Há um antes e um depois. Em 74
era ainda um jovem cheio de sonhos e incertezas. Agora continuam algumas das
incertezas e quanto a muitos dos sonhos, esses partiram... de vez. Sou,
obviamente, uma outra pessoa, no entanto, como marca determinante no meu
caminhar, foi este continuado amor pela arte e pelos valores da cultura
ocidental. Foi um caminhar de encontros e desencontros; de certezas e muitas
dúvidas; de atitudes corretas e outras não; de enganos e descobertas; de dias
felizes e outros nem tanto, felizmente, contudo, entre o deve e o haver muito
do desejado se realizou. E por isso me sinto feliz. Muito.
Agora, vivendo uma fase da vida
em que o tempo e o modo são os desejados, tanto quanto é possível no contexto
social, lamento todavia que não tenha tido o alcance - no campo artístico - do
imaginário oriundo dos tempos juvenis ( como é bom sonhar na juventude) e aqui estou eu
a trabalhar com o amor e a dedicação de sempre, mesmo que mediaticamente seja
quase tudo no anonimato e sem o alcance que
julguei antes de 74.
Falta tanto ainda por realizar.
Tenho em mim projetos sem fim e é o que me preenche e me dá energia e
vitalidade, para querer fazer sempre mais e melhor, mesmo reconhecendo que tudo
muda tão depressa, receando não conseguir acompanhar tantas mudanças, mesmo
querendo estar atento à realidade circundante. E porque sou um cidadão do mundo
tenho também outros interesses que passam para fora do meu ateliê e que se inscrevem nos valores da democracia, da justiça e da liberdade, que irei sempre defender e dar
a cara, enquanto tiver forças.
E vos deixo com as palavras do
escritor francês do século XX, Antoine de Saint-Exupéry, que um dia disse:
“Sei que só há uma liberdade: a
do pensamento.”