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The aim of life is appreciation; there is no sense in not appreciating things; and there is no sense in having more of them if you have less appreciation of them.


..........................................................................................................Gilbert Keith Chesterton
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Donos de Portugal e os Donos da Notícia

Por vontade dos donos da notícia, Os Donos de Portugal seria um fracasso de vendas. Numa pesquisa sumária encontrei nos media apenas duas referências a este estudo: Um resumo alargado na Visão e um artigo de Óscar Mascarenhas no DN, significativamente intitulado Os Donos do Silêncio. Tanto quanto sei, este silêncio rigoroso foi observado até pelo Professor Marcelo, que não é propriamente um homem circunspecto.

Em contrapartida, encontrei centenas de referências na blogosfera, incluindo muitos sites que não conhecia e fiquei a conhecer. Talvez isto explique o facto de o livro estar esgotado na FNAC quando o tentei comprar pela primeira vez, e de estar em terceiro lugar numa tabela de vendas da Bertrand, logo a seguir a'O Anjo Branco de J.R. dos Santos e Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro de C. Moreno. Feito notável se considerarmos que dos três títulos, só o primeiro foi objecto duma campanha de divulgação intensa por parte da comunicação social; e um feito que ajuda a explicar a hostilidade à blogosfera que o comentariado português, oficial ou oficioso, ocasionalmente exprime. Os "donos da notícia" referidos por Elsa Costa e Silva são no geral as mesmas pessoas que integram os "donos de Portugal", e não gostam muito de ver circular informação que não controlam.

Não é teoria da conspiração, é conspiração mesmo: uma conspiração do silêncio sobre um livro suficientemente importante para poder influenciar durante várias décadas o debate político em Portugal. A identificação e caracterização da oligarquia portuguesa, a análise pormenorizada dos seus comportamentos económicos e opções políticas, são um gato que não voltará a entrar no saco; e, por mais que o escondam, ele continuará a miar e a dar sinal de si. O tema da oligarquia veio para ficar, e a partir de agora nada será como dantes no debate cívico em Portugal.

Há duas coisas que Os Donos de Portugal não é: não é um livro descomprometido politicamente, mas também não é um panfleto político, ideológico ou partidário. Se fosse um panfleto, seria fácil de atacar: qualquer dos nossos "fazedores de opinião" se sentiria com forças e competência para o fazer. Mas é um estudo rigoroso, cuidadoso, fundamentado. Como qualquer estudo sério, pode ser criticado: dificilmente no que respeita a tese central, com mais facilidade no que respeita o acessório. Mas para tanto seria necessária uma refutação igualmente sólida, e pelos vistos ninguém tem tempo, ou disponibilidade, ou energia ou competência para a elaborar. E quem tem competência acha, sem dúvida, que quando não se pode dizer mal é melhor não dizer nada.

E este contraditório faz falta: pela minha parte, gostaria de saber o que Vasco Pulido Valente, por exemplo, tem a dizer sobre a matéria.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Um mistério

Paul Krugman faz aqui uma interrogação que me fez lembrar o tratamento diferenciado que o Público deu ao «manifesto dos 28» e ao «manifesto dos 52». Pergunta Krugman quem decide estas coisas. Em Portugal, sabemos pelo menos um nome: José Manuel Fernandes. Poderia perguntar-se também com base em que critério, e também para isto temos, em Portugal, uma resposta: a visibilidade mediática dos opinantes. É o critério das revistas cor-de-rosa; e foi o próprio director do Público que o disse, em resposta ao provedor do Leitor.