Pela quarta vez,
consecutiva, participo da Retrospectiva Literária, promovida pela Angélica Roz,
do blog Pensamento Tangencial. A
iniciativa trata-se de uma blogagem coletiva que reúne mais de 100 blogs todo o
ano.
Se comparado aos
três anos anteriores, 2015 foi um ano em que li pouco, não consegui aumentar o
ritmo de leituras e nem manter a média. Nem por isso foi um ano fraco. Fiz leituras
deliciosas, intensas e prazerosas. Li muitos infantis e infanto-juvenis e
conheci outras escritoras mulheres.
Bom, vamos aos
tópicos da retrospectiva:
A aventura que me tirou o fôlego:
Os meninos da biblioteca, de João Luiz Marques
A luta de Heitor,
personagem do Blog do Le-Heitor (http://blogdoleheitor.sintaxe.com.br/),
para que a biblioteca do seu bairro não seja demolida, trouxe boas emoções e me
fez embarcar nessa aventura.
O suspense mais eletrizante:
O clube do suicídio, de Robert L. Stevenson
Leio muito pouco livros
de suspense, mas esse do Stevenson me pegou em cheio. As histórias ali reunidas
são muito bem construídas e prendem a sua atenção, com destaque para “O médico
e o monstro”.
O romance que me fez suspirar:
O brilho do bronze, de Boris Fausto
O livro é um diário
escrito por Boris Fausto depois da morte da esposa, com quem foi casado por 49
anos. Ele fala da dor do luto, do amor que os uniu e do seu cotidiano. Tocante,
sem ser depressivo.
A fantasia que me encantou:
A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga
Não sei como ainda
não tinha lido esse livro, é um pequena obra-prima, um misto de realismo
fantástico e alegoria, com metáforas e símbolos, cujo pano de fundo é a cidade
fictícia de Manarairema. Por trás da trama, uma sutil crítica ao regime
ditatorial. Maravilhoso.
O clássico que me marcou:
Dom Casmurro,
de Machado de Assis
Foi uma releitura,
que me encantou ainda mais. Capitu, sem dúvida, é uma das grandes personagens
femininas da literatura brasileira.
O livro que me fez refletir:
A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga
Com seu tom
metafórico dentro de um contexto histórico-político ditatorial, não tem como
não refletir com esse livro.
O livro que me fez rir:
Eu, Robô, de
Isaac Asimov
Marco na ficção
científica e na introdução das leis da Robótica, o livro é leve e sensível.
Trata-se de uma coletânea de contos que narra a história dos robôs de forma
bastante divertida. Não tem como não rir com as peripécias dos personagens
Powel e Donovan.
O livro que me fez chorar:
Reze pelas mulheres roubadas, de Jennifer Clement
Choro de qualquer
forma, em qualquer livro, até nos engraçados, mas este de Jennifer trouxe um
choro sentido ao me deparar com uma história triste que acontece no México e as
mulheres que são roubadas pelo narcotráfico na região de Guerrero para serem
suas escravas. Embora ficcional, o livro traz um retrato bem delineado de uma
realidade insana.
O livro que me decepcionou:
Onde estaes felicidade, de Carolina Maria de Jesus
Livro com textos
inéditos de Carolina Maria de Jesus, e lançado por ocasião do seu centenário, “Onde
estaes felicidade” foi publicado praticamente sem recursos, o que talvez
explique a qualidade da edição, que traz alguns erros, acabando por comprometer
a escrita de Carolina. O título do livro trata-se de um conto, que, por sinal,
é maravilhoso, mas os demais escritos ficaram amontoados, talvez pelos
problemas da edição, o que me decepcionou um pouco. Carolina merecia mais.
O livro que me surpreendeu:
A noite do oráculo, de Paul Auster
Primeiro livro que
leio do autor e já fiquei fascinada com
sua escrita, com sua engenhosidade, com seu enredo. Achei simplesmente
maravilhoso e um dos melhores livros que li no ano.
O livro que devorei:
Sérgio Y. vai à América, de Alexandre Vidal Porto
Leio devagar, mas
num bom ritmo e, quando percebo que estou acelerando paro, para continuar mais
tarde. Não gosto de terminar um livro rápido demais. Mas com este não consegui,
aliás não conseguia parar, li muito, muito rápido, na verdade devorei. A
história e a escrita de Vidal Porto prendem sua atenção de forma que você quer
continuar, continuar e continuar.
A melhor HQ:
Um contrato com Deus, de Will Eisner
Eisner is the best.
E este romance gráfico é um primor tanto nas histórias quanto nos desenhos.
Tocante, forte, genial.
O livro que abandonei:
A montanha mágica, de Thomas Mann
Há muito tempo
queria ler este livro e, depois de “Morte em Veneza”, achei que estava pronta
para essa aventura, mas... patinei na leitura. A história é interessante, mas o
livro é longo demais, e a leitura não flui tão bem, além disso queria e
precisava ler outros livros. Por ora abandonei, mas pretendo voltar mais para
frente.
A capa mais bonita:
Mulheres, de
Carol Rossetti
O livro é um retrato
do respeito, dignidade, amor próprio de mulheres diversas, com representativas
ilustrações. A capa é um show à parte.
O primeiro livro que li no ano:
A teoria geral do esquecimento, de José Eduardo Agualusa
Este livro ganhei de
amigo secreto do clube de leitura do qual participo e deixei-o para abrir o meu
ano de leituras m 2015. Foi bom começar por ele, porque tornou meu início de
ano mais mágico, poético e reflexivo. Linda história. Lindo autor.
O último livro que terminei:
Eu, Fernando Pessoa, de Susana Ventura e Guazzelli
Retrato de Fernando
Pessoa em quadrinhos, com texto de Susana Ventura, que traz à luz os últimos de Fernando Pessoa,
entremeados de poemas e explicações sobre os heterônimos. Show.
O livro que li por indicação:
Sangue no olho,
de Lina Meruane
Li uma resenha em um
blog literário na internet e fiquei bastante curiosa. Comprei o livro, li e
amei. Uma história que se confunde com a realidade, e na qual o leitor se vê
inserido, passando a sentir as mesmas
sensações da protagonista. Muito bom.
A frase que não saiu da minha cabeça:
A felicidade vem da coragem de fazer algo novo – Sérgio Y. vai à América
O (a) personagem do ano:
Flush, de Flush – memórias de um cão, de Virgínia
Woolf
Personagens animais
sempre me fascinam, com Flush não poderia ser diferente. Divertido, leve,
apaixonante, Virgínia não poderia ter feito melhor o retrato de um cão real,
dando-lhe pensamentos e imaginação. Lindo.
O (a) autor (a) revelação:
João Luiz Marques ,
com Os meninos da biblioteca
Conheço João e seu
personagem Heitor do blog, mas vê-lo em uma história de livro me deixou mais
encantada ainda. Sabia da capacidade
literária de João, mas realmente foi uma revelação para mim esse livro e espero
que ele escreva mais aventuras de Heitor para brindar seus leitores também no
papel.
O melhor livro nacional:
A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga
Sem dúvida, o melhor
nacional que li este ano.
O melhor livro que li em 2013:
A hora dos ruminantes, de J. J. Veiga
Precisa falar mais
alguma coisa? Só podia ser esse.
Li em 2014...
31 livros
A minha meta literária para 2015 é:
Prosseguir com
minhas leituras, mas não mais com tanta ansiedade. Ler livros da minha estante,
escritoras mulheres, latino-americanos, autores de língua portuguesa,
biografias... e ler tijolões, como Guerra
e Paz e Ulysses, além de livros
em inglês. São desafios que vou me impor. Será que consigo? Vamos ver...
Os dez (e aqui
incluo todos os gêneros, sem ordem de preferência)
• Teoria geral do esquecimento, José
Eduardo Agualusa
• A hora dos ruminantes, J. J. Veiga
• Reze pelas mulheres roubadas, Jennifer
Clement
• Flush – memórias de um cão, Virgínia
Woolf
• Um contrato com Deus, Will Eisner
• Dom Casmurro, Machado de Assis
• Os meninos da biblioteca, João Luiz
Marques
• Sangue no olho, Lina Meruane
• Noite do oráculo, Paul Auster
• A Redoma de vidro, Sylvia Plath
Bônus para
• A obscena senhora D, de Hilda Hilst
E que venham mais
leituras em 2016. Feliz Ano Novo a todos!