo
o meu juízo trafega
nestas sequelas distúrbios
quando eu morrer me carrega
esconde-me nas tuas curvas
é que te amo te quero
(mi corazón arde en cuba)
*
urgências
líria porto
não carece outro amor
precisa é de um quilo de feijão
de um pouco de pão e leite
os meninos não comem desde ontem
e a pensão alimentícia só vem
no fim do mês
*
não carece outro amor
precisa é de um quilo de feijão
de um pouco de pão e leite
os meninos não comem desde ontem
e a pensão alimentícia só vem
no fim do mês
*
limiar
líria porto
aonde foi o meu verso
estava aqui ainda há pouco
depois passou um poeta
canário bico de ouro
eu ando meio calado
a minha voz ficou rouca
quem sabe fugiram juntos
foram cantar para a moura
a dona dos olhos tardos
a musa de tantos loucos
*
aonde foi o meu verso
estava aqui ainda há pouco
depois passou um poeta
canário bico de ouro
eu ando meio calado
a minha voz ficou rouca
quem sabe fugiram juntos
foram cantar para a moura
a dona dos olhos tardos
a musa de tantos loucos
*
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) consolo
líria porto
oh flor de azevinho
as rugas na testa
traduzem aflição
anseios temores
pois dorme tranquila
vovó tem poderes
cozinha num tacho
bigodes de rato
pestanas de pulga
chocalho de cobra
perninhas de aranha
besouros baratas
sapos e lagartos
faz forte poção
e dá para os monstros
pros ogros diabos
não sobra na terra
nenhuma maldade
prometo
florzinha não chores
vovó fica alerta
enquanto houver
treva
*
oh flor de azevinho
as rugas na testa
traduzem aflição
anseios temores
pois dorme tranquila
vovó tem poderes
cozinha num tacho
bigodes de rato
pestanas de pulga
chocalho de cobra
perninhas de aranha
besouros baratas
sapos e lagartos
faz forte poção
e dá para os monstros
pros ogros diabos
não sobra na terra
nenhuma maldade
prometo
florzinha não chores
vovó fica alerta
enquanto houver
treva
*
(na)valha-me deus
líria porto
caminho pelos contrários
só vou aonde não devo
escolho lados errados
sou apanhado bêbado
distraio-me tropeço
caio
céus – perigo para mim
e o mundo
*
caminho pelos contrários
só vou aonde não devo
escolho lados errados
sou apanhado bêbado
distraio-me tropeço
caio
céus – perigo para mim
e o mundo
*
kahlo-me
líria porto
aparentemente inerte
a pedra espera
e sente
fria ao meio-dia
à meia-noite fervente
a pedra dentro da pele
*
aparentemente inerte
a pedra espera
e sente
fria ao meio-dia
à meia-noite fervente
a pedra dentro da pele
*
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
desfecho
líria porto
tirana me espera
vestida de treva
a foice afiada
olho-a rio
desfio uma palha
acendo a cigarrilha
) não arrumei amá-la
que espere (
*
tirana me espera
vestida de treva
a foice afiada
olho-a rio
desfio uma palha
acendo a cigarrilha
) não arrumei amá-la
que espere (
*
a cofiar os bigodes
líria porto
o frio olhar puxa o fio
contrário à ponta da agulha
no ponto da dúvida
um nó
o ovo ou a galinha?
o bico da caneta
qual dedo de deus
decide os destinos
e o pão dos meninos?
*
o frio olhar puxa o fio
contrário à ponta da agulha
no ponto da dúvida
um nó
o ovo ou a galinha?
o bico da caneta
qual dedo de deus
decide os destinos
e o pão dos meninos?
*
tanto mar (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
azul azul azul
a jogar-se nas pedras a roçar a areia a balouçar
a bramir canções de espuma
*
azul azul azul
a jogar-se nas pedras a roçar a areia a balouçar
a bramir canções de espuma
*
à boca-pequena
líria porto
as filhas de antônio pio
esmeralda e almerinda
uma feia outra linda
são gêmeas
esmeralda se casou
almerinda ficou para titia
(rimar não é o bastante
é preciso ser interessante)
*
as filhas de antônio pio
esmeralda e almerinda
uma feia outra linda
são gêmeas
esmeralda se casou
almerinda ficou para titia
(rimar não é o bastante
é preciso ser interessante)
*
artista (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
retas encurvam-se curvas se alinham
quem traçou à perfeição
o arco-íris?
*
retas encurvam-se curvas se alinham
quem traçou à perfeição
o arco-íris?
*
panfleto
líria porto
palavras no papel
não determinam
o papel das palavras
melhor seria
uma folha branca
cuja dobradura
fizesse um menino
sair para a rua
*
palavras no papel
não determinam
o papel das palavras
melhor seria
uma folha branca
cuja dobradura
fizesse um menino
sair para a rua
*
(publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - liberdade
líria porto
beija-flor tomava banho
na piscina do vizinho
adiantou cerca de arame
plantar flores com espinho?
*
beija-flor tomava banho
na piscina do vizinho
adiantou cerca de arame
plantar flores com espinho?
*
nos degraus da febre
líria porto
estourei os lábios sangrei as gengivas
arranhei a pele fervi dentro das veias
fiquei em carne viva
:
a sorte é que choveu
*
estourei os lábios sangrei as gengivas
arranhei a pele fervi dentro das veias
fiquei em carne viva
:
a sorte é que choveu
*
ao alvorecer
líria porto
mal abre os olhos
fica a ouvir a passarada
então os versos perfilam-se
marcham como
o sol_dado
*
mal abre os olhos
fica a ouvir a passarada
então os versos perfilam-se
marcham como
o sol_dado
*
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
máquinas de moer
líria porto
feriados prolongados
corpos corpos corpos
na estrada
carne moída
almôndegas
feriados prolongados
corpos corpos corpos
na estrada
carne moída
almôndegas
*
diabos
líria porto
já não se faz espelhos como antigamente
eu olho vasculho procuro por todo canto
e não encontro a mocinha de batom
*
já não se faz espelhos como antigamente
eu olho vasculho procuro por todo canto
e não encontro a mocinha de batom
*
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
na fila dos velhos
líria porto
os passos são lentos
o entendimento
tropeça-se em números
em teclas
em recordações
*
os passos são lentos
o entendimento
tropeça-se em números
em teclas
em recordações
*
a_manhã pode ser tarde
líria porto
meia-noite morre o dia
morre um e morre outro
e outro e outro e outro
e mais dia menos dia
eis que sou o novo
morto
*
meia-noite morre o dia
morre um e morre outro
e outro e outro e outro
e mais dia menos dia
eis que sou o novo
morto
*
sem manteiga
líria porto
beleza não põe mesa quem põe é feiúra
a sofrer as agruras do preconceito –– a comer o pão
que a diaba amassou
*
beleza não põe mesa quem põe é feiúra
a sofrer as agruras do preconceito –– a comer o pão
que a diaba amassou
*
domingo, 10 de janeiro de 2010
alumbramento
líria porto
o raio de sol
igual um punhal
feriu o azul
o beiral do céu
oh virgens vestais
vim vi e vivi
o voo no vinho
valeu desvarios
vertigem arrebol
palavras tão lindas
caíram-me ao colo
um susto –– refaço-me
desmalho a neblina que havia
em meus olhos
*
o raio de sol
igual um punhal
feriu o azul
o beiral do céu
oh virgens vestais
vim vi e vivi
o voo no vinho
valeu desvarios
vertigem arrebol
palavras tão lindas
caíram-me ao colo
um susto –– refaço-me
desmalho a neblina que havia
em meus olhos
*
vou escrever nas paredes
líria porto
minhas janelas são alegres
e só ficam tristes
quando chove
as portas são sérias
não se abrem para qualquer um
*
minhas janelas são alegres
e só ficam tristes
quando chove
as portas são sérias
não se abrem para qualquer um
*
mãe de santo
líria porto
entre as meninas um menino
ele caminha e resmunga
:
mãe eu parti
vim embora para que nunca
em tempo algum
pudesses implicar com tua nora
casei-me com santa
do pau oco
*
entre as meninas um menino
ele caminha e resmunga
:
mãe eu parti
vim embora para que nunca
em tempo algum
pudesses implicar com tua nora
casei-me com santa
do pau oco
*
acordei com carlos d.
líria porto
no meio da cama tinha uma pena
e um anjo torto
a bunda –– que engraçada
(nasci porto
se cais
ancoro-te)
fulano mata
fulana é mito
*
no meio da cama tinha uma pena
e um anjo torto
a bunda –– que engraçada
(nasci porto
se cais
ancoro-te)
fulano mata
fulana é mito
*
sábado, 9 de janeiro de 2010
altos e baixos
líria porto
por mais que o tempo passe
sentimo-nos velhos quando a alma murcha
ontem dormi com cem anos hoje acordei
com trinta
*
por mais que o tempo passe
sentimo-nos velhos quando a alma murcha
ontem dormi com cem anos hoje acordei
com trinta
*
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
pés no chão (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
a lua no alto
o gato a lamber os bigodes
a sonhar com um prato de leite
vou à janela
e sem ilusão
vejo o satélite
*
a lua no alto
o gato a lamber os bigodes
a sonhar com um prato de leite
vou à janela
e sem ilusão
vejo o satélite
*
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
amigo
líria porto
arrumei a cama abri a janela plantei flores azuis
amornei a água perfumei os cabelos há gavetas para a tua dor
cabides para pendurar o medo e se quiseres
terás novo cobertor
podes trazer o gato o teclado os velhos chinelos
os discos de jazz o amor o cansaço
estou à tua espera
arrumei a cama abri a janela plantei flores azuis
amornei a água perfumei os cabelos há gavetas para a tua dor
cabides para pendurar o medo e se quiseres
terás novo cobertor
podes trazer o gato o teclado os velhos chinelos
os discos de jazz o amor o cansaço
estou à tua espera
*
brasileirinhos
líria porto
o que há de mestiçagem
no sangue dessa minha boa gente
só deus sabe
brancos vermelhos pretos amarelos
formam o grande povo
*
o que há de mestiçagem
no sangue dessa minha boa gente
só deus sabe
brancos vermelhos pretos amarelos
formam o grande povo
*
prece
líria porto
quando a vida se faz noite
eu durmo de lua acesa
a iluminar os meus medos
a enfrentar minhas sombras
a esperar que amanheça
lua cheia padroeira
benfazeja minha santa
clareia-me as trevas
dá-me coragem
substância
*
quando a vida se faz noite
eu durmo de lua acesa
a iluminar os meus medos
a enfrentar minhas sombras
a esperar que amanheça
lua cheia padroeira
benfazeja minha santa
clareia-me as trevas
dá-me coragem
substância
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) sangria
líria porto
dentro da pele
tudo que somos
fora da pele
o que fingimos
cortar os pulsos
talvez resolva
volver o suco
dessa ruína
*
dentro da pele
tudo que somos
fora da pele
o que fingimos
cortar os pulsos
talvez resolva
volver o suco
dessa ruína
*
medusa
líria porto
execrável como os medos
ódios misérias injúrias
a megalópole se expande
assusta-nos mais que o demo
mastiga-nos cospe-nos
transforma-nos
em disforme pasta urbana
execrável como os medos
ódios misérias injúrias
a megalópole se expande
assusta-nos mais que o demo
mastiga-nos cospe-nos
transforma-nos
em disforme pasta urbana
*
sem eiras nem beiras
líria porto
palavras bonitas - subúrbio
arrebalde cercanias cascalho
) caminhar pelos arredores
apreciar as flores nascidas entre
as pedras (
*
palavras bonitas - subúrbio
arrebalde cercanias cascalho
) caminhar pelos arredores
apreciar as flores nascidas entre
as pedras (
*
madame noite
líria porto
sem escrúpulo
sem cabimento
após o crepúsculo
veste roupa escura
ostenta brilhantes
perfumes amantes
luxúria
*
sem escrúpulo
sem cabimento
após o crepúsculo
veste roupa escura
ostenta brilhantes
perfumes amantes
luxúria
*
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
resfriado
líria porto
chateia-me chegares chuvoso
queria raios de sol
(febres?)
chás de frutas cítricas
incêndios íntimos
(beijos na boca?)
torradas de pão com geleia
sopa creme de aspargos
queria raios de sol
(febres?)
chás de frutas cítricas
incêndios íntimos
(beijos na boca?)
torradas de pão com geleia
sopa creme de aspargos
*
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
domingo, 3 de janeiro de 2010
(publicado no livro garimpo - editora lê) - borrão
líria porto
a caneta do poeta
fica assim aos borbotões
como se fora um acesso
de raiva tosse ou vômito
quando uma rima indiscreta
movida pelo complexo
ataca de jeito incômodo
e contrapõe-se ao verso
*
a caneta do poeta
fica assim aos borbotões
como se fora um acesso
de raiva tosse ou vômito
quando uma rima indiscreta
movida pelo complexo
ataca de jeito incômodo
e contrapõe-se ao verso
*
vingança
líria porto
servir a entrada
o prato principal
o vinho
a sobremesa
na hora da (in)digestão
copinhos de licor
com cianureto
(o ódio
melhor guardá-lo
são mais eficazes
as atitudes frias)
*
servir a entrada
o prato principal
o vinho
a sobremesa
na hora da (in)digestão
copinhos de licor
com cianureto
(o ódio
melhor guardá-lo
são mais eficazes
as atitudes frias)
*
sábado, 2 de janeiro de 2010
ao amigo que se foi
líria porto
primeiro mês
o sol não veio
a lua não apareceu
ficamos todos recolhidos
chovemos
manhã qualquer o céu terá
a cor dos seus olhos
*
primeiro mês
o sol não veio
a lua não apareceu
ficamos todos recolhidos
chovemos
manhã qualquer o céu terá
a cor dos seus olhos
*
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
flores-de-laranjeira
líria porto
o casamento é um cento de laranjas
doces azedas verdes e maduras
) uma podre estraga tudo (
*
o casamento é um cento de laranjas
doces azedas verdes e maduras
) uma podre estraga tudo (
*
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fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
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