Chegou a hora. Chegou a hora da voz dos inocentes. Finalmente chegou. Está na hora. Está na hora de falar, de dizer o que nos vai na alma, de falar bem alto o que queremos e porque queremos. Está na hora. É agora ou nunca. É chegado o momento da voz dos inocentes. A nossa voz.
Esta aguarela retrata dois universos tão coexistentes e diametralmente opostos. Os artistas têm sido, através dos tempos, os mensageiros dos modos de estar e sentir o mundo. O jogo das cores complementares e a divisão do espaço procuram, neste meu trabalho, retratar este nosso mundo tão desigual e inquietante.
E, aqui hoje, a inocência com as palavras de Florbela Espanca, in “ Charneca em Flor”:
Não Ser
“ Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas, sãs, inanimadas,
Despir o vão orgulho, a incoerência:
- Mantos rotos de estátuas mutiladas!
…”
E nada melhor terminando, esta crónica diária, com Hendel, em Rinaldo, HWV 7 “ Lascia Ch’io Pianga” na voz de Jarouussky para exprimir o amor, as lutas e sobretudo a voz dos inocentes.