sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Homenagem à professora Thetis


Publicado originalmente no site da Faculdade Pio Décimo, em 31/10/2009.

Crônica - Homenagem à professora Thetis.

Amanhecendo no domingo de 25 de outubro, um dia depois da grande data da Sergipanidade...

Por Francisco Diemerson*

Amanhecendo no domingo de 25 de outubro, um dia depois da grande data da Sergipanidade, recebi a notícia do falecimento da Professora Maria Thetis Nunes. A tristeza veio por sentir pela Professora Thetis o carinho do estudante e do aprendiz, resultado de alguns anos de convivência nas instituições pela qual passei profissionalmente.

Quando iniciei minhas visitas semanais à Academia Sergipana de Letras, em março de 2001, uma das pessoas que mais me marcava era a Professora Maria Thetis Nunes. Ficava encantado em ver aquela senhora cujo nome estava colocado em várias placas no Atheneu Sergipense, onde eu estudava e pela leitura que de seus artigos publicados na imprensa sergipana.

Meu gosto pela História teve início em ouvir a Professora Thetis, o Prof. Luiz Fernando Soutelo e o Prof. Anderson Nascimento. Mas o que mais me encantava, era ouvir a Professora Thetis falando de suas viagens, de sua participação na vida política do Rio de Janeiro, da década de 50 e de sua interação nos movimentos intelectuais e educacionais de Sergipe.

Por estes caminhos do destino, acabei indo trabalhar, meu primeiro emprego, no Conselho Estadual de Cultura, junto com o Prof. Soutelo e, justamente, tive a oportunidade de, durante todas as tardes, ouvir a Professora Thetis, suas impressões sobre a História de Sergipe, suas idéias sobre as políticas culturais do Estado e a extrema vontade, dela, em sempre estar presente e ativa no movimento cultural sergipano.

Guardo também uma lembrança especial, de quando, por vezes, ao sair do Conselho em direção ao Atheneu, fui de carona com a Professora Thetis, dirigindo seu carro azul, descendo a Vila Cristina. Nestas idas, a Professora Thetis implicava comigo por que eu insistia em tentar o Vestibular para Direito, quando ela afirmava que eu tinha alma de quem deve fazer História. Eu argumentei que não, mas ao final, ela estava certa.

Durante outros três anos, quando trabalhei junto ao Presidente da Academia Sergipana de Letras, Prof. Anderson Nascimento, tive a convivência da Professora Thetis em todas as tardes de segunda-feira, ela sempre sendo a primeira a chegar às sessões, trazendo suas crônicas, suas idéias e suas palavras fortes.

Junto a Manuel Cabral Machado, Professora Thetis era uma das principais oradoras da Academia, sempre participando dos debates, contribuindo nas discussões do sodalício sergipano.

Uma das crônicas de sua autoria que mais me marcou relata uma viagem à Caxemira, quando ela afirma que ao ver as montanhas altas e solenes, voltava no tempo e se sentia a menina que admirava por horas a Serra de Itabaiana.

Lembro também que foi ela quem me apresentou à Literatura Francesa, me trazendo livros de grandes escritores, falando sobre os principais nomes da atualidade e as obras que ela recomendava para leitura.

Em 2006, quando tomei posse como Presidente da Arcádia Literária do Atheneu, a Professora Thetis compareceu e fez um depoimento emocionante, destacando sua passagem por aquela escola, sua admiração pelos professores e a importância de valorizar e estudar o desenvolvimento do Atheneu Sergipense na História de Sergipe.

Primeira mulher a ingressar no Atheneu Sergipense na condição de Professora Catedrática e sua primeira Diretora, fundadora da Universidade Federal de Sergipe e membro da Academia Sergipana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o qual presidiu por mais de 30 anos, a Professora Thetis Nunes foi uma mulher à frente do seu tempo, que soube projetar uma vida de dedicação ao magistério e à pesquisa histórica.

A morte da Professora Maria Thetis Nunes é uma inestimável perda para a História Sergipana, por toda sua produção intelectual e, mais ainda, por sua participação ativa no cenário cultural nacional, traduzida pela participação em Instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe ou o Instituto Superior de Estudos Brasileiros.

A cultura sergipana perde um grande nome e uma de suas maiores defensoras, um exemplo para todas as gerações.

*Francisco Diemerson de Sousa Pereira.
Acadêmico do Curso de História (UNIT) e membro da Arcádia Literária.


Texto e imagem reproduzidos do site: piodecimo.com.br

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