"Quando Deus fecha uma porta, Ele fecha uma janela". Tentando ser otimista em relação a uma determinada situação, nesta semana eu cometi este lapso nada alentador. Quando o inconsciente faz-se presente desta forma tão escancarada, é claro que um psicólogo (e psicanalista) se põe a pensar. Os psicanalistas presentes na mesa, no entanto, fizeram uso da superstição e me ordenaram: "bate na madeira e isola!". E eu bati.
Penso que as frases-clichê consoladoras têm me irritado um bocado ultimamente. Talvez venha daí o lapso pessimista que não permitiu que Deus abrisse uma janela. Elas não têm tido mais efeito em mim, criei anticorpos, na verdade, o que é uma pena.
"Não era para ser, pensa assim", nos dizem quando levamos um pé na bunda, perdemos o emprego ou coisas do gênero. Quem é que disse, cara pálida? Essa frase tem uma intenção bacana que é a mesma da frase do lapso, pois faz menção a uma esperança de que dias melhores virão. Da mesma família de frases está o famigerado: "o que é seu está guardado". Guardado onde e para quando?
"Ele (a) não te merece". Quem é que disse que bom currículo é sinal de vida amorosa satisfatória, minha gente? O que é o tal merecimento? Sou trabalhador, honesto e sem vícios. Boa gente e sincero. Quem merece estar comigo? E quando se está em frangalhos por alguém, adianta saber que a pessoa não "me merece?" Sim, trata-se de uma bela tentativa de algum resgate narcísico, mas tenho cá minhas dúvidas na capacidade consoladora da frase.
"Para esquecer um amor, só mesmo um outro amor" ou, a grosso modo "a fila anda". Longe de mim querer estimular um período de luto eterno, mas o desespero por encontrar alguém novo ainda com a ferida doendo é pedir para sofrer mais ainda. Se o lugar estiver desocupado, aí sim acredito ser mais fácil. Términos de relacionamento não querem dizer, necessariamente, que o lugar está vago e a fila vai andar.
"Jamais desista dos seus sonhos". Esta é a pior de todas, a clichê das clichês. Persistência é importante, mas alguns projetos precisam ser renunciados sim, para que a vida possa caminhar. Certos sonhos, infelizmente, são apenas perda de tempo. Mais ainda se só ficam em elocubrações e jamais são colocados em prática.
Nossa, mas que mau humor, que pessimismo! Não sei, a bem da verdade. O que me irrita talvez é o caráter infantilizador de algumas das frases. Esperar um presente logo mais adiante como compensação de um sofrimento, pensar que se o cara me deixou é porque eu sou muito boa para ele, etc, etc. A vida é difícil mesmo, a gente perde coisas, muitas vezes de forma irreversível. Será que não existiria uma maneira mais doce de poder encará-la sem recorrer a tantos subterfúgios? Talvez não, vai saber. Ah, mas que sejam mais criativas, as pobres frases, ao menos. E que nos estimule a sermos adultos, uma vez que não temos mais a idade do menininho aí de cima.
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sábado, 26 de maio de 2012
domingo, 8 de novembro de 2009
"Fiz a Audrey"
Há uma cena de Audrey Hepburn em "Sabrina"(1954) que sempre me lembro. Ao levar um fora de Linus (Humphrey Bogart), em que ele expõe, de maneira cruel, que não a ama, ela, Sabrina, simplesmente se levanta e sai. Apenas com o olhar ela demonstra todo o seu sofrimento e o quanto ele estaria sendo grosseiro. Sem choro, sem histrionismo. Elegantérrima.
Há muitos anos, um namorado rompeu comigo. Não foi cruel como Linus, mas o rompimento com alguém que se ama nunca é fácil. Uma amiga, na época, me perguntou: "Como você reagiu?". E eu disse: "Fiz a Audrey". Sem choro nem vela. Sem chantagens. "Se quiser voltar, me telefone. Sabe o quanto gosto de você."
Nem todas as pessoas reagem bem ao fim de uma relação. Aliás, a maioria não. Até a princesa Diana (lembram-se?) não conseguiu ser como Sabrina. Falou mal do príncipe Charles em rede nacional para mostrar o quanto ele havia sido cruel com ela. Para quê? Pagar de mulher ressentida? Atacar o objeto de amor perdido para que ninguém mais se interesse por ele (ainda que fosse o Charles)? Deixá-lo tão terrível para que você mesma não corra a tentação de querê-lo de volta?
Há hoje uma confusão do que é "mulher guerreira". Mulher "guerreira" (que termo é esse?), autêntica é aquela que expõe a vida íntima em revistas, portais de celebridades e twitters? Que risca o carro do ex? Sei lá, para mim, isso é ser barraqueira. Se você é "guerreira", maravilhosa mesmo, isso aparece. Se o cara é um paspalho e não vale nada, isso também aparece. Não precisa ficar bradando aos quatro ventos. Discrição nunca é demais. Até no final (doloroso) de um relacionamento. E isso serve, obviamente, para os homens também.
domingo, 13 de setembro de 2009
Pequenos (grandes) prazeres
- Achar um episódio de "Seinfeld" inédito e rachar de rir;
- Receber uma carta manuscrita, pelo correio, de uma pessoa muito querida. Bons tempos em que as cartas não eram só de banco e promoções;
- Pegar um bebê no colo;
- Encontrar R$50,oo esquecidos no bolso de uma calça guardada;
- Fazer brigadeiro de colher;
- Receber um elogio inesperado e sincero;
- Liga o rádio e ouvir a música que você necessitava ouvir naquele exato momento;
- Descobrir, ainda que tempos depois, que aquela pessoa que você tanto amou também amou você...
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Ser Miss Brasil é...
Baixar o Clóvis Bornay e desfilar o traje típico do seu estado, sambando, como se ele fosse a coisa mais linda do mundo...
* Any, este post foi pra você!
sábado, 9 de agosto de 2008
Imagem e semelhança
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