En este momento Kaës nos muestra el desarrollo de las práticas psicoanalíticas del grupo a finales de la Segunda Guerra Mundial, una vsión que tiene como eje teórico las contribuciones de la escuela francesa representadas principalmente por Pontalis, de D. Anzieu y R. kaës, las cuáles irán considerar el grupo como atravesado por las pulsiones inconscientes.
Os momentos fundadores. Paris, 1960. Na França, o desenvolvimento das práticas psicanalíticas do grupo no final da Segunda Guerra Mundial aconteceu, em um aspecto nada negligenciável, como efeito dos esforços empreendidos para reconstruir a organização econômica e social prejudicada pelo conflito do que o pais acabava de sair. A atenção prioritária à saúde pública e de administração dos recursos terapêuticos facilitou a entrada de práticas e de teorias grupais nos meios “psiques”. Essas práticas apresentavam vários tipos de vantagens: a possibilidade de propor tratamentos psíquicos a um número maior de sujeitos era particularmente coerentes com os objetivos da Previdência Social, criada recentemente; o esforço dos processos de socialização, principalmente na instituição psiquiátrica, participava na crítica de caráter cronificante e concentracionista dessas instituições; algumas técnicas de grupo utilizadas nas empresas para elaborar e administrar um projeto coletivo, estimular a criatividade, melhorar “as relações humanas”, reforçavam a coesão social e os ideais do ego. Todos esses objetivos irregularmente explicitados coincidiam mais ou menos com as correntes surgidas da Psicologia do Ego, então em pleno auge; o acento posto nos processos de ressocialização e de readaptação do eu desenvolvia, na escala da sociedade, uma forma de ilusão: fazer do grupo alavanca psicológica para a resolução dos problemas sociais. Utopia antiga cujos determinantes serão assinalados pelos críticos da ideologia inserida nas correntes grupalistas americanas, principalmente nos projetos grandiosos de um Moreno que encontrava em Europa na época um considerável eco.
Por outro aspecto, o impulso das investigações psicanalíticas sobre o grupo está estreitamente ligados às vicissitudes que afetaram o movimento psicanalítico francês no começo da década de 1960: conflitos e divisões consecutivas devido as divergências sobre a formação psicanalítica e sobre a condução do processo do tratamento, criação de novas instituições, L'Ecole freudiennne de Paris em 1963, l'Association Psychanalytique de France em 1964. Essas rupturas e essas criações acompanharam-se de violentos efeitos de grupo, ao mesmo tempo aceitos e denunciados: sua consciência traumática manterá uma excitação ativista ou paralisante, repetindo assim o domínio do grupo sobre os primeiros psicanalistas e o esforço de pensá-lo e, a fortiori, de elaborar ao seu respeito uma prática que fora reconhecida como psicanalítica. A clivagem entre o considerável papel cumprido pelo grupo na fundação da psicanálise, inadequado para a elaboração psicanalítica, não podia senão produzir um retorno da violência no real das instituições.
Um terceiro movimento se exerce no sentido inverso ao primeiro e ao segundo. Alguns psicanalistas, pouco antes ligados a Lacan, empreendem a crítica de uma abordagem psicologizante dos grupos que aplicaria superficialmente os conceitos psicanalíticos sem revisá-los em função do seu objetivo. Criticam também a dinâmica lewniana dos grupos e a corrente moreniana, e especialmente seu imaginário de cura social através do psicodrama e da sociometria. Esses movimentos e essas críticas estimulam o trabalho de psicanalistas franceses interessados no grupo, seja na clinica, já sendo, mais frequentemente no contexto da instituição psiquiátrica ou nas associações de investigação psicanalítica e de formação por meio do grupo.
As hipóteses que organizam os trabalhos dos psicanalistas franceses sobre o grupo a meados da década de 1960 podem resumir-se em três pontos principais:
1.O pequeno grupo como objeto: J-B. Pontalis (1963) restituiu ao grupo seu valor de objeto psíquico para seus sujeitos. “Não basta descobrir – disse – os processos inconscientes que operam no seio de um grupo, qualquer que seja a geniosidade de que possa se dar prova: enquanto se localize fora do campo da análise a imagem mesma do grupo, com as fantasias e os valores que traz, se iludirá de fato qualquer pergunta sobre a função inconscientes do grupo”. Posto em perspectiva no campo psicanalítico, o grupo é considerado antes de tudo como um objeto de investimentos pulsionais e de representações inconscientes.
2. O grupo como realização dos desejos inconscientes: em 1966 D. Anzieu propõe um modelo de inteligibilidade do grupo como uma entidade a partir do modelo do sonho. O grupo é, como o sonho, o caminho e o lugar da realização imaginária dos desejos inconscientes infantis. Segundo este modelo, os diversos fenômenos que se apresentam nos grupos se assemelham aos conteúdos manifestos e derivam de um número limitado de conteúdos latentes. Se o grupo é, como sonho, a realização imaginária de um desejo, isto significa que os processos primários velados pela fachada dos processos secundários são determinantes nele. O grupo, já seja que cumpra eficazmente com a tarefa que lhe é designada ou que se encontre paralisado, é um conflito com uma fantasia subjacente. É um cenário de projeção das instâncias internas. Como um sonho, como o sintoma, o grupo é a associação de um desejo inconsciente que procura sua via de realização imaginária, e de defesas contra a angústia que tais realizações suscitam no ego.
3. O acasalamento grupal das psiques: R. Kaës reformulou no final da década de 1960 a hipótese segundo a qual o grupo é a matriz de uma realidade psíquica própria. Esta realidade específica é produzida, contida, transformada e administrada pelo o que ele chamou de aparato psíquico grupal, no início do qual atuam organizadores inconscientes descritos como “grupos internos”. A consideração dos efeitos da grupalidade psíquica na organização dos processos de grupo permite estabelecer os princípios deste acasalamento psíquico e pôr em evidência seus processos de transformação. O modelo de acasalamento psíquico grupal se centra nas articulações entre o sujeito e o grupo, precisamente nos entrelaçamentos dos efeitos do grupo com os efeitos do inconsciente.
As investigações realizadas na França sobre a teoria psicanalítica dos grupos incorporaram progressivamente os dados dos trabalhos anglo-saxões, particularmente os conceitos e metodologia de Bion, é no caso das investigações de O. Avron, de J-C. Rouchy, quem trabalha também com os conceitos surgidos dos estudos de M. Torok e N. Abraham; outros autores filiados à corrente inaugurada por D. Anzieu e J-B. Pontalis (A. Missenard, J.Villier, E. Gilliéron, R. Kaës...) conservaram as referências iniciais, enriquecendo seus próprios trabalhos com conceitos tomados de psicanalistas como P. Aulagnier, S. Lebovici e P-C. Racamier. Outros desenvolveram práticas de terapia familiar e de grupos com crianças ou grupos de mediação (sonora , plástica) em estreita relação com as investigações psicanalíticas sobre grupos, e aportaram contribuições originais à teoria (J.Lemaire, A. Ruffiot, S. Decobert, G. Haag, A. Eiguer, G. Decherf, J-P. Caillot, E. Granjon, A. Carel E. Lecourt, etc …) Na Argentina, aprecia-se vários trabalhos as referências da Escola Francesa.
Três objetos da teorização psicanalítica do grupo. A influência das correntes que sustentam as principais teorias psicanalíticas de grupo se estendeu segundo ritmos e forças de atração muito diversos dentro dos países de origem e fora de suas fronteiras. Mas que pintar um retrato suficientemente informado destes desenvolvimentos, o que o escopo desta obra não permite, vamos apresentar suas contribuições aos grandes problemas de investigação teórica.
As teorias psicanalíticas de grupo dividem-se em três tendências principais. A primeira se centra no grupo como matriz de uma realidade psíquica que é própria: se propõem diversos modelos de inteligibilidade para dar conta das formações e processos que nele atuam. A segunda tendência introduz mais diretamente a questão do sujeito no grupo: as teorias privilegiam a análise do vínculo intersubjetivo, prestando atenção aos aspectos da realidade psíquica que o grupo mobiliza nos sujeitos ali vinculados . Uma terceira tendência dedica-se a compreender em que condições e de que maneira o grupo contribui para organizar a vida psíquica do sujeito. Estas teorias introduzem a intersubjetividade em uma problemática do sujeito singular como sujeito do grupo e como sujeito do inconsciente.
Antes de expôr tais teorias é indispensável apresentar brevemente as condições metodológicas nas quais se originam. [continuação : Situação do grupo e método psicanalítico].