Um dos problemas mais graves do nosso tempo, é o medo e a desconfiança em relação ao outro, por ter uma pele de cor diferente, professar outra religião, ou simplesmente, por ser alguém que veio "de fora".
A chamada globalização mundial faz com que cada vez as pessoas aceitem menos um futuro de fome ou de guerra nos seus países e continentes e, partam para outros continentes, onde tudo parece ser melhor.
Manuel António Pina escreveu muito bem, sobre o "medo", na revista "Visão", de 19 de Outubro de 2006. Intitulou a sua crónica com um elucidativo "Vêm aí os mouros". Transcrevemos com a devida vénia os dois primeiros parágrafos:
«Contou-me quem assistiu que, um dia destes, numa igreja do Porto, quando o novo padre (de origem guineense) fez, na homilia, um apelo à paz e à tolerância religiosa e, para ilustrar as piedosas palavras, revelou aos crentes que toda a sua família era muçulmana, estes, na maioria mulheres e idosos, ouvindo pronunciar a palavra "islão", lembraram-se de repente que tinham deixado o jantar ao lume ou haviam ficado de ir buscar os netos ao infantário e, um a um, persignando-se, puseram-se rapidamente a milhas, não fosse o homem trazer alguma bomba debaixo da batina.
O episódio é revelador do medo que por aí vai, alimentado não só pelas imagens na TV da fúria da "rua" islâmica contra tudo o que mexe, Papa incluído, mas também pelos exemplos de cobardia que vão chegando da Europa "civilizada".»
Quinze anos depois pouco mudou. E houve coisas que até aumentaram, como a tal cobardia da Europa "civilizada", na forma como lida com as migrações e os migrantes...
(Fotografia de Luís Eme - Idanha-a-Velha)
Bom dia
ResponderEliminarSem dúvida, um tema que é debatido mas passa muito ao largo dos grandes poderosos , neste e noutros Natais.
JR
Sim, distribuem "cabazes de natal" mas evitam essas "ruas", Joaquim.
EliminarAi está uma boa reflexão.
ResponderEliminarAs pessoas vivem com muitos medos, grande culpa disto tudo é da comunicação social com o sensacionalismo e excessiva transmissão de certas notícias.
Pois, esse é um outro lado perverso da questão, Micaela.
EliminarAs televisões fazem de cada tragédia uma "telenovela"...