Nunca ouvi tanto a frase: "está tudo maluco"...
As queixas maiores são no trânsito, onde as buzinadelas são um doce, quando comparadas com os insultos de janela e até as ameaças de agressões físicas.
Todos estes "selvagens" que fazem ameaças físicas no quentinho do carro, deviam ser confrontados, da mesma forma que foi o Jeremias, na Avenida D. Afonso Henriques de Almada. Quando este parou o carro para tirar satisfações com o condutor que vinha atrás, teve a "sorte" de ver sair da viatura um calmeirão com quase dois metros, munido de um taco de basebol. Para felicidade dele, não lhe dirigiu qualquer palavra, limitou-se a amassar a porta do condutor e o capot com o taco. Depois voltou para o carro e seguiu viagem. O Jeremias, ficou pequenino e sem reacção, quase enterrado no banco do condutor. Serviu-lhe de lição para a vida...
(Assisti casualmente ao episódio, quando ia apanhar o metro na Gil Vicente...)
Mais uma vez dei a "volta ao cavalo" e escrevi sobre outra coisa. A "maluquice" de que queria falar aconteceu ontem no coração do Bairro Alto, junto à estátua do Padre António Vieira com os meninos índios. Enquanto passava por ali, assisti a uma discussão entre brasileiros que não queriam os índios na estátua.
Fingi que não percebia brasileiro e continuei a marcha até ao Cais Sodré...
O homem que há quase quatrocentos anos defendeu os índios, se manifestou contra a escravidão, depois de ter fugido para o Brasil, devido à perseguição da inquisição, para algumas pessoas parece ser "persona non grata", na actualidade. Pessoas que fingem não perceber que o mundo está sempre em mudança, que é um erro olhar para o passado apenas com os "olhos do presente"...
Lá vou eu voltar ao começo da conversa, porque o que não falta por aqui, e ali, é "gente maluca"...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)