sexta-feira, outubro 27, 2006

Sexo?...

Não, Não pensem que eu depois de velha e neste estado em que me encontro vou fazer uma post "Hard-core". Nada disso, ainda vão ter de esperar um pouco para terem um post meu "apicantado", mas também existem centenas deles que descrevem "a coisa" muito melhor do que qualquer "dirty movie", que podem ser consultados.

Do que vou falar é de clichés, "lugares comuns", "frase feitas".

Todas sabemos, que as raparigas/mulheres quando atingem um determinado estado etário, são confrontadas pelos seu entes conhecidos (familiares, amigos e reles conhecidos) com a seguinte pergunta: "Então e tu quando casas?" - partindo estas pessoas do principio que é um dado obrigatório e adquirido o casamento. E se as pobres por qualquer motivo não casam e fazem o gosto ao pessoal, serão inquiridas até aos restos dos seus dias, tendo em consideração que quanto maior for a idade, maior será a crueldade dos comentários que se juntam à simples pergunta.

Ora, se se prossegue para o dito enlance, temos que surge inevitavelmente outra pergunta, e existem até pessoas que no dia do casamento, não deixam de a fazer: "E filhos para quando?" - também aqui, partindo do pressuposto que o casal em questão é obrigado a ter filhos, isto quer queira quer não, e pior ainda, como todas sabemos - Se os pode ou não ter - é claro que nesta fase as nossas respostas ainda são ingénuas e até nós julgamos que fazer um filho é chapa 5. Mas não é disso que vou falar (até porque todas nós sabemos bem demais o significado da palavra infertilidade). Claro que essa pergunta, bem como a outra anterior sobre o casamento, se vai tornando mais e mais insistente à medida que passam os anos, e chega, quantas e tantas vezes cheia de segundos sentidos e palavras maldosas.

Quando por fim, se consegue o casamento e os ditos rebentos, eis que surge um outro cliché: "Então já sabes o sexo?" - A pessoa, chega de uma consulta, duas consultas, três consultas, e as pessoas não querem saber se as crianças estão bem... Querem saber qual é o sexo... Ora, e também aqui não se admite que a pessoa tenha o direito de optar por saber ou não saber, ou até que nem queira saber de todo.

Isto tudo para vos dizer minhas queridas amigas, que eu não quero saber o sexo dos meus pipis, não quero saber se são gajos ou gajas ou até um casal. Quero e isso sim, em primeiro lugar que sejam... Depois se conseguirmos que sejam, que sejam saudáveis e perfeitos, e por fim que consigamos criar pessoas de bem. A única verdadeira surpresa que a vida nos pode fazer é esta, quero aproveitá-la até quando puder, e depois eu amo estes pequeninos seres sejam eles o que forem.

Ah, e não esquecendo que quando nascem os pimpolhos, a pergunta que se faz de seguida, é inevitável: "Então e o segundo quando vem?" - se bem que no meu caso, o pessoal vai ficar um bocado baralhado, porque, a correr tudo bem, serão dois, então já não me podem perguntar pelo segundo, será que vão perguntar pelo terceiro??? Vai ser duro...

É claro, que na sua maioria as pessoas não fazem por mal, é só um sentimento instituído, a que ninguém consegue fugir. E nós muitas vezes também não. O que é certo é que é assim mesmo, não conseguimos evitar.

Beijos a todas e bom fim de semana

quarta-feira, outubro 25, 2006

Flores de Aço

"A bondade dá-se com doçura, gentilmente, caindo como pequeninas sementes, ao longo do caminho - e enchendo-o de flores."

Este post, é um post adiado. É algo que já deveria ter sido escrito há algum tempo, mas por um motivo de força maior, ficou adiado. Não ficou esquecido, não ficou desprezado, ficou simplesmente adiado.

Este excerto inicial, é de um livro, que me foi dado por uma amiga, e que outra amiga da blogosfera tem outro igual, e é, a meu ver exemplificativo da amizade que temos vindo a construir ao longo de alguns meses. Essa amizade, não é feita de coisas grandiosas, não é alimentada todos os dias com grandes encontros, não é uma amizade comum, ela é feita de pequenos nadas, todos os dias, e é feita da comunhão da partilha de sentimentos tão particulares que só quem se encontra dentro deles consegue partilhar.

Conheci mais uma amiga da blogoesfera, que ansiava há muito tempo por conhecer. Uma amiga de grandes e pequenos momentos, de bons e maus momentos. Adorei conhecer a nossa Cris.

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi a voz desta amiga ao telefone... Lembras-te cris?

Juntamente com ela, fizemos uma visita à nossa amiga Tica que estava (e está) a passar um momento bastante penoso nesta luta tão desigual. Foram momentos muito agradáveis que espero repetir em breve. Obrigada amigas pelo vosso carinho! Sempre tão presentes, ainda que distantes.

Quanto à minha "mega" viagem, estou em mais um aeroporto de escala, e estou em casa. Fui fazer a amniocentese aos meus dois viajantes, para saber se eles são giraços e saudáveis como a mammy e o pappy, e aguardo uns dias para voltar ao trabalho.

O exame, em si não custou muito. Mas o receio que sentia era mais do que muito, porque confesso que ando um bocado psicótica com todos os eventos negativos que têm acontecido por cá. Ainda não ando na fase de montar uma "banquinha" algures, porque não decidi ainda se é melhor ir para a porta do hospital ou para a porta do meu meu médico. Mas, confesso que me tenho contido para não cometer excessos...

Tenho uma admiração extraordinária por todas mulheres que encaram as adversidades mais horrendas, caem e se levantam de seguida prontas para a luta, e daí o título do meu post. Elas são as verdadeiras "Flores de Aço", e existem muitas por cá. A elas, quero prestar a minha homenagem, e mais uma vez reafirmar o meu orgulho em ser mulher.

Somos seres sublimes sempre prontas a lutar por aquilo que pretendemos, somos construtoras de quimeras, tão depressa estamos de rastos, como voltamos em grande estilo. Enfrentamos o mundo, se preciso fôr, para prosseguirmos os nossos objectivos, ainda que eles sejam algo tão insignificante como comprar um vestido. E quando a vida nos coloca à prova, quando julgamos que não vamos conseguir dar nem mais um passo, eis que nos reerguemos das cinzas e voltamos a atacar. É BOM SER MULHER!

Beijos a todas

segunda-feira, outubro 16, 2006

O insustentável peso da realidade

Quando pensei escrever um post hoje, longe de mim pensar que o iria escrever sob um sentimento de tristeza tão profunda, mas a vida não os pertence e a verdade é que devemos vivê-la um dia de cada vez, sem fazermos grandes planos para o futuro, ainda que seja ele tão próximo como amanhã.

Menos de um mês depois mais um sonho que escapou por entre os dedos de uma amiga, mais um terrível desfecho para uma bonita história, mais uma vez luto na alma e no coração...

Não consigo e não sei expressar aquilo que sinto tal foi a dor que tomou conta de mim quando soube...

Sei que nenhuma palavra do mundo vai conseguir encontrar o caminho do coração da nossa amiga neste ou em qualquer outro momento, só espero que ela consigo de alguma forma prosseguir...

Beijos a todas

quinta-feira, outubro 12, 2006

O prometido...




A mamã apresenta:

Em cima os 2 Pipis, com destaque para o Pipi "exibicionista" do qual podem ver os bracinhos e as perninhas, o outro Pipi está de costas;

Em seguida, temos o Pipi "exibicionista" e "last but not least" o Pipizinho "tímido".

Desculpem a demora mas isto tem sido uma correria muito grande.

Beijos a todas

quarta-feira, outubro 04, 2006

Outra vez os Pipis

Na segunda-feira lá fui outra vez ver os meus Pipis. Fui fazer a eco das 12 semanas. Não vim cá antes contar os pormenores, primeiro porque tenho tido montes de trabalho, e segundo, porque a médica que me fez a ecografia era muito pouco comunicativa e eu saí de lá um pouco baralhada, e só quando falei com o meu médico fiquei mais sossegada, e soube os pormenores.

Os Pipis estão bem, tenho um Pipi "exibicionista" (como a mamã) e outro tímido (como o papá). Isto porquê? Porque durante o pouquíssimo tempo que me foi permitido ver os meus filhos, o gémeo nº 1 (é assim que lhes chamam os médicos) estava eufórico a dar aos bracinhos e ás perninhas, tipo a fazer pose para a foto. Ora o gémeo nº 2, mais recatado, estava de costas voltadas para o pessoal. Uma ternura...

De resto, estão com uma idade ecográfica superior à gestacional, o que só pode significar que vão ser uns Pipis grandinhos como os papás. O Pipi "exibicionista", o mais pequeno, tem 60 mm e o Pipi "tímido" tem 64 mm, o que demonstra que enquanto o outro se exibe e se cansa, ele aproveita para se banquetear sózinho e cresce mais...

As medidas da nuca também estavam bem, e ao que parece são uns belos Pipis.

Hoje fui fazer a primeira colheita para o Rastreio Pré-Natal integrado, para vermos qual é o risco dos Pipis terem alguma anomalia genética. esta colheita, juntamente com a eco e com a segunda colheita, determinará se vamos fazer a Amniocentese ou não.

Vou ver se o papá faz um "scan" da eco para vocês verem os Pipis ao vivo e a preto e branco.

Beijos a todas

domingo, setembro 24, 2006

Corações ao alto

Ontem fomos a Fátima, eu, os pipis, e o A., depois dos acontecimentos dos últimos dias, andava muito triste e angustiada, e de alguma forma, naquele lugar consegue-se obter alguma paz.

Durante todo o tempo de duração deste problema da infertilidade, nunca fui pessoa de pedir ajuda aos "céus". De alguma forma parecia-me pouco razoável, que uma pessoa com boa saúde, com bom emprego, com uma família toda ela saudável e sem problemas pudesse recorrer ao desespero de solicitar ajuda divina, para um problema, que quer queiramos ou não, não é de "vida ou morte". E por isso, nunca, em ocasião alguma, nem nos meus momento mais sombrios eu pedi para poder gerar uma vida dentro de mim, para poder ter o privilégio de ter um filho.

Sempre achei que se esse privilégio tivesse de me ser concedido seria, senão é porque não estava destinado a ser, e guardei as minhas preces para momentos mais sérios e delicados da minha existência. Não que o facto de não conseguir gerar um filho não seja um assunto sério, nada disso, simplesmente acho que não é a razão una e fundamental da vida de qualquer pessoa. E, perante pessoas com problemas de saúde graves a morrerem nos hospitais, famílias sem emprego a viverem à míngua, ou crianças a serem mortas à pancada... O meu problema era de facto muito pouco relevante.

No entanto, desde que carrego estes pequenos seres dentro de mim, a postura mudou, e a peço constantemente nas minhas orações a graça de poder gerar uns filhos saudáveis, perfeitos, e que me seja dada a capacidade de criar pessoas de bem. A partir do primeiro momento que vemos aquelas "saquinhos" de vida dentro de nós muda toda a nossa postura, e vivemos só preocupadas com eles: Se a gravidez vai correr bem, se vamos conseguir levar a gravidez a termo, se eles vão ser saudáveis, perfeitos, etc, etc.

Acho que a nossa função de mães começa naquele exacto momento, para não terminar nunca mais. Noutro dia aconteceu-me um episódio caricato: Estava a dormir e cerca das 4 da manhã, ouvi uma travagem seguida de choque mesmo em frente a minha casa, acordei sobressaltada, e não quis ir ver o que se passava pois os acidentes impressionam-me imenso. Calculei que fosse algum jovem de regresso de uma noitada bem bebida que tivesse tido aquele acidente, e pensei que aquele sossego que tenho agora durante as noites, em que posso dormir descansadamente pois sei que a familia está toda reunida e em segurança, acabará a partir do momento em que nasçam os meus filhos. A partir daí serão poucas as noites inteiras e descontraídas que terei, até ao resto da minha vida, eles são parte de mim e o meu pensamento estará sempre com eles.

Depois dos acontecimentos dos últimos dias, em que mais uma vez vimos o destino manifestar-se da sua forma mais cruel, o peso da realidade submergiu-me. Como sabem, eu sempre disse, desde o primeiro momento do meu positivo, a guerra não está ganha, foi só mais uma pequena batalha que se venceu. É evidente que continuo a pensar o mesmo, mas inevitavelmente, ao sabor do tempo que passa, ganhamos mais confiança e aligeiramos um pouco a pressão a que estamos sujeitas. É evidente, que não devemos aligeirar. Eu não sou a típica portuguesa, ou seja eu não julgo que "acontece só aos outros", acho que o que acontece aos outros é muito possível que possa acontecer-nos a nós, até porque nós não somos em nada superiores aos outros, somos feitos da mesma matéria e concorremos com as mesmas possibilidades.

Então ontem fomos a Fátima, fui queimar 2 velas pelos nossos pipis, e pedir para eles a protecção divina. Pedi por nós e por todas vós, para que possamos prosseguir a caminhada sem mais sobressaltos e que cheguemos ao fim esperado. Se não o conseguirmos, que nos seja dada coragem de enfrentarmos o que nos estiver reservado sem revolta, e com força.

Beijos a todas

quinta-feira, setembro 21, 2006

Luto

Estou esmagada com o peso da notícia que abriu a minha tarde. A crueldade da vida é acutilante para certas pessoas e para esta amiga de luta tem sido madrasta.

De rastos com o peso da realidade e com um olho muito receoso no futuro, não esquecerei que o castelo de cartas pode desmoronar a qualquer momento.

Oxalá pudesse de alguma forma aliviar o sofrimento daquela mãe...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Outro Rescaldo

A felicidade que me invadiu quando soube a notícia do Positivo desta amiga foi tanta, que pouca coisa se aproveitava daquilo que dizia. Pior! Estava em pleno trabalho, com camadas e camadas de gente à minha volta e nem sequer podia manifestar-me livremente! Entre uma coisa e outra lá consegui conciliar os pensamentos e os sentimentos e hoje, aproveito um pequeno pedacinho e venho aqui, prestar a merecida homenagem a esta grande AMIGA.

A verdade é que as vitórias sofridas são as mais saborosas, mas confesso que tanto sofrimento causa dor e apreensão nas pessoas que rodeiam a pessoa que sofre. Mas ainda mais (e isso é certo) na própria pessoa. AMIGA, sei que passas-te um dos momentos de maior angústia da tua vida, mas a recompensa chegou! Chegou e vai ficar contigo nos próximos 9 meses e durante o resto da tua vida. E a alegria que te vai dar vai compensar em dobro todo o sofrimento por que passaste.

Se te disser que não fiquei mais alegre com o meu positivo do que com o teu, sabes que é verdade, o meu foi um conjunto de factores que se conjugaram e fizeram com que eu tivesse a dita "sorte de principiante", o teu foi sofrido desde há 6 anos para cá e muito chorado. É evidente que estava mais do que na hora de teres um pouco de descanso e muita alegria.

Por isso querida AMIGA, aproveita agora cada dia de cada vez, com muito descanso e moderação, e esperemos juntas pelo dia em que vais ver o teu bébé pela primeira vez.

Milhões de beijos

segunda-feira, setembro 11, 2006

"Nine Eleven..."

O dia que mudou o mundo...

Recordo que em 11 de Setembro de 2001 estava a comprar uma "toilette" para um baptizado que ia acontecer no dia 30 de Setembro, estava a pagar quando olhei para a televisão e vi as diferentes frentes dos ataques: As torres gémeas, o Pentágono, etc. Lembro-me que fiquei em pânico, por aquela altura ainda os americanos andavam como "baratas tontas", e eu não fiquei melhor. Cheguei a pensar devolver a "roupita", porque pensei que se calhar nem iria ter tempo de a usar...

No dia seguinte, recordo que a minha irmã trouxe para a sobremesa do almoço 1 Bolo Rei, não sabia se chegaríamos ao Natal para o comer e achou que não deveríamos perder a oportunidade ainda que em pleno mês de Setembro.

É impossível ficarmos indiferentes a tal carnificina, de facto, nenhum de nós voltou a encarar o mundo da forma como o encarávamos até então. Acho que os americanos então, não devem andar descansados um só dia, só de pensarem que todo o seu mundo pode ruir.

Depois com a sucessão de ataques em Espanha, na Inglaterra, todos nós ficamos com a consciência que ninguém está em paz enquanto o fanatismo religioso reinar em certos países. Nenhum de nós pode dormir descansado enquanto tal suceder. A nossa visão do mundo mudou, espero que tenha sido para melhor, para que todos possamos construir um futuro sem ódios e sem fanatismos para os nossos filhos.

Ora, eu para recordar o 11 de Setembro, comecei o dia por ter de tomar 2 pequenos almoços, porque os pipis não perdoam... E 1 foi para o esgoto... Continuamos bem, pelo menos, enquanto os enjoos durarem, sei que eles lá estão e aparentemente devem estar bem.

O dia a dia corre normalmente, com muito trabalho muitos enjoos e cansaço à mistura. É evidente que ando muito feliz com os meus pipis. Creio que algumas amiguinhas acharam que eu estava a queixar-me no meu último post e acharam que eu seria talvez um pouco mal agradecida...

O que se passa, não é evidentemente a falta de felicidade pelos pipis, é realmente o corpo todo a ceder pelo estado de gravidez, é um estado completamente debilitante e prostrante em que me encontro, por vezes julgo até que estou doente. É evidente que sei que isto são sintomas naturais, e que ao contrário de fazerem mal, são sinais da boa saúde dos meus filhotes. Mas que custa... Ah isso custa! Por isso amigas, se eu me queixar dos pipis, já sabem que é de felicidade!

Beijos a todas

PS. Amanhã é um grande dia para uma grande AMIGA: "Tica, eu vou torcer para a realização do teu sonho, que o dia de amanhã te traga a felicidade dos enjoos também!"

terça-feira, setembro 05, 2006

2º Pensamento do dia...

Que sentimos quando passamos 15 minutos de joelhos com a cabeça metida dentro da sanita, sacudidas por vómitos intermináveis???

"Meu Deus que tens mais reservado para mim??"

Ontem foi dia de ir ver os Pipis!

Como é evidente, e acho que será mais do que normal, a ansiedade toma conta de nós nos dias anteriores. Se uma grávida dita "normal" tem ansiedades, nós, as futuras mães dos denominados "bébés de ouro", temos ansiedades a dobrar. Isto não é à toa claro, é fruto de tudo o que passamos para chegarmos a este frágil estado da nossa existência, é o receio de que a qualquer momento essa mesma fragilidade se revele e tenhamos de começar a construir o castelo de cartas outra vez. Acredito que temos receio de tudo.

Vários são os pensamento que nos povoam a nossa cabeça às vésperas de mais uma ecografia. Acredito que não somos todas iguais, que umas terão mais confiança do que as outras, mas também acredito que quem vive a experiência da infertilidade não encara, nem encarará algum dia mais, a experiência da maternidade de ânimo leve. Não quero com isto dizer que as outras ditas mulheres "normais" o façam, longe de mim, quero é dizer que nós provavelmente sentiremos as coisas de uma forma mais intensa, e tenho a certeza que em qualquer altura das nossas vidas, mesmo depois de nascerem os nossos filhos, quando ouvirmos uma história de um casal com problemas de infertilidade, ficaremos arrepiadas e seremos de imediato solidárias com essa ou essas pessoas.

Quando comecei a frequentar a blogosfera era descrente. Conhecia algumas pessoas, com vários ttt realizados e todos falhados. A minha crença na Medicina de Reprodução era muito limitada e por isso foi importante acompanhar todas as vitórias e derrotas vividas durantes estes meses, verifiquei que não existiam só ttt falhados, e histórias mal resolvidas. Vi que era possível acontecer e que os positivos, apesar de não serem ainda superiores aos negativos, têm vindo a aumentar, o que é de facto uma coisa boa. Vi sobretudo que as vitórias são importantes para insuflar a confiança naquelas que aos poucos vão perdendo as esperanças, e em certos casos isso é muito importante.

Assisti com incapacidade mórbida a alguns insucessos repetidos, e a algumas vitórias retumbantes. Compreendi que em grande parte dos casos a parte psicológica da questão tem uma importância fulcral, e essa é, de todas as variáveis a que acredito que acaba por fazer diferença entre o sucesso e o insucesso. Acredito que o acompanhamento psicológico desta questão é fundamental.

Agora adiante! Vou contar-vos como correu a a ecografia das 8 semanas e 3 dias dos Pipis. Correu bem, eles estão uns super bébés! Um tem 19,10 mm e o outro 18,80 mm, já se tornam mais nitidos na eco. E aquilo que vimos como um sendo só um coração a bater dentro de um saco, agora já se nota a cabecinha tipo girino. As placentas estão bem definidas e ao que parece muito bem. Aquele que era mais pequenino evoluiu para o tamanho aproximado do outro, e ao que parece implantaram-se no mesmíssimo dia, ou com diferença de 1 dia.

O médico, o da infertilidade, o que nos vai acompanhar até ao nascimento (assim espero), achou que estávamos muito bem. Já trouxe uma quantidade de análises para fazer e já tenho a eco do primeiro trimestre marcada para 2 de Outubro.

Os enjoos não dão tréguas, o cansaço também não, por vezes sinto-me num estado deplorável, mas é natural os 2 Pipis estão a precisar de toda a energia da mãe para a sua formação, e eu espero que eles a aproveitem bem aproveitadinha, que eu cá me vou aguentando. Agora, já lhes prometi uma semana de castigo para quando nascerem... Isto lá é coisa que se faça??!!?

Beijos a todas

quinta-feira, agosto 31, 2006

Desafio aceite

Respondendo ao desafio da amigalhaça Cris, vou então tentar dizer aqui 6 características minhas:

1º Tenho um humor (negro) indestrutível;
2º Perspicácia a toda a prova;
3º Persistência, adoro obter aquilo que quero;
4º Perfeccionista, o meu marido que o diga...
5º Amiga: Quando gosto, gosto muito... Quando não gosto sou uma peste!
6º Intuitiva a 100%

Bem, enfim isto é o que eu acho...

Relativamente aos pipis, quero dizer-vos que na próxima 2ª vou fazer mais uma eco, e uma consulta para dar andamento às primeiras análises e para ver se está tudo a correr bem. A pequenada continua a não dar descanso à mãe, e nem o Nausefe ajuda muito, isto é realmente muito aborrecido, mas a alegria de os ter compensa qualquer desgaste.

Não quero terminar sem deixar um pensamento muito positivo à Tica que teve hoje o seu campeão.

Beijos a todas

domingo, agosto 27, 2006

O regresso

Pois é amigas, costuma-se dizer que tudo o que é bom acaba depressa. Este caso também não foi diferente, as minhas fériazitas "are coming to an end". Foram umas boas férias, ainda que diferentes daquelas a que estou habituada. Foram as minhas primeiras férias grávida, foram as minhas primeiras férias sem poder fazer absolutamente nada daquilo que gosto: Viajar, navegar, andar de bicicleta, beber uns copos, e fazer maratonas de praia...

Descanso, descanso e mais descanso!

Moderação foi a palavra de ordem, até porque andávamos os dois um pouco aéreos com toda esta situação, se calhar incrédulos é o termo que se adequava mais ao nosso estado de espírito.

Em meados da primeira semana de férias começaram os enjoos, assim timidamente, como quem não quer a coisa. Era aquela comida ou aquele cheiro que me incomodava um bocado, era isto e aquilo que não conseguia comer. Com o passar dos dias foram evoluindo, e deixou e ser um ligeiro incómodo para ser uma aversão declarada. Passava o tempo a dizer: "Ai, tira-me isto da frente..." - seguido do embrulho completo do estomâgo.

O olfacto...

Cheiro tudo e mais alguma coisa, tudo me parece estar em cima de mim a esmagar-me, cheiro o hálito daqueles que estão próximos de mim, como se eles estivessem em cima de mim, os perfumes, as comidas... Até uma micro fuga de gás na minha casa de praia... É tudo muito intenso.

Por fim chegou o dia da eco, dia 21, muitos nervos misturados com mais enjoos, quando cheguei ao hospital ouvi logo: "Ai! A M está mesmo com cara de grávida!"- respondi: "Não me goze Dr...."

Fomos, fazer a eco: "Esta mulher... É logo tudo de uma vez..." - pergunto eu: "São 2?" - responde ele: "Por enquanto são..."- digo eu: "Ai meu Deus! Mais do que 2 não!"

Vimos então o milagre da vida aqueles 2 saquinhos a palpitar, os coraçõezinhos dos nossos Pipis (nome carinhoso que adoptamos para nos referirmos aos nossos filhos, e pelo qual os apelidarei a partir de hoje até terem o nome descriminado), a baterem. Foi muito emocionante, o Papá abocanhou logo a primeira foto dos filhotes e guardou-a na carteira junto com as da mamã, para poder exibir a toda a gente.

Os enjoos têm vindo a aumentar gradualmente, e nem o Nausefe, consegue melhorar muito a situação. Além do mais o Nausefe deixa a mãe "pedrada" para além de enjoada, o que tem tornado a minha vidinha nos últimos dias um bocado complicada. Se a gravidez é um "estado de graça", espero que esta fase passe depressa, porque quem olha para mim julga que sou a mulher mais "enjoada" do mundo. So consigo comer pão e comidas desensabidas, e tudo em muito pouca quantidade, já emagreci uns kilitos...

Amanhã começo a trabalhar, acho que nunca estive tão desejosa disso num final de férias, estou cansada de não fazer nada, espero no entanto, aguentar a pedalada, se bem que vou reduzir drásticamente o ritmo de trabalho.

Quero agradecer a todas o carinho que me demonstraram, e começar logo que possível a visitar os vossos cantinhos para saber das novidades.

Claro que não podia ir sem desejar à minha amiga do coração, que amanhã seja mais um passinho rumo ao sucesso. Tica, se depender de torcida, juro que vai correr tudo bem.

Beijos a todas

segunda-feira, agosto 21, 2006

Notícias...

Invadi este canto por uma boa causa.
A nossa menina está bem, já com os seus enjoos e desejos ( aos quais tem todo o direito..).
Hoje foi a ecografia de confirmação, está tudo a correr bem e a stardust é a mais recente mamã de Gémeos!!
Quando voltar aposto que nos delicia com mais um daqueles relatos que só ela sabe fazer...

Tikinha

sábado, agosto 05, 2006

Rescaldo

Já mais recomposta dos acontecimentos, volto hoje, para com mais calma fazer um ponto da situação. Se bem que ainda me parece que estou a viver a vida de outra pessoa, e que sou simples espectadora de um evento muito feliz.

A análise Beta deu 221, se não me engano, porque confesso que no estado em que fiquei, esse pormenor me pareceu insignificante. O que interessa é que é, como disse a enfermeira: "É um positivo bastante positivo."

Tal valor, não significa, pelos vistos que sejam 2. Segundo o médico provavelmente será só 1. Para mim tudo bem, desde que venha e seja saudável.


Agora iniciei mais uma etapa nesta guerra, porque nada está ganho, apenas pequenas (grandes) batalhas. Mas queria deixar aqui mais um exemplo de que esta luta não é inglória, aos pouquinhos e com muita calma vamos conseguindo que as coisas se resolvam na nossa vida. É claro que nunca podemos esquecer que é com passinhos de tartaruga que vamos avançando, mas também é sempre melhor a vitória quando ela é muito, mas muito mesmo suada.

É também importante reiterar a confiança numa instituição pública que me acompanhou, para que se veja que nem só os ttt nas privadas dão resultados positivos. O nosso hospital (meu, da Claudia Vieira, da Tica, da Alexandra) tem de facto um serviço de medicina de reprodução muito bom, os diversos positivos ultimamente obtidos demonstram isso mesmo.

Vou de férias hoje, por isso andarei desaparecida por 3 semanas, não será por vos ter esquecido, somente pelas minhas férias. No dia 22, vou fazer a primeira eco para ver o meu pseudo baby. Alguém dará noticias por mim!

Quero antes de partir deixar uma agradecimento a todas vocês que estiveram comigo nesta hora, umas mais "habitués", e outras que se juntaram a mim na comemoração. Ás que já conseguiram progredir uma etapa mais na conquista do sonho, e aquelas que continuam na batalha. Foi bom contar com o vosso apoio.

Para a minha amiga do coração que vai iniciar o ttt em 16 de Agosto, espero que tudo corra pelo melhor: "Tica, tu tens de ACREDITAR!"

Beijos a todas

sexta-feira, agosto 04, 2006

POSITIVO!!!

É enorme a alegria que sinto... Não consigo dizer nada que se aproveite!

Beijos a todas, volto no rescaldo...

Obrigada do fundo do meu coração por todo o enorme carinho que me dedicaram.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Servidão humana...

Têm sido dias terríveis desde do dia 26 de Julho, quem já passou por este compasso de espera sabe daquilo que falo. Porque todos os motivos e mais alguns, parece-me lícito afirmar que esta será sem sombra de dúvidas a prvação das provações, e como sabem, não são poucas as que passamos.

Os primeiros dias foram de repouso, estive por casa, a ler,a ver TODAS as séries do AXN, as novelas da Sic, na internet com as amigas. Aquilo que nos parece tão agradável, como não ter nada para fazer, e poder dormir até que horas quisermos, torna-se de repente no maior dos nossos pesadelos, porque estamos confinadas a 4 paredes, e por muito que queiramos, a nossa mente não se consegue abstrair de pensar precisamente naquilo em que não deveria.

Dei por mim desesperada, nem conseguia comer, sentia-me enclausurada, presa á minha própria incapacidade, impotente para pensar, sentir ou fazer outra coisa que não fosse o resultado de uma mísera recolha de sangue dali a uns eternos dias. Era como se cada dia tivesse mil anos.

Na segunda não aguentei e voltei ao trabalho, com limitações é certo, porque de facto o meu ritmo diário é muito duro, pelo que optei por levar as coisas com calma. É claro que os dias passaram mais rapidamente, depois disso. Mas continuam a existir longas noites de vigilia, de ansiedade intolerável.

Amanhã é só mais um dia da minha vida, mas analisando de fora, parecerá mais o anunciar de um veredicto que se julgará de vida ou morte. Não sei se será por ser o meu primeiro ttt, o que é certo é que tem sido dificil de aguentar a pressão, e garanto-vos que sou uma pessoa bem habituada a pressões.

Queria deixar aqui algumas palavras antes do "D Day", porque amanhã não sei qual será a disposição. E não queria que o resultado, qualquer que ele seja influencie ou faça esquecer estes sentimentos vividos durante estes 9 dias.

Senti aqui, realmente a verdadeira submissão humana, as limitações impostas pela nossa frágil condição, senti que não valemos nada na imensidão da complexidade do nosso corpo. Dias houveram em que me senti confiante e achava que tudo ia correr bem, noutros dias a certeza do fracasso esmagava-me e só muito dificilmente conseguia conter as lágrimas. Fui uma companheira medonha para o meu marido, e uma filha e nora geniosa. Ás vezes (a maior parte) nem queria ver ninguém, quanto mais falar com as pessoas. Foi um mau bocado, e acredito que até ao minuto em que souber o resultado da bendita análise vai continuar a ser, porque na minha cabeça existe a certeza de que não há nada que eu possa fazer...

Amanhã dou noticias.

Beijos a todas

domingo, julho 30, 2006

Voar...

"O céu é o lugar onde o ar é gelado e onde respiras e vives, onde desejas poder flutuar, sonhar, correr e brincar todos os dias da tua vida. O céu existe para todos, mas só alguns ousam buscá-lo."


In Estranho à Terra

quarta-feira, julho 26, 2006

With arms wide open

Este é o nome de uma música que gosto muito. Hoje, acordei ao meio da noite, com esta frase na minha cabeça, e soube que ela revelava o meu estado de espírito e também soube que seria o título deste post, hoje, para todas vocês.

Foi de facto de braços bem abertos que recebemos hoje, dois novos passageiros nesta viagem, não sabemos se a sua permanência será curta, ou se pelo contrário iniciaremos aqui uma viagem para toda a vida. Esperamos que sintam já, o grande amor que temos para lhes dar e se esforcem para ficar.

Agora, aguardamos serenamente, o desfecho deste capítulo, mais um, feito de altos e baixos, encontros e desencontros, lágrimas e sorrisos. Muito mais maduros, porque ninguém fica igual depois de um ttt destes. Aqui vemos o que é a verdadeira limitação humana, passamos dias de constante sobressalto e nunca (nunca mesmo) sabemos como vai ser o dia de amanhã.

A verdade, é que a forma como somos tratadas pelos profissionais que nos seguem, é por demais importante, num processo tão delicado, que nos tráz no fio da navalha durante uma quantidade de tempo como este. Porque não é só o a fragilidade psicológica que temos ao iniciar este tipo de procedimento, o ttt em si, é muito desgastante. Daí a importância de sermos apoiados e acarinhados durante esta caminhada.

Quero por isso prestar uma singela homenagem aos profissionais que me assistiram, a todos, e muito em particular ao meu médico, que foi um verdadeiro Anjo-da-Guarda; Sempre presente, sempre com a palavra certa na altura certa, sempre calmo e carinhoso. Outro dia, dizia a uma das amigas do fórum, quando ela me perguntou quantos foliculos tinha e quanto media o endométrio, que não sabia e que não tinha perguntado porque a confiança era absoluta. Não menti, sei e sempre soube que o apoio cientifico era o melhor e que tudo o que fosse possível fazer em termos cientificos seria feito. As que já por aqui passaram sabem a importância de podermos fechar os olhos com confiança. Independentemente do resultado, sei que se fez o que tinha de ser feito.

Uma vez que hoje estou virada para a lamechice (bolas... Já estou a descambar), queria também agradecer a todas as minhas amigas virtuais, que têm tido sempre uma palavra de carinho para mim. É importante ter-vos aí.

Agora, como já estou cansada de estar a escrever só com um dedo, vou terminar por aqui, dizendo-vos que já estou fartinha de estar em casa...

Beijos a todas

segunda-feira, julho 24, 2006

Aterragem de emergência - afinal havia outra

A verdade é que, estas coisas dos tratamentos de fertilidade não são de forma alguma lineares, desiluda-se que julga que fazer uma FIV é dar umas injecções, tirar uns ovócitos e colocá-los e já está...Não é! Existem tantas variáveis neste procedimento, tantas alterações infinitesmais, que não podemos m caso nenhum, julgar que as favas são contadas, que aquilo que resultou com o A ou o B vai resultar connosco, ou vice versa.

Antes de prosseguir quero dizer-vos que dos meus 13 ovinhos, 9 fertilizaram nas primeiras 24 horas, e nas 48 horas seguintes, desses 9, morreram 3.

Mal soube da noticia liguei para o A e disse-lhe:

"Vais ter 9 filhos!"
"9??? Estás mas é doida!"-respondeu-me ele.

Vejam lá a falta de romantismo do homem...

Pois e no Sábado, como sabem tive um casamento. Devo dizer-vos que acordei muito bem no Sábado de manhã, não me doía nadinha, o elefante tinha deixado a minha barriga em paz. E devo dizer-vos que o casamento foi muito bonito, mas, como todas as festas deste género, foi extremamente cansativo. Conclusão, ao ínicio da noite, o elefante decidiu alojar-se de novo na minha barriga, e tive de vir a correr para casa.

O Domigo foi para esquecer, estava toda inchada e parecia que tinha comido o elefante... O sogro diagnosticou: Inflamação ovárica - Cama, gelo e benuron de 4 em 4 horas...

Confesso-vos que nestes momentos é dificil conter a ansiedade e as lágrimas teimam em cair, porque num processo tão moroso e tão delicado, qualquer coisinha coloca tudo em risco. Esta noite foi difícil, mas de madrugada o elefante cedeu um bocado e pude descansar.

De manhã claro, ligar para quem de direito, aguardar uma orientação. Depois de ouvir uma rabecada, de quem percebe muito mais do que eu e me tinha recomendado (várias vezes) moderação e descanso, lá me foi dito para manter o repouso e o benuron, e aguardar a evolução do quadro. Para ver se na 4ª feira podemos transferir os pseudo babys.

Portanto, escrevo-vos de mais um aeroporto forçado, a minha cama. Neste momento, sinto-me melhor, se estiver deitada não me dói nada, o caso muda de figura se me levanto e começo a caminhar, parece que abana tudo cá dentro... Mas se pensar em como estive ontem... Hoje estou 80% melhor.

Portanto, minhas queridas amigas, tudo o que me resta nesta fase é fazer calos na cama, e aguardar a evolução dos acontecimentos. Como diz a nossa amiga Claudia: "É sofrer até ao fim..."

Antes de me despedir, tenho de deixar aqui uma referência especial á minha querida Tica, que apesar de ausente, está sempre sempre presente, e delapida o orçamento familiar e enriquece as operadoras de telemóveis por minha causa. Amigas assim não existem muitas. Amiga (eu sei que vais ler isto) OBRIGADA POR TUDO!

Beijos a todas