Apoel. O nome sugere tudo menos dificuldades. Para os mais simplistas nestas coisas, o nome e a sua modéstia histórica implicariam mesmo um goleada obrigatória. Nem era, nem foi o caso. Os cipriotas forçaram, pela sua atitude e organização, um outro destino ao jogo, chegando mesmo ao ponto de colocar o Dragão em sobressalto. As condições estavam reunidas para que a surpresa se tornasse provável e se isso não aconteceu, tal apenas se deve à atitude portista e ao seu respeito pelo adversário e pela competição. Os frutos não foram imediatos, mas foram merecidos...
Porquê que o Porto sentiu dificuldades na madrugada do jogo? A resposta, como sempre num jogo complexo como é o futebol, não tem uma única origem. Começa no mérito do Apoel, muito pressionante, reactivo e agressivo sobre a posse portista, não dando tempo para pensar e executar. Como complemento para a boa resposta cipriota temos um Porto, que mantendo níveis de intensidade altos desde o inicio, não esteve inspirado na gestão da sua posse. Aqui, nota para os 2 elementos do meio campo, Meireles e Mariano, como fundamentais para esta situação. Mariano, o mais evidente, pelas perdas de bola que acumulou, sucumbido à pressão, primeiro do adversário, e depois do próprio público. Meireles, porque não esteve tão dentro do jogo como se lhe deve exigir, não ajudando, em particular, nas movimentações sobre as alas.
Pois bem, se o jogo estava difícil de se resolver em posse e organização ofensiva, restava provocar o erro do adversário. Essa, percebeu-se desde cedo, seria a grande arma portista. Ou seja, o efeito do seu pressing. O Apoel nunca conseguiu soltar-se dos constrangimentos que o Porto causou à sua posse, nunca conseguiu jogar e, por isso, foi sempre o Porto quem dominou. Sempre. O golo foi apenas um acaso. Com erro de Bruno Alves, mas um acaso para aquilo que o jogo mostrava. Com 0-1 nada se alterou e, como era previsível foi de uma perda de bola que o empate surgiu. Sobre os erros em fase defensiva do Apoel, vitais na definição do jogo, importa dizer 2 coisas. A primeira é que são erros forçados, com mérito, portanto, para a atitude do Porto. A segunda é que, claramente, os cipriotas não estavam devidamente avisados para os perigos que iriam correr nessa situação, arriscaram várias vezes de forma despropositada e isso custou-lhes caro.
O empate marcou uma viragem emotiva no jogo. A intensidade, alta desde o inicio, manteve-se, mas o Porto passou a ganhar mais duelos e a agressividade cipriota a ter menos resultados. Viram-se mais desequilíbrios até ao intervalo e depois dele. Com o penalti do 2-1 pelo meio, o domínio do Porto acentuou-se. Porquê? Muito mais do que a alteração táctica de Jesualdo ao intervalo, trocando as posições de Rodriguez e Mariano, a resposta reside no momento do próprio jogo. Em desvantagem o Apoel tentou alongar-se no campo e com isso permitiu que o Porto jogasse em transição e com espaço, algo que não havia sucedido no primeiro tempo. Mesmo com um abrandamento do ritmo, o jogo tinha todas as condições para resultar num 3-1. Bastava uma qualquer transição na fase em que o Apoel se tentasse adiantar. A expulsão de Mariano terá custado um golo na vitória portista, mas nunca a própria vitória. É que a diferença entre as equipas não se resumia a 1 jogador.
Finalmente, e sem querer entrar em grandes destaques individuais, importa, claro, deixar uma palavra para Hulk. Não pelos golos, mas pela sua capacidade de explosão. É simplesmente fora de série.
Ler tudo»
ler tudo >>