segunda-feira, 26 de outubro de 2020

“TRAGÉDIA DE RIACHUELO”, por Antônio Corrêa Sobrinho


Publicado originalmente no Facebook/Antônio Corrêa Sobrinho, em 8 de janeiro de 2020

AMIGOS

Em busca de relatos jornalísticos de acontecimentos marcantes do passado sergipano, trouxe, desta feita, para apreciação de todos, publicações de jornais brasileiros a respeito do terrível desastre ferroviário ocorrido em Sergipe, em 1946, estas que constituem este e-book, disponível que se encontra, gratuitamente, no site www.antoniocorreasobrinho.com.

É só acessar este endereço, clicar em LIVROS, depois na capa "TRAGÉDIA DE RIACHUELO" e, por fim, no botão DOWNLOAD, situado na parte inferior da capa.

Abaixo, a Apresentação do trabalho.

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APRESENTAÇÃO

              “TRAGÉDIA DE RIACHUELO”, assim nomeei os relatos jornalísticos reunidos neste livro, que aqui apresento, do grande desastre ferroviário ocorrido no estado de Sergipe, no ano de 1946, na zona rural do município de Riachuelo, considerado na história, pelo elevado número de pessoas envolvidas, de mortos e de feridos, o maior acidente com um trem de passageiros ocorrido no Brasil. São textos, trazidos a lume nos dias que se seguiram ao tremendo sinistro, que extraí dos periódicos – "Sergipe-Jornal" (SE), "A Noite" (RJ), "Diário de Sergipe" (SE), "Diário da Noite" (RJ), "Diário de Notícias" (RJ), "Correio Paulistano" (SP), "O Jornal" (RJ), "Diário de Pernambuco" (PE), "Diário Carioca" (RJ), "Gazeta de Notícias" (RJ), "Jornal do Commercio" (RJ) e "Diário Carioca" (RJ), todos disponibilizados digitalmente nos sites da Biblioteca Nacional (BN) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

             No dia 18 de março do 2020 que se inicia, completa 74 anos do fatídico acontecimento – o trem da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, prefixo SR 41, conduzido pela locomotiva (Maria Fumaça) modelo 232, dirigida pelo maquinista chamado João Claro dos Santos, quando percorria o trecho Aracaju, capital sergipana, Capela, por volta das 7 da noite, segunda-feira, tendo deixado para atrás, a estação da cidade de Laranjeiras, agora em direção ao ponto de parada em Riachuelo, no momento em que trilhava o Km 458 da ferrovia, na povoação e sítio Pedrinhas deste termo, descarrilhou, tombando destrutivamente sobre si mesmo, desmantelando-se, vitimando centenas de passageiros. Acidente que consternou o Brasil e encheu de muita tristeza e luto, de sofrimento e dor, os sergipanos em geral, notadamente os residentes em Aracaju e cidades da zona da mata canavieira, exemplo de Maruim, Rosário do Catete, Japaratuba, Carmópolis, Nossa Senhora das Dores, além das já mencionadas Laranjeiras e Riachuelo.

            Minha tia materna, Jacira Almeida de Sant’Anna, foi uma das vítimas deste acidente. Enfermeira aposentada, tia Jacira tem mais de 90 anos e reside desde a década de 1950, na cidade do Rio de Janeiro. Tem andado doente, e sua memória já começou a falhar. Mas, por intermédio do seu filho e meu primo Flavio, com quem ela mora, a respeito, conseguimos dela este breve depoimento: Disse dona Jacira que tinha 19 anos quando se acidentou no trem em Riachuelo. Que, naquela época, trabalhava como professora de ensino primário e viajava para dar aula em Riachuelo, e que estava, infelizmente, desacompanhada; disse que o vagão em que estava ficava próximo à locomotiva. Sobre o acidente, ela se lembra de que, instantes antes do descarrilhamento do trem, ela e outros passageiros perceberam que, apesar da proximidade da estação de Riachuelo, o trem não reduzia a velocidade, tampouco se ouvia o barulho gerado quando do acionamento dos freios. Ela observa que quando o trem saiu dos trilhos, o vagão de trás veio imediatamente para cima do seu, engavetando com o dela, e que o impacto da batida a lançou para fora do vagão, jogou ela e uma mulher, que estava grávida; que ela diz que se salvou, não sabendo se o bebê sobreviveu. “Só Deus em quem sabe como sobrevivi”, salientou tia Jacira. Informou, ainda, que teve pequenas escoriações e alguns hematomas no corpo, mas nenhuma fratura; que não foi levada a hospital, sendo encaminhada à casa dos pais, em Aracaju, onde foi assistida por médico de família, que tinha naquele tempo. Conclui ela, alegando que o acidente lhe traumatizou, que ficou um tempo sem sair de casa, acha, até, que adquiriu síndrome do pânico, mas, com o tempo, as coisas foram voltando ao normal.

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          Percebo que monumentais tragédias envolvendo meios de transporte, ocorridas em Sergipe ao longo de sua história, causadoras de muito sofrimento e dor aos sergipanos, aconteceram num espaço de tempo relativamente curto, de agosto de 1942 a outubro de 1952! Vejamos.

         Em agosto de 1942, o torpedeamento e conseguinte afundamento, no seu litoral e no do vizinho estado da Bahia, dos navios mercantes – Baependi, Aníbal Benévolo, Araraquara, Arara e Itagiba, vil e covardemente por submarinos alemães, onde centenas de civis e militares brasileiros perderam a vida, dentre estes vários sergipanos, náufragos às dezenas, espectros vivos e cadáveres, marcando suas praias, acontecimentos que se constituíram no estopim da entrada do Brasil na guerra contra o “eixo” nazi-nipo-fascismo.

         Em 1946, este horrendo desastre ferroviário em Riachuelo.

         Em julho de 1951, a queda do avião modelo “Douglas”, das Linhas Aéreas Paulista (LAP), nas imediações de Aracaju, a três quilômetros da cabeceira do aeroporto, onde absurdamente faleceram os 32 ocupantes, dentre os quais o governador do Rio Grande do Norte, Dix-Sept Jerônimo Rosado Maia e três secretários de Estado.

          E, em outubro de 1952, o naufrágio de uma balsa no rio do Sal, na travessia entre Aracaju e Nossa Senhora do Socorro, de um grupo de 76 pessoas, três adultos e, as demais, crianças, escolares do Colégio São Francisco de Assis, do bairro Santo Antonio, de Aracaju. Um feriado, dia do servidor público, e o grupo aproveitava para fazer um piquenique em local do outro lado do rio. Pelo menos, trinta crianças e as duas professoras sucumbiram afogadas.

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            Penso que relembrar episódios marcantes da história, como este que trazemos aqui, tem lá sua importância, visto que, como diz o pensador Paulo Bregantin, “é no passado onde podemos avaliar os processos de progressos da civilização e onde também avaliamos os seres humanos de forma coletiva e individualizada.”

          A fotografia que compõe a Capa, retirei do jornal carioca "A Noite".

          No mapa ferroviário, sublinhei em amarelo a região do povoado Pedrinhas, do município de Riachuelo, onde ocorreu o acidente.

          Concluo, agradecendo ao meu filho Thiago, pela editoração do livro.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antônio Corrêa Sobrinho.

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