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segunda-feira, 27 de junho de 2016

CARTAGO FUI EU: poema de Jorge Tufic



Canta um pássaro morto sobre o dia
que a muitos outros já se misturou:
algo abaixo dos ramos silencia,
treme a terra na pedra que restou.
Vem de que mares essa nostalgia
que meus ossos fenícios engessou?
De Cartago, talvez, da noite fria
transformada no pássaro que sou.
Esse canto noturno me extenua.
Vem de Cartago, sim; da negra lua
por dono o sol que abrasa, mas festeja.
Esplende a noite em látegos de urtiga.
Brinda-se à morte ao cálice da intriga.
Meu corpo, feito escombros, relampeja.


( Coral das Abelhas)

domingo, 22 de novembro de 2015

UM SONETO AO SONETO: POEMA DE JORGE TUFIC


para Virgílio Maia

O sol dentro de um ovo: este milagre
tomou forma de barco. E já navega
desde Petrarca ao meu jeitão de brega,
mas encontra entre nós quem o consagre.
Neste garimpo, salivando o agre
desamor pelos campos, faca cega,
o construtor de andaimes não sossega
nem troca o vinho pelo bom vinagre.
Bocage empluma os dedos com suas glosas,
Jorge de Lima extrai-se do cansaço
que fizera de ti um caixão de rosas.
Mas és, soneto, ainda o velho laço
que embora preso a leis tão rigorosas,
a tudo nos obriga em curto espaço.

Retirado do blog de Jorge Tufic. Para visitar clique AQUI.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

SONETO A RICARDO REIS: POEMA DE JORGE TUFIC



Não por teu verso fluido e transparente,
Nem pelos deuses a quem sombra calma
Deste, lembrando a suave permanência
Do que puro inda resta onde não somos.
Mas ao prazer deixado ali freqüente
Em ler-te, aberto o livro e aberta a alma,
Todo um orbe revelas na existência
De um sorriso que em mármore supomos.
Pelas horas de humano entendimento
Em que dos tempos idos a beleza
Converges para um tempo começado;
E de, sendo tão parcos, um momento
Crer-se que o bem maior, glória ou riqueza,
Nada fica além disto que há sonhado.

retirado do blog: Jorge Tufic

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

DOIS POEMAS DE JORGE TUFIC

42

Vinho também
é tinta
da caneta-tinteiro:
um tubo secreto
que, 
ao vir
da luz,
modela o
impossível.

56

Expectativa 
de um poema que estale
em cântaros maduros.

Pode ser um levante
pode ser um dilúvio
pode ser uma rosa.

Desde que estale 
ou se rompa.

Dois poemas extraídos do livro Guardanapos pintados com vinho de Jorge Tufic

sábado, 14 de janeiro de 2012

SONETO A RICARDO REIS: UM POEMA DE JORGE TUFIC


Não por teu verso fluido e transparente,
Nem pelos deuses a quem sombra calma
Deste, lembrando a suave permanência
Do que puro inda resta onde não somos.

Mas ao prazer deixado ali freqüente
Em ler-te, aberto o livro e aberta a alma,
Todo um orbe revelas na existência
De um sorriso que em mármore supomos.

Pelas horas de humano entendimento
Em que dos tempos idos a beleza
Converges para um tempo começado;

E de, sendo tão parcos, um momento
Crer-se que o bem maior, glória ou riqueza,
Nada fica além disto que há sonhado.


domingo, 22 de março de 2009

Antologias - Jorge Tufic







Poetas e girassóis
estão sendo moídos,


E o pó de seus dedos
clareia os moinhos.






imagem: Nuno de Souza Mendes