Este Ano Preciso Mais...

Sim, este ano preciso mais de férias, que noutros tempos. Mesmo no ano passado acho que não estava tão necessitado de escapar para qualquer parte.

Estou num ponto que quase vejo peixes a sobrevoarem o céu, como neste bonito óleo de Denis Nunez Rodriguez.

O Vazio...

Há algo de fascinante e também de vazio, numa sala, auditório ou esplanada sem viv'alma, com tudo montado para o espectáculo, sem contudo ter o mais importante, a componente humana.

Sim, é a componente humana que transporta coisas tão diversas como a palavra, o movimento, a emoção, o silêncio, a atenção, o aplauso, o riso, o olhar...

O exemplo é a esplanada do Festival de Teatro de Almada, na escola D. António da Costa, com o Teatro Azul ao fundo.

A República dos Porcos & os Porcos da República

Uma das coisas que me faz mais confusão, neste país em crise, é a possibilidade de se somarem reformas públicas. O sempre "sério" presidente da República até já veio dizer que afinal só recebe duas e não três como veio na imprensa...

Numa altura destas, de crise, devia ser de lei, que todos aqueles que exercem funções no Estado, ficariam com as suas pensões de funcionário público suspensas. E se isso afastasse todas as pessoas que apenas vivem em função do dinheiro e do lucro fácil, ainda bem, pois ficaríamos todos a ganhar.

Li há pouco no blogue Da Literatura, de Eduardo Pitta, isto.

Campos e Cunha, o tal senhor que saiu do governo em 2005, para que não lhe reduzissem "as suas pensões", teve o desplante de propor um aumento de 25% nos vencimentos dos políticos e uma diminuição de 20% para os restantes funcionários públicos (nas jornadas do PSD...).

Isto por si só fala do seu carácter, moral e ética, pública e social.

Já começa a "cheirar mal", lermos aqui e ali, que fulano tal (são sempre grandes "sumidades", muitos dos quais contribuíram para o estado actual do país...) não vai para a política, para não perder dinheiro, como se vencimentos na ordem de 5.000 euros, num país que tem um ordenado mínimo dez vezes inferior e pensões de reforma mais de vinte vezes inferiores, fossem ordenados de "miséria".

Já basta de tanto insulto à nossa inteligência.

Para ilustrar este "post", só poderia escolher a já pouco original, "Política, a Grande Porca", de Rafael Bordalo Pinheiro.

E Viva España!

Gostei que a Espanha fosse Campeã do Mundo, por várias razões: por ter excelentes jogadores, que além da sua grande capacidade técnica, são uns bravos a lutar; e essencialmente por ter um treinador que deveria ser um exemplo (tal como o senhor Óscar Tabárez, treinador do Uruguai...), para treinadores como Carlos Queirós, Diego Maradona ou Raymond Domenech.

Vicente Del Bosque nunca precisou de inventar desculpas, nem sequer respondeu, como devia, ao antigo seleccionador espanhol, Luís Aragonês, que "saltou-lhe" logo em cima, ao primeiro desaire, com o habitual espírito "solidário" desta classe...

O nosso seleccionador falou da relva, da tala de protecção de Drogba, dos árbitros sul americanos, etc. A única coisa que teve de admirável, foi dizer sempre que os nossos jogadores tinham sido extraordinários, mesmo quando jogavam aquele futebol "desgarrado à Queirós". O mais curioso foi os jogadores não lhe terem pago com a mesma moeda...

Na giria futebolística é comum dizer que quando se ganha, ganham os jogadores e quando se perde, perde o treinador.

Mas nesta vitória espanhola (até pelas substituições bem sucedidas, como no jogo com Portugal...), Vicente Del Bosque, tem uma grande quota parte do êxito, pois acreditou sempre, nunca deitou a toalha para o relvado nem andou atrás de bodes expiatórios.

Às Vezes Tropeçamos nas Palavras e na Vida...

Hoje "tropecei" numa daquelas frases que guardei no meu caderno de quase tudo e vi-me ao espelho, senti o quanto precisava de mudar de cidade...

David Byrne, o músico e agora também escritor, disse ao "Ipsilon", a 16 de Abril: «É preciso criar estimulos criativos. E nisso a cultura é fundamental. É necessário que as cidades sejam locais onde apetece viver, onde nos sintamos inspirados, onde tenhamos a experiência de criar, sejamos artistas ou homens de negócios.»

Gostaria de voltar às minhas origens, de voltar a viver numa cidade pacata como as Caldas da Rainha, onde pudesse fazer coisas diferentes...

Mas a vida nem sempre é como desejamos, principalmente quando temos família, empregos, etc...

O óleo é de Black Flynn.

A Cultura, os Subsídios e a Transparência (que não há)

Devo começar por dizer, que me parece quase ridiculo o Estado querer cortar, ainda mais, nas verbas para a Cultura, já de si quase anedóticas (não foi por acaso que Sócrates prometeu mais dinheiro para a Cultura, durante a campanha eleitoral). Talvez tenha sido por isso que voltou atrás...

E também gostaria que os encontros reivindicativos que se têm realizado entre agentes culturais, tivessem como ponto de ordem de discussão, a exigência de uma maior transparência e lisura na atribuição de subsídios, quer do Ministério da Cultura, quer dos Pelouros de Cultura das autarquias.

Toda a gente ligada à cultura sabe que o dinheiro disponibilizado pelas entidades oficiais é diminuto. Pior que isso, só ser tantas vezes mal distribuído.

Devo andar distraído, pois ainda não vi nenhum destes agentes culturais que têm falado nas televisões, rádios e jornais, "escandalizado" com as discrepâncias que se passam a nível local, onde ainda se dão subsídios pela cor política dos intervenientes e não pela qualidade dos seus projectos.

Sei que estou a ser injusto para algumas pessoas, mas pelo que conheço da realidade cultural deste país, a maior parte desta gente preocupa-se mais com as tetas da sua "vaca sagrada" que com uma maior transparência e dignidade na atribuição de subsídios.

Era bom discutir as coisas com seriedade, acabar com as "filas" para as quase esmolas dadas pelos muitos "poderes" deste país, como estas da fotografia de Robert Doisneau de Paris, em 1945.

O Adeus de Matilde Rosa Araujo

Era uma excelente professora, que além de gostar de ensinar, adorava contar histórias.

Li algumas, escutei outras.

Sempre gostei do seu olhar doce, do seu sorriso terno...

Os livros, tantos, ficam, e recordam, entre outras coisas, o seu amor às crianças e à literatura.

Má Sorte Ser Capitão...

Primeiro foi Cristiano Ronaldo, agora foi João Moutinho.

Cometeram o "pecado" de aceitar usar a braçadeira de capitão, antes do tempo, Ronaldo na Selecção, Moutinho no Sporting.

Mas poderiam dizer não? Alguém pode recusar a honra de usar a braçadeira de capitão da sua equipa?

Cristiano Ronaldo tem sido usado por muita gente, mas ele não é pessoa de se esquecer de cobrar, nem que seja ao espírito santo...

João Moutinho é diferente. Apesar de pequeno em altura, tem sido tantas vezes gigante dentro de campo. Talvez por isso, seja mesmo um "jogador à poarto"...

Não sei o que pensam agora as pessoas que lhes colocaram a braçadeira. Nem sei se isso é importante. Carlos Queirós está longe de ser o "gentleman" que finge ser e talvez "invente" um outro capitão amanhã. Paulo Bento é diferente. Não deve estar arrependido do que fez. E talvez sorria com esta passagem do seu capitão para os dragões...

Bettencourt e Costinha? Talvez se fale deles lá para Dezembro, quando se fizer um primeiro balanço do seu Sporting, sem maçãs podres...

A escolha deste trabalho gráfico de Andy Warhol para ilustrar este texto não é de todo inocente. Só depois de morrer é que Che Guevara passou a ser conhecido por todos como o "El Comandante".

De Repente Acordamos e Apetece Dizer Bom Dia às Coisas da Tarde

Este título quase parece um daqueles títulos longos e deliciosos do escritor Mário de Carvalho.

Quando percebemos que o tempo deixa de nos dar espaço, que queremos dizer bom dia à tarde que escapa, dizendo-lhe para esperar, ele responde-nos com um sorriso trocista, ao mesmo tempo que nos oferece um "toma" ao jeito do nosso Zé, que roubámos ao grande Rafael.

Só que a vida não pára, nem mesmo quando fingimos parar no tempo...

Talvez pareça algo enigmático este começo, mas hoje o meu maior amigo fez cinquenta anos e lembrou-me que um dia destes também eu vou entrar para o clube dos "cinquentões"...

Crescemos e vivemos juntos uma boa parte da nossa vida. Na infância e na adolescência éramos inseparáveis, partilhávamos o quarto, os amigos, as brincadeiras, os desportos, e claro, as patifarias habituais da criançada.

Nasceu dois anos e alguns meses à minha frente, para desbravar caminho e ser quase o meu "anjo da guarda", de carne e osso, sempre pronto para me proteger dos "putos maus", da nossa rua e de outras por onde andávamos, num tempo sem os "perigos" e os "fantasmas" de hoje.

Entrámos na idade adulta e fomos ligeiramente afastados pela vida, como acontece quase sempre. Vivemos e trabalhamos em cidades diferentes. Por vezes estamos tempos e tempos sem nos vermos, e nem sequer estamos sempre a telefonar.

Mas todas estas coisas acabam por ser pequenas, porque sabemos não há distância que nos separe.

De Surpresa em Surpresa

O Brasil, que hoje até mostrou algum "samba", foi eliminado pelos holandeses. Não sei se este Mundial vai continuar a oferecer-nos surpresas, como a de hoje.

Estava convencido que o Brasil seria um dos finalistas, pela forma "fria" e "calculista" como jogava. Enganei-me.

E agora o Dunga vai ser servido de bandeja a todos os seus "amigos "jornalistas" (ainda consegue ter pior imprensa que o Queirós, mesmo com títulos...).

Penso que as surpresas ainda não acabaram, acho que a Argentina não vai passar a Alemanha, graças à sua defesa mediana.

Como os prognósticos estão quase de pernas para o ar, aposto numa final entre o Uruguai e a Espanha, e claro, na vitória de "nuestros hermanos"...

Na foto, Garrincha, essa figura mitica do Brasil, em mais uma finta...