Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina

domingo, 31 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Dizem que o amor é cego.

Que invencionide!

O amor enxerga muito bem,
tem olhos arregalados,
e só os fecha quando pisca para
fazer um charme.



sábado, 30 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Não te trarei flores
Mas tomarei a tua mão
E levar-te-ei até elas
Não um punhado de flores
Mas um bosque salpicado de prímulas
Obscurecido por violetas.
Dou-te a primavera.

Pam Brown
poetisa australiana



sexta-feira, 29 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Agora escrevo pássaros.
Não os vejo chegar, não escolho,
de repente estão aí,
um bando de palavras
a pousar
uma
por
uma
nos arames da página,
entre chilreios e bicadas, chuva de asas,
e eu sem pão para dar, tão somente
deixo-os vir.
Talvez
seja isto uma árvore,
ou quem sabe,
o amor.

Julio Cortázar


quinta-feira, 28 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Bem-me-quer, mal-me-quer,
Bem-me-quer, mal-me-quer.

Meu chão aos poucos se tornava branco,
Pálido como meu coração, sem saber o porquê.
E sem perceber que não havia mais vida,
Seguia regando a minha margarida.

Davi Drummond


quarta-feira, 27 de julho de 2011


Imagem daqui

Quero de ti o que for simples
Um aceno, um postal
O teu nome numa concha.
Ter apenas isto:
Um banco de jardim
Onde te esperar
E esperar.

Vasco Gato


terça-feira, 26 de julho de 2011

"Sussurro"


Imagem daqui

Aquiete-se para ouvir o silêncio;
a clorofila escorre pela haste,
a sombra e o sol ecoam um contraste
de quentes e frios na linha divisória.
Tente escutar a história da brisa
quando passa empurrando
a bruma, que, tola, embaça a púrpura da rosa.
Esta conta prosa de sacerdotisa.
Faça atenção ao momento de explosão
da metamorfose
que irrompe em grande dose
de véus e açúcares.
Sinta o cochilo dos nenúfares.
Se conseguir atingir
o ponto mais profundo da quietude,
vai poder ouvir o coração do colibrí.
Ele bate minúsculo num peito passarinho.
A Terra se mobiliza para entoar
uma sonata azul em homenagem
a esse músculo coberto de plumagem,
que tão pequenininho é tão capaz de amar.

Flora Figueiredo


segunda-feira, 25 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Perdem-se,
encontram-se.
Aos montes.
Em todos os lugares.
Não mentem.

Os olhares.

Sentem, falam.
Amontoados, grandes,
semicerrados.
Caolhos e em pares.

Os olhares.

Surpresos.
Imprecisos e preciosos:
os olhos e seus donos.
Milhares.



domingo, 24 de julho de 2011


Imagem daqui

Agarra o teu mundo
Acende os lugares
Onde se escondem os teus sentidos
E não tenhas medo
Se às vezes falhares
O que importa é o caminho
Que fica
Entre achados e perdidos.

Mafalda Veiga


sábado, 23 de julho de 2011

"Recado"



Desconheço a autoria da imagem

Ao vento da noite sussurro
sete segredos; tudo que
tenho por fora tudo que tenho
por dentro, que o vento vá levando
minha sede de amor, pule cerca
pule sebes abra porteiras no mar
derramando meu recado nos quatro
cantos do ar.

Roseana Murray


sexta-feira, 22 de julho de 2011

"Haikai"


Desconheço a autoria da imagem

Trânsito parado
os mesmos olhares
e ninguem se olha

Alice Ruiz


quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Mulher e Pássaro"

“The Decoy”, de Steven Kenny

Linha invisível
liga-me àquela andorinha:
tato percorrendo
um trajeto
de comunhão. O pássaro
debate-se em meu peito.
Ou coração? A andorinha
se esvai na tarde. Leva consigo
o que não sei de mim.

Dora Ferreira da Silva
in Poemas da Estrangeira


quarta-feira, 20 de julho de 2011

"Dá-me a Tua Mão"


Desconheço a autoria da imagem

Amigo, que de longe vem,
pó do caminho nas vestes,
bondade no coração:
Pousa, qual pétala,
entre as minhas, a tua mão.

A amizade que trazes é tepidez
no cinza inverno dos dias!
E cheiram à cravo e rosa
tuas mãos de primavera.

Deixe-me sentir a doçura
de teu espírito azul,
fluindo...na maciez da palma.
De mão para mão.
De alma para alma!

Lenise Marques


Desejo a você,
meu amigo real/virtual,
um feliz "Dia do Amigo"!


terça-feira, 19 de julho de 2011

Desconheço a autoria da imagem

Tantas vezes abri a mala
no meio da rua
em busca de alguma coisa tua
uma fotografia
um bilhete
um objeto esquecido
ao acaso
mas,
descuidado,
toda vez
que abro a mala
no meio da rua
sempre me foge
alguma coisa
tua

Ademir Antonio Bacca


segunda-feira, 18 de julho de 2011

"O Céu"


Fotografia de Raimundo Mesquita

O céu permanece intacto.
Já as nuvens... como passam...

E deste céu coração que Deus me deu,
Tenho eu,
Sido a nuvem.

Willyan Luemi


domingo, 17 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Nunca nada está morto
O que não parece vivo aduba
O que parece estático espera.

Adélia Prado


sábado, 16 de julho de 2011


Desconheço a autoria da imagem

Pela grama verde,
os pés multicoloridos.
Azaleias floram.

Delores Pires – Estações
in O Livro dos Haicais


sexta-feira, 15 de julho de 2011

"Flores Para Coimbra"



Desconheço a autoria da imagem

Que mil flores
desabrochem.
Que mil flores
(outras
nenhumas)
onde amores
fenecem
que mil flores
floresçam
onde só dores
florescem.

Que mil flores
desabrochem.
Que mil espadas
(outras
nenhumas não)
onde mil flores
com espadas
são cortadas
que mil espadas
floresçam
em cada mão.

Que mil espadas
floresçam
onde só
penas são.
Antes que amores
feneçam
que mil flores
desabrochem.
E outras
nenhumas não.

Manuel Alegre



quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Factual"

Desconheço a autoria da imagem

Um estalido
cai uma folha seca no quintal
factualmente e o poeta retoma a velha tecla
e bate, bate todo o outono que sente...

Fernando Campanella


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Crepusculando



Fotografia de Ione Castilho

É inenarrável esse crepúsculo
em mim se desmaiando
essas cigarras acima do ruído urbano
essas flores no terraço cúmplices

me olhando.
É inenarrável esse céu
esse dia
em mim se desmanchando.

Ergo um brinde à luz
e sigo
crepusculando.

Affonso Romano de Sant'Anna 



terça-feira, 12 de julho de 2011

Fotrografia de EmmaEnglishHome

No ano 3000
os homens já vão ter
se cansado das máquinas
e as casas serão novamente
românticas.


O tempo vai ser usado sem pressa:
gerânios enfeitarão as janelas,
amigos escreverão longas cartas.
Cientistas inventarão novamente
o bonde, a charrete.


Pianos de cauda encherão as tardes
de música
e a Terra flutuará no céu
muito mais leve, muito mais leve.

Roseana Murray


segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Luz e Sombra"


Imagem daqui

Luz e sombra
lutam n'alma.

Só depois do sol ausente,
impera a noite.

Derrotadas
terra e treva,
reina a luz eternamente.

Helena Kolody


domingo, 10 de julho de 2011

"Do Pão de Cada Dia"


Desconheço a autoria da imagem

I

Arde uma estrela
dentro do pão.
Tão imensa
que não cabe
na palavra pão
nem na palavra estrela.
Uma estrela infinita.
Uma estrela.
Uma estrela infinita,
infinitamente ardida.
No céu da boca.
Na terra da fome.
No coração nosso de cada dia.

Dai, pão, aos vivos,
para que a luz
seja mais forte.

Dai, pão, no escuro,
para que se faça luz.

Lindolf Bell
As Vivências Elementares


sábado, 9 de julho de 2011

"Louvação Para Uma Cor"


Fotografia de Dennys Rocha

O amarelo faz decorrer de si os mamões e sua polpa,
o amarelo furável.
Ao meio-dia as abelhas, o doce ferrão e o mel.
Os ovos todos e seu núcleo, o óvulo.
Este dentro, o minúsculo.
Da negritude das vísceras cegas,
amarelo e quente, o minúsculo ponto,
o grão luminoso.
Distende e amacia em bátegas
a pura luz de seu nome,
a cor tropicardiosa.
Acende o cio,
é uma flauta encantada,
um oboé em Bach.
O amarelo engendra.

Adélia Prado


sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Parada Cardíaca"


Desconheço a autoria da imagem

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminsk


quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Pecadinhos"


Fotografia de Maria Dias

Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade dos pecadinhos
Que de tão pequenininhos não fazem mal a ninguém

Perdoai nossas faltas
Quando falta o carinho
Quando flores nos faltam
Quando sobram espinhos

Eu que vivo na flauta
Vivo tão pianinho
Vou virar astronauta
Pra aprender o caminho

Zeca Baleiro


quarta-feira, 6 de julho de 2011

"O Poema"


Desconheço a autoria da imagem

Que será o poema,
essa estranha trama
de penumbra e flama
que a boca blasfema?
Que será, se há lama
no que escreve a pena,
ou lhe aflora à cena
o excesso de um drama?
Que será o poema:
uma voz que clama?
Uma luz que emana?
Ou a dor que o algema?

Ivan Junqueira — A Sagração dos Ossos
in Poesia Reunida

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Encantamento"


Fotografia de Rick Ipanema, no Flickr

A tarde jogou os seus sete véus luminosos
sobre a montanha,
e ficou toda nua dançando
com sombras de crepúsculo
a escorrerem-lhe, suaves, pela pele dourada...
...e ficou toda nua dançando
na campina
ao som da harpa encantada do silêncio...

Tasso da Silveira


segunda-feira, 4 de julho de 2011

"Demissão"


Desconheço a autoria da imagem

Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos se dependentes.

José Saramago,
in "Os Poemas Possíveis"


domingo, 3 de julho de 2011

"Amor Violeta"

Desconheço a autoria da imagem

O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida...

Adélia Prado


sábado, 2 de julho de 2011

"Saudação"


Desconheço a autoria da imagem

A todo o animal que devora seus semelhantes
ou os mata a tiro
A cada caçador armado numa camioneta
de atrelado
E cada recruta atirador d'elite ou milícia
com mira telescópica
E cada campesino com botas cães e espingarda
de cano cortado
E cada guarda com cães ensinados a perseguir
a matar
E cada chui à paisana ou agente secreto
com cinturão carregado
de morte
E cada servo do povo disparando sobre a
multidão
ou metralhando criminais em fuga
E cada guarda civil em qualquer país
guardando civis com algemas e carabinas
E cada carabineiro de qualquer Check Point Charley
de qualquer lado de qual
muro de Berlin cortina de bambu
ou de Tortilha
E cada tropa polícia de trânsito com farda
de cavaleiro por medida
e capacete de plástico e gravata de laço
e pistola de seis tiros num estojo
com cravos de prata
E cada nívea com revolver anti-tumulto
e alarmes e cada tanque
anti-tumulto
gás tóxico e gás lacrimogéneo
E cada piloto d'elite com bombas e napalm
debaixo das asas
E cada piloto de céu abençoando os bombardeiros
na descolagem
E cada Departamento do Estado de qualquer
super estado
vendendo armas aos dois campos
E cada nacionalista de qualquer nação
de qualquer mundo Negro Mestiço
ou branco que mata pela nação
E cada profeta ou poeta com arma de fogo
ou navalha impondo pela força
a iluminação espiritual
ou impondo pela força o poder
de qualquer estado poderoso
E a todos que matam e matam e matam
e matam pela Paz
ergo o dedo do meio
no única saudação que merecem.

Lawrence Ferlinghetti
in. " A Boca da Verdade "


sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Sem Ti"



Desconheço a autoria da imagem

E de súbito desaba o silêncio.
É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.

Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas.

Eugénio de Andrade


Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

Postagens populares

Total de visualizações de página