O mundo mudou um pouco por todo o lado.
O Vitor estava na oficina a arranjar um vitrine, quando passou por lá o Dinis, mesmo a tempo de nos interromper a conversa, com as banalidades do costume.
Por saber que muitas das nossas conversas começavam e acabavam na Incrível, começou a falar de quase toda a gente que andava por ali, pelo salão, à procura de qualquer coisa para matar o tempo, enquanto ajudavam a manter de "cara lavada" que era a sua "segunda casa".
De repente soltou quase um grito, para o Vitor: «Lembras-te do "Laranjadas"? - fez uma pausa, para voltar a perguntar - O que será feito dele?»
O Vitor sorriu, lembrava-se muito bem dele, era quase a sua sombra. E era mesmo...
O rapaz que devia ser ligeiramente mais velho que eu, tinha um problema qualquer cognitivo, daqueles que costumamos associar a "fios mal ligados, na caixa dos fusíveis". Mas andava sempre por ali e gostava de ajudar. O único prémio que queria, era um copo de sumo de laranja. Foi por isso que ficou o "Laranjadas".
Ele tinha ido viver para o Alentejo com a mãe, que se reformara e foi à procura das suas raízes... e por lá ficou. Há dez, quinze anos?
Como o tempo passa...
Gostei de me recordar desta Cidade, que era capaz de tratar os "maluquinhos" como gente quase igual a nós...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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