Infonet - Política - Noticias - 30/06/2015.
Governador é o primeiro a depor na Comissão da Verdade
Comissão fará relatório sobre os porões da ditadura militar
O governador Jackson Barreto (PMDB) assumiu compromisso publicamente
de ser a primeira testemunha [e vítima da ditadura militar instituída com o
golpe de 1964] a prestar depoimento na Comissão da Verdade de Sergipe,
instalada nesta terça-feira, 30, por iniciativa do próprio líder do Poder
Executivo Estadual. A data ainda é incerta, mas será definida pela presidência
da Comissão em sintonia com a agenda do governador.
A Comissão da Verdade tem a missão de trazer à tona todos os
fatos históricos relativos aos períodos marcados por torturas, assassinatos,
perseguições políticas, prisões arbitrárias e desaparecimento de militantes que
resistiram às arbitrariedades do Governo, gatos registrados entre os anos de
1946, que antecede o golpe militar, a 1988, ano em que se instalou a
redemocratização do país com aprovação da nova Constituição Federal,
pós-anistia. “Estamos começando a passar a limpo uma das páginas mais sombrias
da nossa história”, ressaltou o governador.
Os sete integrantes da Comissão da Verdade iniciarão os
trabalhos ainda nesta terça-feira com a primeira reunião de seus membros,
convocada pelo professor Josué Modesto Passos Subrinho, que presidirá os
trabalhos, para definirá os primeiros passos que serão tomados para desvendar
os mistérios dos porões da ditadura no âmbito do Estado de Sergipe. “Vamos começar
do zero”, revelou o professor Josué Subrinho.
O relatório da Comissão Nacional da Verdade concluído no ano
passado será o parâmetro para a equipe sergipana, que pretende se debruçar
sobre documentos oficiais liberados pelo próprio Sistema Nacional de Informação
(SNI) e dos depoimentos dos sergipanos torturados, que estiveram à frente da
resistência ao golpe militar de 1964 e sobreviveram ao período sombrio da
história brasileira, a exemplo do casal Wellington e Laura Mangueira e Bosco
Rollemberg e Ana Cortes.
O governador deu carta branca para que os membros da
Comissão da Verdade tragam à tona toda a história, sem a preocupação a quem
possa atingir. “Não importa nada, a comissão tem liberdade e tem compromisso
apenas com a verdade. Não tem que se preocupar com A B ou C, tem que saber o
papel de cada um no momento certo”, destacou Jackson Barreto.
“Esta Comissão não tem nenhum caráter revanchista, não é o
ódio quem conduz. É preciso o esclarecimento dos fatos para guardarmos para a
história para que as novas gerações, de forma profunda, tomem conhecimento do
que aconteceu em Sergipe e um alerta para que estes fatos nunca mais se
repitam”, destacou Jackson.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe
(OAB/SE), Carlos Augusto Monteiro Nascimento, informou que a entidade fará uma
interlocução com o governador Jackson Barreto para que a entidade possa
contribuir com os trabalhos da Comissão da Verdade em Sergipe. Com esta
iniciativa do Governo do Estado, a OAB/SE, segundo enfatizou Carlos Augusto
Monteiro, também agirá para criar uma comissão interna com o propósito de
investigar os fatos históricos que marcaram a ditadura militar em Sergipe.
A instalação da Comissão da Verdade em Sergipe foi marcada
por forte emoção, traduzido em um encontro de militantes políticos que fizeram
linha de frente ao regime militar. “Quando a gente rever estes companheiros, a
gente diz valeu a pena. Imitando Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a
alma não é pequena. Digo, com o coração aberto, que tudo que nós fizemos pela
democracia e pela liberdade, faremos tudo novamente”, destacou Jackson Barreto,
que também sofreu as perseguições políticas típicas de um regime que ceifou
vidas e mentes.
Por Cássia Santana.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/politica
Jackson e Rosalvo Alexandre: parceria contra a tortura e perseguições.
Crédito - Cássia Santana/Portal Infonet).
"Operação Cajueiro - Um Carnaval de Torturas" é um
documentário brasileiro que trata da questão da ditadura militar. Seu foco é a
operação que ocorreu, em Sergipe, durante o carnaval de 1976.
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