Thaline Bispo.
Fotos: Felipe Goettenauer.
Publicado originalmente no site da PMA, em 29/07/2017.
Ponte do bairro Industrial é palco do evento Aracaju: uma
mulher negra
Um mês histórico para a Prefeitura de Aracaju e de história
com a população. Um mês inteiro dialogando com as pessoas sobre a vivência das
mulheres negras, sobre a vivência da própria cidade. Para encerrar o ciclo de
diálogos do mês de julho, que é alusivo ao Dia da Mulher Negra, a Secretaria
Municipal da Assistência Social, em parceria com a Secretaria Municipal da
Saúde, da Educação e a Nação Hip Hop Brasil, realizou o ato cultural “Aracaju:
Uma Mulher Negra” embaixo da ponte Aracaju – Barra, no Bairro Industrial. O ato
aconteceu na sexta-feira, 29.
Além das apresentações culturais de dança afro, declamação
de poesias, jogos de capoeira e shows musicais, o evento teve como tônica uma
roda de conversa entre a população e as representantes de três pastas
importantíssimas da administração pública: Assistência Social, Saúde e
Educação. A vice-prefeita e secretária da Assistência Social, Eliane Aquino,
explicou que para se atingir novos resultados da gestão pública, é preciso ter
atitudes inovadoras.
“Quando falamos em uma cidade inteligente, humana e criativa
é preciso ter em mente novos modelos de gestão e o que propomos não é mais
aquela velha forma, onde o poder público fica distante das comunidades, só
mandando os serviços. Nós precisamos realmente entrar nos espaços ocupados pela
comunidade, até mesmo porque nós estamos gerando uma nova juventude, que
precisa de novas crenças, novas formas de trabalho. E entrar em uma comunidade
como o Bairro Industrial, debaixo da ponte, em um projeto que começou há alguns
anos, pelas mãos de Marcelo Déda e da sua equipe, e ver que esse trabalho
resiste até hoje é maravilhoso. A nossa proposta é dialogar pautados no modelo
da construção coletiva”.
O projeto ao qual Eliane se refere é o “Sintonia
Periférica”, que leva através da arte de rua e da musicalidade novas
perspectivas para a juventude das periferias. Hoje realizado pela Nação Hip Hop
Brasil, a proposta é replicada em algumas plataformas de comunicação, tendo
suas edições transmitidas pela TV e Rádio Aperipê, além do Facebook. Anderson
Hot Black, presidente estadual e vice-presidente nacional da Nação Hip Hop,
explica como as iniciativas da comunidade atreladas ao poder público podem
trazer resultados surpreendentes. “Nós temos uma parceria com a Prefeitura há
vários anos. Eu acredito que uma gestão popular se faz ouvindo o povo. Nós
tivemos um hiato nos últimos quatro anos por conta da incompatibilidade de
ideias com último gestor, mas quando vimos a possibilidade de articularmos
novamente o diálogo e ter em nossos eventos a participação da gestão pública
foi o que fizemos de imediato”.
Ana Débora Santana é secretária adjunta municipal da Saúde e
acredita que a presença do poder público nesses espaços é valiosa. “Movimentos
como esse são essenciais porque nós precisamos chamar a atenção para as
situações que as chamadas minorias vivem. Quando nós vamos até um evento como
esse, chegamos com uma expectativa muito grande de ouvir a comunidade, quais
são as questões que elas estão enfrentando, nesse cotidiano, no acesso à saúde.
Os indicadores são desafiadores e nós precisamos trabalhar para levar um
serviço digno à população como um todo”.
Thaliane Bispo tem 15 anos, é paulista e há um mês mora em
Aracaju. Ao ouvir falar sobre o ato cultural, ela prontamente foi até a ponte
para participar. Ela acredita que atividades assim são como quilombos: refúgio
da resistência. “Eu estou gostando bastante da proposta. Tento sempre ficar
ligada no que falam a respeito dos direitos das pessoas negras e é isso que
está acontecendo aqui hoje. Depois que eu comecei o meu processo de transição
capilar (que é quando alguém deixa de utilizar processos químicos no cabelo para
deixá-lo crescer naturalmente) eu percebi uma mudança de dentro pra fora em
mim, nas minhas atitudes, no meu jeito de ver o mundo. Eu acho que esse evento
é como se fosse também um processo de transição, onde as pessoas passam a ver,
sentir e valorizar a cultura negra, que é tão minha e de tanta gente”.
Presenças
Além das representantes das secretarias de Assistência,
Saúde e Educação, Eliane Aquino, Ana Débora Santana, e Ana Débora França,
respectivamente, compareceram ao evento a deputada Estadual Ana Lúcia, o
dirigente da Orquestra Jovem de Sergipe Eder Getirana, profissionais da SMTT e
Guarda Municipal, Roberta Priscila, dançarina afro, o Coletivo de Dança
Coletivo AfroContemporâneo- Ginkà, da Roda de Capoeira da Associação Brasileira
Cultural Irmãos Unidos (ABCIU), a cantora Anne Carol e Shirley Duarte, da
instituição Punhos de Ouro.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br