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O poeta nas montanhas arma a tenda. Estende os olhos sobre o abismo, apruma as asas, espera. O peito entoca o inquieto pássaro. O vento breve traz as palavras. Espalhadas na relva, ele as recolhe, ajunta, separa: cada uma com seu sol interior, sua recôndita lenda, os matizes à espreita de propícia luz onde se apurem. O poeta desentoca o pássaro e vai bicando as letras, alinhando-as, brunindo-as, tecendo ali um colar de sílabas, aqui um diadema de signos, uma tiara de imagens - um poema.
O pássaro sobrevoa as montanhas, ultrapassando-as. Tem nas vértebras a vertigem do verso, e vai levando-o para outras paragens: praias, planícies, planaltos, vales.
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