Para pentear o vento o escultor devolve à natureza a simplicidade da leveza; assim é que das rochas nascem pentes de ferro que apontam horizontal e verticalmente em dimensões aéreas. Nem pentes de argila, nem pentes de mármore. Mas a dureza do ferro que faz a mão de Chillida desejar o elemento rígido – o ferro. Contudo, a rigidez de sua obra movimenta o elemento quando transmuta o pente na suavidade de sua obra. É que entre o rígido e a leveza, o artista transforma os elementos para mostrar o duro trabalho, respondendo à natureza que o empenho mais rígido do artista tem a simplicidade de expor ao mundo a gratuidade de querer roçar ao vento. É dessa maneira que a sua obra evoca a harmonia com as coisas. A matéria do pente se transforma para marcar que o vento pode ser a matéria que ali se junta ao ferro. Quem não poderia ver os pentes em constante movimento? Podemos ver claramente os pentes e os dentes de Chillida que se agitam e dançam suavemente pelo chão férreo e aéreo dos movimentos fortes, precisos e curvilíneos de sua obra.