ANIVERSAR
vinte e dois
dois dois
vinte e dois
os anos lançam pedras
na vidraça das minhas perspectivas
quatro de setembro
de dois mil e oito
vinte e dói
a dor de sempre
não tenho mais a idade dos autores jovens
em sua primeira publicação
tampouco a dos experientes
não serei aclamado em minha estréia
visto que estou aqui
um salto após o que quero
e nu
sobre o palco iluminado do teatro vazio
não tenho a vivência dos adultos
já não me cabe a euforia dos adolescentes
estou como ninguém além de mim
estou no mesmo lugar
em que estive ontem
estou no mesmo corpo
em que estive ontem
estou no mesmo hoje
em que estive ontem
o ano é outro
mas o tempo é o mesmo
e a idade é um selo que o homem encarnou
vinte e dois
dois patinhos na lagoa
serena do meu sangue
BINGO!