Dia dos namorados, é um dia criado para que as pessoas comemorem o amor, a união…Para alguns esse dia é comemorado com flores, presentes, jantares, viagens, passeios…para outros mesmo tendo um par não é comemorado, é ignorado e esquecido, outros comemoram sempre, mesmo não sendo o dia, todo dia é dia…acho isso maravilhoso, não precisa ter um dia para celebrar o amor…ele tem que ser vivido, dividido, compartilhado, multiplicado, espalhado…
Para Drummond o amor bate na aorta…
Cantiga do amor sem eira nem beira,
vira o mundo de cabeça para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
Hoje tem filme de Carlito!
O amor bate na porta
O amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…::
Carlos Drummond de Andrade
Gente, retomei aqui o post depois que li um outro post no blog da Rosane o Trésors sobre o amor e um dos comentários dizia a seguinte frase que achei o máximo e nunca havia pensado sob este ângulo, fala o seguinte:
“qual o problema passar o dia dos namorados sem namorado? no dia do indio não fico abraçada a um indio. No dia da árvore não fico ao lado de uma árvore, e o dia de finados não fico ao lado de um defunto".