Disseram-me por aí, que eu tinha um "quê" de Deb, inesplicável. Eu não me via dessa forma. Até...
Até semana passada.
Na faculdade, depois de uma prova rápida. Eu sentada em um banco, próximo a saída, esperando por "alguém" ir me buscar, mais de 2 horas, entre cantina, biblioteca e finalmente o banco. Cansada mesmo, sem ter o que fazer, irritada com a demora.
Passa por mim uma menina que trabalha comigo. "Oi Lu!! Como você está?? (disse: estou bem, apesar de por dentro dizer, estou cansada de esperar! meu marido é um cachorro!) Olha Lu como estou chic! (Dou uma olhada no geral, aquilo pra mim é cafona, mas...) Bem diferente daquele nosso uniformizinho, aquele tênis. Tchau Lu, até amanhã tá!...
Ela sai e eu fico acompanhando ela com os olhos. Logicamente se eu tivesse visto ela antes dela me ver, bem provavel que eu me escondesse de alguma forma pra evitar conversinhas sociais. Foi inevitável.
Pra quem não tinha o que fazer, achou naquele momento: refletir.
A menina trabalha o dia todo, faz duas faculdades e estava naquela animação toda, aquela hora da noite. Ai eu pensei comigo, o que há de errado comigo? Acho que eu nasci desanimada ou anti-social, eu não sinto prazer algum em trocar duas palavras com as pessoas que eu encontro, mas também não sou má educada, só me sinto tão desconfortável, que só consigo despachar meia duzia de sorrisos amarelos.
O que pegou foi ela falar do "tênis". Eu olho pro meu pé e adivinhem, eu estava com o mesmo que eu fui pro trabalho, uma calça jeans larga e um moletom branco, bem semelhante ao do uniforme. Foi ai que começou toda uma viagem mental e que eu incorporei a Deb, e percebi como eu sou como ela. Em definitivo, eu sou desajeitada.
Saber que eu sou desajeitada eu sempre soube, o duro é se sentir assim as vezes.
A verdade é que eu não sinto vontade de me arrumar, não curto ficar meia hora escolhendo roupa. Gosto do conforto, de calça jeans, tênis. Não me vejo com roupas super apertadas, botas e brincos de argolas. Sei que ela não fez o comentário por maldade, não faz esse tipo de pessoa.
O momento serviu pra eu despertar. Eu preciso cuidar mais de mim. Comer direito, que eu estou engordando, cuidar da minha pele que está feia, junto com minhas quilométricas olheiras, cuidar das minhas unhas.
Ela me inspirou, sem saber.