quinta-feira, abril 30, 2015

A Vida Já foi Mais Bela...


Não tenho qualquer dúvida de que a vida já foi mais bela, para todos nós.

E não estou a falar apenas da crise (mas se calhar está tudo ligado...).

Além da falta de humor e de palavras (tanta gente por aí cabisbaixa e de semblante triste...) parece que estamos a "embrutecer". 

Cá dentro é o que se vê todos os dias nas notícias, parece que a vida humana perdeu importância. Mata-se por um bocado de terra, por meia dúzia de euros, por amores perdidos e sei lá que mais.

E quando olhamos para fora as coisas em vez de melhorarem, pioram. É um alegado estado islamista que está a semear o terror no Norte de África e no Próximo Oriente. São os milhões de pessoas que são empurradas para sitio nenhum, depois de serem enganadas e partirem em "direcção à morte", no Mediterrâneo...

O óleo é de Salvador Dali.

terça-feira, abril 28, 2015

Fernando (Alberto Caeiro) Pessoa


A parte do "espelho" que gosto mais de Fernando Pessoa é o Alberto Caeiro, pela facilidade com que diz coisas simples e bonitas, que nem sempre nos apercebemos da sua largueza...

Um exemplo (podia dar dezenas...)?

"Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro.
Mas vivemos juntos os dois
Com um acordo intimo
como a mão direita e a esquerda.

(ou ainda...)

O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo.
Porque não interroga nem se espanta...

O óleo é de Anton Ebertgerman.

segunda-feira, abril 27, 2015

Encontro com Palavras Esquecidas


Encontrei um daqueles papeis em que escrevo coisas quase para nada, misturado com outras inutilidades. Por curiosidade fui ver o que estava lá.  Descobri a facilidade com que desenhara o meu "conservadorismo", em apenas dois apontamentos:

«Desde que comprei casa, nunca mais mudei. Mesmo em todo o tempo que vivi com os meus pais, só mudámos de casa uma vez, quando passámos de uma casa alugada para uma casa própria.»

«Os cafés que frequento são os mesmos de há duas décadas. Isso acontece sobretudo por ser bem tratado, o que faz com que me sinta quase em casa em qualquer deles.»

Se tivesse dúvidas de que sou mais conservador que liberal no curso normal da vida, perdia-as...

O óleo é de Laura Westlake.

sábado, abril 25, 2015

O Espanto dos 92 por Cento, 40 Anos Depois das Primeiras Eleições Democráticas


Faz-me confusão que as notícias falem com espanto da afluência às urnas das primeiras eleições livres realizadas a 25 de Abril de 1975, para a Assembleia Constituinte.

Se mais de 70 % dos portugueses nunca tinham votado (não me servi de qualquer dado estatístico, apenas da minha intuição de historiador para chegar a este número), é absolutamente normal que todos quisessem participar na construção do tal país, mais livre e mais justo, com que todos sonhavam, um ano depois da Revolução dos Cravos.

É por isso que não me espanta nada que a percentagem de votantes tenham atingido os 92 %, entre todos os portugueses recenseados.

Espanta-me sim, que quarenta anos depois, mais de metade dos portugueses não vão votar em todos os actos eleitorais, sem que os políticos (de todos os partidos com assento parlamentar...) demonstrem qualquer preocupação pelo que está a acontecer na nossa sociedade.

sexta-feira, abril 24, 2015

O Que nos Resta de Abril é a Liberdade


Este cartaz está muito feliz, pela simplicidade, pela beleza e pelo simbolismo.

João Santa Bárbara destaca muito bem o que ainda nos resta de Abril, a LIBERDADE.

Não é que não existam por aí tentações para também a levarem no "saco".

A última delas é a tentativa de condicionar os jornalistas durante a próxima campanha eleitoral (como todos se manifestaram contra nas primeiras páginas dos jornais, a gentalha dos maiores partidos, já veio dizer que era tudo mentira, etc).

quinta-feira, abril 23, 2015

Ironia das Ironias


É Dia Mundial do Livro e eu estou a "encaixotar" livros, para mudarem de morada, para voltarem para uma das casas onde cresci, que felizmente tem espaço suficiente para guardar parte da minha biblioteca, que começa a ultrapassar a irritação dos outros habitantes cá da casa...

Pois é, isto de gostar de livros tem que se lhe diga. É um "vício" que carece de espaço...

E compro muito menos livros. Mas como também me oferecem vários (e se há coisa que eu sou incapaz de recusar são livros...), as coisas complicam-se em vez de tornarem o dia a dia mais fácil... 

Claro que os livros que penso ler nos próximos anos, continuam por aqui, agora mais visíveis, para que não me esqueça do que lhes prometi...

O óleo é de Olivier Desvaeux.

quarta-feira, abril 22, 2015

«Não acredito que sejamos mais mentirosos que os outros.»


O ser-se português é quase sempre tema de conversa, pelos piores motivos.

Nunca fui grande apreciador do nosso "bota abaixo", nunca achei que fossemos os "piores do mundo" no que quer que seja. Somos quanto muito diferentes, em algumas coisas.

Na última conversa de café, a mentira (de perna curta e comprida...) veio para a mesa e vi-me praticamente isolado, por achar que não somos mais mentirosos que os outros povos, europeus ou de outro continente qualquer.

Alguns companheiros ainda estavam irritados por as pessoas mentirem sobre coisas perfeitamente inúteis, como aconteceu com os filmes de Manoel de Oliveira e os livros de Herberto Helder, que quase ninguém viu ou leu, embora tenham partilhado no "faicebuque" e nos "blogues" coisas extraordinárias sobre estes dois autores.

Contra a corrente, disse que só por isso, tinha sido útil escreverem pequenos textos ou frases sobre o Manoel e o Herberto, pois pelo menos contactaram com a sua obra (mesmo que se tenham limitado aos títulos, e talvez tenha ficado alguma curiosidade pelos filmes e poemas...).

Por outro lado, com a liberdade e a possibilidade da existência de "comentadores anónimos", acredito que muitos também devem ter "pintado a manta" da pior maneira possível, por isso...

Mas continuo na minha: «Não acredito que sejamos mais mentirosos que os outros.»

O óleo é de Ivo Petrov.

terça-feira, abril 21, 2015

A Vertigem da Fama


Ele passou rente às mesas e olhou de uma forma insinuante para quem por ali estava sentado, à espera de um olhar, e porque não, de um pedido de autógrafo.

Escondi os meus olhos dentro do jornal, ao perceber que a "vedeta" estava a passar de novo naquele "corredor", aparentemente indiferente à fama.

Acabou por se afastar e ir à procura de outra "passerelle" mais iludida pelas revistas "cor de rosa".

Não era a primeira vez que assistia a algo do género. E até me lembrei de uma história de um amigo que conseguiu fingir que não conhecia um actor  de parte nenhuma, depois de este lhe ter sido apresentado, desculpando-se que não tinha televisão em casa. Algo que acabou por embaraçar a "vedeta", que não lidava bem com o anonimato...

Embora muitas vezes digam que não, penso uma boa parte das figuras que passam a vida dentro da televisão sentem uma grande necessidade de exposição, de serem olhados, comentados e até falados na rua. 

O óleo é de Angela Bandurka.

segunda-feira, abril 20, 2015

A Inteligência, o Medo e os Sentidos


Ia dizer que não sabia o que é que nos segura, o que faz com que não nos deixemos ficar reféns dos "sentidos" pelas ruas do mundo, cheias de cores e de encantos, mas estava a mentir.

A inteligência, a tal  "arma" que nos separa dos outros animais e que nos faz pensar duas e três vezes, em vez de nos deixarmos levar pela febre do desejo, muitas vezes momentâneo, deita quase sempre tudo a perder.

Parece um jogo, que começa e acaba na nossa cabeça, quando esta se descobre avessa às "loucuras" alimentadas por um olhar mais intenso e nos recorda a "vida" e nos obriga a "acordar"...

É isso que faz com que seja tão difícil entrarmos num quarto, deitarmos as roupas para o chão, darmos  apenas voz ao nosso corpo, sem querer mais nada que o objecto do nosso desejo, e mais importante ainda, sem precisarmos de saber quem entrou no nosso jogo...

Somos baralhados pela honra, pela dignidade, pela ética, pela fidelidade (essa coisa tão canina...) e sei lá por mais o quê. 

Espere, sei de pelo menos mais uma coisa que nos confunde: o medo.

O óleo é de Achilles Droungas

sábado, abril 18, 2015

Não Conseguir ficar Indiferente


Há pessoas que partem e que não nos deixam indiferentes, mesmo que nunca nos tenhamos cruzado pessoalmente com elas, e tenham vivido com a discrição possível (longe dos "holofotes", que acabam por ser uma tentação e perdição para tantos...).

Uma dessas pessoas é o antigo ministro Mariano Gago, que deu um impulso extraordinário ao ensino superior e à investigação científica. Mas não o fez de olhos fechados, pois teve a coragem de combater as universidades e os cursos que não passavam de negócios "fraudulentos".

Infelizmente uma boa parte do seu trabalho foi desperdiçado nos últimos anos. Os nossos melhores jovens com formação superior têm sido forçados a emigrar para outros países, que além de lhe oferecerem melhores condições de trabalho, valorizam a sua qualidade como investigadores.

Quando olhamos à nossa volta e observamos que 80 % (não é exagero...) dos nossos governantes - locais e nacionais -, não só são incompetentes como promovem a mediocridade, só podemos sentir que o desaparecimento de Mariano Gago é uma grande perda para o país.

sexta-feira, abril 17, 2015

Gostar de Ver a Chuva a Cair


Há muitos motivos para gostarmos de ver a chuva a cair.

Eu durante a minha infância gostava muito de ficar do lado de lá da janela, a ver os fios de água a inundarem as ruas. E se recuar até quase às minhas primeiras memórias, quando a minha rua ainda não era de alcatrão, consigo "ver" a chuva implacável a abrir buracos, as populares poças, que ficavam com uma cor lamacenta e eram um perigo para as pessoas que circulavam na rua. Embora ainda não existissem ainda muitos carros, não era de excluir a possibilidade de ficarem com as roupas castanhas...

E que dizer a um passeio pelo centro da chuva com uma boa companhia? De preferência com chapéu e com algum romantismo...

Tudo isto porque este Abril anda entre o Sol e a chuva...

A ilustração é do Loui Jover.

quinta-feira, abril 16, 2015

Contradições da Vida...


De entre as muitas coisas que gosto da escrita, escrever diálogos e criar personagens, são capazes de ser as mais estimulantes.

Hoje a propósito de nada, pensei que para escrever mais (e melhor claro) precisava sobretudo de receber estímulos dos outros, de que me pedissem para escrever sobre isto e sobre aquilo...

Esqueci-me por momentos o quanto a escrita é solitária, o quando podem ser aborrecidas as "encomendas"...

Contradições da vida...

O óleo é de Sean Mahan.

quarta-feira, abril 15, 2015

As Nossas "Ilhas" (raras) do Jornalismo


Tinha pensado escrever algo sobre a morte do jornalista, Tolentino de Nóbrega, que a par de Lília Bernardes, foram  as duas maiores  "pedras" no sapato do longo "reinado" de Alberto João Jardim, que sempre se achou o máximo em frente dos espelhos mentirosos onde se mirava, mesmo que não passasse de um tirano populista, capaz de fazer tudo para se manter no poder... 

A minha ideia era falar do seu exemplo como jornalistas, gente sem preço, cujo quotidiano foi sempre  lutar contra as barreiras (nem sempre invisíveis) colocadas por quem prefere piscar o olho a uma boa mentira e nunca a uma má verdade...

Só tenho pena que os seus exemplos sejam cada vez menos seguidos nas cidades deste país, onde é extremamente difícil manter um jornal regional, livre e plural. Tudo porque os poderes não gostam de contraditório e proíbem  qualquer tipo de publicidade nos jornais que cheiram a Liberdade (condenando-os à ruína...).

Isso explica o porquê de Almada - um concelho com aproximadamente 150 mil pessoas - não possuir um único jornal. É muito melhor investir num boletim municipal cheio de notícias felizes que dar a mão a uns "infelizes" incómodos, capazes de cuspir na própria sopa...

A ilustração é de Loui Jover.

terça-feira, abril 14, 2015

O Teu Jardim com Memórias


Ninguém diria que tinhas um jardim tão bonito dentro da cidade.

Gostei de passear dentro desse quase segredo centenário que continua a ser "guardado" como uma verdadeira jóia de família.

Percebi que nem precisava de ter flores exóticas (tem sim roseiras de quase todas  as cores...) para ser tão amado.

Disseste-me que aquela jardim tinha sido uma "invenção" dos homens da casa. Não achei estranho. Acabei por acrescentar que o meu avô materno também tinha muito orgulho no seu jardim. Era bonito e invejado por todos aqueles que passavam pela nossa rua de Salir de Matos, aos domingos de manhã, a caminho da missa, vindos de outras aldeias.

Era quase um terreno sagrado. Eu e o meu irmão (conhecidos pelo cão e o gato, quase sempre em eternas correrias um atrás do outro...) evitávamos "batalhas" naquele lugar, que aprendemos a amar, provavelmente por gostarmos do avô...

O óleo é de Joseph Kleisch.

segunda-feira, abril 13, 2015

Há Cada Coincidência...


Na semana passada bebi café sozinho com a Rita - coisa rara - e ela falou-me de uma realidade que nos cerca cada vez mais, a ausência de palavras à nossa volta...

Não são só os jovens que falam mais com o telemóvel que com os amigos. As pessoas da nossa geração também se deixaram "agarrar" pelas novas formas de comunicação e sentem que é piroso não estar nas "redes sociais" a espalhar o charme que gostavam que existisse nas suas vidinhas...

A Rita antes de se despedir disse-me: «Luís, parece que estamos mesmo condenados ao silêncio», com  um sorriso trocista, como se fizesse figas para estar enganada.

Este fim de semana, quando lia a revista "E" do "Expresso" parei na pequena crónica do psiquiatra José Gameiro, que terminava assim (com um SMS de uma doente): «O futuro é o silêncio.»

Embora os temas não fossem iguais, não pude deixar de pensar: «há cada coincidência.»

O óleo é de Steve Hanks.

domingo, abril 12, 2015

Precisamos de Voltar a Olhar com os Olhos


Eu que gosto muito de fotografia (e sempre que dou qualquer passeio farto-me de "disparar"...), sinto que estamos a perder a capacidade de olhar para tudo o que nos rodeia, apenas com os olhos.

Olhamos cada vez mais pela máquina (e mais grave ainda, pelo telemóvel ou pelo tablet..).

Não sei se há alguma possibilidade de se voltar para trás, em esta, como noutras situações verdadeiramente revolucionárias da nossa sociedade, em relação ao conhecimento.

E é tão bom olhar com os olhos...

A ilustração é de Loui Jover.

sexta-feira, abril 10, 2015

Escolas de "Impostores"


Já devo ter falado aqui das muitas escolas de "impostores" que crescem como cogumelos nas cidades,  pertença de gente que adora situações de crise ou de guerra, para encherem os bolsos à custa da "miséria" alheia.

Muitos jovens sem alma de emigrante só conseguem encontrar o primeiro emprego nestas casas cheias de secretárias, telefones, gravadores, com folhas escritas do que se deve e não dizer às pessoas, no negócio da venda de sonhos, quase sempre impossíveis.

Alguns não aguentam passar horas e horas e enganar pessoas de todos os tamanhos, sexos e idades e vão embora, desgostosos por o mundo ser tão diferente do que lhe ensinaram lá em casa...

Outros tornam-se profissionais na "arte de ludibriar" e estão preparados para dar o salto para outras paragens, onde esta arte faz "milagres". Alguns até sonham com uma carreira política, escolhendo como modelos os relvas, os sócrates, os portas, os núncios ou os coelhos...

O óleo é de Atanas Matsoureff.

quinta-feira, abril 09, 2015

O Preto Alentejano


Embora os alentejanos se deixem "pintar" pelo sol, nunca ficam da cor do Rafael, que sempre se orgulhou de ser preto e alentejano.

Claro que o "cante" nunca foi o seu forte, desde a meninice que se habituou a ser embalado por outras músicas escuras, que saiam das guitarras do avô, do pai e do baixo do tio, gajos para misturar as vozes e irem até à américa. Daí a nada o Rafael começou a acompanhá-los com a pequena bateria que ganhou num Natal.

Mas o que ele queria mesmo era dar porrada às teclas do piano, como o Alfredo, o branco que acompanhava o grupo de baile do avô, "Ritmos Azuis", que de Verão tentavam bater todas as romarias do Alentejo, Alto e Baixo.

Quando cresceu os "Ritmos Azuis" eram apenas uma memória, que quase duvidada da existência. Nunca soube muito bem o que aconteceu. Parece que se chatearam uns com os outros e não voltaram a tocar juntos nem separados.

Na adolescência tentava desafiar o pai e o tio, para o acompanharem, mas em vão... O avô era o único que continuava a fazer chorar as pedras da calçada com as mornas da Terra Natal. 

Com apenas dezoito anos Rafael começou a animar as noites do bar manhoso do Evaristo, que até tinha umas raparigas que vestiam menos de mini saia.

Como gostava de pôr aquela gente a dançar, aos pulos e agarradinhos (havia sempre uns fulanos que lhe colocavam uma nota no bolso a troco de músicas lentas...). Hoje ri-se, desta sua faceta de "prostituta".

Acabou na Capital do Império. Duas ou três vidas depois, regressou, atrás dos pássaros do Sul.

Uma noite apareceu no bar do Evaristo e conheceu o novo dono do lugar, que sempre pensara que o piano era apenas um objecto decorativo, até ele lhe demonstrar que ainda estava ali para as curvas. Sorriu por isso e também por continuarem a existir raparigas,  agora praticamente sem saia...

O óleo é de Keith Mallet.

terça-feira, abril 07, 2015

Que grande "Life"


Os livros que me deixam mais curiosos e também apreensivos são normalmente as biografias, um género literário que gosto bastante de ler (por prazer e como exercício de aprendizagem, não fosse autor de  três  biografias...).

Antes de começar a entrar dentro da "Life" de Keith Richards, já gostava da capa. E sabia não tinha outro remédio, senão preparar-me para as 574 páginas que me aguardavam, serenamente, na pilha de livros...

Felizmente o Keith não me desiludiu, contou quase toda a sua vida, com a crueza desejável, utilizando uma linguagem muito dele (sei que foi escrita pelo jornalista  James Fox, mas ele teve o cuidado de usar as palavras gravadas do Keith, para não nos  impingir "gato por lebre"...), muito "rock and roll", sem usar qualquer tipo de subterfúgio para ficar bem na "fotografia", sem problemas em meter um "caralho" ou um "foda-se", quando a conversa pedia...

Não poupou o leitor quando se olhou ao espelho, como "agarrado" ao cavalo (heroína) que foi, muito menos quando explicou os muitos desencontros com o Mick Jagger, quando este se achava mais importante que os Rolings Stones e apostou em apagar a banda do mapa do rock, em nome da sua carreira a solo, o que não passou de um "flopp", como tantas outras aventuras do género...

Os encontros e desencontros de Keith com outros músicos (grandes nomes do mundo musical) vieram reforçar a ideia que eu já tinha, de que os criadores musicais são a malta do mundo artístico, que mais  partilha os seus "truques", que mais trabalha em equipa.

Percebemos pelas suas palavras (de amizade e admiração) a importância do grande Charlie Watts nos Stones, o baterista mítico, que com o seu ar calmo, deve ter sido tantas vezes a "balança" necessária entre aqueles dois rapazes dos subúrbios de Londres, que lidam com o mundo que os cerca de forma completamente diferente. Por isso é que um é "Sir" e o outro gosta de alimentar o seu lado de "fora da lei" e de ter tantos amigos, que de quanto em quanto vão parar à prisão...

E se existissem dúvidas, Keith disse com todas as palavras que o seu maior prazer é tocar num palco, e que gostava de o fazer até morrer...

Se gostam de biografias honestas, dos Stones e do mundo do rock, aconselho a leitura de "Life".

segunda-feira, abril 06, 2015

Absurdo (Ou Talvez Não)


Tinha pensado escrever qualquer coisa sobre a "invenção" de que em 2050, haveria tantos muçulmanos como católicos no nosso planeta. Não consegui perceber como é se chegaram a estes dados, que estudos foram feitos, etc. Para mim só podia haver uma clara manipulação de números.

Mas depois do que aconteceu numa universidade do Quénia (país maioritariamente católico), em que mataram 147 estudantes católicos, pensei que a violência e o medo podem fazer milagres... 

Só não sabia como é que os estudiosos colocavam a violência e o medo nas suas análises...

Já depois de começar a escrever, li a crónica do Ferreira Fernandes, em que ele vai ainda mais longe, diz que o instituto demográfico Pew Research Center, defende que em 2070 haverá mais muçulmanos que católicos. Foi bom ler este excelente jornalista (para lá da sua ironia...), porque abriu-me uma janela, a da demografia. Se os muçulmanos continuarem a reproduzir-se como "coelhos", será uma forte possibilidade ficarem em maioria.

Eu tinha pensado que tal não seria possível, que não iríamos viver sempre na obscuridade a Oriente, que as mulheres não iriam aceitar a burka, o véu e as vestes compridas eternamente, muito menos a difusão de haréns ou a proibição de uma coisa tão simples, como conduzir um automóvel... Até por caminharem para a supremacia académica em praticamente todo o mundo.

Mas a crónica do Ferreira Fernandes (que aconselho a ler), deitou tudo por terra. A violência e o medo fazem milagres. Se continuarem com esta chacina e nós retaliarmos com orações, lá para 2020 (sem a ironia de FF...), terão o mundo a seus pés...

O óleo é de Mertim Gokal.

domingo, abril 05, 2015

O Mundo que Não Muda...


Há "cruzes" da qual nunca nos conseguimos libertar...

A "guerra" pelo poder não continua muito diferente de há dois mil anos.

Uma boa parte dos políticos continua a servir-se da "cegueira" das multidões, que continua a ser um dos maiores perigos dos nossos dias.

Gente que se serve do descontentamento dos outros, para atingir fins, quase sempre diferentes dos prometidos...

Ou seja, Jesus, se aparecer por aqui, certamente não se conseguirá livrar da "cruz". Haverá sempre gente ávida, na primeira fila para o apedrejar e cuspir...

O óleo é de Pompero Batoni.

sexta-feira, abril 03, 2015

A Festa e a Tradição Fintam a Religiosidade


Não tenho qualquer dúvida que o ambiente de festa e da tradição da época pascal, suplantam a religiosidade (tal como acontece no Natal...).

Digo isto, positivamente. Em muitas terras de Norte a Sul recuperaram-se tradições que já tinham caído em desuso, desde procissões (com particularidades de região para região) até à gastronomia, numa aposta clara no turismo e na história. 

O espectáculo cénico suplanta quase sempre o fervor religioso de outros tempos, com vantagens para todos (digo eu...).

O óleo é de Luís Selem.

quinta-feira, abril 02, 2015

«Adeus, Grande Manoel!»


Soube há pouco que Manoel de Oliveira nos deixou.

Havia tanto a dizer sobre este homem, que sempre amou o mundo das artes, especialmente o cinema, mas vou tentar fugir dos habituais lugares comuns.

Não gosto de todos os seus filmes. Provavelmente por nem sempre ter paciência para a "poesia" que ele colocava nas suas fitas cheias de planos intermináveis cheios de beleza...

O mais curioso (e importante...) é que Manoel sempre  foi sempre um espírito livre, nunca abdicou da sua ética e estética. Foi perseguido na ditadura e bajulado na democracia (por gente que estava longe de pensar que ele ia durar até aos 106 anos e sempre com projectos na manga). Mas como o que ele queria era fazer filmes, nunca se preocupou com quem se tentou servir do seu talento.

E ainda bem.

«Adeus, Grande Manoel!»

quarta-feira, abril 01, 2015

A Mulher e o Corpo, o Corpo e a Mulher


Numa época em que se tenta equilibrar "o prato da balança" entre o homem e a mulher, em praticamente todos os campos da sociedade,  noto que nunca como hoje se explorou tanto a nudez e as curvas femininas, seja na publicidade ou até mesmo na divulgação diária de notícias (não há site de jornal ou revista que se preze, que não apresente a fotografia de qualquer "bomba", com o desfile dos seus melhores atributos).

Embora não seja coisa que me desagrade (a mulher é uma das coisas mais belas que nos são oferecidas diariamente...), acho no mínimo estranho que esta exploração (que não tem parado de crescer...), não seja alvo de crítica pelas defensoras da igualdade (e até superioridade feminina).

Claro que este realce também pode ser olhado como publicidade a algo em que as mulheres são de facto superiores aos homens - a sua beleza -, mesmo que em muitos casos exista por ali o "bisturi" do homem...

O óleo é de Nicolay Prokopenko.