terça-feira, 30 de junho de 2009

Superstar.


Superstar | Superstar | SBK | 1994

Conforme prometido no post do Groovy Little Numbers, aqui está a banda posterior de Joe McAlinden, o infelizmente esquecido Superstar, em seu álbum de estréia, de 1994. Aliás, que ano para o guitar pop, não? Talvez seja essa a razão desse álbum ter sido ignorado, existem tantos discos bons lançados nessa época que é difícil dar conta de todos até hoje. Mas aos poucos a gente chega lá.

Nem lembro a razão de ter comprado esse disco na época, mas lembro que faz tempo que sou do seguinte pensamento: quando o assunto é pop escocês dos anos 90, não tem aonde errar. Fui atrás da resenha do All Music Guide e achei a seguinte pérola: "Scottish pop in the early 1990s was known for vocal harmony, Big Star chord changes, and rocked-out guitars. Think Teenage Fanclub or Eugenius, and please don't forget Superstar. They were largely ignored at the time, but looking back, the band stacks up rather well against the top power-pop groups."

Ouvindo esse disco hoje em dia, afirmo que ele é melhor que os dois do Eugenius (conforme comparado acima), ele ficou menos datado, é um tipo de guitar pop mais clássico e atemporal, com fortes influencias de Big Star, tanto que Alex Chilton participa desse disco tocando guitarra na faixa "Don't Wanna Die" (que por acaso é a que menos gosto do disco). Esse disco me lembra mesmo é o excelente "Life Goes On" do BMX Bandits.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Evie Sands.


Evie Sands | Any Way That You Want Me | Rev-Ola | 1969

Esse é o disco que mais ouço ultimamente. De uma semana para cá, ouvi ele umas quatro vezes por dia, foi uma coisa intensa mesmo. Apaixonei. Já fui pesquisar o melhor preço para adquirir a versão original que a ótima Rev-Ola relançou, com encarte de luxo e tudo mais. Mas quem é Evie Sands? Além de ser a cantora predileta de Dusty Springfield, participar de alguns shows do Belle and Sebastian (que faz cover da já clássica "Take Me For A Little While"), quem é Evie Sands?

I've been trying to make you love me
But everything I try just takes you further from me
You don't love me no no
So you treat me cruel
But no matter how you hurt me
I'll always be your fool

Sonic Boom do Spacemen 3 é fã declarado, inclusive ele incluiu uma música dela num recente CD intitulado "Spacelines", aonde ele compila uma seleção de suas influências e canções favoritas. Aliás, depois de ouvir Evie Sands, descobri que "Any Way That You Want Me" não é dos Troggs como sempre pensei (todos sabem que a melhor versão dessa música quem gravou foi o Spiritualized né?), mas sim de um cara chamado Chip Taylor, que era parceiro de Evie Sands nessa época, em 1969. A versão dela, presente nesse disco, também é muito bonita, considerada por muitos a melhor.


Mas quem é Evie Sands? Não importa. Para que saber? Ouça esse disco e saiba a razão pela qual todo mundo ama a voz dela, o jeito dela, as canções dela. Depois comece a digitar o nome dela no Google para conhecer um pouquinho mais sobre ela. Finalizo dizendo que esse disco é cheio de bons momentos, mas a seqüência de "It's This I Am" e "Shadow of the Evening" é de arrepiar, coisa linda mesmo.

PS.: Fui navegar dentro do MySpace dela e na parte do blog ela escreve sobre uma viagem que fez para Glasgow (tocou até com MBX Bandits) e na lista de agradecimentos olha só quem ela agradece: "Just back from an amazing trip to Scotland ... so fantastic, I'm motivated to post my first blog! Reason for going was to do some recording with my friend, the tremendously talented Isobel Campbell.A loving 'thank you' to: Isobel, Alison Campbell, Duglas Stewart, Joe Foster, Norman Blake, Jim McCulloch, David Scott, Stuart Kidd, Rachel McKenzie, Dave McGowan, Dave Patterson, BMX Bandits Jamie and Bryan, Steph, Alyn Cosker, Yasu, Ally Kerr, Euan, Jason, Bill Wells ... and everyone. Working, playing and hanging with you was a total joy!". FALA SÉRIO!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

The Groovy Little Numbers.


The Groovy Little Numbers | The 53rd & 3rd Singles | Avalanche | 1998

Taí o disco que o Glaidson pediu num comentário. Também publico a resenha que escrevi na época, que saiu no fanzine Sete Polegadas # 1.

***

O Groovy Little Numbers foi uma banda da metade dos anos 80 formada em Glasgow, por um casal, Joe e Catherine, que teve um período curto de duração, somente um ano. Nesse período a banda lançou 2 singles em 12" com 3 músicas cada. Os singles foram lançados pela legendária gravadora de Stephen Pastel, a 53rd & 3rd Records e tiveram tiragem limitada, se tornando raríssimos. Qual não é a surpresa quando no começo de 99 é lançado um CD que junta esses dois singles! Estamos falando de uma banda que fez "Happy Like Yesterday", um dos pops mais belos que já ouvi em toda minha vida. Como se não bastasse, ainda me fazendo algo como "You Make My Head Explode" e "Windy", que não ficam atrás da outra canção já citada. O que impressiona é o senso de melodia que os dois tinham, a perfeita harmonia dos vocais e instrumentos, a inclusão de sax, flautas e trompetes no momento certo, dando um toque especialíssimo à banda. É impressionante a capacidade do Groovy Little Numbers em criar pop songs perfeitas, que dão a impressão de estarem deslizando suavemente por algum tubo lisinho, sem solavancos ou sustos. Depois dessa banda, Joe partiu para formar o Superstar, que existe até hoje. Bandas afins: Teenage Fanclub, Pastels, BMX Bandits, Superstar, Belle and Sebastian.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Vídeo da Semana # 38.



God Help the Girl, "Come Monday Night"

Uma das coisas mais legais do Facebook é se tornar amigo virtual de uns figuras que são importantes para a cena indiepop mundial como um todo. De uns tempos para cá estou trocando idéias com pessoas que nunca imaginei caso não existisse o Facebook. Uma delas é o Duglas, do BMX Bandits. Ele posta mensagens o dia todo, com pensamentos, sugestões e ótimas dicas e textos graciosos, como esse abaixo, sobre o novo projeto de Stuart Murdoch, chamado God Help the Girl.

Com a palavra, Mr. Duglas: "I've posted this before but today I was at a very low key launch event Stuart Murdoch had put together for this project. Sitting on the floor of a chuch hall in the West End of Glasgow eating home made cupcakes and drinking tea while watching (and listening) to the ladies in the video and house band perform 6 very fine songs from 'God Help the Girl' was a lovely way to pass an hour on a rainy afternoon. The band were swell, the cakes were beyond yummy and the girls sang so sweetly together and looked so happy while singing that you just had to share in their smiling. Also The cakes were amazing, butter icing, light and moist with fresh blueberries in the middle of them."

Resolvi não traduzir para não tirar... nah, esquece, na verdade estou super ocupado com minha monografia e já enrolo suficientemente o dia inteiro, então melhor não traduzir. Dá pra entender, é fácil.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Trecho # 9.


Sou muito fã de Rubem Fonseca, ele tem um certo humor irônico cheio de peculiaridades que me atrai bastante. Ontem, antes de dormir, li esse conto dele pela primeira vez, presente no livro "Contos Reunidos", no capítulo intitulado Lúcia McCartney. Eu dei risada. Fala sério, fiquei imaginando a cena e só conseguia sorrir. Esse é um típico texto de Rubem Fonseca. Coloco aqui o conto na íntegra, vale a pena.

Relato de Ocorrência

Na madrugada do dia 3 de maio, uma vaca marrom caminha na ponte do rio Coroado, no quilômetro 53, em direção ao Rio de Janeiro.

Um ônibus de passageiros da empresa Única Auto Ônibus, chapa RF 80-07-83 e JR 81-12-27, trafega na ponte do rio Coroado em direção a São Paulo.

Quando vê a vaca, o motorista Plínio Sérgio tenta se desviar. Bate na baça, bate no muro da ponte, o ônibus se precipita no rio.

Em cima da ponte, a vaca está morta.

Debaixo da ponte estão mortos: uma mulher vestida de calça comprida e blusa amarela, de vinte anos presumíveis e que nunca será identificada; Ovídia Monteiro, de trinta anos; Manuel dos Santos Pinhal, português, de trinta e cinco anos, que usava carteira de sócio do Sindicato de Empregados em Fábricas de Bebidas; o menino Reinaldo de um ano, filho de Manuel; Eduardo Varela, casado, quarenta e três anos.

O desastre foi presenciado por Elias Gentil dos Santos e sua mulher Lucília, residentes nas cercanias. Elias manda a mulher apanhar um facão em casa. Um facão? Pergunta Lucília. Um facão depressa sua besta, diz Elias. Ele está preocupado. Ah! Percebe Lucília. Lucília corre.

Surge Marcílio da Conceição. Elias olha com ódio para ele. Aparece também Ivonildo de Moura Júnior. E aquela besta que não traz o facão!, pensa Elias. Ele está com raiva de todo mundo, suas mãos tremem. Elias cospe no chão várias vezes, com força, até que a sua boca seca.

Bom dia, seu Elias, diz Marcílio. Bom dia, diz Elias entre os dentes, olhando pros lados. Esse mulato!, pensa Elias.

Que coisa, diz Ivonildo, depois de se debruçar na amurada da ponte e olhar os bombeiros e os policiais embaixo. Em cima da ponte, além do motorista de um carro da Polícia Rodoviária, estão apenas Elias, Marcílio e Ivonildo.

A coisa não anda boa não, diz Elias olhando para a vaca. Ele não consegue tirar os olhos da vaca.

É verdade, diz Marcílio.

Os três olham para a vaca.

Ao longe vê-se o vulto de Lucília, correndo.

Elias recomeçou a cuspir. Se eu pudesse eu também era rico, diz Elias. Marcílio e Ivonildo balançam a cabeça, olham para a vaca e para Lucília, que se aproxima correndo. Lucília também não gosta de ver os dois homens. Bom dia dona Lucília, diz Marcílio. Lucília responde balançando a cabeça. Demorei muito?, pergunta, sem fôlego, ao marido.

Elias segura o facão na mão, como se fosse um punhal; olha com ódio para Marcílio e Ivonildo. Cospe no chão. Corre para cima da vaca.

No lombo é onde fica o filé, diz Lucília. Elias corta a vaca.

Marcílio se aproxima. O senhor depois me empresta a sua faca, seu Elias?, pergunta Marcilio. Não, responde Elias.

Marcílio se afasta, andando apressadamente. Ivonildo corre em grande velocidade.

Eles vão apanhar facas, diz Elias com raiva, aquele mulato, aquele corno. Suas mãos, sua camisa e sua calça estão cheias de sangue. Você devia ter trazido uma bolsa, uma saca, duas sacas, imbecil. Vai buscar duas sacas, ordena Elias.

Lucília corre.

Elias já cortou dois pedaços grandes de carne quando surgem, correndo, Marcílio e sua mulher Dalva, Ivonildo e sua sogra Aurélia e Erandir Medrado com seu irmão Valfrido Medrado. Todos carregam facas e facões. Atiram-se sobre a vaca.

Lucília chega correndo. Ela mal pode falar. Está grávida de oito meses, sofre de verminose e sua casa fica no alto de um morro, a ponte no alto de outro morro. Lucília trouxe uma segunda faca com ela. Lucília corta a vaca.

Alguém me empresta uma faca senão eu apreendo tudo, diz o motorista do carro da polícia. Os irmãos Medrado, que trouxeram vários facões, emprestam um ao motorista.

Com uma serra, um facão e uma machadinha aparece João Leitão, o açougueiro, acompanhado de dois ajudantes.

O senhor não pode, grita Elias.

João Leitão se ajoelha perto da vaca.

Não pode, diz Elias dando um empurrão em João. João cai sentado.

Não pode, gritam os irmãos Medrado.

Não pode, gritam todos, com exceção do motorista da polícia.

João se afasta; a dez metros de distância, pára; com os seus ajudantes, fica observando.

A vaca está semidescarnada. Não foi fácil cortar o rabo. A cabeça e as patas ninguém conseguiu cortas. As tripas ninguém quis.

Elias encheu as duas sacas. Ou outros homens usam as camisas como se fossem sacos.

Quem primeiro se retira é Elias com a mulher. Faz um bifão para mim, diz ele sorrindo para Lucília. Vou pedir umas batatas a dona Dalva, vou fazer também umas batatas fritas para você, responde Lucília.

Os despojos da vaca estão estendidos numa poça de sangue. João chama com um assobio os seus dois auxiliares. Um deles traz um carrinho de mão. Os restos da vaca são colocados no carro. Na ponte fica apenas a poça de sangue.

***

Adquira esse livro aqui.

domingo, 14 de junho de 2009

Tanto Faz.


Não é todo dia que sai artigo no jornal do meu livro nacional predileto. Isso é de sexta, no Estado de São Paulo. Não leu Tanto Faz? Adquira aqui.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Fotograma na Livraria da Esquina.


Essa quinta-feira vai ter mais um show do Fotograma, mas esse será especial: uma que será o pré-lançamento do primeiro álbum propriamente dito, intitulado "Trilha Sonora Intuitiva". Ele vai estar rolando nas caixas de som antes do show. Já ouvi e sei que é coisa fina! Outra que o show acontecerá no melhor palco da cidade hoje em dia. Assistir um show na Livraria da Esquina é delícia pura, eu mesmo vivo pegando uns bons shows por lá, o últimoo inclusive foram ótimos, do Milocovik e Copacabana Club semana retrasada. Saí de lá bastante impressionado.

Mas o lance agora é Fotograma! Canções influenciadas por folk rock, indiepop e música brasileira (em especial a mineira dos 70's), quem gosta de algum desses estilos sempre fica impressionado com a banda em cima do palco. Eles já fizeram bastante shows nos palcos da cidade, um melhor que o outro, a banda está super afiada e eu sou a melhor pessoa para afirmar isso, pois vi todos os shows do Fotograma! Gosto mesmo! Ajuda o fato de todos da banda serem meus amigos de longa data, mas podem confiar: isso não influencia em nada. Se fosse ruim eu não teria ido em todos os shows né? Sofrer não é comigo hehe.

É isso aí, espero todos vocês lá!

Visitem o MySpace da banda. Essa foto do flyer é do meu irmão Renato.

Dronesssssszzzzzzz.

Federico Durand, em São Paulo

Conforme anunciei aqui, o argentino Federico Durand tocou em São Paulo. O show foi numa pomposa galeria de arte no Itaim Bibi e o patrão Rodrigo Maceira filmou tudo, no que resultou nesse singelo documentário acima. No show todo mundo estava sentado no chão, relaxando ao som de drones, que numa rápida consulta ao dicionário, caso não saiba, significa "continuous low humming sound". Eu gosto bastante e ouço direto canções drone.

National - Ensaio 07.06.09 II

Coincidentemente ontem o camarada Glauco me enviou vídeos do último ensaio do National. Os ensaios são verdadeiros acontecimentos, pois só para montar toda a parafernália de equipamentos eles demoram um bom tempo. O resultado é um som único, com timbres esquisitos e batidas imaginárias. Já tinha colocado outro trecho de um ensaio da banda, aqui.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Trecho # 8.

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Estou devorando "Retalhos", sensacional graphic novel de Craig Thompson, um calhamaço com quase 600 páginas. Desenhos lindos, história mais ainda. Vencedora de vários prêmios, acaba de ser lançado no Brasil. Sábado passado saiu um artigo de página inteira no Estado de São Paulo, mas on-line é só para assinantes... felizmente dá para encontrar mais informações da Folha de São Paulo e d'O Globo. Recomendo!

domingo, 7 de junho de 2009

Trecho # 7.



(...)

- Nós todos nos divertimos – Shealy disse. – Todos os vagabundos, todos os desastres. Nós chegamos num ponto em que gostamos desse passeio decadente. Para o fundo, onde é macio, onde está a lama.

Cassidy não se voltou. Continuava a olhar para a porta do roupeiro.

- Isso é o que você disse outro dia. Não acredito em você.
- Acredita em mim agora?

O quarto estava calmo, exceto pelo som sibilante de Cassidy respirando forte por entre os dentes. Bem no fundo de si mesmo ele estava chorando. Virou-se muito lentamente e viu Shealy em pé próximo a janela, sorrindo para ele. Era um sorriso de conhecimento, e era gentil e triste.

Os olhos de Cassidy atravessaram Shealy, passaram pela persiana da janela, das paredes dos prédios e da imunda escuridão cinza do cais.

- Não sei no que acredito. Há uma parte de mim que diz que não deveria acreditar em coisa alguma.

- Esta é a maneira sensata – Shealy disse. – Apenas desperte a cada manhã e seja o que for que aconteça, deixe acontecer. Porque não importa o que você faça, acontecerá de qualquer modo. Entre nela. Deixe que ela o leve.

- Pra baixo – Cassidy murmurou.

- Sim, pra baixo. Eis por que é fácil. Nenhum esforço. Nenhuma subida. Apenas deslize para baixo e curta a viagem.

- Claro – Cassidy disse e transformou seus lábios numa careta. – Por que eu não deveria curti-la?

(...)

Página 193, “A Garota de Cassidy”, David Goodis.

sábado, 6 de junho de 2009

Vídeo da Semana # 37.



Shop Assistants, "All Day Long" (BBC Scotland version)

Nossa, meu queixo foi ali embaixo com essa versão ao vivo de "All Day Long"! Vi o link no Facebook do Roque Cloudberry e um dos comentários achei engraçadado: "Sara Carr says oh wowwwwwy wow! .. that's it im buying some drums. haha." Shop Assistants é demais!

Como escrevi no último parágrafo desse artigo da banda que publiquei no Esquizofrenia # 9, de 2002: "Quem pensa que indiepop é sinônimo de presilhas em formato de coração, acessórios da Hello-Kitty e roupas com florzinhas estampadas, devia ouvir Shop Assistants para sacar que a coisa não é bem assim. Porque punk pode ser kitsch. E vice-versa."


Em 2009 a banda continua influenciando o povo, conforme pode ser ouvido em Mayfair Set, Dum Dum Girls e o novo do Legends. Mas ninguém chega perto da maravilha que é Shop Assistants!