Sou um mistério.
Vivo as mil mortes
que todos os dias
morro
fatalmente.
Por todo o mundo
o meu corpo retalhado
foi espalhado aos pedaços
em explosões de ódio
e ambição
e cobiça de glória.
Perto e longe
continuam massacrando-me a carne
sempre viva e crente
no raiar dum dia
que há séculos espero.
Um dia
que não seja angústia
nem morte
nem já esperança.
Dia
dum eu-realidade.
1947