Lilypie 5th Birthday Ticker

terça-feira, fevereiro 21, 2017

"Horomonas"

Os sinais da puberdade vão espreitando. Teve uns dias em que, de manhã, se contorcia com dores de barriga. Sem outros sinais e na ausência de origem para os sintomas tentava eu acalma-la com a explicação generalista: "ó filha, isso são as tua hormonas a dar sinal de vida".
Queixosa e irritada, responde-me a choramingar "Eu não quero horomonas!!!!"

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Mãe como deve de ser

De manha, no caminho para o ATL, passamos por um colégio. Coincide com a hora de entrada das crianças e a azáfama é grande. Quase sempre há congestionamento de trânsito e permite-nos observar as movimentações. Atravessa-se, à nossa frente, uma mãe impecavelmente bem vestida, de blazer, com a criança pela mão.
- Vês, é assim que as mães se vestem - comenta ela do banco de traz.
Indignada, baixo os olhos para o que trago vestido hoje e somo a camisola de algodão ao kispo de penas, mais as calças azuis escuras quase ganga e umas botas com caneleiras de lã em cima... e a única coisa que consigo perguntar é:
- E então????

sexta-feira, fevereiro 03, 2017

E hoje

Deu-me uma súbita vontade de voltar aqui . 
Porque ela continua a surpreender-me todos os dias. Pequenos nadas que são tão importantes para mim e vão colorindo os meus dias.
E há coisas que só faz sentido registar aqui. Porque até ela já me vai pedindo para lhe contar coisas de quando era pequenina.

Ontem, ao chegar a casa, disse-lhe:
- Temos de ir ver a exposição do Almada Negreiros. É um artista português de que gosto muito e adorei a exposição. Olha, trouxe o catálogo, dá uma vista de olhos, se quiseres.
Olha com ar de desde para o livro volumoso e responde-me:
- Credo! Isso é mais pesado que a minha avó!!!!

quinta-feira, junho 27, 2013

Tempos modernos

Neta arrasta avó contrariada para o restaurante japonês.

terça-feira, maio 28, 2013

Chamar as coisas pelos nomes

Levo-a a ver a World Press Photo, porque acabei por não ter oportunidade de lá passar antes. Ao entrar no primeiro corredor, ganho consciencia de que afinal, não é boa ideia ela ver aquelas imagens. Na brincadeira, abraço-a, tapo-lhe os olhos e digo "Ahhh que grande desgraceira que para aqui vai. não vejas isto" e vamos andando até alguma foto em que não haja corpos estropiados...
Paramos em frente a fotos de mulheres muçulmanas, vestidas com burkas. E pelo espanto dela, percebo que a Inês não faz a minima ideia da sorte que tem em viver em Portugal. De forma sucinta, tento-lhe explicar a razão daqueles retratos e seguimos em frente.
Esta edição da WPP está a dar luta. Passamos as prostitutas de rua a assobiar para o ar, volto a mergulhá-la nas minhas mãos com as mulheres queimadas pelo ácido. Não há necessidade de ficar a conhecer todas as realidades do mundo no mesmo dia. Respiro fundo na sequência de fotografias de homosexuais e paro a observar. Não temos ninguém das nossas relações diretas, portanto assumo que, mais uma vez, é matéria desconhecida para ela:
- Sabes, filha, às vezes os senhores gostam de senhores e as senhoras namoram com senhoras...
- Sim, mãe, são lésbicas!
- Isssso.
Safou-nos a seção da natureza, onde ficou algum tempo, enquanto eu espreitei as desgraças do mundo.

quinta-feira, maio 09, 2013

Os homens vão primeiro

- Ó mãe, tu só tens uma avó, que é a avó F., não é?
- Sim, filha, os outros avós tu já não conheceste.
- E bisavós?
- Só conheci duas.
- Eu só tenho duas bisavós, duas avós e só um avô. Porque é que as mulheres ficam e os homem morrem todos???
- (gargalhadas) Eles não aguentam, filha... Nós somos mais fortes :)

quarta-feira, abril 17, 2013

Dedicatória

Dedicatória feita para os avós, antes de devidamente corrigida, por ocasião do aniversário de casamento.
Está lá tudo: a explicação, o sentimento, a inocência, o coração doce dela.

quinta-feira, março 28, 2013

Semana de teatro em férias

As férias da Páscoa, este ano, foram diferentes. Dedicadas ao teatro de manhã à noite. Conhecia a responsável pela atividade, tenho acompanhado o seu excelente trabalho. Por ver o crescente interesse da Inês por todas as atividades que envolvem o palco, desde a representação, aos cenários e efeitos, mostrei-lhe o programa e perguntei-lhe se ela gostaria de participar.
Ela adorou! A semana foi intensa. Exigia sair da cama mais cedo, vir comigo para Lisboa e regressar exausta ao final do dia. Muitas vezes adormeceu logo a seguir ao jantar. A semana culminou com a apresentação da peça que foram construido ao longo da semana. Com direito a muitas dores de barriga de nervos e uma noite de insónias na véspera "estou mal disposta, quero vomitar..."
Ultrapassada a ansiedade, o reconhecimento de que o trabalho valeu a pena. Resultado muito satisfatório e experiencia muito enriquecedora. Recomendo!

quinta-feira, março 14, 2013

UHF

Dizem as más linguas que só levámos as crianças ao concerto dos UHF para elas, nos próximos dez anos, não nos voltarem a falar em idas a concertos. Mas eu juro que não foi essa a intenção. Eles adoram gritar "Cavalos de Corrida". Mas a verdade é que um concerto acústico, a uma sexta feira à noite os embala que nem anjinhos...

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

A contar tostões

Amua comigo, depois do jantar, porque lhe falei de forma mais rispida.
Faz birra, vai para o quarto dela e com muito maus modos deixa claro que a minha presença não é desejável "SAAAAAAAAI!!!".
Como acho que, às vezes, é natural estarmos de mal com o mundo, deixei-a amarrar o burro à vontade e voltei ao quarto apenas quando chegou a hora de ela se deitar.
Estava em cima da cama, mealheiro aberto, a juntar moedas.
Estaria a fazer contas à vida, para saber se se podia fazer à vida?