Após ler a reportagem no jornal "O Globo" sobre uma estudante que teve de se retirar da universidade escoltada pela polícia por estar usando uma minissaia, penso que preciso rever meus conceitos. Será que a juventude mudou e eu não reparei? Parece que estamos 40 anos antes e não depois do Festival de Woodstock. Naquele tempo era normal ser diferente, mas nunca foi fácil. Os hippies que o digam.
Francamente, acho que a única maneira daquela situação se reverter seria se todas as alunas da universidade combinassem de usar um vestido rosa ou vermelho bem curto no dia que a estudante agredida verbalmente retornasse às aulas.
Há muito tempo atrás, tive uma amiga que gostava de criar roupas diferentes para ela própria e por um triz não passou pela mesma situação que esta universitária paulista passou este mês.
Uma vez, minha amiga criou uma roupa para uma festa num clube. Era uma blusa preta de mangas compridas colada no corpo, uma calça preta bem justa (até aí tudo certo), mas sobre aquilo tudo, ela achou que ficaria bonito uma saia rodada estampada com flores enormes, na altura do joelho. A saia era armada com arame. Para completar, usou sapatos vermelhos de salto e bico finos e fez um penteado onde seus cabelos, todos puxados para cima, formavam um coque bem no alto da cabeça, onde ela colocou um véuzinho preto.
A garotada presente no clube no dia da festa não entendeu que minha amiga queria ser estilista. Assim que chegamos ao salão do baile, começaram as piadinhas. Uns chamavam os outros "para ver". Quando começaram a vaiar, eu a convenci de que devíamos sair dali imediatamente. Pegamos um táxi e fomos embora. Ela chorava de raiva. Minha amiga tinha o corpo todo coberto pelas calças e mangas compridas, mas ainda assim aquela "coisa" que move as massas esteve perto de começar. Só porque ela era diferente. Aos 25 anos ela foi para a Europa e não mais voltou. Hoje em dia tem um atelier bem sucedido em Paris.
Desde muito sabemos que nossa sociedade não aceita bem quem é diferente do resto, seja qual for a diferença. Experimente, por exemplo, usar um chapéu (sem estar num casamento, corrida de cavalos ou na praia) e verifique que todos vão ficar te olhando. Se você é homem, tente usar um sobretudo num dia frio e irá causar o mesmo efeito. Por que? Porque as pessoas não estão acostumadas com chapéu nem com sobretudo. Vão atrair olhares como se fossem extraterrestres.
Mas às vezes pessoas ditas "normais" também atraem olhares por escolhas mal feitas num dia de pouca percepção. Nem sempre devemos acreditar na vendedora que nos diz sorridente que estamos ótimos enquanto experimentamos uma roupa na loja!
O segredo para não chamar muita atenção é fácil: basta não tentar copiar os modelitos da atriz Reese Witherspoon no filme "Legalmente Loura", não pensar em Michael Jackson quando for comprar uma luva nem na Lady Gaga quando for fazer maquiagem nem na Britney Spears quando decidir cortar os cabelos bem curtos e muito menos na Madonna na hora de comprar botas ou sutiã.
Há também uma matemática envolvida nessa questão. Se quer mesmo continuar passando despercebida na multidão, faça o seguinte: se o número do seu sutiã for maior que 40, então fique longe das blusas tomara-que-caia. Se o seu quadril mede mais que 120 centímetros, então é melhor esquecer as minissaias. Se a sua cintura é mais larga que o quadril, então nunca use calças de cintura baixa e top. E se você pesa mais que 50 quilos, esqueça completamente os shorts muito curtos.
Quanto aos cabelos, só use o louro se for natural. Jogue fora os tubos de laquê, jamais use franjinha reta com óculos quadrado de aro preto e, por favor, não lembre da Nina Hagen quando quiser tentar uma cor diferente!
Bijuterias, somente as delicadas e pequeninas. Lembre que o fato de você ter 10 dedos nas mãos não implica necessariamente em usar 10 anéis. Pra não chamar atenção, esqueça que existem tatuagens, piercings, punks, góticos e principalmente emos.
Mas, se apesar de todas estas precauções, continuarem te olhando na rua, não se desespere: diga para si mesma que ninguém neste mundo é "normal". Normal é aquilo que tentamos ser.
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De vez em quando, quer queira quer não, acabamos ouvindo a conversa dos outros. Às vezes a gente está sozinho num ônibus e até mesmo em casa e o som das vozes de outras pessoas é que nos procura.
É claro que, para muita gente, ouvir a conversa alheia chega a ser uma fascinação. Ouvem atrás das portas, colam o ouvido nas paredes, prestam atenção numa linha cruzada ao telefone ou numa extensão.
Ás vezes a conversa nos soa monótona, mas existem as interessantes, as tristes, as irritantes e as engraçadas. Se você está lendo, interrompe a leitura, se está ouvindo música, abaixa o volume, ou seja, faz qualquer coisa para tentar acompanhar aquele que fala ao longe.
Acontece muito comigo do assunto em questão girar em torno de algo que conheço bem. Então a coisa se transforma num dilema, pois não sei se devo me calar ou me intrometer e participar da conversação. A maioria das vezes fico com esta última opção que, felizmente, quase sempre é bem vinda.
Com a internet e as redes sociais, ganhamos mais uma modalidade: além de ouvir, agora também podemos ler o que os outros estão conversando. Tudo ficou mais fácil pra quem gosta de observar o que está sendo dito.
Mas também existe o extremo oposto. As pessoas que não prestam atenção nem se estivermos conversando com elas! Não há nada mais irritante. Alguns até fingem que estão ouvindo e murmuram alguns grunhidos querendo dizer que estão acompanhando, mas não estão.
Está certo que existem tagarelas que é difícil prestar atenção no que dizem se o assunto se estende em monólogo por mais de 10 minutos. Já vi gente sem paciência largando o telefone, indo fazer outra coisa, voltando e do outro lado da linha o outro ainda continua falando.
Existem conversas que li ou ouvi que se tornaram até mesmo inesquecíveis. Uma vez, um rapaz contava uma história, que me chamou atenção e não pude mais esquecer. Foi mais ou menos o seguinte:
"Minha tia adora juntar pote de vidro de tudo que é jeito. De geléia, de maionese, de tudo. Ainda mais que ela vende cosméticos de uma marca famosa, que vem em cada potinho que ela não consegue jogar fora." (Nesse ponto, caro leitor, comecei a me identificar com a tia do rapaz, pois também adoro guardar potes!). Ele continuou:
"Aí teve um dia que ela tinha que ir no hospital fazer uns exames e - já viu, né? Nem comprou aqueles potes que vendem em farmácia. Ela pegou aqueles potinhos dos cosméticos que ela vende e botou lá o xixi e o cocô do exame de fezes e urina e foi pro hospital de manhã cedo."
"Pra não ficar carregando aqueles potes dentro da bolsa, que podia virar no caminho, ela, ainda por cima, usou uma bolsinha de papel dos cosméticos que ela vende, que é legalzinha. Chegando no hospital, entrou lá na fila e depois sentou numas cadeiras esperando a vez."
"Mas teve uma hora que a atendente chamou ela no balcão pra pegar a guia dos exames. Ela foi e deixou a bolsinha de papel com os potinhos na cadeira pra marcar lugar porque a sala estava enchendo de gente."
"Mas quando ela foi voltar pro lugar... Cadê a bolsinha de papel com os potinhos? Tinham roubado!!! O ladrão deve ter pensado que eram aqueles cremes caros e roubou!!! Imagina a cara do ladrão quando abriu os potes?! Pois é, cara! Roubaram o cocô da minha tia!!!"
Agora me digam: como é que eu não ia prestar atenção nessa conversa?
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Não tem jeito: de vez em quando os jornais, revistas e sites noticiam que aquela pessoa famosa ficou com alguma parte do corpo à mostra. É a calcinha de uma, a cueca do outro, o seio, o traseiro, qualquer coisa que não esteja devidamente coberta. E então todo mundo corre pra ver o que é, o que foi e principalmente quem foi o pato da vez.
Os paparazzi ficam de prontidão a espera de uma brisa mais forte que levante a saia de alguma celebridade, se posicionam estrategicamente quando elas estão saindo de um carro, de uma boate ou restaurante. Às vezes até pensamos que aquilo tudo possa ser fabricado para atrair os holofotes para uma determinada pessoa. Quem vai saber?
Algumas personalidades parecem ser alvos constantes desse tipo de coisa (sabe quem, não é?), outras têm sua imagem perpetuada por causa disso. Quem não consegue visualizar em sua mente a lindíssima Marilyn Monroe segurando seu vestido branco que se ergue com o vento?
Pois observem Senhoras e Senhores, que nós, os anônimos dessa Terra, não estamos livres desses episódios terríveis! Quem ainda não foi ao banheiro com pressa e acabou esquecendo o fecho da calça aberto? Qual o biquini, sunga ou bermuda que ainda não desceu abaixo dos quadriz depois de uma onda mais forte naquele dia de praia cheia? Qual o sutiã cortininha que nunca correu para o lado? Qual botão nunca caiu te deixando desfilar no shopping com o sutiã branco à mostra? E aquele decote profundo nas costas, que quem está atrás consegue enxergar até os seus calcanhares? Pois é. Todo mundo levantou a mão agora.
Às vezes a gente fica num misto de pena e horror e vai avisar à pobre criatura a respeito do que está acontecendo: "Senhora, desculpe, sabe o que é? Seu fecho-eclair está aberto..." Quando é homem ninguém nunca avisa. Bem, pelo menos eu acho. São abandonados com suas calças abertas, rasgadas, descosturadas, seja o que for! O pior são os gordos quando se abaixam. A blusa levanta, a calça desce e o traseiro fica de fora, pra quem quiser ver!
Mas será que estou aqui falando de cima desse palanquinho como se eu estivesse de fora dessa história? É logico que não! Também já aconteceu comigo e até hoje fico com vergonha ao lembrar.
Meu tio-avô chegou de visita lá em casa para falar com a minha mãe e ela não tinha chegado ainda do trabalho. Ele, um senhor idoso, muito sério e distinto, calado e religioso, sempre de camisa social com camiseta branca por baixo, sapatos engraxados, calça escura e cinto, sentou no sofá aguardando. Eu tinha uns 17 ou 18 anos na época e estava pintando um quadro quando ele chegou. Sempre coloco uma camiseta velha quando estou pintando porque posso sujar à vontade de tinta. Então eu estava vestida com esta camiseta velha, já manchada de tinta e short.
Fiquei fazendo "sala" até minha mãe chegar. Fiz café, servi, apareci com uma bandejinha de biscoitos, mostrei as últimas fotos da família, minhas pinturas, a reforma que meu pai estava fazendo nos fundos. Tenho certeza que todo mundo sabe como é isso. Finalmente minha mãe chegou e eu voltei à minha pintura. Foi então que eu vi, horrorizada, que a camiseta velha que eu vestia estava com um furo exatamente no meu seio!!! Eu tinha estado o tempo todo com o peito de fora!!! Ahhhhh!!!!
Eu não sabia se ria ou se chorava. Fiquei só me imaginando levando café pro meu tio-avô com aquele peito de fora... Mostrando fotos com o peito de fora... Abrindo a porta, logo que ele chegou, daquele jeito, com o peito de fora... Servindo biscoitinho, mostrando pinturas, tudo com o peito de fora! Que ve-xa-me!!! Meu tio-avô, coitado, devia estar embaraçado. Não falou uma palavra, nunca saberei se ele viu ou se não viu. Mas deve ter visto! Eu não apareci na sala nem pra dizer tchau! Fingi que estava ocupada e gritei lá de dentro quando ele foi embora! E tive sorte dele ter sido minha única platéia!
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Eles fazem barulho e bagunça. Dão trabalho e muita despesa. Ocupam nosso tempo e nos enchem de preocupações. Eles nos prendem em casa e requisitam nossa atenção. Eles nos pregam sustos e diferentes surpresas. Eles nos fazem rir e chorar. Eles tiram as coisas do lugar.
Eles nos acordam na madrugada e dormem durante o dia. Eles choram. Eles querem dormir conosco. Eles nos trazem presentes diferentes: uma flor amassada, um inseto esperneando. Eles têm brinquedos que são deixados no nosso caminho. Eles precisam de nós para dar banho. Precisam de nós para o alimento. Eles querem ser levados no colo.
Muitas vezes eles não entendem nossas palavras, mas seus olhos brilhantes também nos dizem mais do que somos capazes de entender. Eles são alegres por natureza. Ingênuos e inocentes. Simples. Eles não sabem se defender do perigo. Não entendem um castigo.
Mas o que seria de nós sem eles? Que tipo de vida teríamos? De onde viria a graça e a beleza? O que nos restaria?
PS: Na foto, Isabela e seu gato Beijoca (nome que ela escolheu). Foto feita pelo meu filho Joe.
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Roupa mancha, cachorro foge, perfume vira, pneu fura, gás acaba, comida queima, alça arrebenta, corta o dedo e o relógio não desperta.
Chuveiro queima, vaso quebra, pagamento atrasa, falta luz, quebra copo, computador não liga, voo atrasa, chave quebra, remédio acaba e o telefone fica mudo.
Queima o dedo, caneta falha, televisão queima, empregada falta, carro esquenta, corda arrebenta, óculos quebra, lixo vira e perde a lente.
Martela o dedo, arranha o carro, perde a chave, biscoito vira, frigideira gruda, porta não fecha, ônibus enguiça, pilha acaba, chinelo arrebenta e o fecho da calça escangalha.
Lâmpada queima, guarda-chuva não abre, pisa em cocô, guarda multa, perde a carteira, vizinho reclama, pia entope, celular some e chega atrasado no trabalho.
Sapato aperta, janela não abre, dente quebra, conta atrasa, trânsito engarrafa, dá topada, unha quebra, perde o trem, fósforo molha e a impressora falha.
Pisa em chiclete, perde brinco, elevador enguiça, ar condicionado não gela, torneira não fecha, fogão não acende, café acaba e o passarinho, lá do alto, faz cocô em seu paletó.
Essas coisas sempre acontecem em sequência de duas ou três juntas nos dias em que estamos mais ocupados. Parecem querer nos testar, mas na verdade o que fazem é deixar nosso dia com gosto de vitória.
PS.: Querido leitor, se quiser acrescentar alguma coisa nesta lista, poderá usar o espaço para os comentários.
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Sempre gostei de mudar a arrumação da casa. Tirar uma mesa daqui e botar ali, colocar cama e sofás em outra posição, mudar os objetos decorativos, etc. Apesar de continuarmos com as mesmas coisas (bem, podemos comprar uma coisinha ou outra, não é?), o ambiente fica diferente, saímos um pouco da rotina e os cômodos da casa ganham um ar de novidade.
Só que isso nem sempre é fácil. Arrastar móveis, tirar tudo de dentro pra ficar mais leve, passar com uma mesa por uma porta estreita pode ser trabalhoso. O pior é quando tem que desmontar. Com preguiça de pegar a chave de fenda e deixar o móvel em pedacinhos, muitas vezes acabamos por empurrá-lo montado mesmo, ainda que isso não seja recomendável. E ainda há o caso daqueles móveis que se desmontar nunca mais serão os mesmos.
Muitas vezes as mulheres ficam entusiasmadas com sua nova idéia para a arrumação, mas dependem da boa vontade de maridos, namorados, irmãos ou pais para ajudar na parte pesada. Eles, que preferiam muito mais ficar com a casa do jeito que sempre esteve, não gostam nem um pouco de ter que largar o jornal, o computador, o jogo ou a preguiça do domingo pra ficar arrastando cama, levantando colchão, muito menos desarmando e armando armários. Tentam logo persuadir as mulheres a deixar a arrumação do jeito que está. Mas as mulheres, ansiosas, não irão se conformar com esta resposta tão pouco criativa.
Deixam passar alguns dias e sugerem novamente a mudança no domingo seguinte. Quem disse que o marido vai levantar da poltrona ou que o irmão vai largar o youtube pra ficar arrastando coisa pesada? Isso dá até briga! Mas não adianta falar pra ela que vai incomodar os vizinhos com o barulho, que está calor e ai de quem se atrever a dizer que com a nova arrumação a casa ficará pior!
Cansada dessa situação, eu -- mulher independente e dona de si, aproveitei um dia em que todos haviam saído para empurrar os móveis do jeito que eu bem entendesse! Ia ficar bom e pronto! Meu pai sempre me falou que as mulheres têm força física, sim. Então decidi pôr em prática este ensinamento e lá fui eu mudar tudo.
Resolvi tirar tudo de dentro de um quarto e colocar em outro. Mudar de quarto seria divertido. Depois de tirar todas as coisas pequenas, até um colchão, sobrou um gigante: um armário duplex com 8 portas. O certo seria desmontar o dinossauro. Até tentei, mas quem disse que os parafusos se moviam? Aquilo tinha sido apertado com uma força descomunal. Estavam ali há anos. Eu não ia conseguir tirar aqueles parafusos. Ia ter que arrastar o armário montado mesmo.
Peguei a trena e medi o armário, depois medi a porta. Dava pra passar certinho. Tirei tudo de dentro do armário e coloquei na sala. Não era pouca coisa. Ia ter é coisa pra guardar depois, mas não importava. Entrei num espacinho entre o armário e a parede (como é bom ser pequena!), apoiei minhas costas e fiz força com os joelhos e os braços. O armário se moveu alguns centímetros do lugar. Pouca coisa, mas se moveu. "Vou conseguir!", pensei. De centímetro em centímetro vou levar esse grandão até a sala.
Mais um pouco de força e desta vez o armário andou bem um palmo! O negócio era tirar o bicho da posição inicial. Depois era mole! Estava animada. Mais esforço e o armário andou quase 1 metro! Agora um pouco pro lado. Desencostou da parede. Encaixou na porta. Agora era só ir reto! Sempre fui boa de manobra, era hoje que eu ia tirar o armário da vaga! Fui, fui, até que... parou!!! Isso mesmo, parou. Fiz mais um pouco de força, mas o armário não saiu mais do lugar.
Uma pequena protuberância na parte superior do armário, um defeito qualquer na madeira, fez com que ele ficasse entalado na porta! Não passava mais! Ah! Que raiva! Nesse ponto eu ainda não tinha reparado o problema em que me encontrava. Empurrar o armário pesadão era uma coisa, puxá-lo era outra completamente diferente!!! Puxar o armário de volta era impossível. Ainda mais que ele estava preso na porta!
Conclusão: eu estava presa no quarto!!!
E eu estava num prédio e não era um apartamento térreo. Não havia ninguém em casa. Tão cedo ninguém ia chegar. Na sala, o telefone começou a tocar e eu não podia atender. Não tinha ficado nada dentro do quarto que pudesse me socorrer. Cheguei na janela pra ver se eu via alguém. Ninguém. Não tinha ninguém!
Cadê a velhinha que ficava sempre me espiando? Devia ter saído. A janela dela estava fechada. Vi duas garotas passando ao longe. Gritei: "Ei!!!!" Elas olharam... pro lado errado e continuaram andando! Mas que droga!!! Que raiva! Maldita arrumação! Socorro!!!
Olhei pra baixo, pra fachada do prédio pra ver se dava pra botar meu pé em algum lugar, mas não tinha nada, era lisinho. Ainda mais eu tinha medo de cair. Estava o maior calor naquele quarto. Fiquei logo morrendo de sede, com vontade de ir no banheiro, meu cigarro estava comigo, mas o fósforo estava na sala!!!
Fiquei mais de uma hora ali de castigo até que minha família chegou de volta e me libertou da armadilha doméstica que construí para mim.
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Houve um tempo em que trabalhei durante vários meses numa área de risco na cidade do Rio de Janeiro. Entende-se aqui como "área de risco" um lugar geralmente dentro ou perto de uma comunidade carente onde há frequentes confrontos entre a polícia e bandidos, como também entre grupos rivais. Um lugar perigoso.
Nos primeiros dias, confesso que me senti bastante desconfortável. Esta sensação devia ser facilmente percebida, porque só de olhar as pessoas do lugar já sabiam que eu não era dali. Pareciam me olhar com desconfiança, o que me deixava ainda mais sem jeito. Era um outro mundo, uma outra realidade. E eu andava sem saber o que iria acontecer a cada passo.
Mas a gente se acostuma com tudo. Em poucas semanas, eu já sabia andar rapidamente pelos corredores, becos e ruelas. Por onde entrar para desaparecer instantaneamente da rua principal. Já me acostumara com a falta de privacidade dos moradores e não me inibia em cortar caminho pela casa dos outros, passando por baixo de roupas penduradas na corda, me esquivando de porcos que se regalavam em poças de lama, espantando nuvens de moscas e assustando os cachorros que apareciam no caminho.
Pela minha natureza comunicativa, fiz logo amizade sobretudo com adolescentes e crianças. Mas também aprendi novos reflexos e outras formas de comunicação próprias daquele lugar. Para que lado e a que distância deveria olhar com atenção. Um código que eu nem sabia que existia.
Costumava ficar de papo furado com a garotada, fazia brincadeiras. Pegava lápis e papel e desenhava seus rostos. Depois pedia que me desenhassem também. Caía todo mundo na gargalhada com os resultados. Me ofereciam doces e biscoitos, uma flauta pra tocar. A cada dia a gurizada aumentava em volta de mim.
Mas com a violência aumentando assustadoramente, decidi parar de trabalhar naquele lugar. Saí dali com lágrimas nos olhos ao me despedir dos garotos. Muitas vezes quando passava pela avenida principal e olhava em direção daquela comunidade, eu constatava que mesmo de longe eu ainda reconhecia muitas das casas humildes e vielas. Eu ainda sabia o que dava aonde.
E tudo passou. Então, já trabalhando em outro lugar da cidade, uma vez eu estava voltando para casa num ônibus, às 11 da noite. Devia haver uns 15 ou 20 passageiros no ônibus. Todos cansados, em silêncio. Ao passar por uma região perigosíssima, uma das muitas apelidadas de "Faixas de Gaza" da cidade, todo mundo ficava meio apreensivo dentro do coletivo. Tudo o que queriamos era que o ônibus passasse rápido por ali. Era óbvio que, no fundo, todo mundo estava com medo. Rezávamos para que nada fizesse o ônibus parar. Não-para não-para não-para!!!
Só que nesta noite o ônibus parou. Um olhou pra cara do outro e aguardou o que poderia acontecer em seguida. Naquele horário era tudo possível. Ouvimos as vozes, os passos, as gírias de um grupo de uns 10 entrando no ônibus e tomando o corredor central. Ninguém tinha coragem de olhar de frente. De rabo de olho, eu vi as pernas magras, os chinelos de dedo, os pés esparramados. Todo mundo esperando pra saber o que ia acontecer. Atrevida, olhei pra cara deles -- bem na hora que olharam pra minha cara também!
2 segundos se passaram até que um deles, o que usava um gorro que cobria as sobrancelhas com um brasão do Flamengo, se abriu num sorrisão: "AEEEEÊ QUEM TAÍ!!!!" Eu os reconheci imediatamente! Eram os garotos que eu conheci naquela "área de risco" onde trabalhei!!! Eles, que eram uns guris, já estavam uns homens! Que surpresa! Me reconheceram! Afinal era ótimo! Já não estava mais com medo!
Todos sentaram em volta de mim fazendo arruaça. Era o jeito deles. Uns botavam meio corpo pra fora da janela do ônibus gritando "UHUUU!!!" Começaram a batucar na lataria do veículo. "E AÊ?! NUM PARECEU MAR LÁ NAS PARADA?" (Só falavam gritando.) "PARECE LÁ! TÁ MANERO!!!". Começamos a lembrar das brincadeiras e caímos na risada. Um deles me falou que ainda guardava meus desenhos.
Eles foram embora dois pontos depois e o ônibus seguiu viagem tranquilo. A zona de perigo ficara para trás. Então eu percebi que os outros passageiros estavam me olhando de forma esquisita. Estavam todos ainda paranóicos. Continuavam desconfortáveis, evitavam meu olhar. Uma coisa estranha que eu não sei nem explicar. Até que entendi. Eu, euzinha, passei a ser a “suspeita”!!! E foi assim que por meia hora eu me senti como se eu fosse um dos garotos da faixa de Gaza.
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Não há nada pior do que encontrarmos alguém na rua, conversarmos por meia hora e não conseguirmos lembrar quem aquela pessoa é! O interessante é que na maioria das vezes não temos coragem de dizer que não nos lembramos dela. Talvez seja porque aquela pessoa se lembre de tantos os detalhes de nossa vida e tenha ficado genuinamente feliz ao nos ver, enquanto a gente não se lembra de absolutamente nada a respeito dela! Daí, só nos resta aquela cara de tacho, o sorriso sem graça, aquelas respostas indefinidas que quem ouve não sabe dizer se é sim ou se é não (por medo de sermos descobertos) e o alívio quando a pessoa finalmente se despede efusivamente e vai embora.
Mas também... vou lhes contar! Já tive amigos feios que ficaram bonitos, bonitos que ficaram feios, magros que ficaram gordos, obesos que emagreceram, cabeludos que ficaram carecas (opa! aqui não posso dizer o contrário!) e tantas outras mudanças! Noutro dia reconheci um amigo pela voz, que tinha sido a única coisa nele que não havia mudado com o tempo e mesmo assim só lembrei seu nome depois da despedida.
Pior que isso, só mesmo quando uma pessoa que vem em nossa direção cumprimenta alguém que está atrás de nós e a gente responde "Tudo bem!" feito bobo, sem ver que o cumprimento era para o outro, que estaria vindo logo atrás.
Algumas vezes somos pegos de surpresa na nossa própria casa. A campainha toca e quando vamos atender damos de cara com um completo estranho sorrindo e dizendo: "Sou eu!" (Informação que não esclarece coisa alguma!) Por que cargas d'água a pessoa nunca se identifica de forma clara, lembrando em que época, ano, local ou situação nos conhecemos? É um tormento. Por mais que sejamos bons fisionomistas nem sempre é possível identificar de imediato o magrinho que virou gordão, a morena que ficou loura ou o cisne que conhecemos ainda na forma de patinho feio.
Mas, do mesmo modo, existem também aqueles que sabem perfeitamente quem somos, mas fazem questão de fingir que não nos conhecem. Às vezes ficamos por um triz de dizer "Oi! Tudo bem!", chegamos até a abrir a boca e pegar ar para falar, mas engolimos a fala no meio do caminho, quando vemos que o indivíduo continua olhando para um ponto fixo no horizonte e deliberadamente vai fingir que não nos viu. Ficamos a pensar... "Que filho da mãe! Falou comigo semana passada!"
Calma! Com toda certeza este aí é um narcisista desfilando em toda sua pompa! Ele nos vê como objetos e se tornará nosso amigo íntimo assim que precisar nos usar para obter alguma vantagem. Se passou batido, esnobando, é porque não está visualizando nenhuma utilidade em nós naquele exato momento. Não iríamos lhe proporcionar nenhum ganho. Neste caso, apenas deixe o pavão passar! É bom para nós que ele faça de conta que não nos conhece. Amanhã (e para sempre) podemos reforçar este ponto. Afinal, quem precisa de um narcisista? Isso mesmo: ninguém!
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Vou contar um caso que aconteceu há muito tempo, no Natal. Entretanto, apesar do título que escolhi para este artigo, meu assunto de hoje não é exatamente esta data festiva. Vou falar de liderança através desta história.
Tudo aconteceu num Natal em que eu estava muito longe de casa, em outro país. Era um mês de dezembro branquinho, coberto de neve. Sem a família por perto, eu não tinha planos para a véspera nem para o dia de Natal. Estava contando as horas para voltar para o Brasil, que seria na semana seguinte. Já estava de passagem comprada.
Um dos meus dois gerentes, o Luiz, um porto-riquenho, vivia cantando a música "Please, don't go" pra mim, tentando me persuadir a ficar um pouco mais naquela terra gelada. Meus colegas de trabalho, incluindo os gerentes, eram como uma família unida. Logo repararam que eu estava prestes a passar o Natal sozinha e Luiz me convidou para passar o Natal com ele e sua mãe.
Luiz sofria de nanismo. Ele era anão. Entretanto ninguém no trabalho falava essa palavra. A razão para isso é que ninguém conseguia ver o Luiz como anão. Apesar da baixíssima estatura, Luiz fazia com que pensássemos nele como se ele fosse grande. Ele era mais do que nosso chefe, era um amigo.
Com uma voz poderosa, ao encerrar o expediente, Luiz cantava suas músicas preferidas a toda altura. Nos fazia rir fazendo poses engraçadas, como se ele fosse um anjinho de chafariz ou um halterofilista. Trazia presentes para todas as garotas no dia dos namorados e uma vez se fantasiou de abóbora no dia das bruxas, trabalhando o dia inteiro vestido assim. Era uma figura!
Mas quando o assunto era sério, ele dava ordens e todo mundo saía correndo para fazer o que ele havia dito. Em momentos difíceis, a gente sentia firmeza em suas decisões. Ele fazia com que todos se sentissem seguros. Luiz sempre sabia o que fazer. Sua estatura nunca foi um problema. Ele tinha duas caixas de plástico que usava como extensão de suas pernas. Subia nas caixas (cada pé numa caixa) e deslizava pela sala, com extrema rapidez, alcançando qualquer coisa que estivesse um pouco mais alta.
Uma vez, quando uma de nossas colegas pediu demissão porque iria se mudar para longe, o Luiz falou de forma triste: "Mais alguém que se vai..." Ele sentia falta das pessoas que iam embora e, mais do que isso, não tinha medo de dizer o que pensava e sentia. Estava também sempre atento aos sentimentos dos outros. Se havia alguém chateado por algum problema, ele tomava iniciativa de chamar a pessoa reservadamente para conversar e tentava ajudá-la.
Por isso, quando Luiz me convidou para passar o Natal com ele e sua mãe ao saber que eu estaria sozinha, não achei nada estranho e aceitei o convite. Eu nada sabia sobre a sua vida pessoal. Ele era tão envolvido no trabalho, sempre chegando mais cedo que todos e ficando até mais tarde, que eu achava que ele só ia em casa para dormir. Talvez tenha sido por isso que eu imaginei que que aquele Natal seria eu, ele e a mãe dele apenas.
Mas foi tudo diferente do que eu havia imaginado. Saímos do trabalho mais cedo na véspera do Natal e dali eu já iria acompanhar o Luiz até sua casa. Pra começar, ele deu carona pra todo mundo em seu carro. Fomos todos espremidos. No caminho, uma pessoa disse que precisava comprar um presente no shopping e outra queria comprar um vinho. Naturalmente, fomos para o shopping e logo todos quiseram comprar alguma coisa, de modo que quando entramos no carro outra vez já eram quase 9 da noite.
Ao chegar na casa do Luiz tive uma surpresa... A casa estava lotada de gente que o aguardava! Era muita gente! Com a música a toda altura, haviam vários casais dançando na sala! Velhinho dançando com velhinha, criança dançando com criança e até senhoras dançando com senhoras!
Mesmo com a temperatura girando em torno de 10 graus abaixo de zero, a porta da entrada estava completamente aberta. Não dava pra fechar porque não parava de chegar gente. Cada um que entrava, Luiz falava: "Este é meu primo!" Ele falou isso mais de 50 vezes! Cada um que entrava me dava a sensação de estar no vídeo "Lose Yourself" do Eminem, tal a quantidade de jaquetas com capuz por cima do lenço ou boné ou "Can't hold us down" da Christina Aguilera. Todos os primos e convidados tinham essa cara, esse jeito.
Conheci a mãe do Luiz de longe porque não consegui chegar perto dela, tal a multidão que havia entre nós. Alguém me falou para colocar o casaco num quarto e com muito custo fui até lá, me deparando com uma cena que jamais havia visto: o quarto estava cheio, completamente cheio de presentes embrulhados! Não havia lugar para andar nem dava para abrir completamente a porta.
Às 4 horas da manhã a festa ainda rolava. Num determinado momento, a tia de Luiz, uma porto-riquenha bonita, com um vestido florido decotado, como se fosse verão, colocou as mãos na cintura e ordenou: "Movam os carros!" E vários rapazes saíram na mesma hora em direção aos seus automóveis. Perguntei ao Luiz o que era aquilo e ele me explicou que o carro da polícia estava passando pela rua, então os rapazes iam até os seus carros, ligavam os motores, fingindo que estavam indo embora para que a polícia pensasse que a festa estava terminando! Mas a festa só terminou às 5 e meia da manhã, quando a maioria das pessoas foi dormir, embora alguns rapazes continuaram acordados, jogando video-game.
Naquela festa pude perceber que todas aquelas pessoas estavam ali por causa do Luiz. Ele não parou um só momento de atender a todos. Foi realmente um líder que conheci.
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Todo mundo, de vez em quando, perde ou acha alguma coisa. É a chave, o boné, o óculos, o celular e, pior, os documentos. Eu nunca fui muito de perder objetos, embora já tenha perdido alguns. Sou mais de encontrar coisas perdidas, talvez porque eu seja bastante observadora e reparo os detalhes do ambiente onde me encontro.
Obviamente, pessoas de determinadas profissões devem encontrar mais objetos que qualquer pessoa comum. Motoristas de táxi, garis, camareiras de hotel devem estar sempre encontrando coisas. E há também aqueles que encontram grandes somas de dinheiro e que viram até notícia de jornal quando entregam a fortuna de volta a seus donos.
Mas se não é uma fortuna que achamos, se é apenas uma nota caída na calçada, ficamos até felizes com o achado. Uma vez, caminhando com duas amigas, encontramos a maior nota da época na rua. Nossa! Fizemos festa! Fomos a uma pizzaria e comemos por conta do achado!
Por duas vezes na minha vida encontrei montes de moedas. A primeira vez aconteceu quando fui a um teatro assistir a um show que já tinha começado quando cheguei. Estava escuro e não havia lugar para sentar. Sentei num degrau do corredor. Foi quando reparei (pelo tato), que haviam muitas moedas no chão. Até hoje não sei como alguém poderia ter levado tantas moedas para um teatro! Outra vez foi na minha rua mesmo. De manhã cedo, quando saí para comprar alguma coisa, ninguém na rua, vi aquele monte de moedas num canto junto do meio-fio. As moedas deviam ter vindo de uma latinha que estava perto com a tampa um pouquinho mais longe. Não é uma coisa comum de se ver e eu pensei na criança que havia perdido seu cofrinho.
Mas existem achados de "qualidade", cujos donos são quase impossíveis de localizar. Um amigo meu encontrou um casaco num banco de praça com uma gaita maravilhosa dentro do bolso. O casaco e a gaita indicavam que o dono era uma pessoa fina... e esquecida! Existem também perdas de "qualidade": para este mesmo amigo, emprestei um violão e ele o esqueceu no vagão de um trem!
Às vezes as pessoas esquecem de coisas enormes, não sei como! Na saída da faculdade, eu conversava com um grupo de amigos enquanto esperávamos o ônibus, quando um deles pareceu ter levado um susto, dizendo: "Esqueci que eu vim de carro!!!" Ele ia esquecer o próprio carro no estacionamento!
A melhor coisa do mundo é quando a gente consegue achar o que perdeu. Passeando com meu cachorro, que parecia ter mais força que eu me puxando pra onde ele queria ir, acabei perdendo um anel de ouro com pedrinhas preciosas. Andei muito pela rua procurando o anel e não encontrei. Fiquei chateada... Dias depois, andando com o cachorro, já de noite, vi aquele brilho no chão de paralelepípedos da rua. Era o meu anel!!!
Existem umas coisas, que quando encontradas, nos fazem querer achar o dono custe o que custar! Pelo menos eu sou assim!Encontrei, certa vez, junto do telefone público, uma carteira com todos os documentos de um rapaz. Entre os documentos, havia uma carteira de um clube com o endereço do rapaz. Não era longe de onde eu estava. Por isso, resolvi ir até lá entregar em mãos a carteira. Andei e andei... não era tão perto assim! Chegando lá, a senhora que atendeu a porta me falou que o rapaz havia se mudado e me deu o novo endereço. Era um pouco mais longe de onde eu estava, mas não tão longe que me fizesse desistir.
Fui em casa pegar o carro porque dessa vez não dava pra ir a pé. Eu podia muito bem ter deixado os documentos no correio, mas imaginei que um rapaz novo poderia não pensar em ir aos correios. O lugar era mais difícil de encontrar do que eu imaginava. Eu conhecia a rua, mas não sabia que era tão longa... De repente observei que eu estava perdida num lugar ruim demais de dirigir. Eram ladeiras que a gente acha que o carro vai virar, buracos enormes, muita lama... Meu Deus! Onde eu estou?! A rua terminava num portão. Uma criança o abriu sem que eu pedisse. Parecia estar ali somente para isso. Era uma área enorme, com uma comunidade que eu nem sabia que existia naquele bairro! Larguei o carro e segui caminhando até finalmente encontrar a casa do rapaz, que ficou feliz em ver seus documentos de volta. Ele explicou que havia sido assaltado enquanto falava ao telefone e o ladrão devia ter largado sua carteira ali. Voltei para casa pensando que da próxima vez seguirei direto para os correios!
E quando é o ladrão quem esquece os documentos? Há muitos anos atrás, uma pessoa entrou na minha casa para roubar o que havia pelo quintal, mas na fuga deixou cair seus documentos e foi localizado também!
Às vezes a pessoa que acabou de perder um objeto valioso está bem na nossa frente e temos que ser atletas para alcançá-las. Uma vez andando em direção ao banco, na hora do almoço, vi que dois rapazes a alguns metros na minha frente deixaram cair alguma coisa no chão e continuaram andando. Quando cheguei perto, vi que eram cartões de crédito e de banco. Os rapazes altos com longas pernas, andavam num passo rápido e se afastavam cada vez mais de onde eu estava. "Hey!" (gritei em inglês porque isso aconteceu nos Estados Unidos). Os rapazes não ouviram. Pareciam jogadores de hockey ou de baseball, atletas com certeza, de tão rápido que caminhavam. Eu corria atrás. Já tinha passado a rua do meu banco e eu ainda correndo... Quando finalmente os alcancei, confesso que eu estava bufando e no dia seguinte estava dolorida pelo esforço repentino.
Ainda nos Estados Unidos, fui num show de rock e no final encontrei uma guitarra esquecida no gramado. Fico pensando: como é que pode? Devia ser de um dos músicos. Não conseguia imaginar uma pessoa indo a um show levando uma guitarra sem ser um dos músicos. A sorte foi que horas mais tarde consegui fazer contato com um dos organizadores que imediatamente telefonou para o roqueiro esquecido e ele foi buscar a guitarra na minha casa.
Mas o caso mais inusitado de achados e perdidos que já presenciei aconteceu num restaurante em Kendall onde trabalhei há anos atrás. O restaurante, frequentado por estudantes, professores e funcionários da Harvad University e do MIT, batia o récorde de objetos esquecidos. Os estudantes, que usavam o restaurante como ponto de encontro para estudar e discutir, ficavam envolvidos em suas fórmulas e problemas científicos, sendo completamente distraídos em relação aos seus objetos pessoais.
Eu vivia encontrando guarda-chuvas, luvas, casacos, gorros, bolsas, livros e entregava para o gerente, que guardava tudo num armário. Certa vez, porém, na hora de fechar o restaurante, encontrei uma cueca em cima da mesa. Não querendo fazer distinção entre um e outro objeto perdido, levei a cueca para o gerente. Ele reagiu com surpresa: "Meu Deus! Até a cueca deixaram em cima da mesa? Isso ninguém vai vir buscar! Vou jogar fora no lixo!" Nesse momento, o faxineiro estava passando com o saco de lixo e o gerente jogou a cueca no saco, que foi imediatamente fechado e levado para fora.
Menos de um minuto depois, um jovem asiático de óculos, deu duas pancadinhas nas minhas costas com o dedo indicador, como se eu fosse uma porta. Eu conversava com o gerente e nós paramos a conversa para ver o que o rapaz queria e ele disse: "Eu queria saber se por acaso vocês viram uma cueca..." Eu e o gerente prendemos o riso e fomos para os fundos do restaurante fingindo procurar a cueca.
E você? Tem alguma história interessante sobre achados e perdidos que queira compartilhar?
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Meu pai costumava ficar entusiasmado com a fartura que temos nos dias de hoje. Ele ficava exultante quando ia fazer compras no supermercado e via as prateleiras cheias de praticamente tudo que se possa querer comprar. Ele ficava feliz em ver as pessoas comprando, enchendo seus carrinhos, as crianças escolhendo seus artigos preferidos, homens e mulheres de todas as idades com suas listinhas de compras na mão.
Eu gostava de ver que para ele não era muito difícil ser feliz. Para quem é do tempo em que só haviam quitandas e armazéns, realmente a visão de um supermercado cheio de provisões é de entusiasmar. Meu pai ia quase todos os dias ao supermercado. Eu também fazia assim para comprar comida fresca e aproveitar as ofertas do dia. Depois, para economizar tempo, passei a ir menos vezes ao supermercado, comprando mais coisas de cada vez.
Todo mundo tem seu supermercado preferido. O mais perto de casa, o que vende mais barato, o que oferece mais conforto ao cliente, o que aceita cartão de crédito, o que fica mais perto do banco, do trabalho, da escola do filho, o que vende determinados itens que os outros não vendem etc. Há muitas razões para a escolha. No meu caso, gosto de ir no supermercado mais próximo de casa e que vende mais barato ou então naquele perto do banco e que tem lanchonetes, pois aproveito para fazer um lanche.
Não é aconselhável fazer compras quando se está com fome pois compramos mais certos itens que não compraríamos se estivéssemos de barriga cheia. Fazer compras com crianças também é difícil. Se a criança é pequena e fica sentadinha dentro do carrinho, ainda temos que prestar atenção para que não coloque a boca na cadeirinha ou a mãozinha nas laterais do carrinho porque outro carrinho pode chegar perto demais e machucar. Mas temos que prestar atenção nas crianças mais crescidas, que já saem andando, porque podem se perder.
Agora lembrei daquele anúncio em que o menino faz a maior cena no supermercado gritando "Eu quero brócolis!!!" Ainda bem que não é muito comum ver as crianças fazendo essas cenas, mas geralmente elas ficam aborrecidas se não comprarmos o que escolheram: iogurtes, chocolates, bolos, balas, doces, brinquedos e mais uma infinidade de itens que possivelmente não constam da lista dos pais.
Minha mãe dizia que ia comprar o "básico", quando se dirigia ao supermercado para comprar feijão, arroz, óleo, açúcar etc, ou seja, quando não ia comprar aqueles itens que as crianças gostam. Lembro que uma vez meu filho ainda pequenininho correu para ver o que havia nas bolsas de supermercado quando chegamos em casa. Minha mãe falou que era só o "básico" (quer dizer: não há nada que você possa querer!) e meu filho respondeu: "Eu quero o "básico"!!!" Muito parecido com o "Eu quero brócolis" do anúncio.
É interessante como os artigos são arrumados dentro de um supermercado. Na frente estão os itens supérfluos e no fundo, mais longe da entrada, os produtos mais essenciais. Junto das caixas estão também os itens que esquecemos com frequência, como pilhas e lâminas de barbear, além de mais supérfluos. O cliente interessado em economizar irá direto ao fundo do supermercado fazer suas compras e depois, se quiser, poderá passear entre as prateleiras dos supérfluos e escolher alguns.
É curioso também observar que os preços nunca têm um valor redondo, ou seja, é muito difícil ver um item que custa R$2,00 ou R$5,00, por exemplo. É sempre R$2,73, R$4,98, etc. Ou então itens concorrentes que brincam com a quantidade e o preço do produto. O item com 400 gramas, o de 900 gramas, o de 380 gramas, 90 gramas etc. Há uma matemática envolvida aí. O cliente poderá facilmente se perder nas contas da regra de três. Por isso as cestinhas de devolução estão sempre com alguns ou muitos itens. Quando o computador começa a somar de verdade os preços das compras, alguns artigos são dispensados.
Mas a organização do supermercado tem uma relação direta com os nossos costumes. O que mais gostamos de comer e beber, o que usamos para limpar a casa etc. Nos Estados Unidos as prateleiras com cereais (flocos de milho) ocupam um corredor inteiro no supermercado, enquanto que feijão e arroz ocupam um pequeno espaço. As embalagens feitas para uma pessoa só consumir são mais facilmente encontradas. Além disso, a gente vê coisas como uma pessoa comprando apenas uma banana. Acho que nunca vi isso aqui no Brasil.
Em determinadas datas os supermercados ficam mais cheios. São os dias de pagamento. Dia 5, dia 10, dia 15, podemos contar que as filas estarão enormes. Geralmente, se estou fazendo "compras grandes", com o carrinho cheio, e há alguém logo atrás de mim com dois ou três itens, eu digo para a pessoa ir na minha frente quando chega a hora de passar pelo caixa. Não custa nada fazer isso, entretanto não gosto quando alguém que não está na fila com apenas um item na mão aparece de repente pedindo para entrar na minha frente na hora de pagar. Acho que ninguém gosta quando isso acontece. As pessoas que estão atrás da gente fazem logo uma cara indignada, na expectativa de saber se vamos concordar ou não em deixar a pessoa passar. O pior é que se deixamos, logo em seguida aparece mais uma pessoa pedindo a mesma coisa! E aí? Vamos deixar um passar mas o outro não?
Nesses dias de mercados cheios de clientes que acabaram de receber seus salários comprando de tudo (achando que têm mais dinheiro neste dia!) não é raro vermos discussões e até brigas nas filas. O motivo da briga muitas vezes é aquela pessoa com o carrinho cheio que distraidamente (ou não!) entra na fila do caixa rápido, para clientes com até 15 itens. Mas existem outros motivos.
Uma vez havia uma mulher na fila do caixa preferencial (aquela dos idosos, gestantes e deficientes físicos) que criou uma enorme confusão no supermercado. Era fácil ver que ela devia ter menos de 65 anos, mas já havia passado da idade para ser uma gestante. Além disso, ela não tinha nenhuma deficiência física. As pessoas na fila começaram a reclamar. Idosos e gestantes, atrás dela, que estava com o carrinho cheio até a boca, estavam visivelmente aborrecidos com a displicência daquela mulher ocupando um lugar na fila "deles". Os mais jovens, da fila ao lado, partiram em defesa dos idosos e falaram com a mulher sobre ela estar na fila errada. Mas faltava pouco para chegar a vez dela, então ela fingiu que não ouviu e não se moveu do lugar. A discussão esquentou. Mais pessoas começaram a reclamar.
Alguém chamou o gerente que, delicadamente, avisou à mulher sobre a questão da fila ser preferencial. Ela não falou nada e continuou no mesmo lugar... A revolta aumentou! De repente, aconteceu o que ninguém esperava! A mulher começou a pegar os artigos que havia comprado e os atirar na multidão enfileirada! Uma bandeja com um bom pedaço de lagarto redondo passou voando perto de mim e se espatifou na prateleira de sucos. Batatas, laranjas, limões e outros itens foram arremessados no povo! A fatia de melancia se despedaçou na perna de um homem! O tomate não sobreviveu! Era uma guerra surreal!
Fui embora antes que a confusão terminasse. Pensei no meu pai que ficava feliz com a abundância do nosso tempo. Tudo é realmente relativo. Existem várias maneiras de se ver uma mesma coisa. Enquanto meu pai ficava feliz, outros se estressam.
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Vamos supor que uma garota passou a tarde no shopping e comprou aquele vestido lindo branquinho bordado que ela amou desde o minuto que viu. Vai pra casa toda feliz e à noite veste o vestido novo pra sair com o namorado. Ela se olha no espelho vê que o vestido caiu super bem no seu corpo e combinou certinho com suas sandálias. Ela está se sentindo ótima.
Quando o namorado chega, ele logo repara o vestido e vê que ela está bonita demais. Ele deveria se sentir orgulhoso por ter uma namorada como ela, mas alguma coisa faz com que ele diga: "Tá parecendo uma baiana do carnaval!"
Pronto! Acabou a alegria da menina! Não adianta, toda vez que ela usar o vestido vai pensar na baiana rodopiando no desfile da escola de samba e não era esse efeito que ela queria ao comprar o vestido. Talvez ela o esqueça no guarda-roupa e não use mais. Ela começa a duvidar do seu gosto ou pensa que o problema está no seu corpo.
O negócio é que ela estava adorando o vestido até o momento que o namorado fez o comentário. O que tinha acontecido? Ele queria se sentir o maioral e ela esperava que ele aprovasse a sua escolha. É como um jogo, que vai acabar se repetindo, em situações diferentes.
Marido e mulher saem para levar o filho numa festinha de aniversário. No final da festa, se despedem dos amigos e vão para casa. No caminho até o carro, o homem pergunta à esposa: "Cadê a chave do carro?" e ela responde: "Está contigo." Ele se espanta e diz: "Não, eu te dei a chave quando a gente chegou." E ela nega: "Não, você não me deu chave nenhuma!" Ele insiste: "Dei sim!" E ela também: "Não, eu não peguei na chave!" Eles voltam para a festa e a chave estava caída no chão, exatamente entre as cadeiras que ele e ela estavam sentados. Era impossível provar que a chave estava com um ou com o outro, mas um deles tem razão. O que estava errado não quer admitir que esqueceu da chave e o que estava certo fica pensando: "Será que a chave estava comigo?" E começa a duvidar de si mesmo.
Um homem tem um cargo de prestígio e ele é conhecido por estar sempre disposto a ajudar os outros. Não há quem não goste dele. Ele é popular, respeitado e todos o tem em alta conta. No entanto, dentro de casa, entre quatro paredes, ele trata a esposa com desdém e nada do que ela faz parece bom o suficiente para ele. Ele está sempre criticando e apontando seus defeitos. Apesar de tudo, ele dá a ela boas quantias de dinheiro e ela pode comprar o que quiser. Ela não é feliz, mas não pode falar sobre sua vida com ninguém, pois ninguém iria acreditar. Ela começa então a duvidar de si mesma e a pensar que está errada.
Essas histórias são fictícias, mas são relações que acontecem. Se a gente não passou por isso, pelo menos já ouviu falar de alguém que passou. Sempre tem um que fica duvidando de si mesmo, se sentindo pra baixo. É um jogo que não faz bem. O interessante é que a partir do momento que a pessoa vê que é só um jogo e se recusa a jogar, aquilo começa a parar de se repetir tanto, até que não o afeta mais.
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Um dos serviços da casa que mais toma tempo e energia é o cuidado que temos de ter com as nossas roupas. Lavar roupas não se resume em apenas colocá-las na máquina e apertar um botão. É um trabalho que começa desde a hora em que começamos a procurar por roupas sujas deixadas nos cômodos da casa até o momento que elas entram dobradinhas nas gavetas ou penduradas em cabides nos armários.
Se começarmos a adiar a tarefa de lavar as roupas, podemos chegar a um ponto em que as gavetas ficarão quase vazias e a área de serviço parecerá não caber a "montanha" que irá se formar. Então pensamos que temos "poucas" meias, "poucos" panos de prato e começamos a comprar mais, fazendo a "montanha" aumentar.
Certa vez conheci uma pessoa que tinha um bom emprego, mas que ainda morava com os pais. Conversa vai, conversa vem, ela me falou que ainda não tinha ido morar sozinha porque se fosse teria que lavar suas roupas e, morando com os pais, havia quem tratasse deste "problema" para ela e assim não tinha com que se preocupar. É por isso que muitos jovens chegam à idade adulta sem saber o que fazer para ter suas roupas limpas na gaveta.
A tarefa de lavar roupas começa no momento em que você entra no banheiro, nos quartos e até na sala e na cozinha a procura de roupas sujas. Muita gente, de todas as idades, tem hábito de deixar suas roupas sujas no chão, o que só faz piorar o trabalho de deixá-las limpas. A roupa deixada no chão vai pegar poeira, fios de cabelo, pelos de gatos ou cachorros e até pequenos insetos mortos ou vivos! A pessoa que está a procura de roupas sujas pela casa, há de olhar atrás das portas, debaixo das camas, atrás dos sofás, sobre os assentos e encostos, nas maçanetas, além de obviamente no cesto de roupa suja.
Depois de recolher todas as roupas sujas, teremos que separá-las por cor e por tipo. Roupas escuras, coloridas, claras e brancas. Roupas finas, panos de cozinha, roupas íntimas não devem se misturar. Quem tem espaço em casa pode usar dois cestos de cores diferentes e quando for colocar a roupa suja na área de serviço, já vai colocando a roupa escura e colorida num cesto e a roupa clara em em outro. Os panos de cozinha e toalhas de mesa do dia a dia podem ficar numa bacia separada das roupas íntimas e das meias.
Enquanto estamos separando as roupas, podemos verificar se existem moedas, papel, documentos etc nos bolsos. Bermudas e calças masculinas possuem bolsos até não poder mais... podemos encontrar de tudo ali, já que os homens adoram colocar tudo nos bolsos para andar com as mãos livres. Se esta etapa não for feita, podemos acabar lavando na máquina dinheiro, carteiras, celular etc.
Precisamos descobrir quais são as roupas que soltam tinta e lavá-las à mão, separadamente. A roupa de cama pode ser lavada junto com as toalhas de banho. Roupas muito sujas devem ser lavadas à mão antes de serem colocadas na máquina. Roupas claras podem ser lavadas junto com as brancas, mas algumas roupas brancas devem ser lavadas separadamente, com alvejante, ou então ficarão com aspecto encardido. A roupa mais nova ou mais fina, bordada ou com aplicações, deverá ser lavada à mão.
Se a roupa possui fechos, estes devem ficar fechados, os botões abotoados e se a roupa possui tiras de qualquer espécie, não devemos deixar estas tiras soltas. Podemos prender essas tiras ou fitas num laço ou lavar a roupa dentro de uma fronha, senão essas tiras vão dar um nó na roupa. Se a roupa tiver bolsos, estes devem ser virados para fora para que o fundo fique livre das sujeirinhas que se acumulam ali.
Quem tem bebê em casa deve tomar cuidado com as micro meias, sapatinhos de lã, camisetinhas, touquinhas e outras roupinhas pequenas. Elas podem desaparecer se colocadas na máquina. É melhor que sejam lavadas à mão, logicamente tudo separado das roupas do resto da família.
Falando em roupa de lã, temos que ter cuidado com o peso dessas roupas depois de molhadas. Geralmente as roupas de lã, assim como acolchoados e roupas de moletom, são leves enquanto estão secas mas ficam super pesadas depois de molhadas. É sempre bom verificar no manual o peso que sua máquina pode suportar.
Gosto de usar o sabão em pó da melhor qualidade, quase sempre o mais caro, nas roupas. Acho que vale a pena, mas também compro sabão em pó dos mais baratos para lavar o chão. O mesmo vale para os amaciantes. Não uso produtos sem marca vendidos nas ruas por ambulantes.
Já li em algum lugar que é bom juntar roupa suja e ligar a máquina em sua capacidade máxima a fim de economizar luz, mas não gosto muito dessa ideia. Parece que a roupa não fica tão bem lavada se a máquina de lavar estiver muito cheia de roupa. Prefiro colocar menos roupa e economizar luz de outras formas.
Mas depois que colocamos toda a roupa na máquina, fechamos a tampa e giramos o botão, parece até que a área ficou maior e mais clara! É um alívio, mas um alívio apenas temporário... Terminada a lavagem não é bom "esquecermos" a roupa na máquina até o dia seguinte, por exemplo. Muitas roupas se deixadas em contato com as outras assim molhadas poderão manchar. Então, para evitar surpresas desagradáveis, devemos tirar logo a roupa da máquina, assim que terminar de lavar.
Se você tem uma daquelas secadoras grandes, que secam a roupa com ar quente e centrifugação, tem apenas que tomar cuidado com as roupas de lã, que não devem entrar neste tipo de secadora. Seu suéter favorito pode se tornar um casaquinho de bebê... As roupas de lã encolhem muito nesse tipo de secadora. As roupas devem ser retiradas da secadora e dobradas assim que terminar a secagem, pois assim a maioria das roupas não precisarão do ferro de passar.
Mas mesmo quem tem secadora deve preferir usar o varal para estender suas roupas nos dias quentes, se houver espaço e deixar a secadora para os dias frios ou chuvosos. Para estender a roupa no varal, tome cuidado com os pregadores de madeira, que sujam com facilidade as roupas brancas e com os de plástico que podem se quebrar com uma roupa mais pesada (você não quer encontrar sua calça jeans no chão). Devemos estender as roupas escuras na sombra e deixar as claras no sol. Cuidado para não estender roupas embaixo de árvores onde os passarinhos poderão sujar as roupas estendidas. Cuidado também com varais muito baixos se sua casa tem cachorro ou gato. Eles poderão puxar as roupas estendidas para se deitar sobre elas.
Na hora de estender as roupas, procure usar os pregadores na parte mais firme da roupa. Devemos observar também se a roupa irá ficar deformada quando presa aos pregadores. Se isso acontecer, podemos colocar a roupa num cabide plástico e pendurar o cabide no varal ou então secar a roupa estendida sobre uma toalha limpa.
Nunca deixe a roupa ficar na corda ao ar livre de um dia para o outro pois pode chover durante a noite. O ar da noite também é capaz de deixar as roupas úmidas. Então é melhor recolher as roupas ao entardecer e colocá-las em algum lugar coberto se ainda estiverem molhadas. Quando retirar a roupa da corda ou da máquina de secar, use uma bancada para ir dobrando cada peça conforme for retirando os pregadores. Gosto de tirar as roupas de algodão um pouquinho "antes da hora", quando estão ainda meio úmidas, pois é mais fácil de passar. Nesse caso, passe logo estas peças de roupa e guarde nos cabides ou gavetas, mas sempre verifique se o ferro de passar está com fundo limpo. As roupas de algodão ainda úmidas ficam sujas facilmente.
Muitas roupas esticadas e dobradas assim que são retiradas do varal dispensam o ferro de passar. Na hora que estamos dobrando, podemos ver se alguma roupa está com a bainha despencada, sem botão ou com o botão quase caindo ou descosturadas. Essas roupas que precisam de reparos devem ser consertadas logo, antes de voltarem às gavetas, caso contrário, na próxima lavagem seu aspecto vai piorar. O botão quase caindo vai cair de vez, a bainha despencando vai ficar toda despencada e assim por diante.
Quando finalmente a roupa é colocada nas gavetas e cabides... Bem, então está na hora de voltar para o início e começar a procurar roupa suja pela casa, porque com certeza haverá.
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Muitas crianças pequenas pensam que os bancos dão dinheiro aos pais. Seria bom se fosse verdade. Toda vez que precisássemos de dinheiro, só teríamos de ir até o banco e pegar mais. É até difícil explicar para estas criancinhas que o banco apenas guarda o nosso dinheiro e que precisamos primeiramente depositar uma quantia para poder então retirar (realmente isso parece não ter muita lógica!) ou que é a empresa onde trabalhamos que deposita uma certa quantidade de dinheiro em nossa conta bancária todo mês.
Pior ainda é quando aquela criancinha que acabou de fazer 4 anos sugere que a gente compre alguma coisa usando o cartão... Aí é mais difícil de explicar! Como dizer que tem cartão de crédito e débito, que temos um limite no cartão de crédito e outro no de débito (que depende de quanto temos no banco), que existem datas melhores e outras piores para usar o cartão de crédito?
A verdade é que apesar de existir um número gigante de crianças vivendo em situação de miséria, há também uma porção de crianças que se diverte gastando o dinheiro dos pais. Antigamente as crianças esperavam o aniversário, o dia das crianças e o Natal para ganhar um presente. Agora, com os shoppings instalados em toda parte, muitas crianças só querem saber de comprar.
As crianças acompanham as novidades através dos anúncios da televisão, enquanto estão assistindo seus desenhos animados favoritos. Elas querem tudo oferecido pelos anunciantes. Alguns pais até evitam passar perto de um McDonalds ou entrar numa loja qualquer se estão acompanhados dos filhos gastadores. Os parentes ficam sem saber que presente levar numa festinha de aniversário, uma vez que as criancinhas aniversariantes já possuem basicamente todos os brinquedos que estão nas lojas.
E quando essas criancinhas se tornarem adultos, saberão economizar? A verdade é que só conseguiremos juntar dinheiro se pararmos de gastar. Não importa o quanto se ganhe, desde o pequeno até o mais alto salário, a nossa riqueza dependerá do quanto iremos guardar. Muita gente diz que só poderá guardar dinheiro no dia que ganhar mais. Isso é uma ilusão, porque quando essas pessoas ganharem mais, irão aumentar seus gastos, suas necessidades se ampliarão e o dinheiro continuará faltando. Devemos guardar nem que seja uma pequena quantia, mesmo se o orçamento estiver apertado.
Por tudo isso, acho que um bom presente para uma criança que tem de tudo é um cofre de porquinho ou outro bichinho qualquer. Que ela aprenda a separar uma moedinha por dia, que aguarde pacientemente o cofrinho encher, que faça planos, que sonhe e realize o que desejar.
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Os gatos são animais limpos por natureza. Passam o dia se limpando e se você tem mais que um gato, então sabe que um felino limpa o outro nos lugares onde não conseguem alcançar com a língua, geralmente a cabeça e orelhas. A língua do gato parece uma escovinha. Talvez seja por isso que os gatos não gostam de água.
Mas às vezes o banho de verdade, com água e sabão (ou shampu), é necessário. Meu gato Willian Wallace foi jogado na minha casa quando era ainda um bebezinho. Ele estava todo sujo de lixo seco, lama e fezes. Não tinha outro jeito, teve que tomar banho. O pobrezinho deve ter sido jogado no lixo, alguém o pegou e o colocou na minha casa. Ele era mais feio do que tudo. Depois o patinho feio virou um cisne, de tão lindo.
Mas voltemos ao banho. Para dar banho num gato, precisamos começar com os preparativos. Prefira os dias quentes e a hora mais quente do dia. Escolha o lugar onde vai ser o banho. Aconselho um lugar pequeno e fechado, onde ele não possa fugir. O banheiro é o ideal.
Comece preparando o local. Gato é imprevisível. A gente nunca sabe qual será sua próxima reação. Então seja radical e tire tudo, mas tudo mesmo, que possa ser retirado, de dentro do banheiro. Toalhas, escovas, shampu, condicionador, pequenos armários removíveis, cestas, roupa, prateleiras de vidro, tapetinhos, sabonetes, etc. Tire tudo. Deixe o banheiro sem nada dentro. O gato pode tirar uma prateleira de vidro do lugar, quebrar um perfume, molhar as toalhas, escovas, virar lata de lixo, então é melhor prevenir.
Também é bom pegar uma vassoura e varrer o banheiro antes de começar o banho. Às vezes quando a gente tira um tapete fica uma poeirinha embaixo. Essa poeirinha vai virar uma lama se molhar, então é melhor varrer e tirar o lixinho.
Providencie uma bacia, uma caneca para jogar água, o shampu ou sabonete, uma toalha para enxugar o gato depois do banho. Tudo isso antes de começar o banho. Também é importante que você não fique descalço. O gato pode sair andando e fazer xixi no chão enquanto toma banho e você não vai querer pisar no xixi descalço, não é?
Pegue uma bacia e encha de água morna, quentinha, como se você fosse dar banho num bebê. Só depois de tudo pronto é que você vai pegar o gato. Entre no banheiro com ele no colo e feche a porta antes de colocá-lo na água. Se o gato ficar quieto dentro da água (o Willian Wallace fica) vá molhando com a caneca. Cuidado com os olhos e as orelhas do gato. Não deixe entrar água no ouvido nem espuma nos olhos. Dependendo do comportamento do gato na hora do banho, você poderá até dispensar a caneca e usar o chuveirinho do banheiro para tirar o sabão.
Nunca grite ou faça barulho. Vá conversando com seu gato, com a voz suave, que ele vai ficar tranquilo. Os gatos se guiam muito pelo nosso próprio comportamento. Se ele começar a andar todo molhado dentro do banheiro e você se aborrecer, a coisa só vai piorar. Em vez disso, aproveite a hora de ensaboar ou tirar o sabão para fazer carinho e falar bem tranquilamente com ele, que ele vai colaborar.
Acabado o banho, enxugue bem o gato com a toalha. Então agora já pode abrir a porta do banheiro. Gatos não gostam do barulho do secador de cabelo. Também é melhor não mexer em secador enquanto o banheiro estiver molhado, certo? Se for usar o secador, use em outro cômodo da casa.
Deixe seu gato terminar de secar no sol. Depois do banho ele vai ficar cheiroso e brilhando!
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