Nas categorias de base, como sempre, o que se viu foram confrontos de alto nível tanto no kata quanto no kumite, o que dá o conforto e a certeza de que o karate JKA tem sua continuidade assegurada na panamerica.
Os atletas infanto-juvenis se apresentaram com a mesma segurança, determinação e competência dos adultos!
No máster, domínio brasileiro no pódio. Essa categoria é a prova de que o karate, quando bem treinado, não tem limites. Atletas veteranos se apresentavam com maestria, driblando os problemas de idade com técnica e espírito de luta.
FEMININO
No kata por equipes feminino, o Brasil fez valer seu imenso favoritismo e levou o título mais uma vez. Manuela Spessatto, Letícia Bastos e Cristiane Babinski trouxeram o ouro para casa de forma incontestável, com um Gojushiho Sho tecnicamente muito elevado, e com uma sincronização impressionante.
As três atletas têm muita experiência internacional, e essa maturidade aparece nos momentos de pressão, fazendo com que a apresentação da equipe fosse irretocável.
No individual, a gaúcha Manuela Spessatto teve que vencer uma lesão sofrida dias antes da viagem; Teve que vencer a pressão do favoritismo; Teve que vencer o surpreendente Unsu da paraguaia, que obteve notas altíssimas dos ábitros.
Aliás, temos que ter uma nova definição de infalível no dicionário: "Manuela Spessatto fazendo kata".
O Goju shiho sho foi irrepreensível, impecável, beirando a perfeição!
Que orgulho para o Brasil ter uma atleta desse quilate.
Ela se tornou, assim, campeã continental (sulamericana/panamericana) de kata individual pela oitava vez!
Essa é a mesma quantidade de títulos que ela possui no kata por equipes: 8.
Simplesmente 16 vezes campeã continental JKA de kata.
Se algém ainda tinha dúvidas de que a gaúcha é a maior atleta de kata da história da JKA nas américas, essa dúvida acabou de vez. Acho que dificilmente surgirá outra atleta capaz de conquistar tantos títulos para o Brasil.
feito histórico que deve ser lembrado para sempre.
A gaúcha Cristiane Babinski, em grande fase, conquistou a medalha de bronze, colocando o Brasil em mais um degrau do pódio.
No kumite individual, as brasileiras faziam lutas dificílimas contra as fortes argentinas e as velozes chilenas. O Chile veio com uma delegação imensa, e, empurrados pela grande torcida presente ao ginásio, as lutadoras da casa pareciam imbatíveis.
Mas uma atleta corria por fora, sem holofotes em cima dela. Samantha Martelo (RS), foi vencendo, uma luta de cada vez, avançando cada vez mais pela chave. Chegou à final de uma categoria fortíssima, onde se viam confrontos impressionantes.
E, na grande final, ela impôs o seu karate e conquistou o grande título de campeã panamericana de kumite indivudual.
Ela manteve assim um domínio das mulheres brasileiras nessa categoria. Levamos esse título em 2002 (Audrey Fais, SP), 2005 (Sônia Coutinho, PA), 2008 (Sônia Coutinho, bicampeã), 2010 (Sônia Coutinho, tricampeã), 2012 (Juliana Vitral, MG) e 2013 (Hannah Aires, RS).
Foi a sétima vez que uma brasileira ficou com o título de kumite individual. Entre os homens, ainda á essa busca pelo cobiçado título continental individual...
No kumite por equipes, Débora Nascimento (SP), Sara Ladeira (SP), Letícia Bastos (BA), passaram pelas duríssimas uruguaias no caminho para a final, enquanto na outra semi, Argentina e Chile fizeram uma batalha.
As argentinas têm um estilo mais pesado, batem muito forte e não se intimidam. As chilenas apostavam na velocidade, por serem atletas que também competem na WKF.
As donas da casa se classificaram para a final e vieram embaladas pela grande torcida.
Na disputa final, conseguiram vencer depois de três lutas duras onde as brasileiras atacaram e tentaram a vitória até o último segundo.
O resultado importa, claro. Atletas se preparam para vencer, sempre. Mas a postura que as lutadoras brasileiras demonstraram, com espírito de luta, garra e acima de tudo respeito e coragem dentro dos kotos, deixou uma impressão fantástica ao final da competição. Serem campeãs (kata individual, kata por equipes e kumite individual), ou vice (kumite por equipes) ficou em segundo plano. O que marcou a todos os presentes foi a forma como se apresentaram. E isso deixa um legado. O legado de que todos os países sempre virão competir preocupados com as atletas do Brasil.
MASCULINO
No kata por equipes, Andrew Marques (SP), Leão Mazur (BA) e Lucas Coimbra (BA) treinaram muito e se apresentaram muito bem, ficando com a medalha de bronze.
No individual, domínio argentino na categoria, como de costume.
Os hermanos dominam o kata masculino desde o primeiro sulamericano, em 2002. Só não venceram os títulos individual e por equipe em 2015 (Brasil campeão por equipes e Rogério Higashizima, SP, campeão individual). De resto, no kata individual e por equipes, só deu Argentina em todos os continentais.
Dessa vez não foi diferente, e os hermanos levaram o ouro tanto no individual quanto na equipe.
No kumite individual, categoria lotada e extremamente competitiva, o Brasil colocou 3 atletas entre os 8 melhores da américa: Matheus Cirillo (SP), atual campeão brasileiro, Diego Andrade (BA) e Jayme Sandall (RJ), capitão da seleção, e se despedindo das competições internacionais da JKA. Foi a sétima vez que o carioca se classificou entre os 8 melhores das américas, um recorde entre os brasileiros.
Matheus perdeu para o veterano e atual campeão argentino Marcelo Monzón. Jayme perdeu para o imbatível Rodrigo Rojas (Chile), atual campeão mundial JKA, e Diego venceu sua luta, classificando-se para a semi-final.
Na semi, Diego fez uma dura luta contra Rojas, mas o chileno realmente se mostra cada vez mais maduro no kumite.
Na outra vaga da final, Marcelo Monzón.
Na grande final, Rodrigo conseguiu impôr sua maior velocidade e melhor estratégia para conquistar o título pela quita vez (recorde): 2013, 2015, 2016, 2018 e 2022.
No kumite por equipes, Jayme Sandall, Diego Andrade, Matheus Cirillo, João Lima (PA) e Peterson Lozinski (SP) passaram pelos peruanos e fizeram uma semi-final de tirar o fôlego contra os argentinos.
Sem vencer os hermanos desde 2016, os brasileiros abriram a disputa com Jayme - como de costume. Em seu lugar mais confortával, o carioca foi o primeiro a lutar, e enfrentou o atual campeão argentino. Saiu atrás, deixando a torcida brasileira ansiosa. Mas ele conseguiu virar, levantando a torcida e confiando em seus companheiros.
Diego Andrade, em grande fase, venceu sua luta de forma espetacular. Matheus Cirillo também venceu, uma verdadeira batalha, e garantiu o lugar do Brasil na grande final.
João Lima e Peterson Lozinski administraram a vantagem, e o Brasil chegouà decisão pela primeira vez desde 2016.
A nova geração de lutadores da JKA, capitaneada por Matheus, Peterson e João, mostrou que está mais do que pronta para se firmar na Seleção e na equipe de kumite.
Não sentiram a pressão dessa grande final, com a torcida da casa contra.
Jayme abriu a final, empatando em 0 a 0 (conseguiu 2 jogai). Diego entrou contra o perigosíssimo Júlio Silva, e perdeu por 2x1.
Matheus Cirillo encarou o não menos perigoso Oscar Arancibia, que acabara de conquistar a medalha de bronze no individual. Partindo para cima o tempo todo, o aluno de Fábio Simões virou a luta e conquistou a vitória, levando a torcida brasileira à loucura!
Na quarta luta, João levou um wazari. Sem sentir a pressão do caso e da decisão, e foi para cima, consguindo empatar uma luta dificílima (conseguiu também 2 jogai).
Para fechar, Peterson frustrou o campeoníssimo Rodrigo Rojas e empatou a luta, conforme foi pedido a ele que fizesse.
Segundo as regras, o Brasil estava na frente (seguindo o critério de desempate dos 2 jogai - chui) Infelizmente, o sensei Enoue considerou a disputa empatada , e chamou mais um lutador de cada equipe para o desempate.
Do Chile, veio o multicampeão Rodrigo Rojas. Do Brasil, o atual campeão brasileiro Matheus Cirillo. A luta foi tensa. terminou empatada.
Mais uma luta desempate. De novo Rojas pelo Chile. Pelo Brasil, o escolhido foi Peterson. De novo o paulista lutou com postura irretocável e um espírito de luta que chamou atenção. Infelizmente o chileno, que vive o ápice de sua carreira,ficou com a vitória e conquistou o ouro para seu país.
No final, sensação de dever cumprido. A prata teve gosto de ouro.
Fica aqui registrado o profundo agradecimento de todos os atletas da seleção aos técnicos - sensei Yoshizo Machida e sensei Kazuo Nagamine, e aos demais membros da comissão técnica que ajudaram muito nos treinamentos e nas estratégias adotadas. A todos que auxiliaram na beira dos koto, que trouxeram água, que torceram, que ajudaram de qualquer forma, o nosso MUITO OBRIGADO!