ESCRITORA DE GAVETA

pensamentos de uma escritora de gaveta.

Pegou as chaves e se foi , com ódio e a vontade de vingança no coração , dali a diante seria ponto final , não haveria continuação daqui a algumas semanas e nem um rencontro daqui dez ou vinte anos. A desconfiança tomou conta . Talvez ele quisesse um motivo para acabar logo com aquilo que ele tanto desejava, mas por pena ou covardia iludia a mim.
Tinha tanto a dizer,entretanto você partiu e eu perdi de vez a sua voz , a maciez do seu toque,o vento está apagando pouco a pouco a sua imagem que a todo tempo aparecia como slides pela minha cabeça.
O tempo pra mim não curou nada,apenas me tirou as lembranças,porém a saudade e a dor permanecem aqui.


Não estou te pedindo pra ficar,e nem pra voltar daqui uns dias , mas quero que saiba que por mais egoísta e imbecil que você tenha sido eu te amarei todos os dias .


Sonha em afogar o punho no coração e gritar curvada sobre o concreto liso . Ela clama silenciosamente em meio a tecidos secos e mortos. Tenta chorar , mas não há lágrimas.
A vontade de gritar para o mundo , para muitos é drama demais , para ela seria clichê.
No espelho , reflete a garota solitária .Olhar-se torna-se um passa-tempo entediante .
As esperanças evaporaram pelo calor do verão que se passa no outro lado de sua janela , que a todo o tempo é coberta com cortina escura , deixando o quarto numa imensa escuridão.Ela sobrevive em carne , até que o mesmo apodreça e se limita apenas a espera de uma tempestade para leva-la em meio a água pura e salgada.