Por outro lado é também uma forma do resto dos frequentadores aqui do burgo lhe responderem caso o queiram fazer. É que as limitações disto ser um blog começam a fazer efeito. O que era mesmo bom era ter um site. Mas enfim, temos de nos contentar com o que há.
Caro Mustrengo:
Deixa-me dizer-te que a escolha que fizeste para começar neste mundo de perdição foi de mestre. Na verdade Caylus é aquilo a que nós podemos chamar, sem qualquer tipo de reserva, dum jogão.
Não é um jogo, como tu bem definiste, light. Na verdade um gajo passa o tempo todo a pensar no que vai fazer a seguir. Muitas vezes já está com o pensamento nas próximas três jogadas. Por outro lado é um jogo onde o factor sorte não aparece, tirando a primeira jogada onde a ordem de jogo é aleatória. Nas jogadas seguintes já podes comprar a tua posição. Quer dizer, se te deixarem. É que o pessoal que joga comigo tem tendência para o mau feitio. Seja como for, vais de certeza gostar e todos os que te acompanharem na aventura. Tenho a convicção que é um título que agrada tanto a gregos como a troianos. Mas tem atenção que apesar das regras serem fáceis, pode fazer alguma confusão na primeira vez compreender as especificidades dos edifícios e o valor deles, mas nada que não se ultrapasse. Eu gosto de jogar aos jogos com o nº máximo de pessoas possíveis, até porque o interesse dos jogos está precisamente no convívio, mas há quem diga que também se joga bem a dois e a três. Eu joguei uma vez a dois e não gostei nada, mas juram-me a pés juntos que é bem interessante. Seja como for, tanto a 4 como a 5 vais ter uma extraordinária experiência..
Quanto ao Wallenstein. Não o considero um jogo light. É bem pesadito até. Tal como o Caylus passas o tempo a pensar. No entanto tem uma coisa que é bastante motivante e que deixa um tipo com os nervos à flor da pele, tens de estar sempre de olho no parceiro. Como é um jogo que envolve guerras e onde os territórios vão valendo mais pontos ao longo do jogo, consoante o que neles os jogadores constroem, é normal a cobiça dos beligerantes concentrar-se nesses territórios. Agora o problema é que o dinheiro não chega para tudo nem os exércitos que possas comprar conseguem defender os teus territórios duma forma perfeita. Andas sempre a destapar dum lado para tapar do outro. É muito interessante a forma com que tentas equilibrar tudo. Além do mais tens de contar com os camponeses que podem fazer revoltas caso exijas demasiado deles (tributo em cereais e cobrança de impostos).
Digo-te já que as guerras são inevitáveis e que quando há uma, há morte por todo o lado. As baixas dum combate não são coisa pouca. Claro que quando há um combate os desequilíbrios militares aparecem e os outros jogadores arreganham logo os dentes. O sistema de combate é também ele muito inteligente. Não se usam os dados. Tens uma torre para onde lanças os exércitos. A torre por sua vez “guarda” alguns e lança outros fora. Os que guarda podem sair a qualquer momento numa guerra futura. Podes perder uma guerra mas ao mesmo tempo podes usufruir num conflito futuro dos exércitos que a torre guardou. A torre tenta assim minimizar o factor sorte.
Agora também não o vejo à venda. Costumamos comprar jogos no site www.playme.de que é um site alemão. Eles não o têm à venda neste momento e é provável que esteja esgotado (coisa habitual nos jogos de tabuleiro) mas se andares à procura pela net, deve de haver uma cópia em algum lado. Ao contrário dos outros jogos deste tipo, as regras são muito fáceis de perceber e de explicar. É sem sombra de dúvida um dos meus jogos preferidos. Infelizmente só joguei uma vez ao vivo, embora tenha passado meses a jogar via mail no www.spielbyweb.com
Mas se gostas do velhinho e mais do que ultrapassado Risco e de jogos deste tipo, posso também aconselhar-te o Struggle of Empires, mais fácil de encontrar. Porrada à séria com dados e luta pela supremacia do mundo. Este jogo tem a particularidade de usar um sistema de alianças onde existem sempre dois blocos em conflito. Metade dos jogadores está num lado, a outra metade está do outro. Contudo estas alianças são estabelecidas através dum leilão e mudam ao longo do jogo consoante o que os jogadores estiverem dispostos a dar, sendo certo que, para não variar nestas coisas, o dinheiro é escasso. Além de mais quanto maior o exército que tiveres maior é a despesa que tens para o conservar. Por outro lado usa a opinião pública. Quanto mais mortes tiveres no jogo ou quanto maiores forem as tuas dívidas, maior é o desagrado da opinião pública. Se não tiveres juízo podes perder o jogo. É um jogo que usa muito a interacção dos jogadores que estão sempre a conversar sobre o que fazer para que a aliança se superiorize à outra, isto claro, os interesses dum aliado podem não ser os interesses da aliança. Balancear isto tudo é uma tarefa dura e que exige algumas capacidades diplomáticas, ou algum dinheiro para comprares o intervencionismo ou não intervencionismo dos outros jogadores. Mas é um jogo que se joga melhor a 5 ou 6 jogadores, pelo que pode causar alguma dificuldade nesse sentido.
Outros jogos deste tipo. Mare Nostrum, grande jogo também, embora na minha opinião, só com a expansão é que se torna um grande grande jogo. São várias civilizações em confronto e cada uma tem especificidades próprias sendo jogadas todas elas de forma diferente. Isso é a glória do jogo. Existe sempre a tentação de experimentar uma civilização diferente de cada vez que se joga. Por outro lado tem uma fase comercial que pode ser apaixonadamente cruel para alguns e injustamente cruel para outros e também usa a mitologia mediterrânica que dá uma sensação de estares mesmo à frente duma civilização. A ordem das várias fases do jogo é determinada pelos jogadores que tiverem maior influência no comércio, religião, exército, etc.
É muito bom o jogo, mas este exige também ele 5 ou 6 jogadores (caso da expansão)
Também existe outro título que ainda não joguei mas que tem excelentes críticas um pouco por todo o lado. Chama-se Game of Thrones e este ano vai sair a 2ªExpansão.
Existe também o El Grande, que infelizmente também não joguei, mas que é amado por todos aqueles que tiveram a felicidade do experimentar. Destes dois jogos não posso falar muito porque nunca os testei. No entanto fica aqui a referência.
Quanto aos jogos light, que não exigem tanto da massa cinzente como os exemplos anteriores e além de serem mais rápidos, tens o inevitável Catan (todos nós começamos por ele), O Ticket to Ride (a última versão se calhar é a melhor), o Goa (tem uma grande interacção entre os jogadores com um sistema de leilões), o Formula dê (para quem gosta de F1 é um jogo obrigatório), o Carcassone (que eu não gosto particularmente, mas as miúdas adoram) e o nº1 do BGG Puerto Rico (que nunca joguei mas que também não faz as delícias dos meus parceiros de jogatana).
Felizmente o difícil é escolher.
Aproveita então o Cylus e depois conta à malta como correu!