Publicado originalmente no site da Faculdade Pio Décimo, em
31/10/2009.
Crônica - Homenagem à professora Thetis.
Amanhecendo no domingo de 25 de outubro, um dia depois da
grande data da Sergipanidade...
Por Francisco Diemerson*
Amanhecendo no domingo de 25 de outubro, um dia depois da
grande data da Sergipanidade, recebi a notícia do falecimento da Professora
Maria Thetis Nunes. A tristeza veio por sentir pela Professora Thetis o carinho
do estudante e do aprendiz, resultado de alguns anos de convivência nas
instituições pela qual passei profissionalmente.
Quando iniciei minhas visitas semanais à Academia Sergipana
de Letras, em março de 2001, uma das pessoas que mais me marcava era a
Professora Maria Thetis Nunes. Ficava encantado em ver aquela senhora cujo nome
estava colocado em várias placas no Atheneu Sergipense, onde eu estudava e pela
leitura que de seus artigos publicados na imprensa sergipana.
Meu gosto pela História teve início em ouvir a Professora
Thetis, o Prof. Luiz Fernando Soutelo e o Prof. Anderson Nascimento. Mas o que
mais me encantava, era ouvir a Professora Thetis falando de suas viagens, de
sua participação na vida política do Rio de Janeiro, da década de 50 e de sua
interação nos movimentos intelectuais e educacionais de Sergipe.
Por estes caminhos do destino, acabei indo trabalhar, meu
primeiro emprego, no Conselho Estadual de Cultura, junto com o Prof. Soutelo e,
justamente, tive a oportunidade de, durante todas as tardes, ouvir a Professora
Thetis, suas impressões sobre a História de Sergipe, suas idéias sobre as
políticas culturais do Estado e a extrema vontade, dela, em sempre estar
presente e ativa no movimento cultural sergipano.
Guardo também uma lembrança especial, de quando, por vezes,
ao sair do Conselho em direção ao Atheneu, fui de carona com a Professora
Thetis, dirigindo seu carro azul, descendo a Vila Cristina. Nestas idas, a
Professora Thetis implicava comigo por que eu insistia em tentar o Vestibular
para Direito, quando ela afirmava que eu tinha alma de quem deve fazer
História. Eu argumentei que não, mas ao final, ela estava certa.
Durante outros três anos, quando trabalhei junto ao
Presidente da Academia Sergipana de Letras, Prof. Anderson Nascimento, tive a
convivência da Professora Thetis em todas as tardes de segunda-feira, ela
sempre sendo a primeira a chegar às sessões, trazendo suas crônicas, suas
idéias e suas palavras fortes.
Junto a Manuel Cabral Machado, Professora Thetis era uma das
principais oradoras da Academia, sempre participando dos debates, contribuindo
nas discussões do sodalício sergipano.
Uma das crônicas de sua autoria que mais me marcou relata
uma viagem à Caxemira, quando ela afirma que ao ver as montanhas altas e
solenes, voltava no tempo e se sentia a menina que admirava por horas a Serra
de Itabaiana.
Lembro também que foi ela quem me apresentou à Literatura
Francesa, me trazendo livros de grandes escritores, falando sobre os principais
nomes da atualidade e as obras que ela recomendava para leitura.
Em 2006, quando tomei posse como Presidente da Arcádia
Literária do Atheneu, a Professora Thetis compareceu e fez um depoimento
emocionante, destacando sua passagem por aquela escola, sua admiração pelos
professores e a importância de valorizar e estudar o desenvolvimento do Atheneu
Sergipense na História de Sergipe.
Primeira mulher a ingressar no Atheneu Sergipense na
condição de Professora Catedrática e sua primeira Diretora, fundadora da
Universidade Federal de Sergipe e membro da Academia Sergipana de Letras e do
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o qual presidiu por mais de 30
anos, a Professora Thetis Nunes foi uma mulher à frente do seu tempo, que soube
projetar uma vida de dedicação ao magistério e à pesquisa histórica.
A morte da Professora Maria Thetis Nunes é uma inestimável
perda para a História Sergipana, por toda sua produção intelectual e, mais
ainda, por sua participação ativa no cenário cultural nacional, traduzida pela
participação em Instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe
ou o Instituto Superior de Estudos Brasileiros.
A cultura sergipana perde um grande nome e uma de suas
maiores defensoras, um exemplo para todas as gerações.
*Francisco Diemerson de Sousa Pereira.
Acadêmico do Curso de História (UNIT) e membro da Arcádia
Literária.
Texto e imagem reproduzidos do site: piodecimo.com.br
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